tag:blogger.com,1999:blog-38148861695611863392024-03-19T05:47:27.296-03:00Carlos RomeroCrônicas. Poemas. Ensaios. Contos. Resenhas. Todos os dias.Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.comBlogger5707125tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-82044300654123335402024-03-19T00:01:00.001-03:002024-03-19T00:01:00.132-03:00A esquecida<div id="chico"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ0-o_2NDlVRJXosK33v7uCw81HHpLr-iqWS40ccx7f1JyKQoeGS4fe28V8Ud3-FE_9dJzSqr8djN3fRvJGyGhmTGNxDqdGMyoU84dNI1LPVoOiXmFPdJdoSLBhJ2z1q7VQ8GQCoNlZ5-HTgX77yvFhsjtgrKHI0qf47XNfoNMOrevvAGL3zLwcb1tXk0/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2845%29%20%281%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="alzheimer esquecimento velhice" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQ0-o_2NDlVRJXosK33v7uCw81HHpLr-iqWS40ccx7f1JyKQoeGS4fe28V8Ud3-FE_9dJzSqr8djN3fRvJGyGhmTGNxDqdGMyoU84dNI1LPVoOiXmFPdJdoSLBhJ2z1q7VQ8GQCoNlZ5-HTgX77yvFhsjtgrKHI0qf47XNfoNMOrevvAGL3zLwcb1tXk0/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2845%29%20%281%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Cerca de quatro anos pós a morte do marido, D. Zulmira começou a esquecer as coisas. Não sabia onde guardara roupas, sapatos ou utensílios da casa. Letícia, a filha caçula, chegou a alertar a irmã: </div><br /><a name='more'></a>
– E se ela deixar de tomar os remédios para pressão?<br /><br />
– Precisamos ficar atentas. Pode ter um acidente vascular cerebral... – respondeu Soraia, que já pensava na possibilidade de contratarem uma cuidadora.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1dWW7OzrmRi-dnEtlKEkddxIkPclXp35n33ZFkClMYguAZPKYGp1MaEAlWWjtr9TM8HhCjTtVOnbeHFWHTEKJWQx68QWbFqVm3uj1Rw0DD03Nx9ec9-n7mYVQRym3jDe09GZ71y_URBVMVhYbFu7OC9o4THKBnYQpcZsq-h2ztFkw1pLZsFi3Mhyphenhyphen3r2A/s1600/VERT%20COMUM%20%2869%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="alzheimer esquecimento velhice" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1dWW7OzrmRi-dnEtlKEkddxIkPclXp35n33ZFkClMYguAZPKYGp1MaEAlWWjtr9TM8HhCjTtVOnbeHFWHTEKJWQx68QWbFqVm3uj1Rw0DD03Nx9ec9-n7mYVQRym3jDe09GZ71y_URBVMVhYbFu7OC9o4THKBnYQpcZsq-h2ztFkw1pLZsFi3Mhyphenhyphen3r2A/s1600/VERT%20COMUM%20%2869%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>MS</div></figure>
Aos lapsos de memória, acrescentavam-se a tristeza e a apatia. D. Zulmira passava horas numa poltrona da sala, o olhar perdido. Recusava até que ligassem a televisão. Não lhe empolgavam mais as novelas nem os programas gastronômicos, dos quais chegara a copiar receitas para agradar o marido. Valfredo era um gourmet, e a mulher vez por outra lhe preparava comidas diferentes.
<br /><br />
Para ver se distraía a mãe, Soraia propôs que se mostrasse a ela fotos da família. Sobretudo aquelas em que aparecia com Valfredo, para lembrar-lhe o tempo que passara ao lado do marido. Eram muito bem casados, e certamente as imagens da vida em comum concorreriam para reavivar-lhe a memória e deixá-la mais animada.
<br /><br />
Assim foi feito. Letícia tirou da gaveta do velho guarda-roupa a caixa em que dormiam, já um pouco amareladas, fotografias da família. Havia muitas dos dois juntos, algumas tiradas quando as filhas ainda nem tinham nascido. O casal aparecia em festas juninas, risonhos, ou enlaçados em bailes de Carnaval. A garota fez uma seleção das que melhor traduziam o convívio amoroso dos dois.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7APVjpWGZTo3uwdk8ZFO8lxkdEAP6pK6K6qTMRp-yIq5ZHBFxms1U4eT4t3gjB6IMxLfFqzFe-xnikb4HZ_k7uf4SNL1dNphzIl6A2yt1D_fp9B2nC2R_1TSpOFlDKELBHxQrRE413FmpzrA0bnwsI0jR4WUtPs_pwW6lb23EfZp-dNrnaV4rVsxOylQ/s1600/VERT%20COMUM%20%2870%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="alzheimer esquecimento velhice" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7APVjpWGZTo3uwdk8ZFO8lxkdEAP6pK6K6qTMRp-yIq5ZHBFxms1U4eT4t3gjB6IMxLfFqzFe-xnikb4HZ_k7uf4SNL1dNphzIl6A2yt1D_fp9B2nC2R_1TSpOFlDKELBHxQrRE413FmpzrA0bnwsI0jR4WUtPs_pwW6lb23EfZp-dNrnaV4rVsxOylQ/s1600/VERT%20COMUM%20%2870%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>MS</div></figure>
Numa tarde em que D. Zulmira seguia a rotina de nada fazer e ficar olhando para o tempo, Letícia sentou-se junto dela e começou a mostrar as fotos. Tinha feito uma seleção cronológica, apresentando primeiro as do tempo em que namoravam. Depois vinham as do período em que eram noivos, e por fim as de casados.
<br /><br />
D. Zulmira olhou de início sem curiosidade, as imagens pareciam não impressioná-la. Mas a partir de certo momento seus olhos começaram a brilhar, e o rosto adquiriu uma expressão intrigada. Olhou para a filha como se não entendesse o que via. Letícia também não compreendeu essa reação, e muito menos quando a mãe lhe fez a pergunta:
<br /><br />
– Quem é essa que está com seu pai?<br />
– Quê?! Quem poderia ser, mãe? É a senhora!<br />
– Não sou eu! Tire esses retratos daqui!<br />
<br /><br />
A garota não sabia o que fazer. Chamou Soraia e lhe explicou o que estava acontecendo. A outra ficou surpresa. Não era ela?! Pediu à irmã que recolhesse as fotos e as levasse para a gaveta do guarda-roupa. Antes que Letícia fizesse isso, a mãe pediu para vê-las de novo. Como se quisesse se certificar.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitAQ4UDENFDb5O0cQ_8cRNDP1o67kK3eh-MUG1VOOMqr3lyVCZcVIH-6dPdDGtp4n7tRJcnQ40yjALJMYOdsszlhgW37v-Uut4dv1LR7yjN3uavJGmI4ZNDRPexyKJBj93HZwjxfVgRRE7qd_yRAvhm4vnEzO7m4uvHYgbVHHbMBwUkdOA7ogQxwpqaG8/s1600/VERT%20COMUM%20%2871%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="alzheimer esquecimento velhice" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitAQ4UDENFDb5O0cQ_8cRNDP1o67kK3eh-MUG1VOOMqr3lyVCZcVIH-6dPdDGtp4n7tRJcnQ40yjALJMYOdsszlhgW37v-Uut4dv1LR7yjN3uavJGmI4ZNDRPexyKJBj93HZwjxfVgRRE7qd_yRAvhm4vnEzO7m4uvHYgbVHHbMBwUkdOA7ogQxwpqaG8/s1600/VERT%20COMUM%20%2871%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>MS</div></figure>
– Não sou eu! Seu pai está com outra. Agora fiquei sabendo que ele tinha uma amante...
<br /><br />
As duas se olhavam, perplexas. D. Zulmira até então esquecia objetos ou nomes de pessoas. Agora parecia não se lembrar do próprio rosto. No dia seguinte, enquanto tomavam café, viram a mãe se dirigir à sala com uma tesoura. Assustaram-se e ficaram imaginando qual seria o seu propósito.
<br /><br />
Depois de se sentar na poltrona onde costumava passar o dia, D. Zulmira falou:
<br /><br />
– Vão buscar aqueles retratos. <br />
– Para que a senhora quer? – assustou-se Letícia. <br />
– Você vai ver. Quero os retratos aqui.
<br /><br />
A moça obedeceu e pouco depois voltou com a caixa. Antes de entregá-la, pediu:
<br /><br />
– Não vá, por favor, fazer nenhuma besteira.
<br /><br />
D. Zulmira abriu-a e começou retirar as fotos. Olhava-as uma por uma e confirmava:
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5bhSC8K2T1k8FhpYWPdMw2e7QWCczlOoF5KoyjtWM5qiRqitT6293B1hJG33XhrsAY-HKGzHx52AixNxY8Fak_x0nG-Iif0KoMrSUBq75m3ds1upb_J860tefe9ulGYrqg8rFZdigneNljHgv4B5pXAdSIHOubF_R7n9Ls3Nu_wjbw1-SmZ1pA8jOcGE/s1600/VERT%20COMUM%20%2872%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="alzheimer esquecimento velhice" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5bhSC8K2T1k8FhpYWPdMw2e7QWCczlOoF5KoyjtWM5qiRqitT6293B1hJG33XhrsAY-HKGzHx52AixNxY8Fak_x0nG-Iif0KoMrSUBq75m3ds1upb_J860tefe9ulGYrqg8rFZdigneNljHgv4B5pXAdSIHOubF_R7n9Ls3Nu_wjbw1-SmZ1pA8jOcGE/s1600/VERT%20COMUM%20%2872%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>MS</div></figure>
– Não sou eu. Não tenho esse cabelo, nunca usei essas roupas nem esses brincos.
<br /><br />
Pegou então a tesoura começou a cortá-las para delas extrair “a outra” que ocupava o seu lugar. As filhas tentaram detê-la, mas logo viram que seria impossível. A mãe tinha uma expressão raivosa e pareia capaz de agredir quem procurasse impedi-la.
<br /><br />
D. Zulmira colocava as partes cortadas numa mesinha contígua à sua poltrona. Com o tempo, era grande o número de recortes que a mostravam em situações diversas, vestindo diferentes roupas e com variadas expressões fisionômicas – ora risonha, ora atenta, ora plácida, olhando para alguém que não se conseguia ver. Nas caixas restaram as fotos mutiladas, em que também não se sabia quem Valfredo fitava ou tinha nos braços.
<br /><br />
Terminada a obra, ela fechou o recipiente e deu um suspiro, como se tivesse passado por algo muito incômodo e enfim sossegasse.
<br /><br />
Letícia apontou para os recortes em cima da mesa e perguntou:
<br /><br />
– O que a gente faz com eles?<br />
– Pode esconder ou dar fim. Para mim tanto faz.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="chico" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-53153843141813050852024-03-18T20:39:00.003-03:002024-03-18T20:39:36.929-03:00Alguns convencidos que tudo sabem<div id="raul"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdCLnHPnKYRDeMLq4GedDgKkoM5bdBGVAGshtzV9d8S_c_bA1IabbJK7PProo40bSF5answD2qDkTcyqLIresv1-0RmzUcU8dne3AEvp1C-R2q8zP8d7ty4ixYQA3DJxCwNmGcvLqz-_NZQAkTQuBOBg8nn-X-RB2Q1fSEFOTi98bqxDZpu88xX8QzkZg/s1600/23.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="blob fungo tokyo" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdCLnHPnKYRDeMLq4GedDgKkoM5bdBGVAGshtzV9d8S_c_bA1IabbJK7PProo40bSF5answD2qDkTcyqLIresv1-0RmzUcU8dne3AEvp1C-R2q8zP8d7ty4ixYQA3DJxCwNmGcvLqz-_NZQAkTQuBOBg8nn-X-RB2Q1fSEFOTi98bqxDZpu88xX8QzkZg/s1600/23.jpg"/></a></div>
<div class="divisor" style="margin-bottom:20px"></div>
<div class="letra">Um grupo de cientistas japoneses criou o sistema ferroviário que uniu Tóquio a 36 cidades vizinhas. O trabalho teve a colaboração de <i>Blob</i>, uma <a href="javascript:;" data-fancybox data-type="iframe" data-src="https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Sinc%C3%ADcio">célula multinucleada</a> macroscópica, de cor amarelo brilhante, que também proporcionou resultados semelhantes nas redes rodoviárias do Reino Unido e da Península Ibérica. Seu nome científico é <i>Physarum polycephalum</i>. <a name='more'></a>
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMmGFLeiK6MDhUX3RCDPeoQ5-OVPyvLjV3JLBJI_0_7XXczM6z5hDvaFhfGKu7aw_A4c6Mn7Tws6BczD93Fts6d6F0TS3ieGbfIqdDmfpQo0CYnVgxHUBLm8pzUUX-QI1-uJ2vI-jT1zB2gSYceG2aXLRPsef7QDLvOULlNU2_eFR3deWZxz5A86CBVg8/s1600/11.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="blob fungo tokyo" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMmGFLeiK6MDhUX3RCDPeoQ5-OVPyvLjV3JLBJI_0_7XXczM6z5hDvaFhfGKu7aw_A4c6Mn7Tws6BczD93Fts6d6F0TS3ieGbfIqdDmfpQo0CYnVgxHUBLm8pzUUX-QI1-uJ2vI-jT1zB2gSYceG2aXLRPsef7QDLvOULlNU2_eFR3deWZxz5A86CBVg8/s1600/11.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda"><i><b>Blob</b> (P. polycephalum)</i> ▪ Fonte: Wiki</div>
</figure>
Já existe na Terra há 500 milhões de anos, antes dos seres humanos. </div><br />
Esse é um exemplo de como a sabedoria do idoso jamais deve ser ignorada. Ele não possui cérebro, mas sua habilidade em encontrar caminhos mais curtos, sem conhecer o destino, é impressionante. Sua locomoção é lenta, porém precisa, e se dá a uma velocidade de 1cm/minuto, permitindo-lhe avaliar cuidadosamente seu trajeto.<br /><br />
Seu apelido vem do filme clássico "The Blob" (A Bolha Assassina) de 1988, que narra a história de uma estranha substância gelatinosa que dissolve a carne humana. No entanto, o Blob, especialista em meios de transporte, não come gente. Ele tem apenas uma semelhança em termos de forma com a Bolha.<br /><br />
Um artigo de 2010 descreve que flocos de aveia foram dispersos em uma representação de Tóquio e das cidades, e Blob criou uma rede semelhante ao sistema ferroviário de forma eficiente e tolerante a falhas.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kFnDML4vof5Wzz8xMfcCcZuR0UbxilHAZnbLfK3YcpkESgyZIIEYr0OwKZOmpg0nYJoT_MSF1MoFLqS1KE7J98pfqlzX825luvfxL-nxMWBRv_gbHw2LpcOHO0On3cg5-9l9SpSS6G2Kdw9cIUp5x1zmrypCPaKTl2TFNy087sy_iMXSN72_oK13uQI/s1600/25.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="blob fungo tokyo" class="bordas pads" data-original-height="830" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kFnDML4vof5Wzz8xMfcCcZuR0UbxilHAZnbLfK3YcpkESgyZIIEYr0OwKZOmpg0nYJoT_MSF1MoFLqS1KE7J98pfqlzX825luvfxL-nxMWBRv_gbHw2LpcOHO0On3cg5-9l9SpSS6G2Kdw9cIUp5x1zmrypCPaKTl2TFNy087sy_iMXSN72_oK13uQI/s1600/25.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda margens">Diagrama do gigantesco sistema ferroviário de <b>Tóquio</b> ▪ Fonte: Reddit</div>
</figure>
Como é possível essa forma de mofo nos ensinar diversas alternativas para solucionar problemas práticos em nossos árduos dias e mostrar o valor da adversidade e multiplicação de seres, sem um cérebro? Sua reprodução se dá mediante a produção e liberação de esporos, que se tornam novos "Blobs". Eles possuem 720 sexos diferentes, sendo assim um ser com orientação sexual ilimitada e centenas de identidades de gênero.<br /><br />
Como na maioria das espécies, a sobrevivência é impulsionada pela diversidade genética, que, no caso do "Blob", acontece quando dois organismos geneticamente diferentes se encontram e se fundem em um novo "Blob".<br /><br />
<div class="centro">
<div class="vid" style="--ratio: 9 / 14">
<iframe src="https://www.youtube.com/embed/RLOGWvqv8j8" title="blob" frameborder="0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
</div></div><br />
Será que no futuro muito distante, nos transformaremos em uma ameba sábia sem a necessidade de um cérebro no crânio? Se não vingarmos nos próximos milênios o cofre do apocalipse, que preserva culturas a fim de proteger a segurança alimentar global, garantirá nosso DNA pastoso.<br /><br />
Por vezes, o menos é mais, e surge como o aspecto mais relevante em um ser simples e despretensioso, muito à frente de alguns convencidos que tudo sabem.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="raul" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-90467986318653911802024-03-18T14:44:00.001-03:002024-03-18T14:52:17.606-03:00Felicidade<div id="sonia"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEju5O2kJxx_wxE_4RFtQYNLOEWVp0L7wij080o-f6XJiWsQZGw40wuVMvuffHJUMfmbnwQIx6x7cNROC0hqP_PaI3WuMUNTbCUUsr7oDidZn3CinLDmkycCUiRUTdWkLxDoDTMAf-AUxivopQqIyJnTK9rhmjD3sPSv3of_w4y_NlFZDPgtesWhORuwdAE/s1600/16.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="flores natureza vasos" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEju5O2kJxx_wxE_4RFtQYNLOEWVp0L7wij080o-f6XJiWsQZGw40wuVMvuffHJUMfmbnwQIx6x7cNROC0hqP_PaI3WuMUNTbCUUsr7oDidZn3CinLDmkycCUiRUTdWkLxDoDTMAf-AUxivopQqIyJnTK9rhmjD3sPSv3of_w4y_NlFZDPgtesWhORuwdAE/s1600/16.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Haverá desejo mais profundamente humano do que a busca pela felicidade? Esse ideal incerto, com seus resultados frágeis e impermanentes, semelhantes às delicadas flores de cerejeira que flutuam ao sabor do vento, nos chama das profundezas de nossos corações sonhadores, impulsionando-nos ao longo da existência. Cada ação que tomamos, cada passo que damos, é um avanço em direção a esse objetivo abstrato e profundamente pessoal que chamamos de felicidade. O sonho muda de acordo com o estágio da vida, único para cada indivíduo, <a name='more'></a>
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdoq6vvzgCcrKPAKYwH_fWNRrMXtq36p9ime19uC5BU2nyZAm9MQOibGfA-GbGQjKoto3hzqy9RNlIwJWuTp5NGpVfbnq0G7z_Ls0XZ-jRFnVhmgZclyDZIvoC_3uAPBAZoDncGRA6CGQN7JDST92I2QZxQR041fp1FEzNHIpFvg9SHdo4wieVmhw5tKM/s1600/21.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="flores natureza vasos" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdoq6vvzgCcrKPAKYwH_fWNRrMXtq36p9ime19uC5BU2nyZAm9MQOibGfA-GbGQjKoto3hzqy9RNlIwJWuTp5NGpVfbnq0G7z_Ls0XZ-jRFnVhmgZclyDZIvoC_3uAPBAZoDncGRA6CGQN7JDST92I2QZxQR041fp1FEzNHIpFvg9SHdo4wieVmhw5tKM/s1600/21.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>G. Romero</div>
</figure>
parecendo sempre além do alcance. Uma busca antiga como o tempo, perpetuamente renovada.</div><br />
Alguns a buscam em posses materiais, em relacionamentos, sucesso e riqueza. Outros a procuram em emoções passageiras, enquanto os mais sábios entre nós se esforçam para encontrá-la dentro de si mesmos.<br /><br />
Há milênios, a humanidade tem sido impulsionada por sonhos de felicidade, mas nossa existência moderna é assolada por uma avalanche de desejos, expectativas e ambições. A vida na Terra tornou-se cacofônica, inundada não apenas pelo clamor da realidade física, mas também pelo tumulto incessante do mundo virtual. Estamos submersos em um dilúvio de informações, cada notificação gerando ansiedade, cada momento consumido por distrações triviais. Passamos horas contemplando vidas alheias, assistindo a vídeos e lendo mensagens das quais não nos recordaremos. Boa parte desse caleidoscópio de informações é transformada em desejos efêmeros: de ser, de ter, de poder. À parte, segue a vida real, outra incessante fonte de obrigações e expectativas. Os dias escorrem, ligeiros, e entre pressa e vertigem nos vemos exaustos, com as mentes agitadas pela falsa necessidade de tudo saber, de opinar, de acompanhar os detalhes de situações desimportantes.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtv3JgA_vXQ9hSYv8r4TPAzxSahmm0dHcVAxNqnYDXu-kZc1p-2uSmO4kzIpAeiW-FPfCrdiYSxoM3QC_J3oWag3tCGcfhw0y_R4dIufQDQNt6HdJzX5-gPxX4GWKnlckMOXUyB7b90hS-rXMMcoA-rqbIP3aGu0KNFpqr4uyu6udxLXVpyJ-HgwVPPMs/s1600/2.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="flores natureza vasos" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtv3JgA_vXQ9hSYv8r4TPAzxSahmm0dHcVAxNqnYDXu-kZc1p-2uSmO4kzIpAeiW-FPfCrdiYSxoM3QC_J3oWag3tCGcfhw0y_R4dIufQDQNt6HdJzX5-gPxX4GWKnlckMOXUyB7b90hS-rXMMcoA-rqbIP3aGu0KNFpqr4uyu6udxLXVpyJ-HgwVPPMs/s1600/2.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita margens"><i class="fa fa-camera"></i>G. Romero</div>
</figure>
Em meio a esse turbilhão, corremos o risco de perder o contato com os ritmos do mundo natural que uma vez nos definiram. Esquecida está nossa conexão inata com a terra e seus ciclos de renovação, uma perda profundamente sentida enquanto navegamos pelas complexidades da vida moderna.<br /><br />
Nos momentos de ruído urbano avassalador, busco conforto nos simples presentes oferecidos pela natureza — uma flor desabrochando, uma criaturinha em sua rotina diária, o céu pintado de rosa ao amanhecer. No abraço gentil da natureza, a alma encontra alívio e o coração alcança alguma paz. É como retornar ao útero materno, uma alegria que transcende os prazeres passageiros, enraizada na tranquilidade do pensamento e no contentamento mais singelo.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZzeeWDzhBEBSZ1kuBN0UKOkBK4otXhQa4iahUMmhq0NjKcZezpSRJku578_FkuFGzPRp13xYtd8ecyvBQQPChESXX6f2tulGAwkbauT9x-w1O_g0TINlJXStFqzWj-bWM56LPtrZnLmvmp4lK7DX8IBQnWbqzCXW7EDtn7Pr6-C1KnWHfKYrsWyw-UTg/s1600/11.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="flores natureza vasos" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZzeeWDzhBEBSZ1kuBN0UKOkBK4otXhQa4iahUMmhq0NjKcZezpSRJku578_FkuFGzPRp13xYtd8ecyvBQQPChESXX6f2tulGAwkbauT9x-w1O_g0TINlJXStFqzWj-bWM56LPtrZnLmvmp4lK7DX8IBQnWbqzCXW7EDtn7Pr6-C1KnWHfKYrsWyw-UTg/s1600/11.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita margens"><i class="fa fa-camera"></i>G. Romero</div>
</figure>
Bem sei, entretanto, que a natureza por si só não pode aliviar as inquietudes que carrego. Assim, em meio ao caos da vida cotidiana, reservo tempo para ouvir o suave chamado, gentil e bom, da felicidade simples e possível. Silencio o ruído externo e visito o santuário da tranquilidade interior.<br /><br />
Há quase dois milênios, o imperador-filósofo Marco Aurelio escreveu uma de minhas frases favoritas: "A felicidade de sua vida depende da qualidade de seus pensamentos." Suas palavras ressoam profundamente em mim, lembrando-me de não sucumbir ao desespero, nem permitir que circunstâncias externas ditem o curso
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW-wNVQnV4aIBslieO8bXHwB4IbELtwZ3_7_5bcYMP7Jt3w3adZYtCa3yq3HNBo31I5TkTm04osZ7PucKxgDnAJ3MtH4JhApuZbTrOhR_stzQjF52r1I7eSu-Ta9i8rqA81p6hvjRQ6Nm506RG5ze1GrRLIJfeMIxHBOFfFt5Tagghn2ZTCYMCNKCBkV0/s1600/22.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="flores natureza vasos" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW-wNVQnV4aIBslieO8bXHwB4IbELtwZ3_7_5bcYMP7Jt3w3adZYtCa3yq3HNBo31I5TkTm04osZ7PucKxgDnAJ3MtH4JhApuZbTrOhR_stzQjF52r1I7eSu-Ta9i8rqA81p6hvjRQ6Nm506RG5ze1GrRLIJfeMIxHBOFfFt5Tagghn2ZTCYMCNKCBkV0/s1600/22.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>G. Romero</div>
</figure>
da minha felicidade. Em vez disso, elas me instigam a cultivar autocontrole, coragem e resiliência a fim de transcender os desafios da vida.<br /><br />
O contato com a filosofia aumentou minha consciência da natureza transitória da existência humana. A morte pode estar a um passo. Hoje, já me desfaço dos excessos e me preparo para minha partida — não com morbidez ou tristeza, mas com praticidade e serenidade. Quando minha caminhada chegar ao fim, espero recebê-la com a mesma doce calma com que alguém retorna para o colo amoroso de onde veio. Devolverei o corpo que me serviu bem, grata pelas lições aprendidas. Sem rancores, sem lamentar coisa alguma. Mesmo nas profundezas da dor, as experiências me tornaram mais humana e ciente de minhas muitas limitações.<br /><br />
Até que esse dia chegue, sigo buscando em mim mesma e na natureza o bálsamo que preciso. Talvez exista um anseio ancestral, um sentimento de conexão que transcende a existência individual, lembrando-nos de nosso lugar no vasto cosmos, parentes que somos das estrelas e dos pássaros. Nesse sentimento reside minha felicidade — não um objetivo distante, mas uma realidade presente, tecida na trama da minha jornada, nas experiências que vivo, no amor que ofereço e na cadência suave da minha respiração. É o suficiente.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div><br />
<div class="nota"> 👉🏽 <span style="font-size:80%;"><a href="https://soniazaghetto.com/2024/03/17/felicidade/">link para a publicação original</a></span>
</div><div class="clear"></div>
<div id="sonia" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-68780674820166440952024-03-18T00:01:00.001-03:002024-03-18T00:01:00.126-03:00Martinho Leal Campos, o revolucionário cordial<div id="gil"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTvYbECsH6neKS8aDpg8pHxWCH1lAtcXtiWSYJynAI6UxlcZBIFH89_Y51dJBqOENBYLjvZqDDYZwVQPTpVUXYtg2pD-i-Adiex1ZdRF2ta90R3y5bRuBsb8nTZlDnmpm5-4FXrQoknUxoesCnPGt_cjG1xdttlQ5MqL1R_cikLaKKXFTF3Dj6RgyRzvk/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2844%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="martinho leal campos comunismo ditadura militar 64" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTvYbECsH6neKS8aDpg8pHxWCH1lAtcXtiWSYJynAI6UxlcZBIFH89_Y51dJBqOENBYLjvZqDDYZwVQPTpVUXYtg2pD-i-Adiex1ZdRF2ta90R3y5bRuBsb8nTZlDnmpm5-4FXrQoknUxoesCnPGt_cjG1xdttlQ5MqL1R_cikLaKKXFTF3Dj6RgyRzvk/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2844%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Por coincidência ou por artes do destino, ele nasceu exatamente no dia primeiro de maio, dia dos trabalhadores. E foi o primeiro menino a nascer na antiga Maternidade Frei Martinho, em Jaguaribe, daí seu nome, cujo diminutivo combina tanto com suas naturais doçura e cordialidade, sem prejuízo da coragem e do brio nos momentos necessários. Pois é um bravo, como bem sabem os que o conhecem mais de perto.</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYM4A_-e0177BJuo27C4F7uCokhZ6YAWExjs8m5GQE3MDZ_H00C2e2W7_RI6xcq2mjfpuIqYSAxipGKCh65sAfnjzC027CFPashkL8KBGOkwzgs2TcJvWRKRqsJKRSIIjcTWPPzkK-3ufMPoJnbHCbGhliN-0v45trXnWSDt1DLMlmd_caMaHLsxe01NU/s1600/HOR%20LONGO%20%2836%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="martinho leal campos comunismo ditadura militar 64" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYM4A_-e0177BJuo27C4F7uCokhZ6YAWExjs8m5GQE3MDZ_H00C2e2W7_RI6xcq2mjfpuIqYSAxipGKCh65sAfnjzC027CFPashkL8KBGOkwzgs2TcJvWRKRqsJKRSIIjcTWPPzkK-3ufMPoJnbHCbGhliN-0v45trXnWSDt1DLMlmd_caMaHLsxe01NU/s1600/HOR%20LONGO%20%2836%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Maternidade Frei Martinho<i class="fa fa-facebook-square"></i>Rosa Wanderley</div></figure>
Um bravo, sim, que não temeu, com todos os riscos implicados, engajar-se na luta pela redemocratização do país a partir de 1964, tendo pagado um alto preço pela coragem e pelo idealismo, duras experiências de que não faz propaganda e que certamente muito marcaram sua personalidade, seu pensamento e sua, digamos, psicologia, já que ninguém sobrevive incólume após passar pelo que ele passou. Teria, pois, fartos motivos para ser amargo e/ou revoltado, como alguns dos seus companheiros da época, mas não. Pelo contrário, é um homem sereno e aparentemente em paz com o que fez e deixou de fazer, não esquece o passado mas não vive nele, tem senso crítico, não faz proselitismo, não é fundamentalista e cultiva como poucos a sábia e difícil arte de conviver civilizadamente com os contrários. Se não bastasse, é um apreciador de vinhos, não necessariamente dos mais refinados, e da boa e descompromissada conversa que normalmente surge ao redor de uma garrafa. Ao seu modo, um cavalheiro, um lorde que preserva elegantemente a discrição e a modéstia dos verdadeiros fidalgos.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLBh3xYaJ6p_B3Szgi_tXch6A6gbNvfHGd-zgaWieBW8dKv_lNVm7HJlGyEdnCMKu-ndw2aKRSQLQEYL-xitrnzm41Vod7B8I7QJyOPy-QRPRMBbqkBJ1jrjN4tMj9EeWlMnITAHkVjiK3SwftM3N6Sl18gMEfXtPbWWnfRP-P2PQkKFHmpExJrB29w-0/s1600/VERT%20COMUM%20%2867%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="martinho leal campos comunismo ditadura militar 64" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLBh3xYaJ6p_B3Szgi_tXch6A6gbNvfHGd-zgaWieBW8dKv_lNVm7HJlGyEdnCMKu-ndw2aKRSQLQEYL-xitrnzm41Vod7B8I7QJyOPy-QRPRMBbqkBJ1jrjN4tMj9EeWlMnITAHkVjiK3SwftM3N6Sl18gMEfXtPbWWnfRP-P2PQkKFHmpExJrB29w-0/s1600/VERT%20COMUM%20%2867%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Lira Mare</div></figure>
Literalmente, apanhou muito da vida (e de seus eventuais algozes também), mas não renunciou aos seus altos ideais humanitários, a despeito das decepções e frustrações acumuladas, tanto as decorrentes das ideias, como as resultantes da prática de pessoas e instituições com quem se relacionou ao longo do caminho. Hoje, imagino que tenha bem nítida no pensamento a real medida do possível, de modo a não mais se apegar romanticamente – e talvez inutilmente – a metas inexequíveis – ou utópicas. Não que tenha deixado de sonhar com um mundo mais fraterno e mais justo, aquele com que sonha as verdadeiras pessoas de bem, independentemente de ideologias, de religiões e de tudo o mais.
Economista de formação, trabalhou no SEBRAE-PB e prestou assessoria parlamentar ao ex-senador Humberto Lucena, de quem muito se aproximou, ao ponto de ter criado e desenvolvido uma admiração que se mantém. Estas foram, sem dúvida, experiências ricas, não só do ponto de vista profissional como humano. Trabalhar em Brasília muito lhe ensinou, em todos os aspectos. Principalmente lhe deu uma visão da política nacional e seu funcionamento pelo lado de dentro, privilégio concedido a poucos – e que poucos aproveitam, no bom sentido da palavra, aquele do aprendizado do mundo e da vida, que é o que pode nos amadurecer existencialmente e agregar a respectiva sabedoria.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-meozi0s6QR8f6nsJqMcfb7iSIq9_ut_P7DHx0hNUbwwfuVQEHoDPZhUgXRf_xVsdEi2y9LLl5bGhLlLYhYI1YqqIsmeIRUh4CLoW1tpf9LdwowlLmw6fP6F_WH8GEbWRdym9lTvw394VQx7puMiUcIimo39lS3eifysPa0HXdXKxy78RAnnRolRu2Xg/s1600/HOR%20LONGO%20%2837%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="martinho leal campos comunismo ditadura militar 64" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-meozi0s6QR8f6nsJqMcfb7iSIq9_ut_P7DHx0hNUbwwfuVQEHoDPZhUgXRf_xVsdEi2y9LLl5bGhLlLYhYI1YqqIsmeIRUh4CLoW1tpf9LdwowlLmw6fP6F_WH8GEbWRdym9lTvw394VQx7puMiUcIimo39lS3eifysPa0HXdXKxy78RAnnRolRu2Xg/s1600/HOR%20LONGO%20%2837%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Martinho Leal Campos <i class="fa fa-camera"></i> André Resende</div></figure>
É homem mais de ouvir que de falar, o que já diz muito de si. Tem lido bastante, visto muitos filmes, ouvido boa música e apreciado as artes plásticas, dentro do possível. Ele próprio é um notável artista, um talento inato para o desenho, base de tudo nessa área. Nas reuniões das manhãs de sábado, em torno da grande e generosa mesa de Mirabeau Dias, ele vai silenciosamente traçando as linhas de sua obra daquele dia, ao final recolhida pelo anfitrião atencioso, cônscio do pequeno tesouro que vem acumulando semanalmente. Seus confrades, reverentes, observam esse mudo labor do artista sabático.
