Hoje, a realidade é outra. Na expansão e pluralidade das expressões estéticas; na projeção de artistas que conquistam espaços significativ...

A inexistência de um museu de arte em nossa capital



Hoje, a realidade é outra. Na expansão e pluralidade das expressões estéticas; na projeção de artistas que conquistam espaços significativos além de nossas fronteiras e no interesse do público local que prestigia exposições e se realiza em adquirir telas ou objetos de sua admiração.

Essa constatação de aspectos tão positivos sobre as Artes Plásticas na realidade contemporânea, torna ainda mais estranha e censurável inexistência de um Museu onde se instale a riqueza dessa trajetória para o reconhecimento de nossos valores, para a fruição da coletividade, para a educação dos jovens e o despertar das vocações.

Não é o fato de sermos um Estado pobre que nos impõe essa desolação no cenário cultural. Todos identificamos na inversão das prioridades, fato recorrente nas agendas governamentais, o desvio que submete as necessidades vitais da nação às filas de espera do desengano.

Ninguém desconhece o pródigo esbanjamento dos três poderes da República nas suntuosas edificações que se erguem em acintoso paradoxo com as solicitações urgentes e essenciais da população. Os bilionários templos do futebol são apenas o exemplo mais recente, ratificando que a "página infeliz da nossa história" referida por Chico Buarque, na ironia de seu anti-samba-enredo, infelizmente, não tem ponto final. Nossa Pátria-mãe continua "subtraída em tenebrosas transações" e seus filhos "levando pedras como penitentes, erguendo estranhas catedrais".

Convivemos há quase um mês com o grito das ruas contra a corrupção. São milhares de vozes que se erguem proclamando a causa primordial da negação dos direitos fundamentais da coletividade. Não apenas os mensalões, julgados ou não. Mas a intricada rede de improbidade que se estende, desde os paraísos fiscais, até as disparidades salariais, somadas a privilégios de todos os gêneros, que transformam servidores públicos em castas, sem qualquer respeito ao preceito constitucional da igualdade de todos perante a lei. É uma professora que fala, e não poderia ser outro o tom.

Eis a democracia em que vivemos e que nos cabe aperfeiçoar, inscrevendo-se o intelectual sempre mais igualitariamente na frente comum da construção coletiva.

(excertos de discurso)


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