<br /><br />
Em sua já longa caminhada, teve a oportunidade de conhecer figuras importantes da política e da cultura, a exemplo de Celso Furtado, Francisco Julião e Paulo Pontes. Tem, portanto, muito a contar sobre esses “encontros” com notáveis da segunda metade do século XX. De certa forma, esse material constitui um livro <figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB2ETM3p4Jx-e84rBO23kiixInEpTuGK2Lzh5bd_MG4j-uOrR9vQKXcZGAUJ2Ij2bWhkYxG-xhNFbBijmRc_oD6pC05HbEXYNCdSQfUe4xyyE0IUUXv7NDQEJmXr808_EiXOaLW7XWqweY_Ri78MRsmzKKOHeREfEwBiY21BDOnvtF1Qqe-HdgHlwtFXU/s1600/VERT%20COMUM%20%2868%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="martinho leal campos comunismo ditadura militar 64" border="0" data-original-height="4995" data-original-width="3330" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB2ETM3p4Jx-e84rBO23kiixInEpTuGK2Lzh5bd_MG4j-uOrR9vQKXcZGAUJ2Ij2bWhkYxG-xhNFbBijmRc_oD6pC05HbEXYNCdSQfUe4xyyE0IUUXv7NDQEJmXr808_EiXOaLW7XWqweY_Ri78MRsmzKKOHeREfEwBiY21BDOnvtF1Qqe-HdgHlwtFXU/s1600/VERT%20COMUM%20%2868%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Martinho Leal Campos<i class="fa fa-camera"></i>ALSP</div></figure>que ele nos deve e que torcemos para que venha à luz. Depoimentos e testemunhos desse tipo contribuem muitíssimo para a história e o conhecimento fidedigno, por parte do público leitor, de acontecimentos e pessoas relevantes.
<br /><br />
Muito do que fez, faria novamente, penso eu. Não por simples teimosia, pois só os tolos e as crianças são teimosos, mas por convicção mesmo. Suas escolhas foram exigentes do ponto de vista pessoal, mas ele deve achar que valeu a pena. E valeu. E nessa sofrida coerência está a beleza de seu percurso existencial. E é nessa fidelidade a si mesmo que ele se mostra admirável, tal como o Quixote cervantino.
<br /><br />
Com a garra de sempre, assiste ao outono chegar, com a paz e a resignação dos ascetas. Em si traz a primavera guardada, não raro o ardente verão. Na floresta igual, é uma árvore imensa, de alta copa e fundas raízes, personalíssima. As tempestades a respeitam, conhecem sua provada resistência. Martinho Leal Campos, que carrega a lealdade no sobrenome, é tudo isso - e muito mais. De fato, é um valioso patrimônio humano da Paraíba.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div><br />
<div style="height: 0; margin: 0 auto; overflow: hidden; padding-bottom: 56.25%; position: relative; width: 100%;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/fX8oRnKi0NE?si=JTfG3pWiCGYVDHXh" style="height: 100%; left: 0; position: absolute; top: 0; width: 100%;">
</iframe>
</div>
<div id="gil" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-53970717273813233912024-03-17T21:19:00.003-03:002024-03-17T21:19:31.148-03:00Da Loba ao Lupanar<div id="augusto"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpPqrzqsNFSL7JT0obRNFfc-mlWIDNdvLddZ4BwLJ5PgdGPZ254wIeciXFZ61RVXuPMVxFHz5zmCvFaHoShrxb0mZXMeXOKbncfmhMORkONLnyFISLSYASMOjoV-1EOo9KVslfnZUUfSjd1wuP62wQye1Yp4ziz7v96OOopRr7Rz7TEoIxtTL1Jicv9Ds/s1600/20.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="roma romulo remo messalina" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpPqrzqsNFSL7JT0obRNFfc-mlWIDNdvLddZ4BwLJ5PgdGPZ254wIeciXFZ61RVXuPMVxFHz5zmCvFaHoShrxb0mZXMeXOKbncfmhMORkONLnyFISLSYASMOjoV-1EOo9KVslfnZUUfSjd1wuP62wQye1Yp4ziz7v96OOopRr7Rz7TEoIxtTL1Jicv9Ds/s1600/20.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Diz a lenda da fundação de Roma que Amúlio depusera o irmão Númitor do trono de Alba Longa e fizera assassinar todos os seus filhos homens; a filha Reia Sílvia fora obrigada a tornar-se vestal, mas, quebrando o voto de castidade, deu à luz os gêmeos Rômulo e Remo, que Amúlio mandou afogar, lançando-os ao Tibre, numa cesta de palha. Mas a cesta não afundou, e a correnteza do rio levou-a à margem, até uma figueira, de onde uma loba os teria levado para uma gruta, e amamentado, até que fossem encontrados pelo pastor Fáustulo <a name='more'></a>
<figure class='dir meio'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX5YUxXVJmhTEz2MWbQiFKpUmS9Ig0jGqdt3SRy1MOsfGH4iDCVSdz4UVyDAo2knS5wXUvkVIvDnqGcbP2EQrY5ZkDi13ikdHyMT0lbGFCiERRSsJMwwWBAypSYRjt45rBV6hszYe6Sqz7mbt7WSEYjcg5P-e4exl1SuwvHqSFqapPeF4n8ErDtq2LuIY/s1600/5.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="roma romulo remo messalina" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX5YUxXVJmhTEz2MWbQiFKpUmS9Ig0jGqdt3SRy1MOsfGH4iDCVSdz4UVyDAo2knS5wXUvkVIvDnqGcbP2EQrY5ZkDi13ikdHyMT0lbGFCiERRSsJMwwWBAypSYRjt45rBV6hszYe6Sqz7mbt7WSEYjcg5P-e4exl1SuwvHqSFqapPeF4n8ErDtq2LuIY/s1600/5.jpg"/></a></div>
<div class="cred Borda"><i>Messalina</i><i class="fa fa-paint-brush"></i>P. Krøyer, 1881</div>
</figure>
que lhes deu guarida (Veja-se GILBERT, John. Mitos e lendas da Roma Antiga. São Pulo: Melhoramentos/Edusp, 1976, p. 62).</div><br />
A mulher de Fáustulo teria sido uma cortesã de nome Aca Laurência ou Laurentina. O termo latino que designava as cortesãs era <i>lupa</i>. Segundo Ernout e Meillet, no <b>Dicitonnaire étymologique de la langue latine</b> (Paris: Klincksieck, 1967, s.v. <i>lupa-ae</i>), a palavra <i>lupa</i> designava a cortesã antes mesmo de designar a fêmea do lobo. Neste último sentido, os latinos usavam a expressão <i>lupus femina</i>. Messalina, ainda segundo aqueles dicionaristas, adotava o nome grego de Lysisca, isto é, loba, nas suas devassidões.<br /><br />
O termo <i>Luperca-ae</i>, do latim, designa a deusa loba que teria amamentado Rômulo e Remo na gruta que levou o nome de Lupercal. O nome plural <i>Luperci-orum</i> designa o colégio de sacerdotes encarregados de celebrar o culto de Luperca, nas lupercálias ou lupercais. Villeneuve, na sua <b>Crônica escandalosa dos doze Césares</b>, descreve as lupercálias, com base em Plutarco, como sendo um desfile realizado em fevereiro por jovens pertencentes às primeiras famílias de Roma, que saíam da gruta onde a loba teria amamentado os gêmeos,
<figure class='dir meio'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCfcEAlQfgIA9S8pILr4VtXRkRx10XYpT8wXspernLXZdzFBM_VN7rYXSUFeEMO-JamemZDw5HUQGs2fRz4zwmIKVNY88lwJ0dpPHOZG9rAWoFw_EmUrojI-UAfa_QImRg-BEKGiz-x0KWJ5kc7VdLLOBqR6uKm8jwvfk2206hxXntkFQxcDb0YZU7K-s/s1600/3.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="roma romulo remo messalina" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCfcEAlQfgIA9S8pILr4VtXRkRx10XYpT8wXspernLXZdzFBM_VN7rYXSUFeEMO-JamemZDw5HUQGs2fRz4zwmIKVNY88lwJ0dpPHOZG9rAWoFw_EmUrojI-UAfa_QImRg-BEKGiz-x0KWJ5kc7VdLLOBqR6uKm8jwvfk2206hxXntkFQxcDb0YZU7K-s/s1600/3.jpg"/></a></div>
<div class="cred"><i>Lupercália</i><i class="fa fa-paint-brush"></i>A. Camassei, c.1635</div>
</figure>
e percorriam as ruas de Roma inteiramente nus, exceto por um cinto de pele de cabra, flagelando os transeuntes. “As donzelas iam levadas adiante dos seus golpes, porque a correia lupercal era reputada como tendo a virtude de expulsar a esterilidade e de provocar partos felizes” (VILLENEUVE, Bagneux de. <b>Crônica escandalosa dos doze Césares</b>. São Paulo: Victor, [19...], p. 126-7). No verbete Lupercálias, Tassilo Orpheu Spalding, no <b>Dicionário de mitologia greco-latina</b>, diz: “No dia das Lupercais [os lupercos] percorriam as ruas de Roma com um chicote na mão; estavam convencidos [de] que as mulheres que fossem atingidas por uma chicotada teriam um filho antes do fim do ano” (SPALDING, Tassilo Orpheu. <b>Dicionário de mitologia greco-latina</b>. Belo Horizonte: Itatiaia, 1965). Teria sido essa pele de cabra, de que nos fala Villeneuve e que envolvia a cintura dos jovens lupercos, a razão para pressupor que o termo <i>lupercus</i> se tenha originado da justaposição da palavra <i>lupus</i> (lobo) com a palavra <i>hircus</i> (bode).<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhseT7gD8d7fajcDkiyNVSjUFl6pMzaI7QzGUIzMnkxZsMJvMKKfhJQ0rfHNDvqvV3tFuUrGRCz0698Gsf_DYwQHfGU2AfcIQ6Cjhh97u9TKUhXouKgqTvlSYTggvP6OmNBF6hCZcJLpurAChfM5XbmjBPeydsqfI3Un-pjK85VuPh1Y-Ylf_Qval0fVlU/s1600/28.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="roma romulo remo messalina" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhseT7gD8d7fajcDkiyNVSjUFl6pMzaI7QzGUIzMnkxZsMJvMKKfhJQ0rfHNDvqvV3tFuUrGRCz0698Gsf_DYwQHfGU2AfcIQ6Cjhh97u9TKUhXouKgqTvlSYTggvP6OmNBF6hCZcJLpurAChfM5XbmjBPeydsqfI3Un-pjK85VuPh1Y-Ylf_Qval0fVlU/s1600/28.jpg"/></a></div>
<div class="cred margens"><i>Lupercália</i><i class="fa fa-paint-brush"></i>D. Beccafumi, S.XVI</div>
</figure>
Roma, de acordo com Plutarco, teria sido fundada em 21 de abril de 753 a.C. Antes dessa data, ocupavam a cidade os etruscos, originários da Ásia Menor, que, expulsos pelos dórios, teriam chegado à península itálica possivelmente no séc. X, antes de Cristo. À época da fundação de Roma, em 753 a.C., a península itálica era habitada principalmente por quatro povos de origem e civilização diversas: os itálicos, os etruscos, os cartagineses e os gregos. Os itálicos foram deslocados para o interior por causa da expansão dos etruscos que, aliados dos cartagineses, conseguiram estender seu domínio por quase toda a península.
<figure class='esq meio'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDhnQcnU9LykoJNO51ngy1tVF-sqIdY2S1PErkpYK26hT71q3y8VOVe89y54jBSeV1jnP0w8VmQ-LUILIWvEVp7skuEWBIfDGBn9nn6pWebU6NBiyVplpmxkpI7cIJOb4XhFDq6S5RILKfzYlQ41Mih1SVYy1hUFbNEBVVfa0A3-AJSXLjtmu054_TFFU/s1600/27.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="roma romulo remo messalina" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDhnQcnU9LykoJNO51ngy1tVF-sqIdY2S1PErkpYK26hT71q3y8VOVe89y54jBSeV1jnP0w8VmQ-LUILIWvEVp7skuEWBIfDGBn9nn6pWebU6NBiyVplpmxkpI7cIJOb4XhFDq6S5RILKfzYlQ41Mih1SVYy1hUFbNEBVVfa0A3-AJSXLjtmu054_TFFU/s1600/27.jpg"/></a></div>
<div class="cred"><i>Orgias de Messalina</i><i class="fa fa-camera"></i>F. Faruffini, S.XIX</div>
</figure>
Mas os galos que invadiram a região do Pó (a Gália Cisalpina) enfraqueceram os etruscos e prepararam o terreno para as conquistas dos latinos.<br /><br />
A ascensão do império romano merecia que a história de sua fundação correspondesse à sua grandeza: por razões éticas, a loba-prostituta foi substituída pela loba-animal, e a cortesã Laurentina foi reabilitada por uma lenda que a tornava amante de Hércules. Rômulo e Remo passaram, então, a filhos de Marte com a vestal Reia Sílvia. Mas o orgulho dos novos sacerdotes do império romano não conseguiu mudar a tradição da língua. A <i>lupus-femina</i> passou à <i>lupa</i> que amamentou os gêmeos, mas restou o termo <i>lupanar</i>, designativo de prostíbulo, para mostrar que foi a <i>lupa-mulher</i>, a <i>lupa-prostituta</i>, e não a fêmea do lobo, a base mitológico-histórica de uma grande civilização.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<fieldset style="font-size:85%;margin-bottom:-15px !important;color:#757575"><div class="fotopeq dir" style="margin-top:-15px !important;rotate: 3deg;"><a href="https://www.amazon.com.br/Gram%C3%A1tica-Superior-Portuguesa-Augusto-Carvalho-ebook/dp/B07BB1LFL3" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="praia cerveja" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcJd0AvGqKYwgivGzHPDxS7LRZv5zkPadNIJ06wsNeN6AonibRhJ-a2RUbSqlWkLQxF0KYwq1UON8HcsdqgCypwVxkY-WmcqLUj1Rpb4z4JRtMxMmSq9FJ6QlSqe0ByeLn-NrmiBNB_VgD1mVjy8Vme8RIbDbjQ5CwnJTQrf6zZmACEr4ldrqUz0N6HdE/s1600/30.jpg"/></a></div>
<b>José Augusto Carvalho</b>, Mestre em linguística pela Unicamp e Doutor em letras pela USP, é autor de várias obras sobre língua portuguesa, entre as quais <a href="https://www.amazon.com.br/Gram%C3%A1tica-Superior-Portuguesa-Augusto-Carvalho-ebook/dp/B07BB1LFL3">Gramática Superior da Língua Portuguesa</a> (2.ed. 2011) e <a href="https://www.amazon.com.br/Estudos-Sobre-Pronome-Augusto-Carvalho/dp/854090408X/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=1OHA275KKO40Y&dib=eyJ2IjoiMSJ9.0IZmnzFd_pTMl1VPKNt9NIRKNNN6jOglIYJGHkxtrDaNVn99zLO8MAoiuQyk8cjOb9yKMm6qnSXHTWb5cUXS1sZWA0Tf7H3InK0oq--kxWuWwI9rfdcJ1iU9CEkhLb4Tyf5helVsRaD3im4dU6Ox-qibjYGfwZRjaUic9BZ27LeIJ9PRvkvY7k9U1KZ222jd1_RSgOrB6tvSYtu8IBHRKClXiyifQ5TO2DcgALiEVrw.7pZT0gCA540mvMsZQQqvbTWvNHi42Ziuxy8qYZegJ-Y&dib_tag=se&keywords=Estudos+sobre+o+Pronome+augusto+carvalho&qid=1710720806&s=digital-text&sprefix=estudos+sobre+o+pronome+augusto+carvalh%2Cdigital-text%2C209&sr=1-1-catcorr">Estudos sobre o Pronome</a> (2016), ambas editadas pela Thesaurus, de Brasília.
</fieldset>
<div id="augusto" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-63187559087586461622024-03-17T13:25:00.007-03:002024-03-17T13:36:53.579-03:00De volta a velhas lições<div id="gonzaga"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_vLnkjJ52Yf3QQ0vfbbwmARDG8YZi8bSEPeAws5RDkBU8ySyzJMy3X8I5IefSe6aD32QWc1d5n5K6LL_mjzA1gxp6xCNgvmJ4rOFz6K5GdAuWBj8PtZRH5EcBPn5qfYlVCEvCV14L5HQ-uX54vbHm7yKzc7s5IBNDAO5645focsW4v3QK7x3DvhDxyl8/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2842%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="calazans jornalismo paraibano a uniao" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_vLnkjJ52Yf3QQ0vfbbwmARDG8YZi8bSEPeAws5RDkBU8ySyzJMy3X8I5IefSe6aD32QWc1d5n5K6LL_mjzA1gxp6xCNgvmJ4rOFz6K5GdAuWBj8PtZRH5EcBPn5qfYlVCEvCV14L5HQ-uX54vbHm7yKzc7s5IBNDAO5645focsW4v3QK7x3DvhDxyl8/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2842%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Até então aprendíamos por ouvir dizer. O jornal de 1950 pouco acrescentava à feitura do texto além do que se aprendera forçado sob o fogo da 2ª guerra mundial, narrada pelo rádio. José Leal e Dulcídio Moreira improvisavam verdadeira estenografia para não serem passados para trás pelo concorrente, O Norte, que terminou fechando para só retornar como porta-voz da campanha de José Américo ao governo do estado. Lia-se o jornal menos pela notícia do que pela opinião. Daí, muitos Carlos Dias Fernandes serem mais importantes do que o jornal.</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia2qP_AdxjosIMLFXhrpriiWgMzHzDLDLUlWpETEzXrGPy55hhKcHIe_EOj-xVaMahp22j9VBbLfkX5DpDjUqnqSqT_q1cLASdM1jIiL2R5JnB3jLd1NOQQKtZpzgLwvlpKnf679P-xPITxNHUTGI-1uu7sK4dmxMW0cB5gbmJaI-ORf9RKNVV7peomIY/s1600/VERT%20COMUM%20%2864%29%20%281%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="calazans jornalismo paraibano a uniao" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia2qP_AdxjosIMLFXhrpriiWgMzHzDLDLUlWpETEzXrGPy55hhKcHIe_EOj-xVaMahp22j9VBbLfkX5DpDjUqnqSqT_q1cLASdM1jIiL2R5JnB3jLd1NOQQKtZpzgLwvlpKnf679P-xPITxNHUTGI-1uu7sK4dmxMW0cB5gbmJaI-ORf9RKNVV7peomIY/s1600/VERT%20COMUM%20%2864%29%20%281%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Juarez Batista <i class="fa fa-paint-brush"></i>D. Sávio (A União)</div></figure>
Ao chegar à direção de A União, Juarez Batista dispunha de meia dúzia de comentaristas que não davam à notícia ou à reportagem tratamento diferente. A escola de quem se metesse a repórter eram as agências de notícia, <i>United Press</i>, <i>France Press </i>e as nacionais <i>Asapress</i> e <i>Meridional</i>. Comecei a alinhavar alguma notícia local quando me botaram para copiar o noticiário radiotelegráfico.
<br /><br />
Chegava, então, José Ferreira Ramos, que andara pela redação da <i>Tribuna da Imprensa</i> enquanto cursava Administração no DASP, e com espírito crítico e salutar ironia tentava conscientizar-nos de que o jornal que fazíamos era um primoroso modelo de antijornalismo. Até aí, a notícia tinha um padrão fixo que começava sempre pelo tempo (“Realizou-se ontem, às 15 horas, etc”) e terminava com a lista hierárquica das autoridades presentes a algum ato solene. Era um jornal de eventos oficiais e culturais, minguado em sua liberdade política. É José Ramos quem nos adverte para a reforma deflagrada pioneiramente pelo <i>Diário Carioca</i> de Danton Jobim e a <i>Tribuna da Imprensa</i> de Lacerda. E nos fala de lide, de abrir a notícia pelo clímax ou com o que mais de imediato possa segurar o leitor.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNpz5xKT4eJ814MfViAmMP3gRynUoKmozN5Qd8yQ-JuX2yR_Tg9ZClKYmyJNdOKEsBB1pugH2c0BnahgCLZSPlwrTO5p3tHNlB63VCifTo-8K27WHp-gkhyAB5xo__GVrKz2Ki3qEmIqX-2FIvYvHem_d3GHhXee6zpgz3mgMeq4ulwv4wMRC7nPWaCnY/s1600/VERT%20COMUM%20%2864%29%20%282%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="calazans jornalismo paraibano a uniao" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNpz5xKT4eJ814MfViAmMP3gRynUoKmozN5Qd8yQ-JuX2yR_Tg9ZClKYmyJNdOKEsBB1pugH2c0BnahgCLZSPlwrTO5p3tHNlB63VCifTo-8K27WHp-gkhyAB5xo__GVrKz2Ki3qEmIqX-2FIvYvHem_d3GHhXee6zpgz3mgMeq4ulwv4wMRC7nPWaCnY/s1600/VERT%20COMUM%20%2864%29%20%282%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">João Manoel de Carvalho Fonte <i class="fa fa-facebook-square"></i></div></figure>
É nessa fase que João Manuel de Carvalho engaja-se na redação do Jornal do Brasil e passa a trabalhar, frente a frente, com Alberto Dines e Calazans Fernandes.
<br /><br />
Foram os João Manuéis e os José Ramos os mensageiros dos jornais-escola do Rio, aos quais se associavam as figuras mitológicas de Dines, Calazans e Pompeu de Souza. Sem esquecer Carlos Lacerda, ele próprio tirando partido de seu apurado espírito crítico aplicado a um didatismo bem-humorado.
Já maduro, veterano da minha taba, soube da presença de Calazans num ciclo de palestras sobre comunicação em Recife. Minha primeira reação foi a de ir vê-lo. Conferir a imagem intensamente projetada pelos companheiros que trabalharam sob sua batuta. Mas logo me lembrei do conto “Viagem aos Seios de Duília” onde o narrador, mestre Aníbal Machado, ensina, para nunca mais esquecermos, “como fica longe o lugar do passado”. Quem me garantia se o Calazans real iria corresponder ao titã que a distância do meio e do tempo projetara em meus ares de aprendiz?
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQx59CcBpnzENtYPugKLnYH3BMNAx977F4kvuYv3sOfYCvc0t1I4qMNjrDa65NTUKerzK7_6cRq68w5bkWYJVedEBfc8x4JX9Z9c5kwrWJUUuwapl-ohh6SCVRU4p1lFvpGognJVsfIXHBrPcCeeTR0EYdsROdzHgUNQZueMUy-Kcnz3gTTzqpO70Qunk/s1600/VERT%20COMUM%20%2866%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQx59CcBpnzENtYPugKLnYH3BMNAx977F4kvuYv3sOfYCvc0t1I4qMNjrDa65NTUKerzK7_6cRq68w5bkWYJVedEBfc8x4JX9Z9c5kwrWJUUuwapl-ohh6SCVRU4p1lFvpGognJVsfIXHBrPcCeeTR0EYdsROdzHgUNQZueMUy-Kcnz3gTTzqpO70Qunk/s1600/VERT%20COMUM%20%2866%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Calazans Fernandes <i class="fa fa-camera"></i>C. Federal</div></figure>
Achei melhor, então, conservá-lo de longe, como voltei a vê-lo no belíssimo perfil que Ney Lopes ofereceu em sua antiga página de “Brasília EM DIA”, registrando a morte de mais esse grande brasileiro do Rio Grande do Norte.
<br /><br />
Um dos primeiros detentores do Prêmio Esso de Reportagem, Calazans teve seus lances de estadista sem militar efetivamente na política. Conseguiu chegar a Kennedy e obteve, com os dólares da Aliança para o Progresso, bancar o método de alfabetização de Paulo Freire na cidadezinha de Angicos. Foi dele a ideia, envolvendo o governador Aluisio Alves de então. E tinha vínculos com a Paraíba: Calazans estudou no Diocesano de Patos e era amigo dileto de Odilon Ribeiro Coutinho. Ney Lopes o define como “o direitista de esquerda”.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div><br />
<div class="nota"><span style="font-size:80%;">*publicado originalmente no jornal <i>A União</i></span></div><div class="clear"></div>
<div id="gonzaga" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-68643056764649573342024-03-17T00:47:00.007-03:002024-03-17T00:49:05.138-03:00Esboço de uma história de amor<div id="douglas"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0UQKqfLhBBlY9ItWPD8gXlwVspITbhHuW_L7HdRgI7wv5MMYTeAYIZwOsuOiSclfCZ7KkL1Y7x9NYOxdJPkkTSamP3U6GokMkaCEvZhLiGld6nr4oHKT4vJGMKOXAcVqlFiQ5LRhYpSkHZmUI56bo0ZxpcFHHTbwI27cH16PkC7V_mzJ1f4TgI1D49qQ/s1600/24.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0UQKqfLhBBlY9ItWPD8gXlwVspITbhHuW_L7HdRgI7wv5MMYTeAYIZwOsuOiSclfCZ7KkL1Y7x9NYOxdJPkkTSamP3U6GokMkaCEvZhLiGld6nr4oHKT4vJGMKOXAcVqlFiQ5LRhYpSkHZmUI56bo0ZxpcFHHTbwI27cH16PkC7V_mzJ1f4TgI1D49qQ/s1600/24.jpg"/></a></div>
<div class="centraliza txtcinza">
1 ▪ <b>Introito</b><hr />
</div><br />
<div class="nota" style="max-width:70% !important;padding: 20px;border:1px dashed #ccc;background:#FAFAFA !important">
“Eu fico estarrecido que algum homem, vendo o quanto um outro se faz de tolo ao dedicar suas atitudes ao amor, ainda possa, após ter rido de tais tolices nos outros, tornar-se motivo de seu próprio desprezo, ficando apaixonado.”<hr /><b>Benedito</b></div><div class="clear"></div><br /><a name='more'></a>
<div class="letra">Ela desafiou-me: disse que achava interessante o que eu escrevia, mas queria ver-me compor algo sobre o “amor”. Guerras do outro lado do mundo, mazelas sociais, discussões metafísicas...; não, não lha interessam tanto quanto uma tórrida paixão mal resolvida (as bem resolvidas não são dignas de nota). Como gosto de competições – embora saia sempre derrotado delas –, aceitei o desafio. Escreverei uma história de amor.</div><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtI-0ilqcApLYLlr9bDpcPHHBAICpYjhmOMYiJcLiJ3y8x94yLwZqRBWow0JEi3VPi-9mIQjzDMgwC5ZQcxWskENNu4kApf_MDYQ9SfY7V91150gRetf-Bcr9u2yFv66ilPb2P07APGwlcXAU-dvEKg9pMlfp26vQXSFq-nw93V8wfTZe3wBR1HLDCeQw/s1600/1.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtI-0ilqcApLYLlr9bDpcPHHBAICpYjhmOMYiJcLiJ3y8x94yLwZqRBWow0JEi3VPi-9mIQjzDMgwC5ZQcxWskENNu4kApf_MDYQ9SfY7V91150gRetf-Bcr9u2yFv66ilPb2P07APGwlcXAU-dvEKg9pMlfp26vQXSFq-nw93V8wfTZe3wBR1HLDCeQw/s1600/1.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
Não há assunto mais trivial entre os interesses humanos do que o amor. Ainda assim, conquanto seja banalizado na literatura e na música, não é tema com que se possa lidar facilmente; dos tantos que fazem uso desse tema corrente, poucos são os que extraem dele algo de extraordinário. Infelizmente, para meu ego e para paciência do leitor, não sou desses; mas agora estou pelo menos entre aqueles.<br /><br />
Como se escreve uma história de amor? Inicialmente devo escolher o gênero literário: um conto. Sei, sei, não precisa recalcitrar o leitor; dum conto é impossível se extrair uma bela história de amor; sequer uma comédia romântica, quanto mais um drama ou uma tragédia. O tema não combina com a via curta do conto. Todavia, deve entender o leitor que o autor sabe bem das suas limitações intelectuais, bem como da economia com que Deus o agraciou com o dom da arte, que lhe é bastante escasso; se é que, olhe lá, ele esteja [o tal dom] de alguma forma presente em sua personalidade (pois é normal ao pretenso escritor crer que sabe escrever). Limitar-me-ei, assim, a escrever um pequeno conto de amor; está dito.<br /><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
2 ▪ <b>Os personagens</b><hr />
</div><br />
<div class="nota" style="max-width:70% !important;padding: 20px;border:1px dashed #ccc;background:#FAFAFA !important">
<b>Trânio</b>: “Eu peço que me diga se é possível / Que o amor grude tanto em um momento”.<br />
<b>Lucrécio</b>: “Ora, Trânio, até ver que era verdade / Eu nunca acreditei que fosse assim. / Mas enquanto eu fiquei sem fazer nada, / Descobri que num nada nasce o amor”.</div><div class="clear"></div><br />
Ultrapassada a escolha do gênero literário pelo qual esta história de amor se desdobrará, preciso criar os personagens. Tarefa tormentosa esta, pois imaginar reinos, universos, seres fantásticos e deuses não chega perto em dificuldade de se construir o que de mais complexo a natureza pôs sobre a Terra: o ser humano (o ser deve ser humano, haja vista os outros animais não serem suficientemente irracionais para arriscarem-se numa história de amor.
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcA7z1VON7axmdM1VVrbAvcFELdhQLzk9apJ_8LmgCt87I8I72rIGvbJOjwSRM8JNR1rVofq-JjzxjETR6QoHB7B8cdBfmfzKwSwjQ5RSlwop3HSdASdK0wUe7yng1msmBKCbeGqMX0L87_wZI85u7pwSnPvpjTU-nryC6SrswR7tZG-Yd7AjDmBJ72Q0/s1600/25.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcA7z1VON7axmdM1VVrbAvcFELdhQLzk9apJ_8LmgCt87I8I72rIGvbJOjwSRM8JNR1rVofq-JjzxjETR6QoHB7B8cdBfmfzKwSwjQ5RSlwop3HSdASdK0wUe7yng1msmBKCbeGqMX0L87_wZI85u7pwSnPvpjTU-nryC6SrswR7tZG-Yd7AjDmBJ72Q0/s1600/25.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
A fugacidade do sexo sem amor é-lhes suportável quando estabelecido o custo-benefício da paixão avassaladora; foi a escolha que fizeram quando da Criação). E não falo de sua anatomia, mas do emaranhado indecifrável e inesgotável das suas emoções. Devo criar um homem e uma mulher... “Epa! – exclamará o leitor. – Por que homem e mulher? Por que gêneros diferentes? Não devemos incentivar a ruptura desses preconceitos? Acho que você já escreveu algo sobre isso. Por que não pessoas do mesmo gênero, homem e homem, mulher e mulher... uma história de amor homossexual?”. Pertinente observação do leitor, a quem agradeço por recordar idéias que defendi alhures; não deixo de notar, vaidoso, que meus textos estão sendo lidos, pelo menos por esse perspicaz leitor. Ocorre, porém, que não tenho a pretensão – legítima, não se há de negar – de inserir neste pequeno texto discussões que exorbitem a “mera” paixão. Por certo que a história de amor – objeto da narrativa – perderia espaço para a discussão psicossocial tão relevante que adviria dum “casal” – entre aspas porque Aurélio chama “casal” o par composto de homem e mulher – que fugisse aos padrões comportamentais mais aceitos pela sociedade, ainda que preconceituosos.<br /><br />
Então, deixemos todas essas discussões de lado e continuemos a nossa história de amor. Onde estávamos? Ah, sim, no casal protagonista. E aqui me antecipo ao leitor que esbraveje contra a limitação numérica que impus. Não tenho nada contra orgias, haréns, sociedades poligâmicas, relacionamentos “abertos”;
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTCUxzvs2JFl4UoC5kU_buuwpxlWbO_Od4Oyvo0xD07I19mAkD8Mf8-6T0YMrFE_L3BSjvTHQPzwYt6_UjbK3vWdAbG4aiF5Ze6fiZgzN6K4SnWx4SrsMGwAkA9wTtDdyLd2T66gv7q3BCMqkTJlcyGJxEIUwSj78ItnjNbYnrPyDr3yROGRzcy9NcDCo/s1600/3.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTCUxzvs2JFl4UoC5kU_buuwpxlWbO_Od4Oyvo0xD07I19mAkD8Mf8-6T0YMrFE_L3BSjvTHQPzwYt6_UjbK3vWdAbG4aiF5Ze6fiZgzN6K4SnWx4SrsMGwAkA9wTtDdyLd2T66gv7q3BCMqkTJlcyGJxEIUwSj78ItnjNbYnrPyDr3yROGRzcy9NcDCo/s1600/3.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
mas, emprestando as razões esboçadas no parágrafo anterior – para o qual remeto esse leitor, que desconfio seria o mesmo daquele questionamento – vou ficar apenas com um casal protagonizando esta história de amor. Mesmo porque, como já dito, o autor tem suas limitações artísticas, e elaborar personagens é tarefa espinhosa, também já dito. Pois bem, avancemos.<br /><br />
Considerando que tudo que o homem descobre e cria tem base no que outros tantos homens descobriram e criaram, num dinâmico e evolutivo conhecimento empírico – essa regra tem apenas uma exceção: Adão, o grande pioneiro desbravador da sabedoria humana, pois sendo o primeiro homem, não tinha como copiar a idéia dos outros –, temos que tal evolução experimental se aplica à ciência, arte ou a qualquer aspecto do saber humano – e já digo isso fazendo uso dessa lei, porquanto quem não conhece que Newton enxergou longe porque subiu no ombro de gigantes? – Não ria leitor irônico, não pretendo dizer que estou enxergando longe (e muito menos me comparando com o gênio da física), porque do saber sou míope e talvez nem mesmo o Everest me auxiliasse a ver além de palmo do nariz. Ah! finalmente você concordou comigo; pelo menos isso. – Assim, seja o gênio da literatura universal ou o escritor amador – como este que derrama desajeitadamente tinta no papel –, a inspiração para construção de um texto vem, principalmente, das experiências literárias anteriores. Deixando de lado a filosofia barata, não me acanho, então, em buscar meu herói nos clássicos.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkjZ5ZVh_6bfhz9nc0vyvI04Y51ym93htexIxKpt4F2zSmLyApfvHgg7x47RRoOkmb208UeM4vj3pC-DzArC-7H_fdzZYCSVfE_EAXj8V61R28Okvtd2BeVBUHZDKI43DTrJ36PHZDhPRVhFvuhkL1GrCI8Op8xhKBmdb1E9ETGBdjl_zU1ZJMuwg69MQ/s1600/6.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkjZ5ZVh_6bfhz9nc0vyvI04Y51ym93htexIxKpt4F2zSmLyApfvHgg7x47RRoOkmb208UeM4vj3pC-DzArC-7H_fdzZYCSVfE_EAXj8V61R28Okvtd2BeVBUHZDKI43DTrJ36PHZDhPRVhFvuhkL1GrCI8Op8xhKBmdb1E9ETGBdjl_zU1ZJMuwg69MQ/s1600/6.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
3 ▪ <b>Um capítulo extemporâneo</b><hr />
</div><br />
Escrevendo o terceiro capítulo (que já não o é mais, pois coloco em seu lugar este; e não se sabe se será o quarto ou mesmo se existirá), que trata do personagem masculino protagonista deste esboço, resolvi acrescentar detalhe a esta história, o que justifica, pelo menos para mim – não sei se para o leitor – a presente intromissão: o autor do conto também será personagem. Trata-se de um escritor amador, beirando seus trinta anos, que nos seus fins de noite dá-se a escrever histórias, numa quimérica vontade de ser lido, e quem sabe até elogiado, por alguns poucos amigos que têm acesso aos seus textos. Ou melhor, sendo o personagem acima referido o próprio autor, posso escrever: trato-me de um escritor amador, beirando meus trinta anos, que nos meus fins de noite
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0pDU45vY98g5uZg-DnF_-TWG2LIQRINi7-H31ZOJeGJzQBhLFgd7VCFTRNHwPetKF46qo5UhDVk9RnmUXl8l5EpOa2bA-A-QbaV4YXTBuv4KdZLkKCPW8qHR0RBdu8KqqZVGSRDOWNZTCWdaHptatJsrXknuLHV_i6i4lUSGTC9gVCRFEiKpgmmU6_hI/s1600/7.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0pDU45vY98g5uZg-DnF_-TWG2LIQRINi7-H31ZOJeGJzQBhLFgd7VCFTRNHwPetKF46qo5UhDVk9RnmUXl8l5EpOa2bA-A-QbaV4YXTBuv4KdZLkKCPW8qHR0RBdu8KqqZVGSRDOWNZTCWdaHptatJsrXknuLHV_i6i4lUSGTC9gVCRFEiKpgmmU6_hI/s1600/7.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
dou-me a escrever histórias, numa quimérica vontade de ser lido, e quem sabe até elogiado, por alguns poucos amigos que têm acesso aos meus textos.<br /><br />
Não conheço muito dele – ou de mim, se consideramos que o narrador já seja o autor-personagem, e não o autor –, mas o pouco que sei não é digno de ser exposto. O impulso para a criação da presente história, que ele denominou “Esboço de uma História de Amor”, está descrita no capítulo primeiro. Como o autor é personagem-narrador, posso dizer que quem está a escrever este capítulo já seja ele, e não eu. Aliás, sou eu mesmo, o personagem-narrador, pois já sou (ou ele é) o autor desta narrativa. Espero não estar confundindo o leitor, pois eu (o autor) e eu (o autor-personagem) já estamos confusos. A razão para acrescentar esse personagem inusitado deverá ser revelada mais adiante. Se eu esquecer, peço que ma lembre o ledor.<br /><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
4 ▪ <b>O herói: de Romeu a Pacheco</b><hr />
</div><br />
<div class="nota" style="max-width:70% !important;padding: 20px;border:1px dashed #ccc;background:#FAFAFA !important">
“Enquanto teus olhos estiverem abertos não há perigo de que eu durma.”<hr /><b>Werther</b></div><div class="clear"></div><br />
Após o intrometimento do capítulo anterior, dou curso normal a este rascunho, que já aponta alongamento deveras indevido. Não culpo o leitor que queira deixar de lado esta leitura, apesar de torcer para que não o faça. Aliás, suplico: fique leitor; por favor, fique. Não prometo dar-lhe entretenimento, muito menos oferecer-lhe sentido para as grandes questões da nossa existência; mas me comprometo,
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDGcLPEP64g18Y1huMUFY-_mF9G08vkADuKjA8Ts2suw8hCRgKcfgW8IlFlcB9oTPW6EutJoCITikqzMZ1Q_NsQl4GTjb4Aj1inTI3FOqgHKFG6-GHc-jLzUdhEYaMPbtypSy88V0Z2BVF5IEPFmiRK6P1zOvOnsRHx6DGXBWiKtpCK50zKU8iEgnPCN0/s1600/8.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDGcLPEP64g18Y1huMUFY-_mF9G08vkADuKjA8Ts2suw8hCRgKcfgW8IlFlcB9oTPW6EutJoCITikqzMZ1Q_NsQl4GTjb4Aj1inTI3FOqgHKFG6-GHc-jLzUdhEYaMPbtypSy88V0Z2BVF5IEPFmiRK6P1zOvOnsRHx6DGXBWiKtpCK50zKU8iEgnPCN0/s1600/8.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
com veemência, a ficar em sua companhia até o fim dessa história insípida. Espero.<br /><br />
Será possível amar alguém mais do que a si mesmo; mais do que a própria vida? Quem se meta a compor o personagem masculino de uma história de amor não tem como não se inspirar no jovem Montecchio e no furor de sua paixão pela bela Capuleto. O enamorado Romeu não vacilou em seguir sua amada pelas ruas caliginosas do lugar de onde ninguém jamais voltou; ser-nos-ia compreensível fazê-lo? A realidade imitaria a ficção genial de Shakespeare? Ah! Quantos corações já suspiraram pelos versos do apaixonado veronês: “Que dama é aquela que enriquece o braço / Daquele jovem?”, “Amei eu antes? Meu olhar contesta: / Só vi o que é beleza nesta festa”. O que para nós é sublime na ficção, geralmente não passa de desatino na vida real.<br /><br />
Ou posso seguir, na concepção do meu herói, pelo caminho do amor insensato do jovem Werther, criação do não menos magistral Goethe, que, ao deparar-se com a virtuosa Carlota, dizia não saber mais se fazia dia ou noite, e que era, a partir de então, indiferente ao próprio universo. É isso? A paixão nos tolhe os sentidos? Será o amor um elixir inebriante, que turva as emoções que dele não partam?<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCEz4pe9N8Cu90wtMmKOjHtdgtNbzqbGHtJKj6itby66pUNWk7uy4szCMSpRujj6b8N3bc_68d_nOIkPA25z_DU86kQjpABh0g1J_3lxWlTB5y2w7TrotvqDvwgnDURxOcQ0wLLryJqOq0CKWYqPsMIFZnkjdOe6qbFVQrTc9xXYy2URufr7L5SaYz6wY/s1600/9.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCEz4pe9N8Cu90wtMmKOjHtdgtNbzqbGHtJKj6itby66pUNWk7uy4szCMSpRujj6b8N3bc_68d_nOIkPA25z_DU86kQjpABh0g1J_3lxWlTB5y2w7TrotvqDvwgnDURxOcQ0wLLryJqOq0CKWYqPsMIFZnkjdOe6qbFVQrTc9xXYy2URufr7L5SaYz6wY/s1600/9.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
<div class="margens"></div>
</figure>
Nessa criação, tenho paradigma também nas lendas, como a de Aberlard, o teólogo apaixonado que, ao confrontar seu voto de celibato com os úmidos lábios de Heloise, optou – sensatamente, digo – por esses; e que ainda hoje entusiasma padres a despir-se da batina – também literalmente (aliás, convenhamos, na maioria das vezes apenas literalmente) – e correr atrás da mulher amada. Posso fazer uso da História também: que tal o príncipe Eduardo – depois Conde de Windsor –, que abdicou ao trono britânico pelo amor de sua “maculada” amada divorciada? Romeu, Werther, Aberlard, Eduardo... consigo agora pensar em meu herói: chama-lo-ei Pacheco.<br /><br />
Sandoval da Silva Pacheco era funcionário público e trabalhava na repartição que cuidava do abastecimento de água da cidade. Homem de compleição pouco esbelta, cuja barriga protuberante denunciava a vida sedentária,
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2EOFnh0AQxaYLIz_OosxUBJ_V0kzDmmtP6zzJhNXsqcfeTnAhPxMiTKGevkFaxco7eSRSX7p_QHcp49zyhI1P2ackwPrS6e-JDlrHUTB_1yky80gtpEC0WTLjiB9kiNYLPei79ZnykvIRd63CreudenpM03x6G1QGIjfgQg2_BaZ_YG2ohingRfVaIdo/s1600/11.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2EOFnh0AQxaYLIz_OosxUBJ_V0kzDmmtP6zzJhNXsqcfeTnAhPxMiTKGevkFaxco7eSRSX7p_QHcp49zyhI1P2ackwPrS6e-JDlrHUTB_1yky80gtpEC0WTLjiB9kiNYLPei79ZnykvIRd63CreudenpM03x6G1QGIjfgQg2_BaZ_YG2ohingRfVaIdo/s1600/11.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
calva que avançava inclemente, ele era um homem aprazível, apesar de taciturno. Das coisas do amor, desconfio não soubesse muito; nunca se viu com namorada. Diz-se por aí que talvez ele sequer conhecesse os prazeres carnais, porquanto jamais fora visto em nenhuma das casas de tolerância da cidade, fosse no Bar de Maria Gorda ou na boate Raio do Luar. Isso, após já ter transposto a porta dos “trinta”. Fosse verdade ou puro despeito da solteirona da esquina, que lhe arrastava asas com o descarado intuito de juntar as duas solidões, fosse ou não fosse, não posso afiançar tais suspeitas. Morava sozinho, e ninguém (entre os quais me incluo) sabia de família que tivesse. Chegou por lá há uns bons doze anos; foi transferido sabe-se lá de onde, e foi ficando, ficando... Já fazia parte da cidade. Eis o meu herói.<br /><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
5 ▪ <b>Em defesa do herói</b><hr />
</div><br />
Fui muito cruel com nosso protagonista, é verdade. Nunca ter namorado! Dante não conceberia círculo infernal com castigo tão tormentoso. Acho que foi o pensamento mais desumano que tive em toda minha vida! E olhe que os tenho muitos. Andei imaginando como seria uma tal pessoa que com seus trinta e poucos anos ainda não tivesse tocado, com os seus, os lábios de outra, e cheguei à conclusão de que sua personalidade e suas emoções seriam tão complexas que só poderiam ser descritas por um Dostoievski;
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7etFdKaRZONG0e_Wfm9rYZxfcP_04MtyHy7qYA1Qd92ESoCoSiLNmOp18QwKjMLQREE_DCN0X6EKJZr9O5XfXncsInCXCZUmWeZb0i_KIIKLUeWwCYzJpMHl1ro1iwaG9cGX0HupE25dChBNaUt9boKepUdyCer0wxu1TZfwYx2ZoYycBw3sOzHT-n3E/s1600/12.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7etFdKaRZONG0e_Wfm9rYZxfcP_04MtyHy7qYA1Qd92ESoCoSiLNmOp18QwKjMLQREE_DCN0X6EKJZr9O5XfXncsInCXCZUmWeZb0i_KIIKLUeWwCYzJpMHl1ro1iwaG9cGX0HupE25dChBNaUt9boKepUdyCer0wxu1TZfwYx2ZoYycBw3sOzHT-n3E/s1600/12.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
não por mim, limitado escritor amador. Por isso, para minorar os riscos da mediocridade deste trabalho, já que não saberia lidar com este intricado personagem, retifico a história de nosso herói, para torná-la acessível às minhas letras, acrescentando uma namorada em seu passado. Trata-se de Josefina, filha da costureira Adelaide. A menina enamorou-se dele logo de sua chegada na cidade. Bilhetinhos para cá, bombons para lá; mantiveram um namorico de alguns meses, que não rendeu frutos, não sei bem o porquê; e prefiro não me alongar nesse ponto, pois Josefina entra nesta história de amor – que não é a sua – apenas em razão do problema Dostoievski. Que não se melindrem as feministas; se o equívoco tivesse acontecido com a personagem feminina, poderia muito bem Josefina ser Josefino.<br /><br />
Receio que o leitor – mais precisamente a leitora –, se acaso existir, não esteja muito empolgado com nosso protagonista. Seu perfil não é dos grandes amantes das fábulas; não lhe fora emprestada exuberante beleza, ainda menos fino trato para com as mulheres – conquanto não fosse feio ou grosseirão, vale dizer. Ora, e quem disse que o amor é sentimento exclusivo dos belos? Teria a Providência criado esse sentimento apenas para um seleto grupo de garbosos homens?
<blockquote class='dir meio' style="margin-top:15px !important;padding:20px !important">A vida parece que se arrastava ali, sem pressa de chegar ao abismo escuro que a finda. A igreja, a praça, os anciãos a tagarelar para esquecer o término que se aproxima inclemente...</blockquote>
Quasímodo houvera de responder negativamente. Por isso bato pé: não confiro, em nenhuma hipótese, predicado de deus grego ao nosso Sandoval. Não lhe acrescento cabelo na calva nem lhe diminuo centímetro na cintura. E digo isso da distância que me impõe a beleza que me acompanha desde sempre. Não posso deixar de registrar tal fato, atestador da minha imparcialidade, da minha falta de interesse na defesa dos menos formosos. Como percebe o leitor, é menos o pernosticismo e mais o meu senso de justiça que me força abrir mão da modéstia neste parágrafo. [dada repercussão destas palavras, que podem de alguma forma me atingir, peço licença ao leitor para recordá-lo quem escreve este texto].<br /><br />
Com a polêmica que possa causar o parágrafo anterior, e resolvido o problema Dostoievski, passo ao capítulo seguinte, dos mais importantes deste esboço.<br /><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
6 ▪ <b>Uma mulher</b><hr />
</div><br />
<div class="nota" style="max-width:70% !important;padding: 20px;border:1px dashed #ccc;background:#FAFAFA !important">
<b>Catarina</b>: “Amo-o loucamente; que não me ame, não me importa, contente-se em ser meu marido. Não se espante, não o incomodarei em nada; serei um de seus móveis, o tapete sobre o qual você anda... Quero amá-lo eternamente”.</div><div class="clear"></div><br />
Labor hercúleo esse o de criar a protagonista feminina de uma história de amor; pois quem, senão a mulher, realmente vive uma história de amor? Pobre homem, mero coadjuvante nas coisas da paixão; ama, não se nega, mas só o percebe quando o amor repousa longe no passado intátil. A mulher não; vive-o em seu presente, acontece com ele; melhor, confunde-se com ele. As histórias de amor são antes histórias de mulheres, onde o homem entra como mera formalidade, ainda que necessária. “Que importa a morte?
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfffuWt2QWJSJtimUz4D70vSjOE4b_v0mlSFjr0ayADELN8IFeilEgQ13Oc2cc6Ta_rnHypHzN8F15PlEwc8tjZ2uvaUIaDWZS6caxj909sXvS-AIx7Xp5d85nn-QOEU8wusM7XvIuR7MD1S6UP1z2npYMesVEeuhUcNyPMuT75lFhrbFzSk85n480uGg/s1600/13.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfffuWt2QWJSJtimUz4D70vSjOE4b_v0mlSFjr0ayADELN8IFeilEgQ13Oc2cc6Ta_rnHypHzN8F15PlEwc8tjZ2uvaUIaDWZS6caxj909sXvS-AIx7Xp5d85nn-QOEU8wusM7XvIuR7MD1S6UP1z2npYMesVEeuhUcNyPMuT75lFhrbFzSk85n480uGg/s1600/13.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
Chamas-me, queres-me, vou”, disse Isolda, intrépida, quando requisitada por seu amante, Tristão, destemendo o fim da própria vida na lâmina da espada do marido traído. Mulher e paixão são as duas faces da mesma moeda.<br /><br />
Uma mulher... Devo imaginar uma mulher; sim, uma bela e intelectual aristocrata, cosmopolita, admiradora da poesia e do vinho francês, conhecedora de história e de arte, elegante, de humor requintado... Que não seja nobre, então. Uma formosa e esperta campesina plantadora de verduras, de temperamento forte, mas sem disparates, que mesmo sem estudos – por faltar-lhe oportunidade, frise-se – não se deixa ludibriar. Veja bem, leitor, abro mão da fidalguia e da opulência, mas não da beleza e da inteligência. Essa imprescindibilidade da formosura pode ser contraditória com o que foi dito no capítulo anterior, sim; mas a vida não é um poço de paradoxos? Não é o mesmo cristão que descrê do curupira e acredita no despertar de Lázaro? Incoerências, meu caro leitor, o homem é feito de incoerências. E eu não sou diferente. Ademais, sou eu o autor deste esboço e não devo maiores explicações; é a liberdade artística, da qual não prescindo; quando ma é conveniente, óbvio.<br /><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
7 ▪ <b>Num cenário, numa época</b><hr />
</div><br />
Ora, uma bela história de amor tem de acontecer num belo cenário. Não sei se esta história de amor será bela; aprecemo-nos então com o cenário. Pensei em ambientar o conto que nascerá deste esboço em estreitas ruas históricas de uma cidade européia, com seus cafés e teatros, pontes
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaWO2k2pgLZ1Jc8keTaynKLME0jiofMeHFt8Ef0tsQxds7OCrLyko8ivtn912SE45Zmi1oPT7CnYYrLecr5hyphenhyphenLPRRRbEtsZGrK4fXnXXTdJT4m7Wn8ztF_he2uTWTMbzDoG004c8y51_Nbi6_8AI5SlS23WvzyFHR8GMTPLH_UpwaEUU-jv-vGSKjbPuI/s1600/14.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaWO2k2pgLZ1Jc8keTaynKLME0jiofMeHFt8Ef0tsQxds7OCrLyko8ivtn912SE45Zmi1oPT7CnYYrLecr5hyphenhyphenLPRRRbEtsZGrK4fXnXXTdJT4m7Wn8ztF_he2uTWTMbzDoG004c8y51_Nbi6_8AI5SlS23WvzyFHR8GMTPLH_UpwaEUU-jv-vGSKjbPuI/s1600/14.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
e verdes parques, tudo propício à germinação de uma paixão, pois nada como a efusividade da urbe para colaborar com encontros; ou ainda numa fria e montanhosa cidadezinha norte-americana, ali na fronteira com o Canadá, com monótonas florestas de pinheiros a balançarem sob o vento gélido cortante, como num conto de Hemingway. Colocar-se-ia um casal naquele inverno tristonho, que o conhaque sobre o tapete em frente à lareira e a necessidade do aquecimento mútuo cuidariam do resto; seria muito cômodo. E minha imaginação foi mais longe – coisa rara! –, pois pensei também numa exótica metrópole oriental, onde a tradição mistura-se ao moderno, o velho ao novo. Seria ambiente ideal para a diferença de idades e idéias de nossos protagonistas. Mas no final das contas tudo é relativo, como o próprio amor, que é hoje e pode não ser amanhã. Já observara aquele inglês de Stratford-upon-Avon (adoro esse nome):<br /><br />
<div class="citacao poesia roman" style="padding: 20px;border:1px dashed #ccc;background:#FAFAFA !important">Em dias lindos há, por vezes, nuvens;
E no fim do verão sempre aparece,
Com seu frio cortante, o inverno estéril;
Dor e alegria são como estações<hr /><i>Henrique VI</i></div><br />
Então, chego a conclusão de que não existe cenário menos ou mais propício a uma história de amor. Fico, portanto, e por comodidade, pois me poupo de empenhar-me em pesquisas sobre terras alheias, como cenário da paixão que há de aparecer neste texto,
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZygby8LeMEpwyRmmuFOdxdfjDJkIAU-6JHWlJvI9eSqR-fgcvn0ottCzAh9i3jfMapNqsvLlfZDxyA6g_DM-DEkzQt3cwtSCCKe5I6opVIHPVEJMcQcE2eM7PVOWVhl6MO-OUXycdmri8OjjqHRqEwOFbDX9vNmVkaIvY2UAPCuOlCx0Thtzl4hPo2FA/s1600/15.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZygby8LeMEpwyRmmuFOdxdfjDJkIAU-6JHWlJvI9eSqR-fgcvn0ottCzAh9i3jfMapNqsvLlfZDxyA6g_DM-DEkzQt3cwtSCCKe5I6opVIHPVEJMcQcE2eM7PVOWVhl6MO-OUXycdmri8OjjqHRqEwOFbDX9vNmVkaIvY2UAPCuOlCx0Thtzl4hPo2FA/s1600/15.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
com uma pequena cidade do sertão brasileiro; afinal o sertanejo é forte antes de tudo, como já constatara Euclides, e precisa-se ser forte para enveredar-se numa história de amor. A cidadezinha, como tantas outras da região, tinha nome de santo; ou era de velho político, cuja lembrança dos grandes feitos, se é que existiram, enterrara-se com seus contemporâneos? Não sei, e isso não importa para o amor que nascerá deste rascunho, pois ele é indiferente a tudo. A vida parece que se arrastava ali, sem pressa de chegar ao abismo escuro que a finda. A igreja, a praça, os anciãos a tagarelar para esquecer o término que se aproxima inclemente, e os meninos a traquinar, alheios a esses detalhes, eternos que são. Assim era o cenário. A época? Era 2004, do mundo cristão.<br /><br /><br />
<div class="centraliza txtcinza">
8 ▪ <b>Um amor inusitado...</b><br />
... porque compete ao amor ser inusitado<hr />
</div><br />
“Estou apaixonado”. Tal frase é inevitável numa história de amor, mas não se tratam estas de palavras dirigidas a Aretusa, saídas com delicadeza da boca trêmula do apaixonado Sandoval, em algum diálogo deste texto – pois deverá haver algum diálogo neste texto, não é?! Uma história de amor sem adocicados diálogos não se imagina –, nem mesmo pensamento dele no desvario da noite infindável após o arrebatamento do amor; antes fosse. A expressão aqui lançada não tem nenhum desses propósitos; não é a paixão de Pacheco e Aretusa que abordo neste capítulo,
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqHNqh5QK36XBifKPCfIz5gs8kxzR15pkjRVZ5eqJ_f4AKKfLpENklkV3jf74A2jf1AFGyvOsY9W39YtuiFLrgbBCJv3WOHVSubfaq8PQdZEL0TC6qRb2Vg7_fswnW_16E470UNM_36_lZxW4dUVsCGRHdlgLnSq7LksTjGVj8IR-0xZwZJOOr9t5CYIc/s1600/26.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto paixao romance" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqHNqh5QK36XBifKPCfIz5gs8kxzR15pkjRVZ5eqJ_f4AKKfLpENklkV3jf74A2jf1AFGyvOsY9W39YtuiFLrgbBCJv3WOHVSubfaq8PQdZEL0TC6qRb2Vg7_fswnW_16E470UNM_36_lZxW4dUVsCGRHdlgLnSq7LksTjGVj8IR-0xZwZJOOr9t5CYIc/s1600/26.jpg"/>
<figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS</span></figcaption></a></div>
</figure>
apesar de abordá-la, a paixão. Não, leitor, quem diz estas palavras não é outro senão o próprio autor deste rascunho. Sim, estou apaixonado! já não me contenho em dizê-lo, apesar de envergonhar-me deveras. Por que me acanhar de tão belo sentimento, me pergunta você. Ora, o que dizer da paixão fadada ao fracasso, destinada a não germinar, qual uma semente infértil? Como suportar a mãe a gestação de um filho que sabe não sobreviverá? Acaricia-se o ventre crescido, sente-se o leite ansioso por nutrir vida, agradece-se os mimos oferecidos à graça do novo ser, mas vida não haverá. Não comparo o que experimento a tão terrível sentimento, porquanto dor maior não fora inventada pelo Criador; mas de semelhante mal estou acometido, meu caro leitor. Enamorei-me de uma linda moça, talvez a mais bela entre todas elas, mas que não posso tê-la em meus braços para acariciar sua alva pele, nem lhe beijar os lábios rosados olvidando de iguaria mais saborosa, nem mesmo deleitar-me com a visão de seus cabelos esvoaçando à toa, ou ouvir, ainda que de longe, o tom suave de sua voz; sequer posso perceber o olor agradável de seu discreto perfume. Ela é inacessível a cada um dos sentidos com os quais fui agraciado pela natureza, como a luz que jamais alegra os habitantes das profundezas oceânicas.<br /><br />
Sim, leitor, estou apaixonado por Aretusa, a bela que não habita mundo senão este encarcerado em minha mente, e que talvez agora esteja também preso na sua, acaso você tenha, com muito penar, ultrapassado o primeiro capítulo deste esboço. Um mundo de sonhos onde personagens pululam num universo inacessível ao seu próprio criador. Qual a finalidade deste capítulo? Nenhuma, a não ser a de confidenciar-lhe minha paixão, pois o apaixonado é assim, um falastrão; necessita expandir seu amor, de divulgá-lo aos quatro cantos, mesmo aquele enamorado retraído, pois no silêncio imposto pela timidez, os olhos falam o que a boca cala. Não se preocupe, dedicado ledor, meus sentimentos não influirão no desenrolar dos fatos a serem narrados, não sabotarei o amor ainda por nascer entre nossos protagonistas.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="douglas" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-24092574120370999922024-03-16T22:22:00.001-03:002024-03-16T22:22:33.243-03:00Bastião e o sonho<div id="leite"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwuSSdyTZDF6lTgqwsw6cqL_oktQdjOGwjafvyVXAmEomL9nRlfbxHeslpJ7aTb7mBXAKVOPGtUs9gyJA1WVIab8nTMKVOjTLdWL5FDxEkRMrbz_fu-l-6_D_q5gDJibrrVO95XG4UQVcakIm8CRO211pqnDoThfv_tnxMmkmdc5xyhIfONMcdKoi3214/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2841%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="conto relacao pai filho loteria" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwuSSdyTZDF6lTgqwsw6cqL_oktQdjOGwjafvyVXAmEomL9nRlfbxHeslpJ7aTb7mBXAKVOPGtUs9gyJA1WVIab8nTMKVOjTLdWL5FDxEkRMrbz_fu-l-6_D_q5gDJibrrVO95XG4UQVcakIm8CRO211pqnDoThfv_tnxMmkmdc5xyhIfONMcdKoi3214/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2841%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">A vida de Bastião não era um poço, mas uma cascata. Sonhava com tudo e em galgar posições restritas a quem já chegara ao topo da pirâmide social. Nunca se acostumou com o miserê em que se criara.</div><br /><a name='more'></a>
O pai desastrado, bom profissional em consertos de eletrodomésticos, não supria a ânsia de Bastião que via gente se tornar famosa no rap; ele ensaiara num dos grupos, mas fora logo alijado por não possuir a ginga própria, nem o molho do ritmo.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfKPxUsJLUImV5UxiLVmu9V6ulpASccAMiQLdipyve37eSsA9dRUgiDr6B3SU9j7I1StUOv282fy9rgOgtB5p_tED71swJ4bdj-xNFMa-Qss6b3403e_CR_C1KgaYAxB7kBXxHrQUO0-z-gxPbrZz3Gs_DbngCUgeShBsK21KOMasYUt3y5XvYeKLbiZQ/s1600/VERT%20COMUM%20%2861%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto relacao pai filho loteria" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfKPxUsJLUImV5UxiLVmu9V6ulpASccAMiQLdipyve37eSsA9dRUgiDr6B3SU9j7I1StUOv282fy9rgOgtB5p_tED71swJ4bdj-xNFMa-Qss6b3403e_CR_C1KgaYAxB7kBXxHrQUO0-z-gxPbrZz3Gs_DbngCUgeShBsK21KOMasYUt3y5XvYeKLbiZQ/s1600/VERT%20COMUM%20%2861%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Celyn Kang</div></figure>
Filho de mãe desconhecida, mantinha com o genitor relação formal, de bom dia seco e até logo petrificado na língua. Sabia que sua adolescência já se acabando não o permitirá subir, por tal relação tão fortuita, formal. Bastião jamais experimentara carinho de ninguém.
<br /><br />
Era amargo, amarrado, de pouca conversa. Esteve em arredores sombrios, consumindo sonhos nada líricos, fizera parte de rock pesadão, arranjara dinheiro sobrado da divisão que o comando do grupo fazia: comprava o que em casa não tinha: lanches, almoços, alguma camisa.
<br /><br />
O pai sacudia nas amantes encobertas tudo o que ganhava. Bebia cana brava, fazia e acontecia, em desafios a companheiros da patota. Ambos se encontravam apenas para dormir; duas camas sem conforto, o cachorro ganindo de fome, o calor desafiando o ventilador de hélice quebrada. Um horror.
<br /><br />
Naquela pisada, o sol nascia carrancudo e a noite era de uivos, de lua presa, sem qualquer poesia. Nascera no Varadouro, entre oficinas meladas, dentro de um casebre. Quando queriam assistir um jogo de futebol, iam à mercearia já arruinada que ficava a duas quadras.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC-pL16cnDkHEuN7U8XiT9FVs93VpEZ8B7cX72hiAxcFkZuPc4M2tZrRVrZmF3ck61Y2-BhGP8g7MEhlEsQNokE9yu3Hwc7cPnXUvMdy0qCP7Q7eY7QYCPm5ecT4ZREUGxcqfzoXWTXt2pnh1568Qwf-4tGfZJXqNbCokiKAINwt6rwRbCgfOAxakscO0/s1600/VERT%20COMUM%20%2863%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="conto relacao pai filho loteria" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhC-pL16cnDkHEuN7U8XiT9FVs93VpEZ8B7cX72hiAxcFkZuPc4M2tZrRVrZmF3ck61Y2-BhGP8g7MEhlEsQNokE9yu3Hwc7cPnXUvMdy0qCP7Q7eY7QYCPm5ecT4ZREUGxcqfzoXWTXt2pnh1568Qwf-4tGfZJXqNbCokiKAINwt6rwRbCgfOAxakscO0/s1600/VERT%20COMUM%20%2863%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Celyn Kang</div></figure>
Bastião se encontrava com o tempo, cada dia, sem saber soletrar. Analfabeto como o pai, se dava a extravagâncias e furtivas saídas, procurando a luz que não encontrava. Ainda frequentou o grupo escolar, rasgou os livros e cadernos, meteu-se a vendedor ambulante: produtos eletrônicos que um senhor lhe dava para negociar. Eram radinhos de pilha, outras miuçalhas. No final do dia, com a venda caindo pela concorrência, entregava o apurado ao dono da mercadoria: este lhe estendia uma merreca.
<br /><br />
Mas Bastião nada via além. O além estava no tabuleirinho encostado na porta fechada de uma loja quebrada. Passava todo tipo de gente da classe média puxando pra baixo. Havia tipos engraçados e o vizinho dele lhe fazia propostas indecentes. Não aceitava.
<br /><br />
Certo dia, arriscou na mega. Fez alguns pontos. Sumiu com a grana retirada do banco. O banco foi abandonado para sempre com algumas mercadorias miúdas. O pai cansou de esperá-lo. Bastião, hoje, é dono de armazém não sei em que cidade. Longe daqui. Comerciante, no topo da pirâmide. Dizem que mudou até de nome; frequenta as mais disputadas rodas sociais chiques da localidade onde mora. Esqueceu de ser mecânico de autos. Está no alto.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="leite" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-63879309470788849112024-03-16T16:49:00.004-03:002024-03-16T18:46:08.948-03:00Autob/i/ografia<div id="neide"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjErkteDCzQLEUbUI0yumcrjBxSNlllBYzn9yPryImA0vbTZQeRwn6vNGiYV3nnsfuASOo4xPlKXFPJBDGpkTelz7dJUeBk-UIFWz2BPXQsm6DgpeiqJamHACFMXDsdfghzsdEA8Hf7_5z6W67l4_T5JUVdzMrcnpof1i1-wfd9GjLgT0Cz_vrmCW5aJ0/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2837%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjErkteDCzQLEUbUI0yumcrjBxSNlllBYzn9yPryImA0vbTZQeRwn6vNGiYV3nnsfuASOo4xPlKXFPJBDGpkTelz7dJUeBk-UIFWz2BPXQsm6DgpeiqJamHACFMXDsdfghzsdEA8Hf7_5z6W67l4_T5JUVdzMrcnpof1i1-wfd9GjLgT0Cz_vrmCW5aJ0/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2837%29.jpg"/></a></div>
<div class="citacao2 poesia roman" style="font-style:normal !important;background:#eaecee !important"><span style="font-size:70%;"> <b>Multipliquei-me, para me sentir
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma
um altar a um deus diferente.</b></span>
<span style="font-size:60%;">(Álvaro de Campos. Passagem das horas).</span></div> <br />
<div class="letra">Autobiografia é uma das modalidades da “escrita do eu”, as outras são diários, confissões, memórias. Em cada uma dessas modalidades há o extravasamento do “eu”. Na autobiografia, a vida interior é passada a limpo e se compõe de reflexões sobre a vida, pensamentos, emoções, análises do mais recôndito do ser. Geralmente as autobiografias seguem uma ordem cronológica, isso não acontece com Autob/i/ografia (Ed. Arribaçã, 2023), de Solha. Espírito irrequieto e não afeito às convenções, o autor extrapola os limites tradicionais das autobiografias. Em flashbacks ou caminhando para o momento presente, às vezes até de forma premonitória para o futuro, retalhos da vida são apresentados como se estivéssemos vendo um filme com seus avanços e recuos.
</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizEzq4kk9c66B5j6mmG8qpzKOz1fxW6EsovjyNuzeK2RVqPN_5Tmxt8CXT_SPjGT_WDDWtQUhdlKpd8gwt-zIdgYPYhOq_qWy4nWcHK584oFnpCtyaG36Q9B92F2UoLBumjHHmIfNF9PBy6d_jCRE0CBKAqQK0ySCzliG1_gxHK2sOLz5aP9_vSnnGjYc/s1600/HOR%20LONGO%20%2833%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizEzq4kk9c66B5j6mmG8qpzKOz1fxW6EsovjyNuzeK2RVqPN_5Tmxt8CXT_SPjGT_WDDWtQUhdlKpd8gwt-zIdgYPYhOq_qWy4nWcHK584oFnpCtyaG36Q9B92F2UoLBumjHHmIfNF9PBy6d_jCRE0CBKAqQK0ySCzliG1_gxHK2sOLz5aP9_vSnnGjYc/s1600/HOR%20LONGO%20%2833%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Alexa Pxb</div></figure>
Na Apresentação do livro, o editor Linaldo Guedes já chama a atenção do leitor para a não convencionalidade, para a multiplicidade do texto, onde o autor é o solista e compara esta autobiografia com o “livro do Desassossego”, de Bernardo Soares, com a explicação de que em Pessoa há reflexões a partir do que leu ou viveu, em Solha essas reflexões são a partir do que viveu. Solha e Pessoa são heteronímicos, são muitas pessoas em uma só, em cada canto da alma dos dois poetas/escritores há um altar a um deus diferente.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRAHQH0_uuRMl_Wx2pNYQUWfUesU_jR_C4Ps-5fqaPnXYUpnp1GghAwgU6u5aSoeY3RLLsuUejqr5m53RLdHInKf5gwVko-oau9e3YiwpCus1JJ4yg89nc08IBJvrpzdIpJbfTxBnpMw_L7PEV8EqyS8nYDmZS0Q8tVnS9I3HX1jT-171PQwTvyOWuLnk/s1600/VERT%20COMUM%20%2858%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRAHQH0_uuRMl_Wx2pNYQUWfUesU_jR_C4Ps-5fqaPnXYUpnp1GghAwgU6u5aSoeY3RLLsuUejqr5m53RLdHInKf5gwVko-oau9e3YiwpCus1JJ4yg89nc08IBJvrpzdIpJbfTxBnpMw_L7PEV8EqyS8nYDmZS0Q8tVnS9I3HX1jT-171PQwTvyOWuLnk/s1600/VERT%20COMUM%20%2858%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">WJ Solha<br /><i class="fa fa-camera"></i>Acervo pessoal</div></figure>
Ler esta Autob/i/ografia é conhecer os meandros do fazer literário do escritor e do artista múltiplo, ora como poeta, pintor, ator, funcionário do Banco do Brasil, ativista de boas causas sociais, viajante/viandante que tem um olhar diferenciado para tudo que o circunda, que sabe aproveitar todos os bons momentos que uma viagem internacional pode proporcionar.
<br /><br />
Destaco as explicações sobre o seu fazer literário, os desafios que encontrou na execução de alguns trabalhos literários que exigiam esforços que pareciam intransponíveis, mas que foram conseguidos e com êxito.
<br /><br />
Há certas passagens dignas e nota e anotei algumas. Sobre Trigal com corvos, o primeiro livro da série de “tratados poético-filosóficos”, ele afirma que não foi fácil, trabalhou durante onze anos para ter a versão final. Uma leitura prévia do texto pelo crítico João Batista de Brito dos originais veio na companhia de um parecer – “solto demais, discursivo , conceitual , denotativo demais para ser poesia”. A opinião de JBB foi decisiva para o aprimoramento do livro que ficou entre os finalistas do Prêmio Nestlé.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEMzWZYHnWC3PPPFam3YqFPrVyUbr9jscIqhvfl7a7xjFR0QI9W1Z8ZlHExj1XaU3zK386os4KAhFigWZuzgavdlQhC-iNBcnTFqOVYNrfCzp6_SAt-Mzbi_hI7BSse7ejOHukxbOiRVVUST-9q3yzejB60kUYCbsrwjXTBqVg7YdLjNoAs06kDmIF_XM/s1600/HOR%20LONGO%20%2834%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEMzWZYHnWC3PPPFam3YqFPrVyUbr9jscIqhvfl7a7xjFR0QI9W1Z8ZlHExj1XaU3zK386os4KAhFigWZuzgavdlQhC-iNBcnTFqOVYNrfCzp6_SAt-Mzbi_hI7BSse7ejOHukxbOiRVVUST-9q3yzejB60kUYCbsrwjXTBqVg7YdLjNoAs06kDmIF_XM/s1600/HOR%20LONGO%20%2834%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Capa de 'Trigal com Corvos'</div></figure>
No item que traz o título “Pausa”, o autor conta alguns fatos interessantes ligados à família. Quando o neto Israel era bem pequeno, ao ver o avô no filme O Salário da Morte, em preto e branco, perguntou:
<br /><br />
- No seu tempo o mundo não tinha cor?
<br /><br />
A filha Andréia era criança, o pai começou a contar uma história de uma linda menina que não tinha pai nem pai, ela vibrou e exclamou:
<br /><br />
- Obaaa!
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGmPDEpPDLOYohjy9doS1qUS_O4Kp68msXHFhd9EcGuei3FqaiSpk1ZF0DbpuCVfI-iflg5X75pjU7V_gNTGbFpZMF3BoqxhCBxbMXdxMzrDm7vN4T1tEGRednWA9tnp361CVfNROBqMQOd6vlEVvTgzQpl3Ma3ixMGGtj2T21KjF2-MRmt4eqRPsWIxE/s1600/HOR%20LONGO%20%2835%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGmPDEpPDLOYohjy9doS1qUS_O4Kp68msXHFhd9EcGuei3FqaiSpk1ZF0DbpuCVfI-iflg5X75pjU7V_gNTGbFpZMF3BoqxhCBxbMXdxMzrDm7vN4T1tEGRednWA9tnp361CVfNROBqMQOd6vlEVvTgzQpl3Ma3ixMGGtj2T21KjF2-MRmt4eqRPsWIxE/s1600/HOR%20LONGO%20%2835%29.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="cred direita">Editora Arribaçã
</span></figcaption></a></div>
</figure>
Além de ator, Solha teve experiência em comerciais de TV. Foi Freud de charuto, colete e relógio de bolso, para o lançamento de um edifício em João Pessoa. Fez propaganda do supermercado Boa Esperança – Lugar de gente feliz . Este slogan algum tempo depois passou a ser do Pão de Açúcar.
<br /><br />
A respeito da Cantata para Alagamar, afirma que reuniu três pessoas bem distintas: um judeu (Kaplan), um bispo (Dom José Maria Pires) e um ateu ( Solha). Essa reunião de pessoas de pensamentos diferentes não ocasionou nenhum mal-estar entre os três, foram momentos de perfeita união.
<br /><br />
<div id="foto2" style="border:1px solid #ccc;padding:10px 5px 0">
<div class="foto3" style="width:48.5%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoeNgrMxQcA4BsD3ryWw82go7er8s0FM_wnsjyjSUZOOQl8O1M9F_D05wBhAV1orcjGcmaAh-2oYe5UvlwgWyOqVoW0Ec0HQ0LtLDCtAkVgUvrZjI4PM16irAtZhCPVUuFkIT0CfOMT4nNJmA0Yj5X7oIfIF2qrMPUhXAMTJGHZ8nc5bd1vMdMwNJ4Mqk/s1600/VERT%20COMUM%20%2860%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoeNgrMxQcA4BsD3ryWw82go7er8s0FM_wnsjyjSUZOOQl8O1M9F_D05wBhAV1orcjGcmaAh-2oYe5UvlwgWyOqVoW0Ec0HQ0LtLDCtAkVgUvrZjI4PM16irAtZhCPVUuFkIT0CfOMT4nNJmA0Yj5X7oIfIF2qrMPUhXAMTJGHZ8nc5bd1vMdMwNJ4Mqk/s1600/VERT%20COMUM%20%2860%29.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:48.5%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaPjjohLBX9NXfP5L6siBjRnRbY-4x1nbTkgI2fJL9ysiIrbuOI6-ItMrEeaC33rltTF1RlyjbJP9iKicpoPcqVV4BqkzDWiAJqu8Zu4jaoEaRMr3vCRd60fYMnyXiPtW-HB4J4WbFVgUWF9CiLLzv7oTYIDFEHuGODzOHZYsJfYpdJRMIDPd7YNazm6o/s1600/VERT%20COMUM%20%2859%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="solha literatura paraibana autobiografia" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaPjjohLBX9NXfP5L6siBjRnRbY-4x1nbTkgI2fJL9ysiIrbuOI6-ItMrEeaC33rltTF1RlyjbJP9iKicpoPcqVV4BqkzDWiAJqu8Zu4jaoEaRMr3vCRd60fYMnyXiPtW-HB4J4WbFVgUWF9CiLLzv7oTYIDFEHuGODzOHZYsJfYpdJRMIDPd7YNazm6o/s1600/VERT%20COMUM%20%2859%29.jpg"/></a></div>
</div>
<div class="cred borda centro" style="margin-top:5px !important;margin-bottom:30px !important;" >José Alberto Kaplan / Dom José Maria Pires - Acervo <i class="fa fa-facebook-square"></i></div>
Na área da pintura, o destaque vai para Homenagem a Shakespeare, trabalho artístico para o auditório da reitoria da UFPB, “um retângulo de cerca de vinte metros quadrados, composto de 36 telas, cada uma alusiva a uma obra-prima do Bardo” (2023:p. 150).
<br /><br />
Seria impossível esgotar os comentários desta autobiografia na coluna “Baú de livros”. Fica a recomendação da leitura, há muito para ser desvendado neste livro que oferece um panorama literário e artístico de quem viveu e vive intensamente cada momento da vida.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div><br />
<div style="height: 0; margin: 0 auto; overflow: hidden; padding-bottom: 56.25%; position: relative; width: 100%;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/4aNQ5M65P9M?si=Re7d95JU5wSFTjks" style="height: 100%; left: 0; position: absolute; top: 0; width: 100%;">
</iframe>
</div>
<div id="neide" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-83417077319358809192024-03-16T11:46:00.004-03:002024-03-16T11:46:51.750-03:00São Jorge e o Dragão<div id="laura"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH_GVrhTfjeNQapARVPriYx0aWe-C-aHYA1-HiNjh_JXnriZFo3PAtRxVpMPpvJBTepeTurcVjCm0B83kuEL1N6BngPfUfMMwROYObTZ9bTMiYY_a_FtNwxYtDx9wBqArt-jv4vmzb2Wkpq6k5sB-YPw7qKqGecCRReDdsGpTdXQj8sE5X2AYOGnbYH1M/s1600/7.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="jorge capadocia" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH_GVrhTfjeNQapARVPriYx0aWe-C-aHYA1-HiNjh_JXnriZFo3PAtRxVpMPpvJBTepeTurcVjCm0B83kuEL1N6BngPfUfMMwROYObTZ9bTMiYY_a_FtNwxYtDx9wBqArt-jv4vmzb2Wkpq6k5sB-YPw7qKqGecCRReDdsGpTdXQj8sE5X2AYOGnbYH1M/s1600/7.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Quantas vezes nos deparamos com as imagens de santos e não questionamos o simbolismo de seus trajes, de seus pertences e outros símbolos que os acompanham? Pois todo santo serve como caminho para uma verdadeira iniciação, seja pela conversão e reintegração com o divino, que muitos experimentaram, seja pelos elementos que trazem em suas representações.</div><br /><a name='more'></a>
Assim, por exemplo, temos o famoso Santo Guerreiro, São Jorge, cujo símbolo de força, coragem e virilidade nos remete a uma luta atemporal que,
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwKg72I9fAhQ09e6UvtcI1NPYLT2pZXn8_nwB6kDX13afDBWdgAJx43kNVW0pTMrSqM4a0FD0-OZoIA4HxDd_QtDquaSn47zvzjzILrXgMc-mxNdT8vVIfc91U_hJhCNgN3clmIpT_0DBnbL7MVD0J_uJy3zX8TBeda8JZkhCjfxuy8Egl4nNyrxGJyCY/s1600/9.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="jorge capadocia" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwKg72I9fAhQ09e6UvtcI1NPYLT2pZXn8_nwB6kDX13afDBWdgAJx43kNVW0pTMrSqM4a0FD0-OZoIA4HxDd_QtDquaSn47zvzjzILrXgMc-mxNdT8vVIfc91U_hJhCNgN3clmIpT_0DBnbL7MVD0J_uJy3zX8TBeda8JZkhCjfxuy8Egl4nNyrxGJyCY/s1600/9.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-paint-brush"></i>Rubens, 1608</div>
</figure>
embora de forma inconsciente, conseguimos apreender.<br /><br />
A imagem do referido santo, ora tido apenas como mito, contestando-se a sua existência, traz vários símbolos que passam a ser, agora, analisados. Inicialmente temos a figura do cavaleiro, que simboliza o herói, montado sobre um cavalo, sendo este a representação do ego.<br /><br />
Logo, o ego, que nesse caso corresponderia à natureza mais primária no homem, deve ser dominado pelo próprio homem. Montar sobre o próprio ego, seria então uma prova de heroísmo, de autodomínio. O próximo passo é a luta com o dragão. Este simboliza as forças psíquicas que atrapalham o processo de autoconhecimento do ser humano.<br /><br />
Uma vez vencido o dragão, o homem consciente passaria a experimentar a sua integração com algo superior, simbolizado pelo castelo. A imagem de São Jorge não traz um castelo. Porém, todo herói que se preze, após matar o dragão, irá ao castelo encontrar-se com sua amada, a princesa. Ela é a outra face do Eu. A união com o herói, representado pelo cavaleiro, permite o contato do Ser com toda a sua potencialidade, gerando equilíbrio psíquico.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFVBVH5SmWOqYYlnD-ZCWtaEa2CV17p_4GrcAhDhhI-2sxzdAN5LY6TVF1nhhoYNkuaBS4XOgmz5cDevOj3RApVZES8APIOvYPCIpa_aT2plgPuWByseZcfr1LFMoXgQDF4gv_VfPLRLBGZagwuBvtMMpmn8Li2cvaYEnnTiUKEVaRftKn4azIcbdI1C4/s1600/10.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="jorge capadocia" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFVBVH5SmWOqYYlnD-ZCWtaEa2CV17p_4GrcAhDhhI-2sxzdAN5LY6TVF1nhhoYNkuaBS4XOgmz5cDevOj3RApVZES8APIOvYPCIpa_aT2plgPuWByseZcfr1LFMoXgQDF4gv_VfPLRLBGZagwuBvtMMpmn8Li2cvaYEnnTiUKEVaRftKn4azIcbdI1C4/s1600/10.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita margens"><i class="fa fa-paint-brush"></i>Peter Paul Rubens, 1608</div>
</figure>
Nosso Santo Guerreiro é, na verdade, o arquétipo do buscador, pois a guerra também tem sua correspondência com as coisas belas e divinas. Lembrando de outras guerras descritas em livros sagrados, como o Bhagavad Gita, entendemos que o simbolismo do guerreiro é um chamado para todos os que buscam vencer as batalhas do inconsciente para poder então experimentar uma verdadeira sensação de unidade.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="laura" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-48846438679249042012024-03-16T00:26:00.004-03:002024-03-16T00:43:12.999-03:00A atualidade de Augusto dos Anjos<div id="milton"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqmaQ9xPthjBZqrfUdaf31MfJQOXSuLGVdRPILTo1gy_uf2XmFaAWfljM-NR9W2RgzeS7D_66h00CWMOs4Rc5dPmBRYNQzfsDxUwEzYL70PY6HMohIXBdOZ5My9xSE5hkiSGan4SmR5HOYYfs1UlPuRTUdctqfSvOwi9x41ViYV1HPKTvGTe-YXEG19j0/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2836%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqmaQ9xPthjBZqrfUdaf31MfJQOXSuLGVdRPILTo1gy_uf2XmFaAWfljM-NR9W2RgzeS7D_66h00CWMOs4Rc5dPmBRYNQzfsDxUwEzYL70PY6HMohIXBdOZ5My9xSE5hkiSGan4SmR5HOYYfs1UlPuRTUdctqfSvOwi9x41ViYV1HPKTvGTe-YXEG19j0/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2836%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Sempre que me refiro à linguagem científica de Augusto dos Anjos, há pessoas que me perguntam sobre a possibilidade de desatualização dos termos, considerando a nomenclatura científica moderna e os avanços da ciência. Há, sim, esta possibilidade, mas a minha resposta segue um mantra, afirmando que devemos ver o poeta em sua época. É óbvio que a poesia de Augusto dos Anjos, como toda grande poesia, é universal. A dor do homem, o conflito com o mundo, a angústia diante da degradação moral e material são inquietações que afligem o ser humano em qualquer época e em qualquer lugar. A sua poesia, portanto, transcende os limites do espaço e do tempo. Neste aspecto, não há discussão.</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPhqF6xZhH0uU7t5xrL-_oyam3Ph9qTfhLtXef4pzhRqmbxhi4BSH1-DTFZvrMcUFrFxmi4fcaOWZS2Uf_4UOf6p3zOxRVniQUlY1__n-al8bZT1gINZKfHZijZlTPNFXhaPOjXH88aaOjcV1InTjnGucmEK7FcvIRhRhIglV5k3rmS5xpMSfIstuzq6k/s1600/HOR%20LONGO%20%2828%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPhqF6xZhH0uU7t5xrL-_oyam3Ph9qTfhLtXef4pzhRqmbxhi4BSH1-DTFZvrMcUFrFxmi4fcaOWZS2Uf_4UOf6p3zOxRVniQUlY1__n-al8bZT1gINZKfHZijZlTPNFXhaPOjXH88aaOjcV1InTjnGucmEK7FcvIRhRhIglV5k3rmS5xpMSfIstuzq6k/s1600/HOR%20LONGO%20%2828%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Scrob Andreea</div></figure>
Entendemos, contudo, que, como a investigação científica está sempre avançando, é normal que se mudem termos e se ajustem concepções. É forçoso, portanto, observar que o poeta do Pau d’Arco, ao produzir a sua poesia, no lusco-fusco do século XIX para o século XX, estava sintonizado com o que existia de mais avançado na área das Ciências Biológicas, sobretudo com a <i>Teoria da Evolução das Espécies</i>, utilizando-a como um dos veios da sua poesia evolucionista. O outro veio é, naturalmente, a necessidade de evolução espiritual. E o poeta vai além, dominando conceitos como <i>epigênese</i>, por exemplo, ou conhecendo com admirável profundidade, as propriedades do <i>carbono</i> para a existência da vida humana na Terra.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3ViXFoPKDVWA76y8Mf_j3it3O9RRJaoN6Tx_yL-BuormzQDcu_BrQG0KJQbFgKB86dt222-spIngkJROY2W14GIufxCVlmH9TGQhTCEFeoREuxFEkWTcPPOosyVmOOwwVr3_D_N3DLc6_1Eb1zg6NIt2uneyT0eEjcHA36Q4SFErx5ffnODv4byQPApM/s1600/HOR%20LONGO%20%2829%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3ViXFoPKDVWA76y8Mf_j3it3O9RRJaoN6Tx_yL-BuormzQDcu_BrQG0KJQbFgKB86dt222-spIngkJROY2W14GIufxCVlmH9TGQhTCEFeoREuxFEkWTcPPOosyVmOOwwVr3_D_N3DLc6_1Eb1zg6NIt2uneyT0eEjcHA36Q4SFErx5ffnODv4byQPApM/s1600/HOR%20LONGO%20%2829%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Egor Kamelev</div></figure>
Na nossa busca por estabelecer um léxico crítico para o poeta, escrevemos sobre o termo <i>Quimiotropismo erótico</i>, que ele utilizou, a partir das suas leituras do cientista alemão Ernst Haeckel (ver <a href="https://drive.google.com/file/d/1I1i3755ruPWMm6dNDDT0qwdX4swSABAf/view?usp=sharing">Correio das Artes</a>, dezembro de 2023, p. 29-31 – “Um léxico crítico para Augusto dos Anjos – Parte V”, publicado no último domingo de janeiro de 2024), assunto a que retornamos, não apenas para mostrar a sintonia de Augusto com a Ciência de ponta da época, mas, sobretudo, para uma prova incontestável de sua intuição e da sua atualidade.
<br /><br />
Em linhas gerais, retomando também o que já publicamos no <a href="https://www.carlosromero.com.br/2023/04/a-quimica-poetica-da-vida.html">Ambiente de Leitura Carlos Romero</a>, vemos que Ernst Haeckel, ao tratar da fecundação humana, vai se referir a uma atração entre o espermatozoide e o óvulo, de um modo não muito convencional para a ciência da época, que ele chama de <i>“quimiotropismo erótico”</i> (<i>Os Enigmas do universo</i>, Capítulo IV – <b>A nossa Embriologia</b> –, p. 74, em tradução nossa da edição francesa de 1902):<br /><br />
<figure class='dir meio2' style="margin-right:10px !important; margin-top:40px !important; max-width:38% !important">
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh23oZTpFpnuTZOB-eeLCy3TeXEQhtvMLnfOyWKs_JYnBxGnPSdRGQzjotCegUh2rXXr0ftU1_jeAir1TyzSu3S1znvIyHg1uuFfLx5vSYvC0huq6S8xhPM5glLlwVaXiAQ-20SuIuZi4wLwhU9dbpD_v-7vc8Bcfei6WPAPWiQPL1lAF_tih3fTGSxftc/s1600/VERT%20COMUM%20%2851%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh23oZTpFpnuTZOB-eeLCy3TeXEQhtvMLnfOyWKs_JYnBxGnPSdRGQzjotCegUh2rXXr0ftU1_jeAir1TyzSu3S1znvIyHg1uuFfLx5vSYvC0huq6S8xhPM5glLlwVaXiAQ-20SuIuZi4wLwhU9dbpD_v-7vc8Bcfei6WPAPWiQPL1lAF_tih3fTGSxftc/s1600/VERT%20COMUM%20%2851%29.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir"><i class="fa fa-camera"></i>Ernst Haeckel
</span></figcaption></a></div>
</figure>
<div class="citacao2 roman" style="background:#eaefed">
“Entre os milhões de células-machos flageladas, que se espremem em enxame em torno do óvulo fêmeo, uma só penetra no corpo protoplasmático. Os núcleos das duas células (núcleo do espermatozoide e núcleo do óvulo) são atraídos um para o outro por uma força misteriosa considerada com uma <i>atividade sensorial</i> química, análoga ao odor: os dois núcleos se aproximam, então, um do outro e se fundem. Assim, graças a uma impressão sensível dos dois núcleos sexuais e em consequência de um <i>quimiotropismo erótico</i>, produz-se uma nova célula, que reúne em si as qualidades hereditárias dos dois pais; o núcleo do espermatozoide transmite os caracteres paternos, o do óvulo os caracteres maternos à <i>célula-mãe</i>, a cuja custa o gérmen se desenvolve; esta transmissão vale tanto para as qualidades corporais, quanto para o que se chamam as qualidades da alma.”</div><br />
E Haeckel vai mais longe ainda, ao supor um “amor celular sexual”, reforçando a ideia do erotismo entre os protagonistas da fecundação, o espermatozoide e o óvulo (idem, Capítulo VIII – Embriologia da alma, p. 159-60):<br /><br />
<figure class='dir meio2' style="margin-right:10px !important; margin-top:40px !important; max-width:38% !important">
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSv9Iblx_qGjPRmriX4ULpa_FT1Kcr-m7qxst0lbrAbK1lG24s0EJeFECRXemOZZbb75MMZsho1dakYgGXM_oJfku1k_S3-MAhGiixwFQBRr29Jq11A8Dqfdup1sGuUAOMM9d5mU6ar5DkvbJDSqV33wZ5Y0SvI3r12ms6qzuSH0dFycd9NYNe8zXhjZ8/s1600/VERT%20COMUM%20%2857%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSv9Iblx_qGjPRmriX4ULpa_FT1Kcr-m7qxst0lbrAbK1lG24s0EJeFECRXemOZZbb75MMZsho1dakYgGXM_oJfku1k_S3-MAhGiixwFQBRr29Jq11A8Dqfdup1sGuUAOMM9d5mU6ar5DkvbJDSqV33wZ5Y0SvI3r12ms6qzuSH0dFycd9NYNe8zXhjZ8/s1600/VERT%20COMUM%20%2857%29.jpg"/></a></div>
</figure>
<div class="citacao2 roman" style="background:#eaefed">
“Assim que as duas espécies de células, em consequência da cópula, vêm a se encontrar, ou quando são postas em contato por uma fecundação artificial (por exemplo, nos peixes), elas se atraem reciprocamente e se abraçam estreitamente. A causa desta atração celular é de natureza química, é um modo de atividade sensorial do plasma, qualquer coisa de análogo ao odor ou ao gosto, a que damos o nome de <i>Quimiotropismo erótico</i>; também se pode muito bem (e isso tanto no sentido da química, como no sentido do amor romanesco) chamar isso uma ‘afinidade eletiva celular’ ou um <i>‘amor celular sexual’</i>. Numerosas células flageladas, incluídas no esperma, nadam rapidamente para o imóvel óvulo e procuram penetrar no seu corpo. Como o demonstrou, porém, Hertwig (1875), normalmente, apenas um pretendente será favorecido e atingirá realmente o objetivo desejado. Tão logo este ‘animálculo espermático’ favorecido abriu com a sua ‘cabeça’ (isto é, seu núcleo celular) um caminho através do corpo do óvulo, este secreta uma fina membrana mucosa que o protege contra a penetração de outras células-machos.”</div><br />
A atração entre o óvulo e o espermatozoide acontece, portanto, por um fenômeno físico-químico. Percebe-se que Haeckel, além do conceito científico de <i>tropismo</i> – um movimento orientado a um determinado estímulo –, reforça o sentido de Eros como força primeva germinadora, que une os contrários para a procriação da vida, conceito já existente na <i>Teogonia</i> do poeta grego Hesíodo (século VIII a. C.). Ao Eros hesiódico não se aplica o sentido que hoje lhe dão de concupiscência e sensualidade. Haeckel ao falar do <i>quimiotropismo erótico</i> procura, portanto, ressaltar essa força procriadora, seja no cosmos, seja nos seres vivos, mas particularmente no ser humano (idem, Capítulo VIII, <i>Embriologia da Alma</i>, p. 161):<br /><br />
<div class="citacao2 roman" style="background:#eaefed">
“A causa dessa existência é bem antes e unicamente o <i>Eros</i> dos seus dois pais, esse poderoso instinto sexual comum a todas as plantas e a todos os animais pluricelulares e que os conduz a copular.”</div>
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6XZOKkxc9D-c2K6DdEdr2WfIAKGmU62PzytW7vG1SouI7rDZn2BrQbR35WaWG92-2I0Jmq6n_suKWMoNm185HoIgAyf_7nRXW_4etHC9vtMQThmthz8LNsaaPxDgxcfYUR9u_FQRXeKKFfrww2t0h3C43Jdx5YB26LfL5BXmzwSq1RGjII18CPKZ5Gls/s1600/HOR%20LONGO%20%2830%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6XZOKkxc9D-c2K6DdEdr2WfIAKGmU62PzytW7vG1SouI7rDZn2BrQbR35WaWG92-2I0Jmq6n_suKWMoNm185HoIgAyf_7nRXW_4etHC9vtMQThmthz8LNsaaPxDgxcfYUR9u_FQRXeKKFfrww2t0h3C43Jdx5YB26LfL5BXmzwSq1RGjII18CPKZ5Gls/s1600/HOR%20LONGO%20%2830%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Os deuses do Olimpo (Sala dei Giganti - Mantua, Itália <i class="fa fa-paint-brush"></i>Giulio Romano (1528)</div></figure>
Já Augusto dos Anjos, seguindo as pegadas de Haeckel, repete a expressão no <i>Eu</i>, no poema “Os Doentes”, com um sentido para além daquele que o cientista lhe concedeu (Parte III, estrofe 22, versos 83-84):<br /><br />
<div class="citacao2 roman poesia" style="background:#eaefed">Sentir, adstritos ao quimiotropismo
Erótico, os micróbios assanhados
Passearem, como inúmeros soldados,
Nas cancerosidades do organismo!</div><br />
O poeta do <i>Eu</i> emprega o termo com um sentido que entra em choque com um certo ideal do cientista alemão, fundamentado na sua teoria monística. O eu-poético, em uma angustiante noite de alucinações é impactado pela exposição, crua e expressionista, da degradação humana. A materialidade a que se apega o ser humano, arrasta-o a uma condição extrema de doente não só do corpo, mas sobretudo da alma. Consciente de que a alma doente adoece o corpo, o eu-poético anseia por um recomeço do processo evolutivo – “reduzido à plastídula homogênea” –, na esperança de que a natureza humana possa se modificar, o que estabelece um diálogo claro com o poema “Monólogo de uma Sombra” (Parte V, estrofes 54-5, versos 211-218):<br /><br />
<figure class='centro'style="margin-bottom:-12px !important">
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8RLoxz9k1nUuBJM0b7L6N8MCRcpVa0sKSlxf9ildRCclsTLRCta3sAvQmwf3mdyPvQyy1P2rkdTvrPAV7Aqo8vvxhb277jHRkFUvdKUxjIawra8-ln84Ap6p1bGD-b48LT5E2bNM0X-SS_dEilxF46roADjfdRmgdBfBV_r4fdh12PdiG7WLW9ic3nkg/s1600/HOR%20LONGO%20%2831%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8RLoxz9k1nUuBJM0b7L6N8MCRcpVa0sKSlxf9ildRCclsTLRCta3sAvQmwf3mdyPvQyy1P2rkdTvrPAV7Aqo8vvxhb277jHRkFUvdKUxjIawra8-ln84Ap6p1bGD-b48LT5E2bNM0X-SS_dEilxF46roADjfdRmgdBfBV_r4fdh12PdiG7WLW9ic3nkg/s1600/HOR%20LONGO%20%2831%29.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir"><i class="fa fa-camera"></i> Ozan Safak
</span></figcaption></a></div></figure>
<div class="citacao2 poesia roman" style="background:#eaefed">“Anelava ficar um dia, em suma,
Menor que o anfioxus e inferior à tênia,
Reduzido à plastídula homogênea,
Sem diferenciação alguma.
Era (nem sei em síntese o que diga)
Um velhíssimo instinto atávico, era
A saudade inconsciente da monera
Que havia sido minha mãe antiga!”</div><br />
O ambiente que cerca o eu-poético desenha-lhe uma cidade de doentes, fazendo-o enxergar uma imagem distorcida da vida, resultante da exploração e da miséria, em que a conspurcação predomina, conduzindo à prostituição dos mais frágeis, como as mulheres e, sobretudo, as mulheres negras. Nessa situação de <figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLP5r_xNOuSxjgqNh_TagTXprzMNGi_Xs_AmrYhjLkdrXUIB4L0-E7U-qordbmpU34rN1y0EWw5FtHw9Wyq5XeJkexNpL5p4wNZsX6h_3KZt4xptqBzu6ru32nZSNuaBiA96j0bZvwcQd2JMEkxM42lfaMczj4AkLjtcXOEdbeyiZ25m0qkiF1-ZTt_0o/s1600/VERT%20COMUM%20%2854%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLP5r_xNOuSxjgqNh_TagTXprzMNGi_Xs_AmrYhjLkdrXUIB4L0-E7U-qordbmpU34rN1y0EWw5FtHw9Wyq5XeJkexNpL5p4wNZsX6h_3KZt4xptqBzu6ru32nZSNuaBiA96j0bZvwcQd2JMEkxM42lfaMczj4AkLjtcXOEdbeyiZ25m0qkiF1-ZTt_0o/s1600/VERT%20COMUM%20%2854%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Pxb</div></figure>escuridão noturna e de escuridão da alma humana, o eu-poético percebe que o <i>quimiotropismo erótico</i>, longe de ser apenas uma atração que leva à fecundação e à criação de um ser vivo, é também um instrumento de severa degradação do humano; de atração fecundadora, a vida tornou-se uma sujeição de “micróbios assanhados” às “cancerosidades do organismo”. A vida, como um milagre, oriundo de uma “afinidade eletiva celular” ou de “um amor celular sexual”, na escuridão em que o eu-poético se encontra, perdeu a batalha para a degradação que o apego da matéria provoca. É o peso de uma evolução natural que não acompanhou a evolução espiritual (“Os Doentes”, Parte I, estrofe 4, versos 12-14):<br /><br />
<div class="citacao2 poesia roman" style="background:#eaefed">“E via em mim, coberto de desgraças,
O resultado de bilhões de raças
Que há muitos anos desapareceram!”</div><br />
Como o nosso objetivo é mostrar a atualidade do conceito de <i>“quimiotropismo erótico”</i>, lançamos mão de uma compreensão global do poema “Os Doentes”, de modo a contextualizar criticamente o verbete. Sem operar a estagnação do sentido dos termos científicos, Augusto dos Anjos amplia a significação para a significância, essência da criação literária.<br /><br />
Onde estaria, então, a atualidade do conceito de <i>quimiotropismo erótico</i>? Em artigo veiculado pelos meios eletrônicos, intitulado <a href="https://www.bbc.com/portuguese/geral-63308065">“Como ocorre a fecundação? A nova visão da Ciência sobre a corrida dos espermatozoides ao óvulo”</a>, datado de 19 de outubro de 2022, encontra-se, com outras palavras, aquilo que foi preconizado por Haeckel e poetizado por Augusto dos Anjos.<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihY02pP2ObRHO2QGbLYv_ToyJKA6qCounEzpXBDw02M8Pu3unaZ7gzWpfSBe1B9BE2IUNyTGZx2-bjBzApafakZIRRc6JYbmmQr23y028ErYx8Hzy_eZRfDpVdUzNpbNn47BLov_q7XwUAagU5zchzZ1UEXAZoZRLSByS5nRGpMGFy44vB_MeKIYmDQrk/s1600/VERT%20COMUM%20%2855%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihY02pP2ObRHO2QGbLYv_ToyJKA6qCounEzpXBDw02M8Pu3unaZ7gzWpfSBe1B9BE2IUNyTGZx2-bjBzApafakZIRRc6JYbmmQr23y028ErYx8Hzy_eZRfDpVdUzNpbNn47BLov_q7XwUAagU5zchzZ1UEXAZoZRLSByS5nRGpMGFy44vB_MeKIYmDQrk/s1600/VERT%20COMUM%20%2855%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Kristin Hook <i class="fa fa-camera"></i>Linkedin</div></figure>
A bióloga evolutiva, Kristin Hook, pertencente à equipe de <i>Ciência, Avaliação e Análise de Tecnologia do Government Accountability Office</i> dos EUA, dirigindo-se à <i>BBC News Mundo</i>, refere-se a “postos de controle”, após a ejaculação, pelos quais os espermatozoides em boa forma deverão passar, para a possível fertilização. Estima-se que dos cerca de 250 milhões de espermatozoides ejaculados apenas algumas centenas chegam ao óvulo, é o que diz Daniel Brison, diretor científico do <i>Departamento de Medicina Reprodutiva da Universidade de Manchester</i>, no Reino Unido, ao considerar tal controle como “um processo de seleção muito importante”. Brison afirma, ainda que, mesmo se esforçando para obter a impulsão os espermatozoides não têm força suficiente para chegar ao final das trompas de falópio se não forem impulsionados pelas contrações do útero, cujas secreções “também podem modificar a trajetória dos espermatozoides, promovendo ou impedindo sua movimentação e alterando sua consistência”.<br /><br />
O que diz, em seguida, Virginia Hayssen, professora de Biologia do <i>Smith College</i>, nos EUA, é de suma importância para se entender a atualidade de uma concepção que surgiu no século XIX:<br /><br />
<figure class='dir meio2' style="margin-right:10px !important;max-width:38% !important">
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipA2SeSsYz9nnbFUQmsRWPND1KAm3NHPx721YGkzcZ0EyZI9E1QdcB1jTRuXNlntXJUhuIeCwkBcx-cys8dM0yIK-6LnK3fKP6tm0fFvzqEDOB9hAMMC-PGfpt170MhnGAaHsxmRzNIAMH-VIQvIWqwYPqlUNVNnJk8pxs54j8Be-4sd9MKpBX_J-a-lY/s1600/VERT%20COMUM%20%2856%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipA2SeSsYz9nnbFUQmsRWPND1KAm3NHPx721YGkzcZ0EyZI9E1QdcB1jTRuXNlntXJUhuIeCwkBcx-cys8dM0yIK-6LnK3fKP6tm0fFvzqEDOB9hAMMC-PGfpt170MhnGAaHsxmRzNIAMH-VIQvIWqwYPqlUNVNnJk8pxs54j8Be-4sd9MKpBX_J-a-lY/s1600/VERT%20COMUM%20%2856%29.jpg"/><figcaption class="credito">
<span class="credir transparente"><i class="fa fa-camera"></i>Virgina Hayssen
</span></figcaption></a></div>
</figure>
<div class="citacao2 roman" style="background:#eaefed">
"É a ação mecânica do oviduto, assim como sua química — se tem um fluido salgado ou viscoso, ou um certo tipo de pH —, ambos controlados pelo sistema reprodutor feminino, que regularão como ocorrerá a concepção. Ou seja: qual espermatozoide vai poder chegar ao óvulo."</div><br />
O mais importante está por vir, nas declarações de Filippo Zambelli e Virgina Hayssen, aquele um pesquisador do <i>Grupo Eugin</i> na Espanha, dedicado à reprodução assistida. Eles afirmam que não existe passividade do óvulo, assim como não há “espermatozoide vencedor”, que heroicamente nadou e suplantou os milhões que começaram com ele a sua jornada gloriosa. É a movimentação do óvulo, ajudado pelos cílios dentro da trompa, “secretando os chamados <i>quimioatraentes</i> (itálico nosso), moléculas químicas que atraem os espermatozoides e os guiam ativamente para ele”, que proporciona a chegada de, na maioria dos casos, apenas um dos milhões ejaculados. Os <i>quimioatraentes</i> – o <i>quimiotropismo erótico</i> de que fala Haeckel – são usados, a um só tempo, para a atração de um e para a repulsão dos demais, de modo a “modificar para onde vai cada espermatozoide", completa Virgina Hayssen.<br /><br />
Em suma, dizem os cientistas envolvidos, que “a união é na verdade um processo de interações mútuas em que ambas as partes desempenham um papel ativo e em que estão envolvidas uma série de receptores e substâncias químicas”, criando um ambiente propício, como diz Hayssen, para a produção do “melhor bebê possível”.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE2pNd-60Y8U495do2ZFeQ2DJHojkZMEnbujXWB3rvmR4MS99Rq6todLwRS5DN-x8IE-hJeTHKbJFGdQnDtMdRcWBoiXf0tWnVfLwqgtm-bW-wWBE3_wswKwWxoEp5n5JeColPd7D036bFS1IqKjWI3QcbiMFKJIfr3cicXA6VenJc20VlzEvjHC10uTg/s1600/HOR%20LONGO%20%2832%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos quimiotropismo ciencia reproducao humana" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE2pNd-60Y8U495do2ZFeQ2DJHojkZMEnbujXWB3rvmR4MS99Rq6todLwRS5DN-x8IE-hJeTHKbJFGdQnDtMdRcWBoiXf0tWnVfLwqgtm-bW-wWBE3_wswKwWxoEp5n5JeColPd7D036bFS1IqKjWI3QcbiMFKJIfr3cicXA6VenJc20VlzEvjHC10uTg/s1600/HOR%20LONGO%20%2832%29.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir"><i class="fa fa-camera"></i>Smith College
</span></figcaption></a></div>
</figure>
Com estas comprovações científicas, quero crer que ficam, em parte, resolvidas as questões da atualidade de Augusto dos Anjos, com relação ao uso de termos científicos na sua poesia. E afirmo que, sendo um visionário, ele foi mais longe, acreditando na formulação de Haeckel e, diferentemente do que se pensa, utilizando o léxico científico para além de uma simples transposição vocabular de um meio para outro. O que se verifica, na realidade, é uma consciência de sua concepção e da sua bem ajustada adequação à poesia, opondo-se, inclusive, ao tratamento que Haeckel dá ao termo, para aproximá-lo do uso corrente que o vulgo lhe empresta de mero desejo, de mera cupidez, para cumprimento e satisfação das exigências carnais. De maneira crua, Augusto dos Anjos expõe a degradação moral e espiritual a que o ser humano se entrega, quando pensa ser a vida apenas matéria destinada a corromper-se.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="milton" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-47292942769946011282024-03-15T21:18:00.006-03:002024-03-15T21:25:07.182-03:00A insegurança do nosso futuro<div id="marcos"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgz06xWSya1UtzNreiOT-KEgMZg2Q1TK1hnktS-M16FiIMAJHyymbbY7LjIdkV_tAjlKggxNBa79Uo2KENCcjKMCqtdeMB9w0B46_UR6iSvGSpcmKQgXJrwXrqd2a7Icm5fnaK2EG6LsBHJ6M81_MpO6WCztiXfCT1XoNZGciMCVDslY4bB4LlK38cVe0/s1600/1.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="mossoro fuga" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgz06xWSya1UtzNreiOT-KEgMZg2Q1TK1hnktS-M16FiIMAJHyymbbY7LjIdkV_tAjlKggxNBa79Uo2KENCcjKMCqtdeMB9w0B46_UR6iSvGSpcmKQgXJrwXrqd2a7Icm5fnaK2EG6LsBHJ6M81_MpO6WCztiXfCT1XoNZGciMCVDslY4bB4LlK38cVe0/s1600/1.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Escrevo no início da semana e até agora os dois fugitivos da penitenciária dita de segurança máxima de Mossoró ainda não foram recapturados. Mesmo que já tenham sido localizados e presos quando vocês estiverem lendo o artigo, nada poderá apagar o fato da dupla estar há um mês dando pitus em seiscentos homens armados até os dentes e portando a mais moderna tecnologia disponível no mercado.</div><br /><a name='more'></a>
<div class="centro">
<div class="vid" style="--ratio: 9 / 16">
<iframe src="https://www.youtube.com/embed/FeCkODUvRSw?start=25" title="fuga presidio mossoro" frameborder="0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
</div></div><br />
As teses da fuga são muitas. Quem entende do riscado diz que o mais provável é que eles tenham fugido pelo mar; afinal a cidade litorânea de Tibau fica a poucos quilômetros da penitenciária e seria facílimo retirá-los do local com um barco, enquanto moradores da região previamente remunerados para mentir estariam plantando pistas falsas e uma narrativa leguelhé para confundir a polícia.<br /><br />
<div class="centro">
<div class="vid" style="--ratio: 9 / 16">
<iframe src="https://www.youtube.com/embed/qMjetDw0a68" title="fuga mossoró" frameborder="0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
</div></div><br />
Não vou por aí. Minha fuga é outra. Fujo de tentar pensar que existem dois tipos de atenção aos presos mais perigosos do país. Se essa fuga foi realmente planejada pelo comando criminoso por que é que esses dois quase pés rapados do crime foram os beneficiários ao invés dos tops Marcola, Fernandinho Beira Mar e companhia? A menos que seja um ensaio para fugas maiores não sinto firmeza na tese.<br /><br />
Fujo também de imaginar o enorme perigo que ronda o Brasil se o Haiti for aqui (Alô Gil, aquele abraço) um dia. Lá os bandidos invadiram uma penitenciária e libertaram 4 mil presos de uma tacada só.<br /><br />
<div class="centro">
<div class="vid" style="--ratio: 9 / 16">
<iframe src="https://www.youtube.com/embed/n1IxjtC79RI" title="fuga presidio haiti" frameborder="0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
</div></div><br />
Mas fujo principalmente de acreditar que num momento não muito distante as principais facções criminosas do país, entre elas PCC e CV, venham a se unir para tocar o terror em nosso meio.<br /><br />
É voz corrente, no que eu não quero acreditar, que desde muito tempo as quadrilhas preparam jovens para que ingressem nas nossas principais instituições através de concursos públicos. Aí sim, seria o caos.
Enquanto isso os nossos políticos mais preocupados com seus bolsos do que com o país, insuflam um ódio crescente entre as bandas ideológicas para garantirem sua sobrevivência em sucessivos mandatos.<br /><br />
<div class="centro">
<div class="vid" style="--ratio: 9 / 16">
<iframe src="https://www.youtube.com/embed/mxkEncZhIKE" title="polarizacao politica" frameborder="0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
</div></div><br />
E o povo? Uma Ministra brasileira já chegou a dizer que o povo é apenas um detalhe. Um ex-Presidente brasileiro disse que um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar.
É por isso que não gosto de pensar em coisas sérias. De volta ao <i>dolce far niente</i>, marcopire!<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="marcos" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-90723476927934215052024-03-15T19:15:00.009-03:002024-03-15T23:11:34.208-03:00Se compartilhar<div id="anapaula"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFj3gUCqcInX27Vk1xytSsuNHSvV8ihsBgXHallMCZBEogi_c_R9vxQIi2v63TvaYV3C_OegsKaW2UvtMg6qIUxRiF0-69uRUEryF12aLwZads4JLVrNxTPS_wbbFMSTDuwGRYxI83Upe5hjhZwsTyS_fRAIv-Wmy3fNSW2shSdYdmrINijX7rtm9cTE/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2835%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="poesia paraibana ana paula cavalcanti ramalho" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFj3gUCqcInX27Vk1xytSsuNHSvV8ihsBgXHallMCZBEogi_c_R9vxQIi2v63TvaYV3C_OegsKaW2UvtMg6qIUxRiF0-69uRUEryF12aLwZads4JLVrNxTPS_wbbFMSTDuwGRYxI83Upe5hjhZwsTyS_fRAIv-Wmy3fNSW2shSdYdmrINijX7rtm9cTE/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2835%29.jpg"/></a></div>
<div id="ornamento">
<div class="moldura superior" style="width:25%"> </div>
<div class="moldura central" style="width:25%"> </div>
<div class="moldura inferior" style="content:url(https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNhYVSrDntkFfR5imw7RdTijpIi69wWs9mFgd5NouOwHyYvJ79ypzLk13todEwIJ3ZUImM6tbQAsotV9FvFLfviUHEDeAPxXQVanaw69PLvp_pGsIrIHjUvjOY_kQrowE3T7-VIDn578yPnrWMwv5EXOKGniutTZU1mEnDpufMfMaolDtuf9J-DPWKvNI/s1600/APNG.png) !important;width:30% !important;opacity:0.1 !important;margin-right:-20px !important;margin-bottom:-1px !important"></div>
<div class="poesia" style="margin-bottom:50px;padding:10px 20px 0">Era uma vez um universo onde a luz suprema decidiu fazer verso.
Entre côncavos e convexos, criou os sexos.
A decisão de quem iria de tudo cuidar, tomou imensidão.
Diferente de toda sua criação, resolveu criar Adão.
Algo sério lhe preocupou, sozinho ele não poderia ficar.
Precisava uma solução urgentemente encontrar.<a name='more'></a>
Não iria se aperrear, era hora de descansar.
E assim, como dizem as escrituras, fez Eva da costela de Adão desabrochar.
Não esperaram para um ao outro conhecer, quiseram logo saber : quem de nós estará no poder?
Adão se apressou pra responder: viestes de uma parte de mim, irás me obedecer.
Eva da resposta não gostou, de imediato retrucou: Vim para ao teu lado ficar e não submissa caminhar.
Foram até à luz indagar.
Enfim, como tudo irá funcionar? Poderás nos explicar?
Eva tem razão, não a criei para a escravidão.
Ambos precisam se vestir de bem-querer e abnegação.
Vocês são iguais na minha criação.
Porém, os opostos querem seus poderes postos.
Homem quer ser mais que mulher.
Mulher quer ser mais que homem.
A harmonia não vinga.
A batalha não finda.
A luz suprema os alertou:
Aprendam a verdade compreender.
Não deixem o orgulho lhes vencer.
Sozinhos irão desaparecer.
Assim é, e para todo sempre será, se quiserem a espécie perpetuar terão que se compartilhar.</div>
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div></div>
<div id="anapaula" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-18543488614444690242024-03-15T16:19:00.001-03:002024-03-15T16:27:47.741-03:00O que pedir a Deus?<div id="cassiano"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglVb-nLQfDmDZ3K-6yt86ymb_8SwgPsfcS_ooFDKxe14Aq_LHUSEobeVSai5Q99s5dwMSCWRmS0XmGAJDjrZZzlwc0iEGaWsaFbZBWw6vJzcPbPIz2tRYNOgbNblUloz1iK7qG6ASi7ZBY3L3iWf03DvrxPUMvySMMLmnvXIVLHgCsnKYy4MNtwHn44ME/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2834%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="suplica dor deus fe" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglVb-nLQfDmDZ3K-6yt86ymb_8SwgPsfcS_ooFDKxe14Aq_LHUSEobeVSai5Q99s5dwMSCWRmS0XmGAJDjrZZzlwc0iEGaWsaFbZBWw6vJzcPbPIz2tRYNOgbNblUloz1iK7qG6ASi7ZBY3L3iWf03DvrxPUMvySMMLmnvXIVLHgCsnKYy4MNtwHn44ME/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2834%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">A rua parece estar além de si e deserta, navega numa noite de estrelas e brisa leve em direção ao leste do ponto em que se inicia, como se buscasse o mar. Sim, é noite sem nuvens e de lua grande, derramando luz e fazendo sombras de arvoredos pelas calçadas.</div><br /><a name='more'></a>
Se há silêncio, o pensamento frenético não me deixa escutá-lo, e milhares de vidas passam, como paisagens pelas janelas de um trem. Em cada uma delas, milhares de outras vidas entrelaçadas e a sensação de ser um átomo que se acha o Universo. Com certeza, confusão mental!
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVfjp_jNbk7akmmvinHP9qcbtfrEMO1hBzSdOZmB7QA71nYpOmASmZ5-5-1ai2OKi29J4fE-QtEDLUH4JtZdnLcpsStlx6wlWLqedn-XzfQP-ED5fmqZE2m-ZuCKMbLGo88iJVmNnL5319vJ6J9DUmaIClK7mskIybs-0vxlgOog-5B50Rkp5b-C1X8nA/s1600/VERT%20COMUM%20%2849%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="suplica dor deus fe" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVfjp_jNbk7akmmvinHP9qcbtfrEMO1hBzSdOZmB7QA71nYpOmASmZ5-5-1ai2OKi29J4fE-QtEDLUH4JtZdnLcpsStlx6wlWLqedn-XzfQP-ED5fmqZE2m-ZuCKMbLGo88iJVmNnL5319vJ6J9DUmaIClK7mskIybs-0vxlgOog-5B50Rkp5b-C1X8nA/s1600/VERT%20COMUM%20%2849%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Wallace Chuck</div></figure>
Mas o espírito é sólido, enquanto a carne, mole e frágil, encara a dor, mas só a dor, porque as incertezas compõem a solidez de um espírito que, sabe, se esticar num tempo que não habita calendários e que se faz de círculos ascendentes onde se alternam a dor e a delícia, por isso, também sei, logo, logo, virá o ri...
<br /><br />
Mas é, no mais das vezes, na dor, que eu construo um Deus e grito por Ele, sem pensar no que Ele já fez!
<br /><br />
E penso o mundo como um belo jardim, habitado por belas e feras, e ora belas são feras, ora longas eras cobrindo os muros das prisões, as minhas prisões. Tudo parece ilusão, mas no centro estou EU identidade, reconhecimento de mim mesmo, mergulhado numa fragilidade que não dimensiono, mas a dor e a certeza da morte me garantem sua existência.
<br /><br />
De novo grito por Deus, aquele que aprendi que existe e que apesar de ter feito o próprio universo para que eu haja nele, me coloco como se fosse a única causa de suas atenções.
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO9ofonTUulnD1sAp7f2wMYwmCyX_1k0ZriEu2Ujk067AhW1anBVb0vqPuBXinNZJx7jFFcChLxFAealC133NHp3fJYOXCcEqJ6qdWsqL8LmBz1gX26D6KoIzbtucGZXSEDuh52Ls9i7Zumb-c13tbaD09oK8cWYBF4rnIjdQILHaChduao-aYvNxyf0g/s1600/VERT%20COMUM%20%2850%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="suplica dor deus fe" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO9ofonTUulnD1sAp7f2wMYwmCyX_1k0ZriEu2Ujk067AhW1anBVb0vqPuBXinNZJx7jFFcChLxFAealC133NHp3fJYOXCcEqJ6qdWsqL8LmBz1gX26D6KoIzbtucGZXSEDuh52Ls9i7Zumb-c13tbaD09oK8cWYBF4rnIjdQILHaChduao-aYvNxyf0g/s1600/VERT%20COMUM%20%2850%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Wal_172619</div></figure>
A dor aumenta e eu me desespero por sua resposta... É que eu me esqueço que ele também tem que cuidar de tantos outros doentes, feridos, famintos, assassinados, torturados, dementes, suicidas, contentes…
<br /><br />
A noite continua bela e enluarada, há uma promessa de uma vida posterior e amanhã haverá a luz do Sol até que venha novamente a noite. Me dou conta de que estou numa mó gigante, eu sou um grão, não pra ser destruído, mas renovado. Percebo que a vida só pode se alimentar de vida e assim, é da morte que a vida vive.
<br /><br />
Sereno, a dor adormece e eu sorrio. Não vai ser essa a única vez, então agradeço a Deus por me reconhecer nessa engrenagem e, envergonhado, peço desculpas por pedir tanto...
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQlzJ2jMUmhr2EEvEX-6ZGI3J97FojKGtVR8QMIXU4gf5nK3hh22qFJEQtE67OGyFDLca76AQYdcxJ8IY5xjhcaXMy-WhO5BBBW0Wk0FRzSofFFXjgbt2wA4BT8qCMZ7Auu84fe1E0VZxwgvLz1KG98T7kgXDAQ3OwOKw4X6iJ3b-WBhjpf4GnxyF3fkE/s1600/HOR%20LONGO%20%2824%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="suplica dor deus fe" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQlzJ2jMUmhr2EEvEX-6ZGI3J97FojKGtVR8QMIXU4gf5nK3hh22qFJEQtE67OGyFDLca76AQYdcxJ8IY5xjhcaXMy-WhO5BBBW0Wk0FRzSofFFXjgbt2wA4BT8qCMZ7Auu84fe1E0VZxwgvLz1KG98T7kgXDAQ3OwOKw4X6iJ3b-WBhjpf4GnxyF3fkE/s1600/HOR%20LONGO%20%2824%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Storiès</div></figure>
Penso no mar, e na infinidade de Deuses que existem humanidade afora, cuidando através dos seus ciclos para deter a fera que há em nós, como o balaço das águas que refrigeram esse planeta-estação-de-passagem. Penso na lua cheia emergindo a leste de mim, emprestando sua luz para fazer brilhar as areias que contornam nossas almas.
<br /><br />
A dor, é só mais uma experiência...
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="cassiano" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-57111489560383734132024-03-15T00:32:00.001-03:002024-03-15T00:32:07.857-03:00Licor de jenipapo<div id="frutuoso"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRwn2kAApaWQNmF-l0og61fLTGhcTCUpXUR9n7QvyLiRL6RMOlF3bCOTigfWkYAYkZnoOcLs5j6CnXp8ZHI_Id9qru1ouuaEQ8mRivK8qMZne3moJ8W7pQSMBoi2OH7mfFKGHv7p-YjZCjJPqLvutzMDMKvl-A3nWpwG46mtKVIIydt4romF7zryiPSrQ/s1600/59.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRwn2kAApaWQNmF-l0og61fLTGhcTCUpXUR9n7QvyLiRL6RMOlF3bCOTigfWkYAYkZnoOcLs5j6CnXp8ZHI_Id9qru1ouuaEQ8mRivK8qMZne3moJ8W7pQSMBoi2OH7mfFKGHv7p-YjZCjJPqLvutzMDMKvl-A3nWpwG46mtKVIIydt4romF7zryiPSrQ/s1600/59.jpg"/></a></div>
<div class="divisor" style="margin-bottom:20px"></div>
<div class="letra">Faça desse modo: pegue uns vinte jenipapos, dois litros de aguardente e dois quilos de açúcar. Descascadas as frutas, passe-as num ralador, acrescente um pouco d’água e coe a calda disso resultante num pano que seja.</div><a name='more'></a><br />
<div id="foto2" style="border:1px solid #ccc;padding:10px 5px 0">
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfLWEB3lEq_6LyYj0b_la63R3Jp52pveYS7OP-MCfXZTMgh_MsWSXwjYuDvQZcgN_USP-PWb8zk8qAufW5QvGX2WVO9fr4kSUsNNYjLFMqkzss2thK8PFZrCBBRVxOt8twCEdcW8FGR9so7E9zVQbcAiUQ8rW6IxXGRLTjaysa1XY4__TFOgK6HPtYrWs/s1600/10.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfLWEB3lEq_6LyYj0b_la63R3Jp52pveYS7OP-MCfXZTMgh_MsWSXwjYuDvQZcgN_USP-PWb8zk8qAufW5QvGX2WVO9fr4kSUsNNYjLFMqkzss2thK8PFZrCBBRVxOt8twCEdcW8FGR9so7E9zVQbcAiUQ8rW6IxXGRLTjaysa1XY4__TFOgK6HPtYrWs/s1600/10.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjAfaU-kjur3BYRXVkRElsRR0ZN7GDFiXmc8Lt8Uc-zQ9eqtU3cTuHYZbmIiciawrWJVSVLJLcrZeOgEYbCdm5V4Qsi_RYQLbMVyXPZTbAvzCwiPRtRorphEZrW27H4MaEY6iDHcQ5O3GO-LKwGqij3FvMq4ramRdjQ2FF7jWarf2pPtwaCme7zxS8-YE/s1600/11.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjAfaU-kjur3BYRXVkRElsRR0ZN7GDFiXmc8Lt8Uc-zQ9eqtU3cTuHYZbmIiciawrWJVSVLJLcrZeOgEYbCdm5V4Qsi_RYQLbMVyXPZTbAvzCwiPRtRorphEZrW27H4MaEY6iDHcQ5O3GO-LKwGqij3FvMq4ramRdjQ2FF7jWarf2pPtwaCme7zxS8-YE/s1600/11.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpR0tqqFu6RlZ0oRZafftvz3Crf19dSqnNwF4kxAqvraDc4luwLmgXoc8JqT5lU88ELG2PgYxIrakvSXccRSLzpVf6CKnfpqROw1hNYW44qoGXO_oMNOsbjEeK6y-5tAaj3So-zJDYUpEd0Ax_dz9w86Nr1HwDXwZPa2lkclVvaCw-8vtq2IFbDtqfpTg/s1600/12.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpR0tqqFu6RlZ0oRZafftvz3Crf19dSqnNwF4kxAqvraDc4luwLmgXoc8JqT5lU88ELG2PgYxIrakvSXccRSLzpVf6CKnfpqROw1hNYW44qoGXO_oMNOsbjEeK6y-5tAaj3So-zJDYUpEd0Ax_dz9w86Nr1HwDXwZPa2lkclVvaCw-8vtq2IFbDtqfpTg/s1600/12.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyoH1WGf5aYh42b13vfygxr5IdrsXp8v8mHNM6Ep8BNKZ-OmpiNwRlTQPjgD0pKD0_Bi5iS0AZBEEhF9F2n-OB3UZSZAyWR8mUw_HowKZLKyKA2ZBocyokGubfy_llrDC_9ap2euz0Px9PvC2t3BWizm0bIaegAdierKwBO1X47LKYhnaEg0P_U8IJs5Y/s1600/13.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyoH1WGf5aYh42b13vfygxr5IdrsXp8v8mHNM6Ep8BNKZ-OmpiNwRlTQPjgD0pKD0_Bi5iS0AZBEEhF9F2n-OB3UZSZAyWR8mUw_HowKZLKyKA2ZBocyokGubfy_llrDC_9ap2euz0Px9PvC2t3BWizm0bIaegAdierKwBO1X47LKYhnaEg0P_U8IJs5Y/s1600/13.jpg"/></a></div>
</div>
<div class="cred direita centro" style="margin-top:5px !important;margin-bottom:35px !important"><i class="fa fa-youtube"></i> Cozinha Caseira</div>
Habitante do Século 21, você, evidentemente, há de preferir um processador moderno desses que extraem suco puro de tudo quanto seja fruta. À falta disso, fará uso do bom e velho liquidificador nunca faltoso às cozinhas, mesmo as dos pés de serra onde a energia de Paulo Afonso começou a chegar em 1963. Falo, é claro, dos sítios do Nordeste brasileiro e de nossa formidável hidrelétrica.<br /><br />
Dona Montinha, proprietária do Engenho Corredor até por volta de 1980, por aí assim, preferia cortar, ralar e espremer jenipapos, na mão mesmo. Os passos seguintes, ontem e hoje, passaram e passam,
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixumT5bDFRgbC9Wpria4LzfqqIWRC7luw0M0UNVkzw29gqJ8-0PGBEamdnE9ZPwgKvaGTh7FzQitSDIWSWL5hvpqik_ZtG_HkjQhxqZPjgJVYfAuFYQeLwE9x-87mmHMfrAxr-2d2GPLhr3YekLkrZ1jpXQeqRLdUsWvszRYzR3Dy3IE7-wjCXeeOrJw4/s1600/62.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixumT5bDFRgbC9Wpria4LzfqqIWRC7luw0M0UNVkzw29gqJ8-0PGBEamdnE9ZPwgKvaGTh7FzQitSDIWSWL5hvpqik_ZtG_HkjQhxqZPjgJVYfAuFYQeLwE9x-87mmHMfrAxr-2d2GPLhr3YekLkrZ1jpXQeqRLdUsWvszRYzR3Dy3IE7-wjCXeeOrJw4/s1600/62.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>J. Tiagues</div>
</figure>
lá e fora dali, pela fervura da calda com açúcar até quase o ponto da cristalização. Com isso já resfriado, há que se diluir tudo na melhor cachaça que se tenha.<br /><br />
Pronto. Basta, agora, chamar os parentes e amigos para a degustação de um dos melhores licores que uma casa nordestina (sobretudo esta) é capaz de servir. A tempo: estarei sempre disposto a aceitar convites desse gênero.<br /><br />
Tive a felicidade de provar o doce de laranja que tanto encantou José Lins do Rego, o primo famoso da Dona Montinha. Não lembro do livro em que ele fala disso, mas apostaria no “Meus verdes anos”, porquanto de memórias. Dela provei, igualmente, outros licores. Porém, é o de jenipapo que, ainda hoje, me provoca suspiros a cada lembrança. Nunca mais o tomei tão cremoso, tão leve, tão bom.<br /><br />
Não sei muito das coisas e sabores do mundo, pois pouco tenho viajado. Mas me custa acreditar que haja, lá fora, combinações tão perfeitas quanto a da aguardente de cana com boa parte das nossas frutas. É uma lista que também inclui, jabuticaba, tamarindo, pitanga, laranja, maracujá, abacaxi, coco, umbu, cajá, goiaba, acerola e por aí vai. E não há como desprezar, ainda, o milho verde, o café, o cacau, nem o cravo e a canela bem ao gosto da Bahia.<br /><br />
<div id="foto2">
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhEk-1oy7W6g3MTf6BUHJQg-KGtDq0gamqAD9-q5Gwi4VEJoUP18AxAKSD41CRqj9LKPFcis58mnqs6LLAOyVmAGsmkLN7-dMx7TKpRVj-70s-3XP5Be16ainNl7y9F0U0Fm5V1x7IlL-EzRihX2Sv1lA0bdp1ITfHnfJvMMLNks6XSAItS0cbl4jbtKY/s1600/60.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhEk-1oy7W6g3MTf6BUHJQg-KGtDq0gamqAD9-q5Gwi4VEJoUP18AxAKSD41CRqj9LKPFcis58mnqs6LLAOyVmAGsmkLN7-dMx7TKpRVj-70s-3XP5Be16ainNl7y9F0U0Fm5V1x7IlL-EzRihX2Sv1lA0bdp1ITfHnfJvMMLNks6XSAItS0cbl4jbtKY/s1600/60.jpg"/><figcaption class="credito transparente" style="bottom:10px !important"><span class="credir">Jabuticaba
</span></figcaption></a></div>
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrBjBWe66glMUWUOxu-WJyv1Pp_nOBayU1dHSIGyhn2vxPz9ugH4h8wIvwIUCGbuykt_t-o5u7QaJPnUqxdaBQNyg4QKzC-y7ZhXtNogIejKy2SfzydFXmY99jpkAz6xxJYiPmmZHK1bT-dKJA3sZL5DaMVUqKfzOlq1A_EtGJ9n9WmZ9eZ3i0SlPvDoM/s1600/41.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrBjBWe66glMUWUOxu-WJyv1Pp_nOBayU1dHSIGyhn2vxPz9ugH4h8wIvwIUCGbuykt_t-o5u7QaJPnUqxdaBQNyg4QKzC-y7ZhXtNogIejKy2SfzydFXmY99jpkAz6xxJYiPmmZHK1bT-dKJA3sZL5DaMVUqKfzOlq1A_EtGJ9n9WmZ9eZ3i0SlPvDoM/s1600/41.jpg"/><figcaption class="credito transparente" style="bottom:10px !important"><span class="credir">Tamarindo
</span></figcaption></a></div>
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMJlr1OSzmeu0eGZLLo78E0R2IFGWqCGU84KqcC8zkyldm-u0ri9cK04IXY2mWBhAgZ6gX7fQGK31wV9MmBjIXYcwH6bWY3sGWmo3Ujs_YWkRpJvHilE03OQiLjxD6ErwsIv-3I-7o9RWv2S1yRZi1SaqrdfMxAPeWjq61vVAGsTP4OycKFKsDJRpeXdA/s1600/42.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMJlr1OSzmeu0eGZLLo78E0R2IFGWqCGU84KqcC8zkyldm-u0ri9cK04IXY2mWBhAgZ6gX7fQGK31wV9MmBjIXYcwH6bWY3sGWmo3Ujs_YWkRpJvHilE03OQiLjxD6ErwsIv-3I-7o9RWv2S1yRZi1SaqrdfMxAPeWjq61vVAGsTP4OycKFKsDJRpeXdA/s1600/42.jpg"/><figcaption class="credito transparente" style="bottom:10px !important"><span class="credir">Pitanga
</span></figcaption></a></div>
<div class="foto3" style="width:24%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4dMxJBCCHZ_wflyCJieP37b5rUHNf7MjssMPs-g3VYG00ps6loNN-CvZwS8enM43rKYtm8eBHSalQJ_-j6RKw6gMGIIHA5zaOdtJ-rxUuOBd1SBKlT0vkKOfiZRA8I79JWpW59BhjvIFD1WhwZaJFZfodcJfiLK2NMNrNN02dCgT-v67JaMjluMlbpc0/s1600/43.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="600" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4dMxJBCCHZ_wflyCJieP37b5rUHNf7MjssMPs-g3VYG00ps6loNN-CvZwS8enM43rKYtm8eBHSalQJ_-j6RKw6gMGIIHA5zaOdtJ-rxUuOBd1SBKlT0vkKOfiZRA8I79JWpW59BhjvIFD1WhwZaJFZfodcJfiLK2NMNrNN02dCgT-v67JaMjluMlbpc0/s1600/43.jpg"/><figcaption class="credito transparente" style="bottom:10px !important"><span class="credir">Umbu</span></figcaption></a></div>
</div><br />
Perdoem-me os criadores de receitas surgidas na Europa, ao que me contam, desde o Século 13, muitas com pera, framboesa, cereja, ameixa, maçã, avelã, menta e especiarias como alcaçuz ou anis, tudo isso em aguardente alemã, francesa, italiana, austríaca, escocesa e que tais, ao custo, não raramente, dos olhos da cara.<br /><br />
Por falar nisso, dizem que o grupo de parlamentares e dignitários brasileiros encarregado da reforma da Constituição Nacional, aquela de 1988 capitaneada pelo dr. Ulysses Guimarães, teve no “Poire William”, com seu penetrante aroma de pera, a bebida oficial. Pior, então, para o “Eau-de-Vie Mirabelle”, logo rejeitado.<br /><br />
<div id="foto2">
<div class="foto3" style="width:20%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRZJ3wqMS5bL1Mtm98lsCTQ_KcB7hTDLat3DGhv5dDYgDNnB7SkzBkLm5Vl6eTVNTcbtq3OCu94UsYNse0szs3gsvs97vpevX2M2PDaqgioZYGw5QU306VSEq2LcGx-v3bFCKIpT1VQn-FpldUNxukrBiKs-aT5wOyl_VTvrWtuc2xN0CTnkl_XKqGqS4/s1600/55.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="700" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRZJ3wqMS5bL1Mtm98lsCTQ_KcB7hTDLat3DGhv5dDYgDNnB7SkzBkLm5Vl6eTVNTcbtq3OCu94UsYNse0szs3gsvs97vpevX2M2PDaqgioZYGw5QU306VSEq2LcGx-v3bFCKIpT1VQn-FpldUNxukrBiKs-aT5wOyl_VTvrWtuc2xN0CTnkl_XKqGqS4/s1600/55.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:53.3%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rAeTmQhy-h2de021p4A4x5B6rhyphenhyphenLh_bn6R8CRfRCCtBa7S97w-24Om_sxEQJQ1RDwEDJ2F4VSXWYnTBtBlnEsgKLuFSsyGcmsKwBjIaQkPzkCoVapp2K6vVLHO00rc1mP8ULuaKLa85Y5-xclJ-YVq55pZY_NXycq37NLd8bjzuvJEpKfNb7RbFQzIE/s1600/53.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" class="bordas" data-original-height="700" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6rAeTmQhy-h2de021p4A4x5B6rhyphenhyphenLh_bn6R8CRfRCCtBa7S97w-24Om_sxEQJQ1RDwEDJ2F4VSXWYnTBtBlnEsgKLuFSsyGcmsKwBjIaQkPzkCoVapp2K6vVLHO00rc1mP8ULuaKLa85Y5-xclJ-YVq55pZY_NXycq37NLd8bjzuvJEpKfNb7RbFQzIE/s1600/53.jpg"/></a><div class="cred">Constituinte 1988</div></div>
<div class="foto3" style="width:20%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1eg4B2RLfLoegZNUrkQA7k2XAYWYGkdz_iy3kblzL0EwWWO2-CeI4jb3GSjgDEqnlTAGkZFc5Mknly-TAHi8SPi1D9fvE3juc7G1MGlucNKN9JfoOg4YYKspV15gHpX7d-Q-iIV49f1dEfbFKtpOTERHONOgGIO9gHJjK5-5OHQ-4xTfHWkHsNVYtAJY/s1600/54.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="700" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1eg4B2RLfLoegZNUrkQA7k2XAYWYGkdz_iy3kblzL0EwWWO2-CeI4jb3GSjgDEqnlTAGkZFc5Mknly-TAHi8SPi1D9fvE3juc7G1MGlucNKN9JfoOg4YYKspV15gHpX7d-Q-iIV49f1dEfbFKtpOTERHONOgGIO9gHJjK5-5OHQ-4xTfHWkHsNVYtAJY/s1600/54.jpg"/></a></div>
</div><br />
Ah, Dona Montinha e seus licores... Um deles fazia enorme sucesso entre as garotas. Era quando o velho João Lins, dono da casa, contratava orquestra para o baile vespertino das terças-feiras de carnaval. Essa iguaria, com leite de coco e chocolate, ganharia o nome de “Fille Trompée”, invenção de um debochado estudante de francês quando das folgas da Universidade para a folia gratuita que nenhum outro lugar a ele ofertava. O aroma e o sabor daquilo levavam as meninas à bebedeira além da conta.<br /><br />
O “Engana Moça”, versão da rapaziada para o licor em questão, fazia jus ao vigor dos canaviais que Dom Pedro II conheceu, um dia depois do Natal de 1859, quando de sua visita e pernoite na pequena Pilar,
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfx16b0pzOaVxVXbiaXRen7umICPdjh96eWLpJBYBRmFBXf6FmHdKgDccH-SINdAXpqkkEOLdt-JqbPL4k9eB63hNQBwwcIzDDwnLZvGcDXpatKE3_VNg5PcIFrLBHt1h15aTOoZZdzlV6rObcf-yMTjIbUxlIPGbEkTzRuoa7ezF0cxKPYW0qgRuxG_c/s1600/58.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="licor frutas brasileiras jenipapo culinaria" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfx16b0pzOaVxVXbiaXRen7umICPdjh96eWLpJBYBRmFBXf6FmHdKgDccH-SINdAXpqkkEOLdt-JqbPL4k9eB63hNQBwwcIzDDwnLZvGcDXpatKE3_VNg5PcIFrLBHt1h15aTOoZZdzlV6rObcf-yMTjIbUxlIPGbEkTzRuoa7ezF0cxKPYW0qgRuxG_c/s1600/58.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir"><i class="fa fa-camera"></i>A União
</span></figcaption></a></div>
<div class="cred borda"><b>Engenho Corredor</b> ▪ Pilar, Paraíba</div>
</figure>
a terra de onde veio ao mundo um dos mais aclamados romancistas brasileiros. Razão da visita imperial? Certamente, a zona canavieira e a produção do açúcar inscrito, juntamente com o café, na pauta das exportações nacionais como produtos de maior peso. Isso mesmo: café e açúcar brasileiros para o resto do mundo.<br /><br />
Já casado, eu costumava visitar Dona Montinha a caminho de O NORTE, por mim editado durante dez anos. Ela então morava com um dos filhos e duas moças trazidas para a Rua Afonso Campos, em João Pessoa, exatamente por trás do jornal pertencente ao grupo dos Diários e Emissoras Associados, criação do paraibano Assis Chateaubriand. Chorava, quase sempre, quando nossa conversa se encaminhava para seu bom tempo de dona de engenho. Lembro que não me permitia deixar sua casa sem um cafezinho e uma fatia de bolo. Para não agravar suas saudades, jamais mencionei, nesses nossos reencontros, a falta dos seus licores.<br /><br />
Tenho que dizer isto: meu único neto saiu ao avô. Prefere, como eu, as coisas da terra que nos viu nascer. Recém-saído de um tobogã de gelo e de volta ao hotel com cardápio italiano, Miguelzinho, do alto dos seus onze anos e ao cabo de cinco dias, perguntou ao garçom que o atendia, para vexame dos pais: “Não tem cuscuz?”. Deus o abençoe.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="frutuoso" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-71412027508753128182024-03-14T17:57:00.003-03:002024-03-14T18:08:01.436-03:00Ecos da memória<div id="helio"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0euBD4JIvgV1JOJnIoPwaILqYdosg-DZzQ9IORz0DpE_s7AgD1RSH3dEAbILLwmb-BRPVx5SKeUl4bDZ-O3FgBhM4IvSxttvGmTA9Ky7chC6TGroGJMeGGth3KOi6zSgZ37mF9azL8F_iGfaXm-kOEeYcoIdG1QOcb-TfV2XrEHFGI0wmy6dIOoRWlZw/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2831%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="saudade ausencia lembranca" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0euBD4JIvgV1JOJnIoPwaILqYdosg-DZzQ9IORz0DpE_s7AgD1RSH3dEAbILLwmb-BRPVx5SKeUl4bDZ-O3FgBhM4IvSxttvGmTA9Ky7chC6TGroGJMeGGth3KOi6zSgZ37mF9azL8F_iGfaXm-kOEeYcoIdG1QOcb-TfV2XrEHFGI0wmy6dIOoRWlZw/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2831%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Quando mergulhamos na reflexão sobre a nossa existência e a noção de falta que deixaríamos, somos confrontados com a essência efêmera da vida.
</div><br /><a name='more'></a>
Em um universo vasto e em constante movimento, cada um de nós é uma peça única e irreplicável.
<br /><br />
A ausência de alguém pode deixar um vazio palpável naqueles que compartilharam momentos, risos e lágrimas.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPSX8CY60WfO9_HlA1u0SnV4JI8x6pwmb2ZaA5c1G7wMhaudTlRaUlquB8HOFGJXYT00r4Cy8LZ7WraVLIvIfbs9IzQv6etjXeT0BokoU0AXw4fyshnTiKLbhVltJbSaOkTTBV4qwqxJDPl4LWZYSpV7Giz1PCIOLpjbLVb5Q8SvUqMM7ZDliit0CaPeo/s1600/VERT%20COMUM%20%2848%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="saudade ausencia lembranca" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPSX8CY60WfO9_HlA1u0SnV4JI8x6pwmb2ZaA5c1G7wMhaudTlRaUlquB8HOFGJXYT00r4Cy8LZ7WraVLIvIfbs9IzQv6etjXeT0BokoU0AXw4fyshnTiKLbhVltJbSaOkTTBV4qwqxJDPl4LWZYSpV7Giz1PCIOLpjbLVb5Q8SvUqMM7ZDliit0CaPeo/s1600/VERT%20COMUM%20%2848%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-paint-brush"></i>Briton Rivière</div></figure>No entanto, o silêncio que se instala na ausência é paradoxalmente ensurdecedor, pois é nesse vácuo que percebemos a complexidade e beleza das relações humanas.
<br /><br />
A falta que alguém deixa é um eco da sua presença, um eco que ressoa nas memórias, nos gestos e nas palavras compartilhadas.
<br /><br />
Mesmo quando não mais existimos fisicamente, deixamos um legado de experiências, aprendizados e emoções que ecoam através do tempo, moldando o tecido das vidas daqueles que nos cercaram.
<br /><br />
Assim, a falta que alguém deixa transcende a mera ausência, transformando-se em um testemunho silencioso da nossa passagem por este mundo efêmero e cheio de significado.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="helio" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-80803302216782509452024-03-14T13:28:00.004-03:002024-03-16T11:49:15.400-03:00Perversidade da mentira<div id="klebber"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO0RSAi-T7L8bhfgjXljfTKATFu0TWnzLOQxYfUiFOQcrHpJ7lFEMxJWHgzYPNyitWWwt8AuGzME6kX6ib9kvJYM92lvpR__UZpzP8d9TnxstQCwMkpHjaYTbYG2UJ1jphwIpsW4T7URkHZUDbe3Rou9535Tw_CAFobBWlNBzFEhEWTz0OZoyFibaaC5k/s1600/22.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="sombra misterio mentira mitomania" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiO0RSAi-T7L8bhfgjXljfTKATFu0TWnzLOQxYfUiFOQcrHpJ7lFEMxJWHgzYPNyitWWwt8AuGzME6kX6ib9kvJYM92lvpR__UZpzP8d9TnxstQCwMkpHjaYTbYG2UJ1jphwIpsW4T7URkHZUDbe3Rou9535Tw_CAFobBWlNBzFEhEWTz0OZoyFibaaC5k/s1600/22.jpg"/></a></div>
<div class="letra">A mitomania é a compulsão pela mentira, contada de forma consciente, que tem por objetivo a autoproteção ou, muitas vezes, o falseamento da realidade, de maneira a fazê-la parecer melhor. O mitomaníaco não consegue parar de mentir, e ele mente sobre sua realidade para fazê-la parecer melhor, aparentar mais do que tem ou encobrir algo. O ato de mentir é um sintoma de adoecimento psíquico,<a name='more'></a> o qual a pessoa que sofre dessa doença sente prazer de alimentar falsidades e a necessidade de sentir-se superior diante de todos, estabelecendo a relação de poder para forçar a depressão de quem a ouve. A atitude de enganar é uma fuga de um apequenamento geralmente gerado pelo sentimento de rejeição, e é impulsionada pela <!-- more -->
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ-OuoCDkCpv5Ir-neHbjwKDm04d-OMkR-E-M_W-Y5a0B45CPzBPPCF2rcSI_dD2Wz9QHHHrgQflcqpWF0pyGP0ytKeKWZuaKCOLqmt4vg60qB3yNDdZWnMvdXs4vODqZ7UVMTPWoMW2xFpSkWhHv6DjS36hkBW6IDlqyCntxpeshszpBgQyIXNGO6IMY/s1600/1.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="sombra misterio mentira mitomania" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ-OuoCDkCpv5Ir-neHbjwKDm04d-OMkR-E-M_W-Y5a0B45CPzBPPCF2rcSI_dD2Wz9QHHHrgQflcqpWF0pyGP0ytKeKWZuaKCOLqmt4vg60qB3yNDdZWnMvdXs4vODqZ7UVMTPWoMW2xFpSkWhHv6DjS36hkBW6IDlqyCntxpeshszpBgQyIXNGO6IMY/s1600/1.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita">▪ Pxls</div>
</figure>
vontade de seduzir para sentir-se acolhida por meio de palavras sedutoras e por imagens falsas do mentiroso. As causas desse fracasso são as frustações ou carências afetivas desde a infância. Uma das consequências da falseabilidade é a demência ou o comportamento destrutivo quando ela é questionada pela ausência de sua veracidade.</div><br />
A mentira compulsiva está enquadrada nas doenças psiquiátricas e psicológicas, uma delas é o transtorno de personalidade antissocial, que conduz o mitomaníaco a um processo de isolamento para não ser descoberto como mentiroso. A mitomania tem o objetivo de falsear a realidade e o desejo de autodefesa contra a ameaça de sentir-se rejeitado pelos afetos. Quando o enganador é denunciado onde vive, ele busca outro espaço social. O mitomaníaco age de acordo com o resultado do próprio sofrimento por levá-lo a um processo de semiconsciência. As suas intenções também dependem do transtorno de personalidade, o qual a mitomania pode estar relacionada, nesse caso, se o mitomaníaco possui um transtorno de personalidade antissocial mais grave, como um sociopata, ele pode fazer mal para os outros. Quando as mentiras são muito discrepantes em relação à realidade, é mais fácil de identificar o comportamento compulsivo. O mitomaníaco, geralmente, não revela a sua família, nem onde trabalha emprego ou o lugar onde mora.
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCI7DL6fvKY3gUxvWEv5oS8_EhOL26QztMLszVgFn9P2ffjenl34JcLUaCmCnc_oC353o8b7DzQ_KSgmxe_qMguZxmPmHRg36alphgMayO_TDbkbyEPt1wMGKzO9JvjH01Shyphenhypheniooerjoe2hhKBfjuwBAUusP3IG3Z5k-uQadQyF-mODkY-9Od3sB2GUGM/s1600/13.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="sombra misterio mentira mitomania" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCI7DL6fvKY3gUxvWEv5oS8_EhOL26QztMLszVgFn9P2ffjenl34JcLUaCmCnc_oC353o8b7DzQ_KSgmxe_qMguZxmPmHRg36alphgMayO_TDbkbyEPt1wMGKzO9JvjH01Shyphenhypheniooerjoe2hhKBfjuwBAUusP3IG3Z5k-uQadQyF-mODkY-9Od3sB2GUGM/s1600/13.jpg"/></a></div>
<div class="cred">▪ Pxls</div>
</figure>
Nesses casos, é possível — na convivência — perceber a falta de coerência das mentiras com a realidade. Deve-se não confrontar o mitomaníaco, mas acolhe-lo de forma compreensiva. Em alguns casos, quando ele admite que está mentindo, mas não consegue parar de mentir, fica mais fácil sugerir que procure ajuda técnica. Se o mitomaníaco não admite que mente, uma das formas de tentar fazer com que ele procure um tratamento é conversar com a família dele para ver se os mais próximos conseguem convencê- lo a procurar ajuda. A psicoterapia é um dos tratamentos mais indicados para a mitomania. No processo terapêutico, o paciente entra em contato com o desejo que não corresponde à realidade dele. Nessa técnica, ele vai assumindo a consciência da patologia e analisando quais experiências a sua compulsão pela mentira está relacionada.<br /><br />
A sedução da mentira pode vir pelo desejo de ter reconhecimento, poder e glória. Apresenta o descumprimento das regras éticas ou morais para levar vantagem nos negócios, no ambiente de trabalho e na vida social. O mentiroso sedutor tem o prazer de distorcer toda ideia do que é bom e do que é mau, do que é certo e do que é errado, manifestando uma superioridade sobre todos e seapresentando como autoridade suprema. A mentira é a causa primeira de muitos males com a distorção da verdade para adquirir vantagem pessoal, instituindo-se como valor perverso. O poder de difusão da mentira está na banalização da malignidade que está no
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_a7YDXPvVoA9aVyy_HuT84IlCAzBiYpw_XOtjX0JIcjuLP0cyyozGr8ubYWdj9zT1-tomaC6lDL401-2HZiPujBMnTBn_hyphenhyphenfqBTMkC_xpYx9L6HnrBcS3jLTJQtzJUwgLBlvucaOHziK6d3Ej216gaVh1IsyukIfOOfrtwGpIDkdYGLWLz_PVge7534I/s1600/30.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="sombra misterio mentira mitomania" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_a7YDXPvVoA9aVyy_HuT84IlCAzBiYpw_XOtjX0JIcjuLP0cyyozGr8ubYWdj9zT1-tomaC6lDL401-2HZiPujBMnTBn_hyphenhyphenfqBTMkC_xpYx9L6HnrBcS3jLTJQtzJUwgLBlvucaOHziK6d3Ej216gaVh1IsyukIfOOfrtwGpIDkdYGLWLz_PVge7534I/s1600/30.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita">▪ Pxls</div>
</figure>
dia a dia das pessoas, produzindo a insegurança de comunidades, grupos, nações e de países para impor o poder de domínio sobre o outro e do controle financeiro contra a dignidade humana.<br /><br />
O espetáculo da mentira é uma falsa autoexaltação e inicia, geralmente, na família. Desenvolve-se na vida social e nos meios de comunicação. As redes sociais e a publicidade criam - nas pessoas - imagens adulteradas e as lançam nos vazios existenciais para preenche-los com objetos de consumo, por isso que essa publicidade tem a função de alienar e se firma numa mentira metódica. A cada novo engano de marketing é o reforço do anterior, criando a submissão da pessoa que se manifesta inconsciente na negação da vida real. Nas relações da realidade virtual, mentir é o único sentido de sobreviver. Nenhuma pessoa que mente suportar ser questionada, porque ela é vítima das próprias calúnias. Por isso que ela se permite e se constitui como um palco diante da “sociedade do espetáculo”. A sedução da mentira destrói o sentido de beleza à vida.<br /><br />
Finalizo com a frase (adaptada) que está no livro Além do Bem e do Mal (1886) do filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 - 1900): “Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="klebber" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-65669603635763158152024-03-14T00:31:00.008-03:002024-03-14T13:31:14.535-03:00A travessia de Augusto<div id="angela"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_mWL8jxVupBqNqRalsLZQH8eqeS1ESr8vgbSWm5xVPhj3r7SkeppHE14zCLSrn2XvgGtubnArgH6eejRB5smNkp0U-HEihVtU5ZytamZLwlrnS0yTu_XnLmcn85dqt6ECvI0o5WGwpRiLj_Hd1Zax8iBQKGkNME9vcG23mxA6hoYlIUu1V_z2oDvO_sc/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2829%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_mWL8jxVupBqNqRalsLZQH8eqeS1ESr8vgbSWm5xVPhj3r7SkeppHE14zCLSrn2XvgGtubnArgH6eejRB5smNkp0U-HEihVtU5ZytamZLwlrnS0yTu_XnLmcn85dqt6ECvI0o5WGwpRiLj_Hd1Zax8iBQKGkNME9vcG23mxA6hoYlIUu1V_z2oDvO_sc/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2829%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Com uma edição especial, a Academia Paraibana de Letras se integrou às comemorações do centenário do <i>EU</i>, livro que imortalizou Augusto dos Anjos pela singularidade da expressão poética.</div><br /><a name='more'></a>
Lançado em junho de 1912, o livro condensa a significação maior da existência do poeta, sendo de toda propriedade afirmar que Augusto se impôs o sacrifício extremo para salvar do estreito horizonte provinciano sua criação original e antecipadora de concepções modernas. Tinha a exata consciência de que, sem chegar ao eixo onde se concentrava o prestígio da visibilidade cultural do país, seus poemas dificilmente conquistariam a repercussão nacional a que estavam destinados.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPw0zee4tRN8-yxlo3e0m4sr7QYKSI0CkXwt3n9LliaA2K-tWc2WNT5Uv3BYvCTCPbUMq0Ufx8OU-bVdYyJI-o2JV7zKg9RMq0BkPl-CKwX910vVXEKVDIFe2_u2cxjzxfeP9WqbuHu2BfR8amr9D0fzd4hfXL1e_t8P65ek-ydqVHUkyyv9T9LCSCSvI/s1600/VERT%20COMUM%20%2838%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPw0zee4tRN8-yxlo3e0m4sr7QYKSI0CkXwt3n9LliaA2K-tWc2WNT5Uv3BYvCTCPbUMq0Ufx8OU-bVdYyJI-o2JV7zKg9RMq0BkPl-CKwX910vVXEKVDIFe2_u2cxjzxfeP9WqbuHu2BfR8amr9D0fzd4hfXL1e_t8P65ek-ydqVHUkyyv9T9LCSCSvI/s1600/VERT%20COMUM%20%2838%29.jpg"/></a></div>
</figure>
Sem condições financeiras favoráveis, sem renda certa que lhe garantisse a subsistência, Augusto lançou-se ao desconhecido para uma luta obstinada. Deixou a Paraíba e foi morar no Rio de Janeiro, determinado a sobreviver com a precária remuneração obtida pelas aulas particulares que ministrava. O biógrafo Francisco de Assis Barbosa registra que o poeta “residiu em dez casas de diferentes bairros, quase sempre em quartos de pensão”, durante os anos de permanência no Rio, entre outubro de 1910 e julho de 1914. O escritor José Oiticica, vindo de Minas, compartilhou com Augusto dos Anjos essa fase que classificou de “horrível”, de “penúria”. E revela:<br /><br />
<div class="citacao2 poesia borda3 roman" style="font-style:normal !important;background:#edf1f7 !important">“o que mais o amargurava era a injustiça social em premiar os ruins, dourar as falcatruas, entronar os endinheirados, iludir os honestos, os sonhadores, os retos de entendimento e de coração.
Essa revolta íntima o levava a descrer do mundo, a ver em tudo podridão física e moral”.
</div>
<br />
Parece natural a presunção de que o organismo frágil se debilitou nesse processo de desgaste físico e emocional. De modo que Augusto, já instalado em Leopoldina como diretor do grupo escolar Ribeiro Junqueira, não resistiu a uma pneumonia, deixando a vida com apenas 30 anos, em 12 de novembro de 1914.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm5kp2AcsX0LJrmJUY4c-vVVRMEUsjBJUlztjfmsgUnvg8-kdZg1aZxiQnVH5hO5E2UhBtYrJU-tbUn_XBOljnNCV7ndj7ydQ1QF8B2_-eGhPG2UXpd62Lddt8ZpLHIsOa3WCMej9H6_37Ce77lZ1zM0Y0FC8MhBzbknwRRDJ1U4YWEZ_231tpF-UoA6k/s1600/HOR%20LONGO%20%2819%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjm5kp2AcsX0LJrmJUY4c-vVVRMEUsjBJUlztjfmsgUnvg8-kdZg1aZxiQnVH5hO5E2UhBtYrJU-tbUn_XBOljnNCV7ndj7ydQ1QF8B2_-eGhPG2UXpd62Lddt8ZpLHIsOa3WCMej9H6_37Ce77lZ1zM0Y0FC8MhBzbknwRRDJ1U4YWEZ_231tpF-UoA6k/s1600/HOR%20LONGO%20%2819%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Grupo Escolar Ribeiro Junqueira <i class="fa fa-camera"></i>@leopoldina.mg.gov.br</div></figure>
Nunca mais voltou à Paraíba. Nem mesmo os seus restos mortais. E um documento firmado em cartório pelos filhos Guilherme e Glória proíbe que isso possa acontecer. Os filhos ratificam a decisão altiva do poeta ante a mediocridade burocrática do governador João Machado que ficou na história pelo tratamento estúpido dispensado ao erudito professor Augusto dos Anjos, negando-lhe uma licença para viajar ao Rio e tratar da publicação do <i>EU</i>.
<br /><br />
A morte do poeta paraibano teve pouca repercussão na imprensa. Destaque para o artigo de José Américo, no trigésimo dia, e para o ensaio de Antônio Torres, onde se insere o tocante perfil que define Augusto como um idealista “na mais nobre, na mais vibrante e, digamos, na mais dramática acepção do vocábulo”.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqltGcy8uR_eVQue0ElkxfqqjMW8rTpTuzB7l1rvyhf2NVg7pXuHr8ZKoqDWGoWceCdUHx-c342dQoYReqBX0XUFOZZFXcmK3SJE3iYWJOrtLy9p5uo_VNXGziPzjccelHKcHn3iAli_QgiOn0_dJXwWj7jpDdTf9XxebnCQU3IchLHC2pBtOb6cb9Ebg/s1600/HOR%20LONGO%20%2821%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqltGcy8uR_eVQue0ElkxfqqjMW8rTpTuzB7l1rvyhf2NVg7pXuHr8ZKoqDWGoWceCdUHx-c342dQoYReqBX0XUFOZZFXcmK3SJE3iYWJOrtLy9p5uo_VNXGziPzjccelHKcHn3iAli_QgiOn0_dJXwWj7jpDdTf9XxebnCQU3IchLHC2pBtOb6cb9Ebg/s1600/HOR%20LONGO%20%2821%29.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir">Augusto dos Anjos
</span></figcaption></a></div>
</figure>
A crítica, despreparada para o choque, para o desconhecido que a poesia do <i>EU</i> representava, oscilou inicialmente entre a aceitação e a recusa dos recursos de expressão que caracterizavam a criação lírica sem precedentes. De modo que o livro pelo qual o poeta sacrificou a própria vida permaneceu algum tempo numa espécie de limbo, incompreendido. Nem os modernistas ensimesmados perceberam a poesia predeterminada “Para cantar de preferência o horrível”.
<br /><br />
Em 1920, o paraibano Órris Soares, contemporâneo e amigo de Augusto, toma a iniciativa de organizar e prefaciar a segunda edição do <i>EU</i>. Acrescentou novos poemas, selecionados sobretudo entre os escritos após a primeira edição, e colocou o subtítulo (obra completa). Essa publicação paraibana despertou o <figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIfDSr78-yjWgnqDcsYk9GADZmy11L2qxzKlN4lecWfT6mNwwH9ZWyuf-EBxsgQoIu_eDsFjo7wlVk7jhN9wWLKzhIWDPhLBKyPLFKe2YOMKl5fxmQsPSrXFlvxRG8xCBJNm4f5I48s9mmcgCj4LWh2xQeoHDtRhom0ItfWoDjDg5OcbUjjHIir7xmSx0/s1600/VERT%20COMUM%20%2839%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIfDSr78-yjWgnqDcsYk9GADZmy11L2qxzKlN4lecWfT6mNwwH9ZWyuf-EBxsgQoIu_eDsFjo7wlVk7jhN9wWLKzhIWDPhLBKyPLFKe2YOMKl5fxmQsPSrXFlvxRG8xCBJNm4f5I48s9mmcgCj4LWh2xQeoHDtRhom0ItfWoDjDg5OcbUjjHIir7xmSx0/s1600/VERT%20COMUM%20%2839%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Órris Soares<i class="fa fa-camera"></i>CC0</div></figure>interesse da Livraria Castilho, responsável pela terceira edição, em 1928, com o título <i>EU e outras poesias</i>, que se tornou definitivo.
<br /><br />
Foi tal o fenômeno da recepção que os jornais da época chegaram a registrar 5500 exemplares vendidos em menos de dois meses ou “3000 volumes escoados em 15 dias”. A partir de então, o sucesso de público não abandonaria jamais a poesia de Augusto dos Anjos. Equiparando-se o poeta aos mais populares do Brasil, recitado de cor pelos admiradores dos mais diferentes níveis culturais. Assim, as edições se sucederam através de selos consagrados: Livraria Castilho, Bedeschi, Livraria São José, Companhia Editora Nacional, José Olympio, Ática, Paz e Terra, Civilização Brasileira, Nova Aguilar, Bertrand Brasil, Martins Fontes, etc. De modo que, em seu centenário, o livro de Augusto ultrapassa as 50 edições.
<br /><br />
O prefácio de Órris Soares, <i>Elogio de Augusto dos Anjos</i>, tem acompanhado todas as edições do <i>EU e outras poesias</i>. Apenas em duas edições especiais, <i>Augusto dos Anjos: poesia e prosa</i> e <i>Toda poesia de Augusto dos Anjos</i>, o texto de Órris foi substituído, respectivamente, pelo prefácio de Zeni Campos Reis e pelo insuperável ensaio do poeta Ferreira Gullar. <figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2gv0LCv9WiMpoqgaF28MS5q9SHJ7eoN_ceQB4q6zFdbAHavO7j-4Tkgjfa_wq3e_DrU8gpVFKGkOqJ3GmgPo3deVhCs9mf1fD_Aizf80G1w4owYvUKxPjHKjhyphenhyphenQhqZxteZ5VqBM6HKwA9xM3CBAJo1xHviMoIvz34ReORBHrLH3foiNbS7a8G333adt4/s1600/VERT%20COMUM%20%2841%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2gv0LCv9WiMpoqgaF28MS5q9SHJ7eoN_ceQB4q6zFdbAHavO7j-4Tkgjfa_wq3e_DrU8gpVFKGkOqJ3GmgPo3deVhCs9mf1fD_Aizf80G1w4owYvUKxPjHKjhyphenhyphenQhqZxteZ5VqBM6HKwA9xM3CBAJo1xHviMoIvz34ReORBHrLH3foiNbS7a8G333adt4/s1600/VERT%20COMUM%20%2841%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Ferreira Gullar <i class="fa fa-camera"></i>Arq. Nacional</div></figure>Na obra completa, organizada por Alexei Bueno, o prefácio histórico foi apropriadamente deslocado para a <i>Fortuna Crítica</i>.
<br /><br />
Sem dúvida, o mais marcante de Órris Soares em relação à poesia de Augusto foi o gesto. A capacidade de compreender antecipadamente que ela representava “riqueza e glória das letras brasileiras”. E a iniciativa de publicá-la, quando o poeta já não existia e parecia tão esquecido quanto seu livro único. Se a expressão exaltada com que tenta caracterizar a poesia parece imprópria à crítica contemporânea, os dois sonetos que ele destaca, <i>O lamento das coisas</i> e Eterna mágoa, são realmente antológicos e refletem a qualidade de sua percepção estética sobre a criação inovadora de Augusto.
<br /><br />
A tentativa do professor João Alexandre Barbosa de desqualificar essa edição de 1920 é improcedente e injusta. Órris é enfático ao indagar e responder que o poeta paraibano não se filiou a nenhuma escola literária. Acusá-lo de ser responsável pelo preconceito dos modernistas que “renegaram” Augusto e pelo que chamou de “oficialização” do nível de recepção estética é tão artificioso quanto inaceitável.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQJbjhcCTs8QH_ZZ-erGXdZI3_clBii_noNIkzbcxtwqh5ZLjou_8s8XWP0XRFZOYatKynvMXYeWTJqWMvqNvL_aXu7gjRhWUq_zhl7LDcSpxEU73USlSIg0zpE2xuCK4YMNUKMrtJJ8s_cyW0CbTqC3oowJPRyCMiBY9cSIlv1IVQZnlOK3Fd0_YkAKs/s1600/VERT%20COMUM%20%2842%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQJbjhcCTs8QH_ZZ-erGXdZI3_clBii_noNIkzbcxtwqh5ZLjou_8s8XWP0XRFZOYatKynvMXYeWTJqWMvqNvL_aXu7gjRhWUq_zhl7LDcSpxEU73USlSIg0zpE2xuCK4YMNUKMrtJJ8s_cyW0CbTqC3oowJPRyCMiBY9cSIlv1IVQZnlOK3Fd0_YkAKs/s1600/VERT%20COMUM%20%2842%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">C. Drummond de Andrade<br /><i class="fa fa-camera"></i>Arq. Nacional</div></figure>
O testemunho de Carlos Drummond de Andrade diz muito do homem que se considerava “um exilado nos livros” e que, segundo o grande poeta, “foi como se ele se exilasse dos próprios livros, para julgar de um planalto infinito e limpo de aparências.” Revelando o homem, Drummond ilumina os valores que o moviam em suas decisões: “Nunca vi o meu amigo Órris Soares fugir à obrigação intelectual da verdade em face de tudo. Foi dos homens mais livres, mais conscientes e mais fiéis à inteligência que já conheci.”
<br /><br />
O exercício dessa ética da “obrigação intelectual da verdade” e da “fidelidade à inteligência” levou Órris Soares à publicação póstuma de Augusto dos Anjos, como “uma sagrada dívida” que se impôs. Atitude que, além do registro permanente da História, merece a justiça do reconhecimento e da valorização, por ser um instante definitivo na trajetória do <i>EU</i>. Assim o grande Houaiss compreendeu “a suma importância da segunda edição feita por amor e devoção”.
<br /><br />
Hoje é pacífico o entendimento de que a poesia do <i>EU</i> foi consagrada pelo público. Ou <i>Augusto dos Anjos salvo pelo povo</i>, conforme escreveu Fausto Cunha, chegando a afirmar que o poeta paraibano “não deve coisa alguma à crítica literária deste País”. Isto há cinquenta anos, quando o <i>EU</i> começava a receber a atenção especializada de
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMIxSxaT3lZUHD938eboTzFs2Rm6Qow5bfzoT7fHimh_d2w_o0V1dtdSsGKgtxFxYV1I1AY_w0gtFNXkQWjZO3JibXccTIoZvvZeBcasOdfhkWngWIuDgghi2kujRExuimkgYIyoq_Ewld_0xeJQDMWemjnrqSIZyQP9SeXYpnTVClyGV9x2X-U6SS7_0/s1600/VERT%20COMUM%20%2843%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMIxSxaT3lZUHD938eboTzFs2Rm6Qow5bfzoT7fHimh_d2w_o0V1dtdSsGKgtxFxYV1I1AY_w0gtFNXkQWjZO3JibXccTIoZvvZeBcasOdfhkWngWIuDgghi2kujRExuimkgYIyoq_Ewld_0xeJQDMWemjnrqSIZyQP9SeXYpnTVClyGV9x2X-U6SS7_0/s1600/VERT%20COMUM%20%2843%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Antônio Houaiss <i class="fa fa-camera"></i>ABL</div></figure>
Antônio Houaiss e Francisco de Assis Barbosa, na 29° edição, primeira tentativa de corrigir os erros que se foram acumulando em meio século de publicações. No entanto, somente a 30º edição, com a nota editorial de Houaiss, atingiu a confiabilidade reclamada para o texto poético de Augusto dos Anjos.
<br /><br />
Em 1977, Zeni Campos Reis acrescenta, com absoluta segurança, esse cuidado do estabelecimento do texto. Publica <i>Augusto dos Anjos: poesia e prosa</i>, abrangendo, com sua pesquisa exaustiva e competente, a obra completa do poeta do <i>EU</i>, tornando-se fonte de consulta indispensável para os estudiosos.
<br /><br />
Enfim, em 1994, com a publicação da obra completa organizada por Alexei Bueno, temos um terceiro texto depurado dos antigos e persistentes erros. Esta sequência de trabalhos criou para as próximas edições uma responsabilidade maior em relação à fidedignidade do texto de Augusto. É o que se percebe no <i>EU e outras poesias</i> – edição especial revista e ampliada, da Bertrand Brasil. E na mais recente edição da Martins Fontes.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirMw4_W71J-_SJM9QUGl1LcIBLJXTYeQr0URPnNha2jS_zkQCmCOq9u83RLGzPIeRZbbp2bWW2DepvFHKH9OXBl9h4NGiD0ZUHCuKKEr7rDl8bISEPQG_g7ozB8MABE7iaT2Rg7CAiviGf37vm1zym7Vec39HNKDE_GLjCie0mrshh3a5izcu4mhe2EM8/s1600/VERT%20COMUM%20%2845%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirMw4_W71J-_SJM9QUGl1LcIBLJXTYeQr0URPnNha2jS_zkQCmCOq9u83RLGzPIeRZbbp2bWW2DepvFHKH9OXBl9h4NGiD0ZUHCuKKEr7rDl8bISEPQG_g7ozB8MABE7iaT2Rg7CAiviGf37vm1zym7Vec39HNKDE_GLjCie0mrshh3a5izcu4mhe2EM8/s1600/VERT%20COMUM%20%2845%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Eduardo Portela <i class="fa fa-camera"></i>ABL</div></figure>
As abordagens de leitura são outro aspecto, na travessia do <i>EU</i>, que exige reflexão. De tal forma que, em 1973, quando o professor Afrânio Coutinho organizou a coletânea <i>Augusto dos Anjos – textos críticos</i>, publicada pelo Instituto Nacional do Livro, o professor Eduardo Portella cunhou a expressão “infortúnio crítico” para salientar o predomínio de “manifestações estereotipadas ou adjetivas”. E conclui que “Augusto dos Anjos continua sendo um desafio crítico”.
<br /><br />
Isto porque, muitas vezes, o leitor confunde o Eu poético com a história pessoal do autor. Outras, porque falta ao pretenso leitor a perspectiva histórica e a informação teórica para o enfoque da poesia, ou até mesmo o conhecimento da estrutura poética e de seus recursos expressivos. No entanto, a segunda metade dos anos 70 será de estudos fundamentais para a compreensão crítica da poesia de Augusto e para a justa definição histórica de seu lugar na Literatura Brasileira.
<br /><br />
Professor Eduardo Portella ensina, com absoluta precisão, que “Augusto dos Anjos se localiza numa peculiar encruzilhada do pós e do pré, entre elaborações retardatariamente românticas, parnasianas, simbolistas, a essa altura debilitadas, e esboços ou manifestações discursivos, prenúncios do modernismo. O <i>EU</i> se projeta como avatar de radicalização da modernidade.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoe4N5mWX0NW4UAYV6SAp-un3gWERkC9sgrlBqNrktEaa_BvQEUuKN7-XE9IZNy4OyJYfoivBat2WnL3lFEKf509Hf-ouBnSU4IrHQYnuTlZKw3lyvEOhyphenhyphenSqboAwLFGTnnQXlnNCcKHG_MjAORqCECtYSwzoQm9o-kBfu3cZoUdhNOHZeKuJIiixM73tc/s1600/VERT%20COMUM%20%2846%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoe4N5mWX0NW4UAYV6SAp-un3gWERkC9sgrlBqNrktEaa_BvQEUuKN7-XE9IZNy4OyJYfoivBat2WnL3lFEKf509Hf-ouBnSU4IrHQYnuTlZKw3lyvEOhyphenhyphenSqboAwLFGTnnQXlnNCcKHG_MjAORqCECtYSwzoQm9o-kBfu3cZoUdhNOHZeKuJIiixM73tc/s1600/VERT%20COMUM%20%2846%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Augusto dos Anjos aos 11 anos<br /><i class="fa fa-camera"></i>@leopoldina.mg.gov.br</div></figure>
Ele desidealizou o conceito do gosto para dessacralizar a linguagem e, com isto, verbalizar despreconceituosamente a experiência humana. A precoce, e não raro prematura, desestetização corresponde ao programa de descarte do sublime.”
<br /><br />
Também em 1974 o poeta Ferreira Gullar começava a escrever o denso e completo ensaio <i>Augusto dos Anjos ou morte e vida nordestina</i>. Nele o EU se desvela em toda a sua grandeza histórica e na verdadeira genialidade da dimensão poética. É um estudo incomparável que nenhum leitor de Augusto poderá ignorar.
<br /><br />
A cosmo-agonia de Augusto dos Anjos, tese da professora Lúcia Helena, defendida na UFRJ, foi escrita e publicada no mesmo período do ensaio de Ferreira Gullar. Outro gênero de estudo, mas de conclusões convergentes, corrigindo distorções insistentemente repetidas na leitura do <i>EU</i>. Tem continuidade o interesse da crítica universitária pela obra de Augusto dos Anjos. No entanto, falta a divulgação necessária para esta produção de qualidade. Mas ela existe e cresce, resultando em teses defendidas à luz de diferentes postulados teóricos. É um novo padrão de leitura que irá enriquecer a próxima Fortuna Crítica do <i>EU</i>.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieIl9UDOB6C4gdhcJ3Z-ODeX5XDyKD0y_3zNPrqwuIbJowk21Db_MsRaMGGudUohyphenhyphenbZBVOfJ9IKS4D2UI9r2f8n1KxP_qDFt9L1O_Wa17p_elrpFhdITeicehV5XJUj8nUFWHVD99YvIe-_NEXK6JEWTuayCSRYKW_EP0FbZB8HQ8zDQHGWypFaik7Ows/s1600/HOR%20LONGO%20%2822%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="augusto anjos poesia paraibana angela bezerra" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieIl9UDOB6C4gdhcJ3Z-ODeX5XDyKD0y_3zNPrqwuIbJowk21Db_MsRaMGGudUohyphenhyphenbZBVOfJ9IKS4D2UI9r2f8n1KxP_qDFt9L1O_Wa17p_elrpFhdITeicehV5XJUj8nUFWHVD99YvIe-_NEXK6JEWTuayCSRYKW_EP0FbZB8HQ8zDQHGWypFaik7Ows/s1600/HOR%20LONGO%20%2822%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Tamarindo de Augusto (Sítio Pau d'Arco, PB)<i class="fa fa-camera">J@cks</i></div></figure>
O livro de Augusto chegou ao centenário na plenitude do reconhecimento. Um fenômeno editorial sem termos de comparação. Uma popularidade que levou o autor a ser eleito o paraibano do século XX. Uma diversidade de admiradores que é “transcendentalíssimo mistério”. E uma elevada compreensão crítica que destaca a obra de Augusto dos Anjos “como a mais patética indagação já feita, na poesia brasileira, acerca da existência do mundo e do sentido da vida humana”. Acrescentando ainda que: “jamais, antes dele, essa indagação se fizera em tal nível de urgência existencial e de expressão estética”.
<br /><br />
A marca original de conciliar o gosto popular e o erudito não se apagará da poesia de Augusto. Ela continuará encantando o povo e desafiando os críticos.
<br /><br />
A sua linguagem fantástica, de palavras misteriosas, estranhas ou íntimas demais, que transita sem limite entre a realidade, a fantasia, o sonho, a loucura e os tempos imemoriais, expandindo-se em ásperos sons, agônicos e dissonantes, fascina e atrairá sempre um público de características culturais extremamente diversificadas. Augusto já é febre entre os internautas, com o registro de seu nome em cerca de 587.000 páginas de acesso.
<br /><br />
É a universal grandeza do poeta, prevista em sua iluminada enunciação:
<br /><br />
<div class="citacao2 poesia borda3 roman" style="font-style:normal !important;background:#edf1f7 !important">Gozo o prazer que os anos não carcomem
De haver trocado a minha forma de homem
Pela imortalidade das Ideias.</div><br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="angela" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-10173001752143215462024-03-13T16:53:00.004-03:002024-03-13T19:17:08.203-03:00Gabriel - A visita<div id="neumanne"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZhZc4WaOBPGyNNpSzdXtQ-8pPLZ6clYl9MynY1VqX7voS-pb7UyTuBVbYCkvLWdVY0FSD7YvM6ZfSC19_FSaxYhk1mGywN3lkPWlMAsEJ_-ZV-F2dqNrWM5uQPvhhs2M-zRPsNW-laN23B_HDlRTYmiQRPMetJNUcWLu5dJW8CIuw90qOSsJjbLlPcXE/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2828%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="poesia paraibana jose neumanne pinto" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZhZc4WaOBPGyNNpSzdXtQ-8pPLZ6clYl9MynY1VqX7voS-pb7UyTuBVbYCkvLWdVY0FSD7YvM6ZfSC19_FSaxYhk1mGywN3lkPWlMAsEJ_-ZV-F2dqNrWM5uQPvhhs2M-zRPsNW-laN23B_HDlRTYmiQRPMetJNUcWLu5dJW8CIuw90qOSsJjbLlPcXE/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2828%29.jpg"/></a></div>
<div class="divisor3"></div>
<div class="citacao2 poesia borda3 roman" style="font-style:normal !important;background:#edf1f7 !important"><i>O Anjo, porém, acrescentou: "Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi</i>"
(Lucas 1:30-32)</div>
<div id="ornamento">
<div class="moldura superior" style="width:35%"> </div>
<div class="moldura media" style="width:35%"> </div>
<div class="citacao poesia" style="margin-bottom:50px;padding-left:5%">
Vieste dizer que vinha o Sol
e veio o galo cantar três vezes
só para negar o Menino;
viajaste nas nuvens
para que chovesse
e uma tempestade de pó
cobriu plantas, casas e animais
com um manto seco e sinistro;
carregaste bênçãos em teu bornal
e a serpente da maldição<a name='more'></a>
nelas se escondeu;
deste conta de graças
e a desgraça as acompanhou,
à sorrelfa;
contaste à Virgem
que seu Bebê obraria maravilhas
e Seus irmãos O executaram,
de tocaia;
trouxeste a boa nova
de um Pai severo
e a Mãe se derreteu
em gozo e delícia,
mas a desmancharam
em pranto e cólicas.
Ainda assim, o fogo que ateaste
fez arder a sarça
e alumiou a noite escura;
e o amor que anunciaste
deu rumo a um rebanho tresmalhado
e civilizou uma raça de bárbaros.
Volta, Arcanjo,
desce e entrega
novas propostas de paz
e cartas com letras de luz.
Canta hinos de encantar a vida
para espantar a morte
e faz brotar do imprevisto deserto
e mesmo do impossível mar,
que não virou sertão,
algo que se possa chamar de
futuro.</div></div>
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div><br />
<div class="nota">Do livro "<b>Antes de atravessar</b>",<br />disponível em 👉🏽 <a href="https://www.ibislibriseditora.com.br/antes-de-atravessar---jose-neumanne/p">Ibis Libris </a>
</div><div class="clear"></div>
<div id="neumanne" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-34945795802083048432024-03-13T13:47:00.004-03:002024-03-13T13:47:52.978-03:00Limitados e limitadores<div id="leo"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIM1dVqLB-NGMHbTBNKdnADqFCIT5LBorPPd38-AI5AE5kz2g8PnjBOQskLkHZFG4FnQDGHDEfnvJEr2EfTvha9mffijdJaQI8VB5Cz4u5kudQmpiMbkI3qka4RiqksjLePR1Zr9xycvjMotiQEZlRMWYd2Nr4uASgSmTZbcIMdMYWr7NKxh7x0bh6S7w/s1600/42.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="estatuas gregas limitacoes superacao" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIM1dVqLB-NGMHbTBNKdnADqFCIT5LBorPPd38-AI5AE5kz2g8PnjBOQskLkHZFG4FnQDGHDEfnvJEr2EfTvha9mffijdJaQI8VB5Cz4u5kudQmpiMbkI3qka4RiqksjLePR1Zr9xycvjMotiQEZlRMWYd2Nr4uASgSmTZbcIMdMYWr7NKxh7x0bh6S7w/s1600/42.jpg"/></a></div>
<div class="divisor" style="margin-bottom:20px"></div>
<div class="letra">Limitações são sempre sugestivas e subjetivas. Vêm da zona do dever e seguem até a do poder. Limites andam acompanhados de incompreensões, mas quando é explicitado que sua função é gerar uma felicidade, então seu denominador deve ser reavaliado.</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkGouFdDRvUIZIbFwVldQ02Fbbga33LhSPUWANNpnNh-Twa3n6y91TiN-kA2JTqNk-sRWK09TYiN9IW5U14BLM_PW6lx8BaXUfwoWESmd8K2cue4SqOyLD9E4sh2FlQA5tiTsJILMhZwZnUTEG5dinmRT8UrrTdkEs144SH8G-_ojJm3vP9t_cT3krRR0/s1600/43.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="estatuas gregas limitacoes superacao" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkGouFdDRvUIZIbFwVldQ02Fbbga33LhSPUWANNpnNh-Twa3n6y91TiN-kA2JTqNk-sRWK09TYiN9IW5U14BLM_PW6lx8BaXUfwoWESmd8K2cue4SqOyLD9E4sh2FlQA5tiTsJILMhZwZnUTEG5dinmRT8UrrTdkEs144SH8G-_ojJm3vP9t_cT3krRR0/s1600/43.jpg"/>
<figcaption class="credito transparente">
<span class="credir"><i class="fa fa-camera"></i>B. Ponomari
</span></figcaption></a></div>
</figure>
O artista, por exemplo, condessa as imperfeições de sua obra para depois transformá-la, lapidá-la. Do contrário, estaria conformado e não evoluiria.<br /><br />
Quanto mais somos combalidos, mais comprometimento com a força devemos ter. Retoques diários. Aperfeiçoamento da arte que há em si. Muitas ferramentas? Muitos consertos a serem feitos.<br /><br />
Quantos esboços de você são/foram feitos? Às vezes, alguém se intromete nesse processo e o rasura, e nós – na maioria das vezes – só ficamos de fato confortáveis quando os traços são construídos por nossas próprias mãos.<br /><br />
Abrir uma cicatriz dói dobrado, porque a carne já estava reconciliada; carne grossa, sobreposta.<br /><br />
O que você faz com a sua dor? Pinta um quadro? Compõe um poema? Constrói uma câmara de lamúrias? Semente que não se dispõe a romper a casca é infértil. Não cresce.<br /><br />
Escolha se você quer ser diamante falso ou cascalho real. Artifícios são temporários. De nada adianta pôr a poeira sob o tapete.
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQU85pmZ35DH51bQUP4D58TA_SlrheUms0vAp9FXcNJ8PpNdY3Py4U8m811IEMQlPnnOa9j0MHqRnkGkYG3MCB1i_FbTwHRKQyl8Z-za6ksKxn-pt21heQ8dqMpu_krWdJZznt8DeRn_XM2ZqS-d8g62Yxb6hZJ_tYn13LRTjhfOpRVtBb2d1FXU0LsKE/s1600/32.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="estatuas gregas limitacoes superacao" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQU85pmZ35DH51bQUP4D58TA_SlrheUms0vAp9FXcNJ8PpNdY3Py4U8m811IEMQlPnnOa9j0MHqRnkGkYG3MCB1i_FbTwHRKQyl8Z-za6ksKxn-pt21heQ8dqMpu_krWdJZznt8DeRn_XM2ZqS-d8g62Yxb6hZJ_tYn13LRTjhfOpRVtBb2d1FXU0LsKE/s1600/32.jpg"/><figcaption class="credito transparente">D. Nouri<span class="credir"></span></figcaption></a></div>
</figure>
Um dia começamos a expirar defeitos e contagiar os outros.<br /><br />
A fortificação é gradativa. Como músculo que sofre microlesões e depois se eleva.<br /><br />
Não perca a oportunidade de tocar nas suas fragilidades e não se reduza a elas. Tudo apenas existe por haver um oposto. Conheça seus avessos. Estamos em feitura. Estamos solidificando nossa “argamassa”.<br /><br />
No momento, zonas de conforto se formam, cercas também. Tantos questionamentos... O silêncio nasce quando as perguntas são mais desconhecidas do que as respostas. Uma coisa é certa: calar por medo é dar autoridade à ignorância. Diante da perspectiva de sermos mais, subtraímos as algemas da alma. Limite tem limite. Hora de dar um basta, portanto.<br /><br />
Há vozes com cordas poentes laçando nossos defeitos, solidificando uma visão sobre nós. Mas, nosso grito pela liberdade de ser o que somos é maior do que qualquer sussurro que venha nos limitar.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="leo" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-7947092632615371882024-03-13T00:20:00.001-03:002024-03-13T00:20:20.796-03:00Seis curiosidades linguísticas<div id="augusto"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsMT6pFbPxSO1jKYLlmrkJAJKszlfb80SeqfgCTLmd16WO3VzYUA-jpo4ZKmmVndAFdohB1WLLjJTsC5r13SGV1oMtzRRtH0W_LjyU5EjvCxZXyxf3HzN3m8jfgxshKbWovzh0eC1xFddfnkhb8TbZMxYkWqjh2EM5535L03zc935Li4bxaEAcoIYXWag/s1600/19.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsMT6pFbPxSO1jKYLlmrkJAJKszlfb80SeqfgCTLmd16WO3VzYUA-jpo4ZKmmVndAFdohB1WLLjJTsC5r13SGV1oMtzRRtH0W_LjyU5EjvCxZXyxf3HzN3m8jfgxshKbWovzh0eC1xFddfnkhb8TbZMxYkWqjh2EM5535L03zc935Li4bxaEAcoIYXWag/s1600/19.jpg"/></a></div>
<div class="divisor" style="margin-bottom:25px"></div>
<div class="letra2">1</div><b>Por que se diz “fazer ouvidos de mercador”?</b><hr /> Na pesquisa das origens de frases feitas (<i>Origens de anexins, proloquios, locuções populares, siglas etc</i>. 2.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1909), Castro Lopes deu asas à imaginação, e muitas de suas hipóteses devem ser descartadas, por carecerem de explicação convincente.<br /><br /> <a name='more'></a>
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBwfcL_VCYV2pVY8GigkTDvbhhvjVbKNNgpUe0t1MTewLk1wYnWVQQ6uwDmzSb-N4xf4vs8u0LK4GgcpU23KYlp0KJe8oQkyttUTTZFXIVS_IgTdWIeCHoUe4AxjOZjsBQ5RcjrxKBU4qWZRnAXsp6tm0uSR3DQbHktOaPyoH0AAq4jeACK6Iu4JZAFLQ/s1600/2.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBwfcL_VCYV2pVY8GigkTDvbhhvjVbKNNgpUe0t1MTewLk1wYnWVQQ6uwDmzSb-N4xf4vs8u0LK4GgcpU23KYlp0KJe8oQkyttUTTZFXIVS_IgTdWIeCHoUe4AxjOZjsBQ5RcjrxKBU4qWZRnAXsp6tm0uSR3DQbHktOaPyoH0AAq4jeACK6Iu4JZAFLQ/s1600/2.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
</figure>
Tal é o caso da expressão “lé com lé, cré com cré” que ele diz ter vindo de “leigo com leigo, clérigo com clérigo”, mas não explica como o ditongo fechado da sílaba “lei” poderia ter dado ”lé”, com a vogal aberta.<br /><br />
Há casos de monotongação e de mudança de timbre em verbos, na pronúncia popular dos nomes homógrafos, como “róbo” (verbo roubar), a distinguir-se de “rôbo” (roubo, substantivo). Não é esse o caso de “leigo com leigo”. Castro Lopes também não explica o rotacismo (mudança de <i>l</i> para <i>r</i>) na sílaba inicial de “clérigo” (cré). Melhor hipótese é a de João Ribeiro, ao propor “lei com lei, credo com credo” (RIBEIRO, João. Frazes feitas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1908): pode ter faltado a explicação da mudança de “lei” para “lé”, mas, pelo menos, não foi preciso explicar a evolução de “credo” para “cré”. Vasco Botelho do Amaral, em <i>Meditações críticas sobre a língua portuguesa</i> (Lisboa: Edições Gama, 1945, p.120-l), cita, sem explicar, a locução “da mesma lé”. Seria sinônimo de “laia”?<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijt7Cpw_upxwBkMKwHzyCszUIUgSVEWdEJeJYnzsAE194mQH22kJbUdILPClBubCWF1c3MQEnpbjO12lyqZB-SzBbdz7zdlLnvPPdIQ42IvuQeWhQSbIakJLGYbCsJ3T8nl-0akKbbxRDypVSx0HrOQNJ7-3IpOmXM0sBBom3ZdqQD217J9CzEUq-mHJM/s1600/3.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijt7Cpw_upxwBkMKwHzyCszUIUgSVEWdEJeJYnzsAE194mQH22kJbUdILPClBubCWF1c3MQEnpbjO12lyqZB-SzBbdz7zdlLnvPPdIQ42IvuQeWhQSbIakJLGYbCsJ3T8nl-0akKbbxRDypVSx0HrOQNJ7-3IpOmXM0sBBom3ZdqQD217J9CzEUq-mHJM/s1600/3.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
<div class="margens"></div>
</figure>
Qualquer hipótese, nesse terreno, poderia ser tão ruim quanto as de Castro Lopes e João Ribeiro. Por que não “léu com léu, crepe com crepe” (por “nudez com nudez, roupa com roupa”)? Pelo menos nesta hipótese (que aqui apresento como contestação) não é preciso explicar a mudança de timbre. É arriscado, senão leviano, fazer conjeturas sem
respaldo científico.<br /><br />
Está neste caso a expressão “fazer ouvidos de mercador”, que Castro Lopes explicou como corruptela de “fazer ouvidos de mau credor”, sem explicar como se deu a confusão entre “mau credor” e “mercador”, ou como se processaram as alterações fônicas. João Ribeiro acha que, na expressão, “mercador” é mercador mesmo, que, por gritar a plenos pulmões suas mercadorias em via pública, fez crer aos que o ouviam sua condição de mouco.<br /><br />
<figure class='esq meio'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ilAuRFU5N3m7U70DJuFCSzx2nfJB2mAQjd1wED_PnPq61fydqNPmij-wmekyVKs-CoxaQ2FpOoXl4Yqeh65WMW6QyhD2cBTEGYvKedm6XoynAxDX36Yy9uS8DmQvrF2s1-wC-OcZmB-x6jx2kF9mM2QQIQztyGd57oudhtG0TBPXLczViEmGFmrh-ZQ/s1600/5.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ilAuRFU5N3m7U70DJuFCSzx2nfJB2mAQjd1wED_PnPq61fydqNPmij-wmekyVKs-CoxaQ2FpOoXl4Yqeh65WMW6QyhD2cBTEGYvKedm6XoynAxDX36Yy9uS8DmQvrF2s1-wC-OcZmB-x6jx2kF9mM2QQIQztyGd57oudhtG0TBPXLczViEmGFmrh-ZQ/s1600/5.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
</figure>
Melhor explicação, dá-no-la Orlando Neves (<i>Dicionário das origens das frases feitas</i>. Porto: Lello & Irmão, 1992, s.v. “Fazer ouvidos de mercador”), que atribui à palavra “mercador” uma corruptela de “marcador”, nome que se dava ao carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus gritos de dor. O <i>Diccionario do Moraes</i> não consigna o termo “marcador”, mas, no verbete marcar, dá a seguinte explicação: “Pôr marca, sinal; v.g. marcar o gado com ferro quente; marcar o ladrão na testa;” o que confirma a existência da pena cruel e, consequentemente, a daquele que a aplicava. Assim, o “mercador” da frase feita é corruptela de “marcador”, o carrasco surdo às súplicas alheias.<br /><br /><br />
<div class="letra2">2</div> <b>Por que o homem brasileiro simples chama a esposa de “patroa”?</b><hr />A ideia é sutil. Um patrão não é apenas um dono. O patrão é a pessoa para quem se trabalha, aquele que é beneficiado com o produto do trabalho assalariado de alguém que está a seu serviço. Ora, a esposa, que, na sociedade patriarcal, não trabalha fora de casa, é a beneficiária do trabalho do marido assalariado. Em outras palavras, a mulher que é apenas uma dona de casa é a patroa, porque o marido trabalha para ela!<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtN2oeQDbc3nPMjPR_U7AmfAHZTsptQvDIKiOpS3pE_hE1kmvW7P9BLm9rwdsgi5UP7zQexu29d1SDUGD8kvz8VKY0m7VsXHKqKhmTr_l_wA1Fo98482OyMoABe8mQYkXhvfrsFQWua_BFSBwmo2A0ulNvZDVB0tdCXCjWHSZQM-Oxz4Z3CrUgFKYDqjU/s1600/6.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtN2oeQDbc3nPMjPR_U7AmfAHZTsptQvDIKiOpS3pE_hE1kmvW7P9BLm9rwdsgi5UP7zQexu29d1SDUGD8kvz8VKY0m7VsXHKqKhmTr_l_wA1Fo98482OyMoABe8mQYkXhvfrsFQWua_BFSBwmo2A0ulNvZDVB0tdCXCjWHSZQM-Oxz4Z3CrUgFKYDqjU/s1600/6.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
<div class="margens"></div>
</figure><br />
<div class="letra3">3</div><b> Por que velhos são “coroas”?</b><hr />
Quando houve a proclamação da República, tudo o que era imperial passou a ser sinônimo de coisa antiga. Em seu <i>Novo dicionário da gíria brasileira</i> (3.ed. Rio de Janeiro: Tupã, 1957, s.v. – a 1ª edição é de 1945), Manuel Viotti define “coroa” como gíria militar, com o sentido de “antiguidade, a monarquia decaída”. Por força do recrutamento obrigatório dos jovens de 18 anos, que, findo o treinamento, voltam às atividades civis e difundem a linguagem da caserna, muitas palavras da gíria militar acabam adquirindo foro de universalidade.<br /><br />
<figure class='dir meio'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjgcrGwpnJkCfdz5-LViSAqN4o1mUXBEI7ndyz4np7zuGmm9fdofoUDVuD9Pbtgcm3X0s0123nm7TujOKq0QcqVPEAPTI951-7vLdko5tHHfvwPOHq781Ex393_p03CG1RfDVLsN4poVxGWZqYG2wtSvoFS9U0-AepenI7pN1TZlqNWmLRBPk5wFRRY4o/s1600/8.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjgcrGwpnJkCfdz5-LViSAqN4o1mUXBEI7ndyz4np7zuGmm9fdofoUDVuD9Pbtgcm3X0s0123nm7TujOKq0QcqVPEAPTI951-7vLdko5tHHfvwPOHq781Ex393_p03CG1RfDVLsN4poVxGWZqYG2wtSvoFS9U0-AepenI7pN1TZlqNWmLRBPk5wFRRY4o/s1600/8.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
</figure>
Foi o que ocorreu com “rancho”, que designa o restaurante e, por extensão, a comida ou a refeição, como em “hora do rancho”, ou o que ocorreu com “batebute”, corruptela do inglês battle boot, “bota de batalha”, que designa o coturno ou o chapim. Assim, tudo o que era antigo ou velho era da coroa ou, simplesmente, por metonímia, era “coroa”. Um homem velho, portanto, é antiguidade, é coroa.<br /><br /><br />
<div class="letra2">4</div><b> Por que se diz “conto do vigário”?</b><hr />
A palavra “vigário” vem do latim vicariu-, que significa “substituto”. Isso quer dizer que o sacerdote é chamado vigário por ser um substituto do bispo, numa paróquia. O Papa é chamado de “vigário de Cristo”, isto é, o substituto de Cristo. É nesse sentido original de substituto que se chama “vicário” (com c, por ter entrado na língua por via erudita) o verbo que, numa oração, substitui outro, da oração precedente, como em “Se ele pergunta é porque não sabe”, onde o É está no lugar de PERGUNTA. <br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDMw3CiZNTqwCuVM-moKaYAX9TkoMYlX1ycM9r7BfRhEB45VHNkDK6jJiUadmGRgIbdldGLpdCTXjG3pzoG9Bdpwcy5cVlTlZdoOq6rSXFfOZMwISmxC3LWgYEXE3sHgjQ7XUssww7tfVrZjgv15cIXr9mtCPMUn8j4pXg0IpXE2oUiZi27yMxLYBR23E/s1600/9.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDMw3CiZNTqwCuVM-moKaYAX9TkoMYlX1ycM9r7BfRhEB45VHNkDK6jJiUadmGRgIbdldGLpdCTXjG3pzoG9Bdpwcy5cVlTlZdoOq6rSXFfOZMwISmxC3LWgYEXE3sHgjQ7XUssww7tfVrZjgv15cIXr9mtCPMUn8j4pXg0IpXE2oUiZi27yMxLYBR23E/s1600/9.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
<div class="margens"></div>
</figure>
A expressão “conto do vigário”, para designar um engodo, relaciona-se com o sentido primitivo do termo latino, e não com o sacerdote. Em outras palavras, “conto do vigário” é a história em que uma pessoa leva o substituto (sem valor) de algo que pretendia adquirir com vantagem. Em termos proverbiais: leva gato por lebre. Também se chama “conto do paco”. Paco veio do latim <i>paccus</i> ou do francês <i>pacque</i> (palavra originária do étimo neerlandês <i>packe</i>), por intermédio do lunfardo, como gíria de ladrões. Pacote é diminutivo de paco.<br /><br /><br />
<div class="letra2">5</div><b> Por que “amigo da onça”?</b><hr />
Alguns autores fantasiam a origem da expressão popular “amigo da onça”. Magalhães Júnior, em seu <i>Dicionário brasileiro de provérbios</i>, locuções e ditos curiosos (4. ed. Rio de Janeiro: Documentário, 1977, s.v. amigo da onça), conta a seguinte história: um caçador mentiroso dizia que fora acuado por uma onça de encontro a uma rocha. Sem armas e sem ter como fugir,
<figure class='dir meio'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6Fwbh0S3Cj9nvfvGEoH_njAsHmq8Vnn8oAEHkUHQP_iIt0MIu5VKogSDrGQrwK_e4TpDV8BhUNHcEKxBJUoJwz68oyKN_Vg4ZV0bUIwUDn25MrseyEtsq_Z55PIRcllBUCL6YR7OiGwMFhei5qLYFaPIkly3EGOCqaV0HJbCus91-CU32QkYCFQAUl0U/s1600/17.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6Fwbh0S3Cj9nvfvGEoH_njAsHmq8Vnn8oAEHkUHQP_iIt0MIu5VKogSDrGQrwK_e4TpDV8BhUNHcEKxBJUoJwz68oyKN_Vg4ZV0bUIwUDn25MrseyEtsq_Z55PIRcllBUCL6YR7OiGwMFhei5qLYFaPIkly3EGOCqaV0HJbCus91-CU32QkYCFQAUl0U/s1600/17.jpg"/>
<figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
</figure>
escapa dando um grito tão violento que a onça, assustada, fugiu em pânico. Ante o descrédito do ouvinte, o contador de história pergunta: “Você é meu amigo ou amigo da onça?” Antenor Nascentes, no <i>Tesouro da fraseologia brasileira</i> (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, s.v. amigo), conta outra história: um caçador, à beira de um abismo, encontrou uma onça. Tentou matá-la, mas a espingarda falhou. O caçador então pergunta ao ouvinte se ele imagina o que aconteceu em seguida. Este, obviamente, responde que a onça teria devorado o caçador. E o caçador, indignado, pergunta: “Você é meu amigo ou amigo da onça?” São histórias fantasiosas sem respaldo documental.<br /><br />
Ora, “onça”, na expressão em estudo, não designa o felino, porque está no sentido clássico de “miséria”. “Estar na onça”, para João Ribeiro (<i>Frazes feitas</i>, Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1908, p. 125-6) é estar na penúria. A libra tem doze onças. Estar na undécima onça é estar quase na miséria. João Ribeiro refere-se à expressão também em italiano: “su l’undic’once”, isto é, na undécima onça, quase na miséria. Macedo Soares (<i>Dicionário brasileiro da língua portuguesa</i>. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1954, vol. I; 1955, vol. II, s.v. onça) explicita que “estar na onça” é “loc. dos estudantes, não ter vintém”. Quem só tinha uma onça procurava guardá-la ou evitava gastá-la, para não ficar a zero.<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhISZW-jhx8h-wjssysrerM2A2IKqBfrPksvlXMUpHrH01GVI2qI1PwgB4gDX803coqnR81fwxo-Dkt-jHSxdQWgqfgRcaMVYegcEBbn5QUGyNc14E-t-70ozY51MWGEP_jeB1H6prAcRsVCOxCJXfk8nGiWsD2fHMi78GgkkbwP7zZAoxrpoAhrj4ows8/s1600/12.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" class="bordas pads" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhISZW-jhx8h-wjssysrerM2A2IKqBfrPksvlXMUpHrH01GVI2qI1PwgB4gDX803coqnR81fwxo-Dkt-jHSxdQWgqfgRcaMVYegcEBbn5QUGyNc14E-t-70ozY51MWGEP_jeB1H6prAcRsVCOxCJXfk8nGiWsD2fHMi78GgkkbwP7zZAoxrpoAhrj4ows8/s1600/12.jpg"/></a></div>
<div class="margens"></div>
</figure>
Tornou-se, portanto, compulsoriamente, um “amigo da onça”. Com o tempo, “amigo da onça” passou a sinônimo de “amigo da miséria” alheia, como o personagem que o humorista Péricles de Andrade Maranhão imortalizou nas <a data-fancybox href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg96aUaROkTezVZaGVIfjsoSZZl-fJ9DhztGs3qlETfWa1qPHUBo96lnpyP9lSHx2CJ_f7uTabWHV99JBxm8w-x3JkF8qH9j6FZvFdwp3Wn9XkhDy3A-NUyOyFR0uGfHMaPoDy2gSGODEaguIb1o6DEhTkc5PaR-Ys9tb9-eyJnTMS6jLtpLX9FOTXleeo/s1600/21.jpg">páginas da</a> revista O Cruzeiro.<br /><br /><br />
<div class="letra2">6</div> <b>Por que o mau motorista é barbeiro?</b><hr />
Viterbo afirma que barbeiro era o oficial “que se ocupava de alimpar açacalar, dar esmeril e guarnecer as espadas, adagas, etc.” (VITERBO, Joaquim de Santa Rosa. <i>Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal se usaram e que hoje regularmente se ignoram</i>. Edição crítica de Mário Fiúza. Porto: Civilização, 1965, s.v. Barbeiro das espadas.). O dicionário de Moraes Silva
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF7bhHwdoU8aJT3XMXhMP6xEBzxK3iJvpKGQZNsn39s892i_NwmTbQyUHxnMd6Jm7DBkRJJFzAlm-h112nbOqAsrEFTZFZ5w0xKAdKHc1B1yJ6zAKBWF8mNTRkAVjlkVzGbj_yafMJ7LavvQDTFO5EWZAAF4eHj3qWTzIOxUXcUm9bffOJUMqZW1Yk4hc/s1600/15.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="cuiosidades linguisticas portugues" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF7bhHwdoU8aJT3XMXhMP6xEBzxK3iJvpKGQZNsn39s892i_NwmTbQyUHxnMd6Jm7DBkRJJFzAlm-h112nbOqAsrEFTZFZ5w0xKAdKHc1B1yJ6zAKBWF8mNTRkAVjlkVzGbj_yafMJ7LavvQDTFO5EWZAAF4eHj3qWTzIOxUXcUm9bffOJUMqZW1Yk4hc/s1600/15.jpg"/><figcaption class="credito transparente"><span class="credir">MS
</span></figcaption></a></div>
</figure>
diz que barbeiro é o “Homem que faz as barbas, e as rapa, corta ou apara.” E conclui: “Há barbeiros de lanceta, ou sangradores, outros dantes concertavão as espadas limpando-as, e afiando-as, alias alfagemes” (s.v. Barbeiro). No seu <i>Glossário crítico de dificuldades do idioma português</i> (Porto: Simões Lopes, 1947), Vasco Botelho do Amaral (s.v. Barbeiro) cita Gonçalves Viana, que informa que, “sobretudo, o barbeiro tinha amplas funções de médico de aldeia, aplicando mezinhas e sanguessugas, fazendo sangrias, cortando calos e tirando dentes” e que “os barbeiros da aldeia tinham, além de outras, também funções de sangradores e de cirurgiões”. Vasco B. do Amaral lembra um anexim popular de sua época: “quem lhe dói o dente busca o barbeiro”. <br /><br />
Ora, quando um barbeiro era infeliz em alguma missão diferente daquela que lhe garantira o nome da profissão — ater-se à barba e ao cabelo — o povo lembrava que o insucesso da empreitada era “coisa de barbeiro” e não de médico ou de dentista especializado. Por extensão, era chamado barbeiro quem fazia de modo infeliz alguma coisa para a qual não era profissionalmente preparado. Um motorista, consequentemente, é barbeiro quando realiza algum tipo de manobra que denota a sua inabilidade ao volante ou a sua falta de vocação como condutor de veículo.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="augusto" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-15939770019513736752024-03-12T21:04:00.009-03:002024-03-12T22:12:26.108-03:00O filho da terra luminosa <div id="nunes"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig6dVOKby2F5oV4yKedQYuq5x0VEZlpbQPa_3DCG68j8R137trG96MuFJCtnl2V_GLpWUOGJxUg5hb_eC2gIVBWFBd_g7wuR5-d77AuHiMRD7MzoSH3FtJrCFqM3pEJcED9c4ng9_3B46wju0UC3G3EsshsEaH5fJJ4U86ikCJ1cVrYRYnBGCcqJDXHzs/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2825%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="joao suassuna paraiba ariano" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEig6dVOKby2F5oV4yKedQYuq5x0VEZlpbQPa_3DCG68j8R137trG96MuFJCtnl2V_GLpWUOGJxUg5hb_eC2gIVBWFBd_g7wuR5-d77AuHiMRD7MzoSH3FtJrCFqM3pEJcED9c4ng9_3B46wju0UC3G3EsshsEaH5fJJ4U86ikCJ1cVrYRYnBGCcqJDXHzs/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2825%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Quando leio poema de Ariano Suassuna sobre seu pai, o ex-presidente da Paraíba João Suassuna, morto em outubro de 1930, meu pensamento se volta para este homem que soube representar o Sertão, porque, detentor de fartura cultural e sinceridade no trato com as pessoas, pautou sua vida pelo bem servir, a começar pelos caboclos da brenhas inóspitas.</div><br /><a name='more'></a>
Por meio de Ariano Suassuna passei a admirar seu pai e na convivência com Dorgival Terceiro Neto, Natércia Suassuna e Manuelito Vilar, eu construí caminhos para penetrar na história deste homem que foi assassinado
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHf79ejY2tuBEk13TGG_34feqEdlJns0d0EBA-3mY7kLcEB11ufFmokPtLX5GLQGjQUxZWM8zxPwt5GZu0soyBYJiyMlpiQEk9yUt1XGoPNU5IVv8Guye-i6rFP6U0-pYbqpY0KsFNcv8qzFfJbzXI9kx77ez0C2epyXbZS2uRmwdEo22pkpEpiWS3ImY/s1600/VERT%20COMUM%20%2836%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="joao suassuna paraiba ariano" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHf79ejY2tuBEk13TGG_34feqEdlJns0d0EBA-3mY7kLcEB11ufFmokPtLX5GLQGjQUxZWM8zxPwt5GZu0soyBYJiyMlpiQEk9yUt1XGoPNU5IVv8Guye-i6rFP6U0-pYbqpY0KsFNcv8qzFfJbzXI9kx77ez0C2epyXbZS2uRmwdEo22pkpEpiWS3ImY/s1600/VERT%20COMUM%20%2836%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Ariano Suassuna <i class="fa fa-camera"></i>F. J. Nabuco</div></figure>
como o passarinho no dia 9 de outubro de 1930, no Rio de Janeiro. A decisão do meu bisavô materno, coronel João Mendes, de seguir seu legado político em Serraria, também contribuiu para a minha aproximação.
<br /><br />
Filho de uma terra áspera, integrante de uma civilização de homens que compunham elenco de pessoas fascinadas pelo Sertão, ele adquiriu pujança cultural e originalidade no viver com sua gente, por isso, no seu tempo, foi o principal representante do povo sertanejo.
<br /><br />
Gostava de viver no Sertão, ali aprendeu a respeitar a cultura do seu povo, a defender o trabalho como fonte de riqueza. Para ele, o Sertão era lugar mítico, e da região colheu gotas de sabedoria.
<br /><br />
O Sertão onde João Suassuna nasceu carregava marcas do tempo da “aristocracia do couro”, quando senhores da terra e vaqueiros formavam uma sociedade livre, estabilizada com sua economia rudimentar, numa região somente entendida com suscetibilidade. Sempre houve, no Sertão, um olhar para padre Ibiapina e padre Cícero, para o beato Antônio Conselheiro e para o coronel José Pereira, em Princesa, destes tirando lições.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxlBDg0ze7StL5i0FaAp6G9lg7P5RrS7qCcfPQSkBUquGrKhYENVWlUMJFu5k1Crz-fPX4icvHbXcWS_lgKfmr0EcgguEi3po3iBZ5dRSHFlXlypStEirRQyHIzO74X4uYUyAbTAUEc1n7yIaeWvdiIiDBygVpwzaHYzNCEeNvtO77m-r71ktPNu5PFvk/s1600/HOR%20LONGO%20%2814%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="joao suassuna paraiba ariano" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxlBDg0ze7StL5i0FaAp6G9lg7P5RrS7qCcfPQSkBUquGrKhYENVWlUMJFu5k1Crz-fPX4icvHbXcWS_lgKfmr0EcgguEi3po3iBZ5dRSHFlXlypStEirRQyHIzO74X4uYUyAbTAUEc1n7yIaeWvdiIiDBygVpwzaHYzNCEeNvtO77m-r71ktPNu5PFvk/s1600/HOR%20LONGO%20%2814%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Casa onde nasceu João Suassuna (Catolé do Rocha) <i class="fa fa-camera"></i>F. J. Nabuco</div></figure>
João Suassuna nunca se mostrou um político que precisava de artimanhas para o sucesso, mas “do arrimo, do aplauso e da solidariedade do povo, que seria a sagração e indiscutível soberania” para se sentir gratificado.
<br /><br />
Agora, tantos anos depois de sua passagem, chegou o tempo de reverenciar este homem acostumado a andanças pela terra encrespada, poeirenta e pedregosa do Sertão, lugar sagrado para ele, reino encantado e misterioso, que descreveu com relevante sabedoria. Por isso, para abrir o apetite do leitor reproduzo pedaços de textos produzidos por ele, ao descrever sua terra:
<br /><br />
<figure class='centro' style="margin-bottom:-12px !important">
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8WqgwjShRCbGub5N8vNglOfduPRL-cd_tVjhrC6NosHr5yw9fIh0Yf4yO1yjjjz7wxwh1EtFHF4M51Udf7swu9o1x0HRrsiqe5H7whmOWNkAmRA-MvSuxtr4ejWBDMKuzq1zKz6BOEx3daz86GXV6go0qerU8ni-XlyemweI4WH16B-ftj5I9ASiIts/s1600/HOR%20LONGO%20%2815%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="joao suassuna paraiba ariano" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8WqgwjShRCbGub5N8vNglOfduPRL-cd_tVjhrC6NosHr5yw9fIh0Yf4yO1yjjjz7wxwh1EtFHF4M51Udf7swu9o1x0HRrsiqe5H7whmOWNkAmRA-MvSuxtr4ejWBDMKuzq1zKz6BOEx3daz86GXV6go0qerU8ni-XlyemweI4WH16B-ftj5I9ASiIts/s1600/HOR%20LONGO%20%2815%29.jpg"/><figcaption class="credito transparente">
<span class="credir"><i class="fa fa-facebook-square"> </i> São João Do Barro Vermelho
</span></figcaption></a></div></figure>
<div class="citacao2 poesia roman" style="font-style:normal !important;background:#f6eee3 !important">“O Sertão, a terra luminosa do sol! O amor invencível a esta terra de dor, apego do líquen à rocha do sofrimento, é a fatalidade inelutável do destino de seus filhos. De mim, confesso a nostalgia inconsolável que me mata, quando longe desta incomparável gleba fascinante, extremamente boa e cruamente má.
Nem posso sofrer que se maldiga do seu sol, desse sol que é a coroa radiante do nosso martírio, mas que também envolve, nas bolandeiras irisadas dos seus halos, as nossas horas de abastança e alegria”.</div><br />
Não quero repetir aqui o que ele fez e pronunciou durante a trajetória política e nem muito menos como pai de família, porque, na tradição verdadeira, “não cultuamos as cinzas dos antepassados, mas sim a chama imortal que os animava”.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrnVVMLIlybhCehjNiYXmlNJBkTw9jbg6d4XTn9Xwb9ubLUq_AyjmhhMI_5G84Oo4ObLRBq_OPuCZZH4Quzrq26HZYfIREX0JvysT_asYPflol7jRfNvwAiwsvYxrBgXv9sLp5e7H2Nz1pjMubksoI71dtfgsdOfqWM6AoPsiEXBaiMtzqkkKGVMJMcr8/s1600/HOR%20LONGO%20%2817%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="joao suassuna paraiba ariano" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrnVVMLIlybhCehjNiYXmlNJBkTw9jbg6d4XTn9Xwb9ubLUq_AyjmhhMI_5G84Oo4ObLRBq_OPuCZZH4Quzrq26HZYfIREX0JvysT_asYPflol7jRfNvwAiwsvYxrBgXv9sLp5e7H2Nz1pjMubksoI71dtfgsdOfqWM6AoPsiEXBaiMtzqkkKGVMJMcr8/s1600/HOR%20LONGO%20%2817%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Rita e João Suassuna <i class="fa fa-camera"></i>F. Joaquim Nabuco</div></figure>
No silêncio do túmulo onde se encontra na terra sagrada de Taperoá, João Suassuna continua aguardando que lhe seja feita justiça, porque ainda em vida o levaram ao silêncio sepulcral em torno de sua obra de político e intelectual.
<br /><br />
Sempre presto minha homenagem a ele, que ao seu modo, angariou a simpatia de muitos, daqui e de outros estados.
<br /><br />
Um dia sua história será resgatada. Então, seremos herdeiros dos sonhos do bravo filho da terra luminosa.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="nunes" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-23555758035813687862024-03-12T17:33:00.007-03:002024-03-12T18:09:21.834-03:00Identidades secretas<div id="solha"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJKLDPJqkShbeapEJ5423m8szZVo-csFNAFMgYf_W9raE5rkc_Hwy1BwaNCE5NMpAE5nELabK-DkvHZVQ-5OhyphenhyphenhzdKsLDJYI14-rdQH64zw_IA-g686lwM8iBMO35iSEto0ewE611dY5x2_Nbj0VixhEL3anJ1It8tZzdaYee44pfZOMWyaFjtHamwvY8/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2823%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJKLDPJqkShbeapEJ5423m8szZVo-csFNAFMgYf_W9raE5rkc_Hwy1BwaNCE5NMpAE5nELabK-DkvHZVQ-5OhyphenhyphenhzdKsLDJYI14-rdQH64zw_IA-g686lwM8iBMO35iSEto0ewE611dY5x2_Nbj0VixhEL3anJ1It8tZzdaYee44pfZOMWyaFjtHamwvY8/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2823%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Quando nasci (em 41), o Super-Homem de 38 ) e o Capitão Márvel (39) tinham acabado de ser criados. Minha infância foi tomada pelo deslumbramento ante esses e outros heróis de dupla identidade. O tímido e atrapalhado jornalista Clark Kent, em cada situação de emergência tirava o chapéu, os óculos e a roupa convencional numa cabine telefônica, e dali se mandava voando, e - de aço, como era o Superman -, pronto pro que desse e viesse. Cada vez que o inviável pequeno radialista Billy Batson se via em perigo, ou alguém estava em vias de ser atacado, perto dele, gritava Shazam, um raio irrompia do céu sem nuvens - e ele se transformava no Capitão Márvel, que - além de alto, forte e invulnerável, ... também voava.</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRedi2IBGuo2g-lViHTsyKi1QYrLeK1So4OC5uUQjEjxwSiRpf3KHduaePNk7Do9AMo4fsFucjOtnWDk2E1Ju_IN4ZBitLtzIxom3eIhoA_XTlxWAl63z4zOWgZld0x9mM5AA1fnM1Tf1N3_FV992zkl4EoKkLr0L8Er7ntFecrZ-46CF8fReueBgiHpM/s1600/HOR%20LONGO%20%2815%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRedi2IBGuo2g-lViHTsyKi1QYrLeK1So4OC5uUQjEjxwSiRpf3KHduaePNk7Do9AMo4fsFucjOtnWDk2E1Ju_IN4ZBitLtzIxom3eIhoA_XTlxWAl63z4zOWgZld0x9mM5AA1fnM1Tf1N3_FV992zkl4EoKkLr0L8Er7ntFecrZ-46CF8fReueBgiHpM/s1600/HOR%20LONGO%20%2815%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Billy Batson e Capitão Márvel<i class="fa fa-camera"></i>CBR</div></figure>
E no <i>far west</i>? Toda vez que o pacífico Dr. Robledo via a coisa preta, tal como Clark Kent ele tirava os óculos, o terno, vestia-se de negro, lenço negro no rosto, e virava Durango Kid, exatamente como o afeminado e rico Don Diego de la Vega se transformava em... Zorro, paladino dos pobres, exatamente como o milionário Bruce Wayne fazia ao se transformar em Batman.
<br /><br />
Fascinado, construí, no matagal que havia diante de minha casa – em minha infância, lá em Sorocaba, SP, na Rua Oswaldo Sampaio, Bairro de Santa Terezinha - uma espécie de bat-caverna, algo que – não sei porque (já vasculhei, inutilmente, nos dicionários) eu chamava de “mineia” (com antigo e eficiente acento agudo no é). Lá estavam minha máscara, além do arco e de uma aljava cheia de flechas com que eu poderia atacar os imaginários marginais que estariam assolando o bairro.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDhqu_NADFdvLiUjsOnIllJ2CdnYPskl414-NlbzXNf2TSucAaPfDn3hC_wEUdLgW-Tz_FvAg-UzRqRMZuikuLMRrD0CyrpReE2FWqAqgQdkfNGHwGFrfPCi7jk5sLwCe_iU86yzvboD1p7EXSnhvU6L4hmN9yht9FhGFwultJ4IX2ZyMObdSCd4gTKEQ/s1600/HOR%20LONGO%20%2816%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDhqu_NADFdvLiUjsOnIllJ2CdnYPskl414-NlbzXNf2TSucAaPfDn3hC_wEUdLgW-Tz_FvAg-UzRqRMZuikuLMRrD0CyrpReE2FWqAqgQdkfNGHwGFrfPCi7jk5sLwCe_iU86yzvboD1p7EXSnhvU6L4hmN9yht9FhGFwultJ4IX2ZyMObdSCd4gTKEQ/s1600/HOR%20LONGO%20%2816%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Rua Osvaldo de Azevedo Sampaio (Sorocaba, SP) <i class="fa fa-camera"></i>Acervo do autor</div></figure>
Enquanto cresci, vi outros homens e mulheres de dupla identidade. Deslumbrei-me quando pela primeira vez vi dançarem juntos... Frederick Austerlitz e Virginia Khaterine McMath – Fred Astaire e Ginger Rogers -, algo tão estranho de ver fora da fantasia quanto, depois, ouvir pela primeira vez falar do casal americano perfeito: William Jefferson Blythe IV e Hillary Rodham – Bill e Hillary Clinton. E o nome de Lênin? Vladimir Ilyitch Ulianov – talvez porque “Vladimir” signifique “senhor do mundo” e “ulianov” – “vermelho”. Trótsky era Lev Davidovich ( Leão, Filho de Davi ) Bronstein. Stálin - Iosif Vissarionovich Djugatchvili. Ho Chi-Mihn, Nguyễn Sinh Cung.
<br /><br />
Trocam-se nomes como cobras trocam peles.
<br /><br />
Quando Doménikos Theotokópoulos fixou residência na Espanha, passou a ser El Greco. Quando o francês Charles Romuald Gardés tornou-se o grande cantor argentino de tangos, tornou-se Carlos Gardel. Quando a portuguesa Maria do Carmo Miranda da Cunha tornou-se a grande cantora brasileira de samba, virou Carmem Miranda. Quando Cassius Marcellus Clay Jr se converteu ao islamismo, mudou seu nome pra Muhammad Ali-Haj.
<br /><br />
<div id="foto2" style="border:1px solid #ccc;padding:10px 5px 0">
<div class="foto3" style="width:32%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjfUkipvrlvjTASWYNvWW_TFvfbrke8VHix8rnG8tOi7gLrLx3GmpTxJREpUlhEcuvbh-5-_-gu687jfcSnX33JL-es1fB0ZysFQfATrb5jEk_stAO6BSiYWjlZGosBPR8ypEH9b68GUyU9H_bWBlXZphbcHWEsLpwfooKG0j8ro1Y2TMg-naVQ2tE-xU/s1600/VERT%20COMUM%20%2831%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjfUkipvrlvjTASWYNvWW_TFvfbrke8VHix8rnG8tOi7gLrLx3GmpTxJREpUlhEcuvbh-5-_-gu687jfcSnX33JL-es1fB0ZysFQfATrb5jEk_stAO6BSiYWjlZGosBPR8ypEH9b68GUyU9H_bWBlXZphbcHWEsLpwfooKG0j8ro1Y2TMg-naVQ2tE-xU/s1600/VERT%20COMUM%20%2831%29.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:32%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKSzlpMjcxjgKoli3DGFg9lhC3DvSJlq8nIvxa_akLUH7XVOuPBCaR2oiZq7JxnxgWcM7TZXp3yyKk5jQEtEVnVu11v6PjTAg0tHFVQ2i7UqpOANJaxt9sHpxlEhjHxtclK-qJ5RPv3jJWA0jNicVNTOFTO2Cd8ln3FAZdyZmyvKVdfkgNgiWpe-LabMg/s1600/VERT%20COMUM%20%2832%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKSzlpMjcxjgKoli3DGFg9lhC3DvSJlq8nIvxa_akLUH7XVOuPBCaR2oiZq7JxnxgWcM7TZXp3yyKk5jQEtEVnVu11v6PjTAg0tHFVQ2i7UqpOANJaxt9sHpxlEhjHxtclK-qJ5RPv3jJWA0jNicVNTOFTO2Cd8ln3FAZdyZmyvKVdfkgNgiWpe-LabMg/s1600/VERT%20COMUM%20%2832%29.jpg"/></a></div>
<div class="foto3" style="width:32%"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimGoyQltZMrQAqeFGjP3yxg_XuW80Y2zWlEquUiIOIFx5dpEf8YNU33vnLXJTQQ9LzqclnC-DbKGLTyHEZolPxYrJsapaSMSrKARX-ZpHEIhgvSkVg58YAlWsIXfds5ZApGglhHwC3TJAsoiOX1aMZxKj6piol90C1-v8m2HaIYLOx7OXdr6-J2QrgR-Y/s1600/VERT%20COMUM%20%2830%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimGoyQltZMrQAqeFGjP3yxg_XuW80Y2zWlEquUiIOIFx5dpEf8YNU33vnLXJTQQ9LzqclnC-DbKGLTyHEZolPxYrJsapaSMSrKARX-ZpHEIhgvSkVg58YAlWsIXfds5ZApGglhHwC3TJAsoiOX1aMZxKj6piol90C1-v8m2HaIYLOx7OXdr6-J2QrgR-Y/s1600/VERT%20COMUM%20%2830%29.jpg"/></a></div>
</div>
<div class="cred borda centro" style="margin-top:5px !important;margin-bottom:30px !important;" >Carlos Gardel - Carmen Miranda - El Greco <i class="fa fa-camera"></i>CC0</div>
Assim, o cardeal Karol Józef Wojtyła passou a ser João Paulo II; Angelo Giuseppe Roncalli, João XXII; Joseph Alois Ratzinger, Bento XVI;
<br /><br />
Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco. O mesmo se deu com noviças quando passaram a freiras, como Agnes Gonxha Bojaxhiu tornou-se Madre Tereza de Calcutá e Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, Irmã Dulce.
<br /><br />
Fernando Pessoa – tendo em vista as várias personalidades poéticas que assumia – assinava ora como Alberto Caeiro, Ricardo Reis ou Álvaro de Campos, seus famosos heterônimos.
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqAcJI_-F20uX7JckbkZpTAkqsVYZap_6WWeb4Esra94IYGQQlTBL_ngVZ_Qqvlo_rA5LSEPbOuDNVNNiSspxC57DRWgurC8FVoOVO3JtwBnOgvjcm1VrgQvmxj1h4t2a0C5N1MDCgjTLd75-hihzBTigMNvS_E_2XgRFwm07K05rTkAVZvKie5XGaMGY/s1600/VERT%20COMUM%20%2833%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqAcJI_-F20uX7JckbkZpTAkqsVYZap_6WWeb4Esra94IYGQQlTBL_ngVZ_Qqvlo_rA5LSEPbOuDNVNNiSspxC57DRWgurC8FVoOVO3JtwBnOgvjcm1VrgQvmxj1h4t2a0C5N1MDCgjTLd75-hihzBTigMNvS_E_2XgRFwm07K05rTkAVZvKie5XGaMGY/s1600/VERT%20COMUM%20%2833%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Alberto Moravia<br /><i class="fa fa-camera"></i>Elisabetta Catalano</div></figure>
Vários outros escritores assinaram com nomes que não eram seus. Voltaire era François Marie Arouet. Molière era Jean-Baptiste Poquelin. Pablo Neruda era Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto. Maximo Górki era Aleksei Maximovich Peshkov. George Orwell era Eric Arthur Blair. Averroes era Abul Walid Muhammed Ibn Ruchd. Alberto Moravia era Alberto Pincherle. Anatole France era Jacques-Anatole-François Thibault. André Maurois era Émile Salomon Herzog. Stendhal era Marie-Henri Beyle.
<br /><br />
Todo mundo sabe que Marilyn Monroe era, na verdade, Norma Jean. Mas você conheceu ... Marion Michael Morrison? Era o John Wayne. Sabe quem é o ... Allen Stewart Konigsberg?: Woody Allen. Caryn Elaine Johnson?: Whoopy Goldberg. Sabe quem era ... Edda Kathleen van Heemstra Hepburn-Ruston?: Audrey Hepburn. Issur Danielovitch Demsky?: Kirk Douglas. Frances Ethel Gumm?: Judy Garland. Camille Javal?: Brigitte Bardot. Fred Mercury era ... Farookh Pluto Bulsara! Elton John é ... Reginald Kenneth Dwight!
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIcs6V0_7Y5penvWK5bDJl3SZ0yX2dmRExSTJ9WLJ5pidXLmPBK8BvzbFninTavNWvtujOI6UOL0fuUUawPACSazckcXn3KbAg_KQmeREW1Yz1GSNe8QzrMNFj-vd9vAi8y8Dc23FlOB85qZGMA9V2ZNH0KEM-vWmDwO_ypOW3KBRBGSRaSlQFYZ-VMrI/s1600/VERT%20COMUM%20%2834%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIcs6V0_7Y5penvWK5bDJl3SZ0yX2dmRExSTJ9WLJ5pidXLmPBK8BvzbFninTavNWvtujOI6UOL0fuUUawPACSazckcXn3KbAg_KQmeREW1Yz1GSNe8QzrMNFj-vd9vAi8y8Dc23FlOB85qZGMA9V2ZNH0KEM-vWmDwO_ypOW3KBRBGSRaSlQFYZ-VMrI/s1600/VERT%20COMUM%20%2834%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Adolf Eichmann <i class="fa fa-camera"></i>NBC/CC0</div></figure>
O nome, na verdade, faz diferença. Quantos judeus mudaram de nome pra escapar da Inquisição e do nazismo! Quantos nazistas fizeram o mesmo, no final da Segunda Guerra Mundial, pra se livrar de Nuremberg! Adolf Eichmann entregou-se a soldados americanos dizendo-se o cabo Adolf Barth, da Luftwaffe. Cada vez que era transferido de campo de prisioneiros, adotava um nome diferente. Acabou livre como Otto Heninger. Mas foi descoberto em 1960, quando se dizia Ricardo Klement, que trabalhava numa fábrica da Mercedes-Benz. Dilma Roussef, quando fazia parte da organização clandestina VAR-Palmares, usou os nomes de Estela, Luísa, Maria Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda. José Dirceu retornou de Cuba em 1975, aparência alterada por uma operação plástica, passaporte com nome de Carlos Henrique Gouveia de Mello.
<br /><br />
Veja um trecho da cena do balcão, de Romeu e Julieta, ato II, cena II:
<br /><br />
Julieta:
<br /><br />
Só o teu nome é meu inimigo. (...) O que há num nome? O que chamamos de rosa teria o mesmo perfume como quer que a chamássemos…
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrKKvr2nf0ho6XBjbF4j0Mia7H66QL0ylQGp6TwU6ntsQTBY98goC72HJv_Hpp32uRaYPo6z6WNeD8n4Redtbe9psuh8ZJHfssINnm9nvwfl_-VCwUEET276317kv5f-cV3FJ8Z3sdZVz674FGqflOHJ9Au-rIDH8Qq48nLSFNW8jCMdc1IcH742tcdU4/s1600/VERT%20COMUM%20%2835%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrKKvr2nf0ho6XBjbF4j0Mia7H66QL0ylQGp6TwU6ntsQTBY98goC72HJv_Hpp32uRaYPo6z6WNeD8n4Redtbe9psuh8ZJHfssINnm9nvwfl_-VCwUEET276317kv5f-cV3FJ8Z3sdZVz674FGqflOHJ9Au-rIDH8Qq48nLSFNW8jCMdc1IcH742tcdU4/s1600/VERT%20COMUM%20%2835%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred borda">Cena de 'Os 10 Mandamentos'<br /><i class="fa fa-camera"></i>Paramount</div></figure>
Bem, mas até o deus dos judeus teve identidade secreta. Ou várias. Ele só disse o seu nome quando se apresentou a Moisés, ao lhe falar de dentro da sarça ardente:
<br /><br />
- <i>Yahveh</i>!
<br /><br />
Ressoa-me na memória sua voz imponente, em Os Dez Mandamentos de Cecil B. DeMille:
<br /><br />
- <i>I am who I am</i>!
- Eu sou quem eu sou!
<br /><br />
Mas os judeus, a partir do século III a.C, entenderam que, no livro do Êxodo, <i>Yahveh</i> (Javé ou Jeová) dissera que não se deveria usar seu santo nome em vão. Passaram a chamá-lo de Adonay, que significa “Senhor”. Daí que, ao fazerem a tradução das Escrituras para o grego, <i>Yahveh<i></i></i> passou a ser “Kyrios”. Quando elas foram passadas para o latim, “Dominus”. Para o inglês, “Lord”.
<br /><br />
Quantas vezes, quando menino, rezei usando a expressão helênica:
<br /><br />
- <i>Kyrie eleison</i>. Senhor, tende piedade de nós.
<br /><br />
E, ao ver o padre entoar em latim, voltando-se para nós…
<br /><br />
- <i>Dominus vobiscum</i>!. O Senhor esteja convosco!...
... lembro-me de que eu respondia com todos os outros:
- <i>Et cum spiritu tuo</i>!... E com teu espírito!...
Como os únicos que podiam e sabiam pronunciar exatamente o tetragrama YHWH (יהוה) – <i>Yahveh</i> - eram os sacerdotes, no Templo, e como no ano 70 d.C o Templo foi destruído pelos romanos, esse nome – como ele realmente era – se perdeu. E em lugar de Adonay (Kyrios, Dominus, Lord, Senhor) passou-se, de uns tempos para cá, a se usar a palavra <i>Hashem</i>, que significa “O Nome”. Pura e simplesmente, o que remeteu sua identidade ao inextricável segredo que ela pedia.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div><br />
<div style="height: 0; margin: 0 auto; overflow: hidden; padding-bottom: 56.25%; position: relative; width: 100%;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" src="https://www.youtube.com/embed/zUm6rC0o7Po?si=qsdgCHhkiI1mTOdK" style="height: 100%; left: 0; position: absolute; top: 0; width: 100%;">
</iframe>
</div>
<div id="solha" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-77577847492548583442024-03-12T00:02:00.003-03:002024-03-12T00:02:00.133-03:00Escapando<div id="chico"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1xuSd3cSn_FDEZ0OYVP-9FaU1_9VnZEqQzTyNNfYhjHT1X9W__nwOjG_C647kWM2LpLx2ycgN3sdH9YN76lbwl80BkgoSyEBmEbua2PPIcn2YkOT2R_jWBjWabyR9QCqyKw2BNNtQVINKG6ZXpCJ1-MfQBLynX_5nhyS70JJ_tJqazGchLgxa7lKed40/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2822%29.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="risco sorte linguagem" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1xuSd3cSn_FDEZ0OYVP-9FaU1_9VnZEqQzTyNNfYhjHT1X9W__nwOjG_C647kWM2LpLx2ycgN3sdH9YN76lbwl80BkgoSyEBmEbua2PPIcn2YkOT2R_jWBjWabyR9QCqyKw2BNNtQVINKG6ZXpCJ1-MfQBLynX_5nhyS70JJ_tJqazGchLgxa7lKed40/s1600/HOR%20PRINCIPAL%20%2822%29.jpg"/></a></div>
<div class="letra">Seu Aderson era um velho amigo da família. Costumava nos visitar pelo menos uma vez por mês, geralmente aos domingos, quando ficava para o almoço. Vestia-se com a elegância que o salário da prefeitura permitia. Embora não fosse de sorriso fácil, parecia de bem com a vida. </div><br /><a name='more'></a>
Sempre que entrava em nossa casa e lhe perguntávamos como estava, Seu Aderson respondia: “Vou escapando.” Eu era muito pequeno e não entendia bem o significado daquilo. Escapando... de quê? Ouvira algumas vezes essa palavra e me acostumara a lhe dar um valor exagerado. Quando falavam sobre desastres, por exemplo, diziam que houvera tantas vítimas e que um ou outro tinha escapado. Em alguns casos, não escapara ninguém!
<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0iHCdBAIRsyCG-7sUHJE2rpVWk50kJE6D1PGL-av8O1F882EBXCfbvjGpjuPEmWjpmmJFPeo_8IUGERYde72-QK3-y0HTKBcz3HGpm-NkF1-qhfZh4fOvarPhGSN6D97OTpXqAdcUMwLAP9BYvuXwlb_p591cRYN7f-uq34qFSVsIiwnN6eovraNEEbY/s1600/VERT%20COMUM%20%2829%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="risco sorte linguagem" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0iHCdBAIRsyCG-7sUHJE2rpVWk50kJE6D1PGL-av8O1F882EBXCfbvjGpjuPEmWjpmmJFPeo_8IUGERYde72-QK3-y0HTKBcz3HGpm-NkF1-qhfZh4fOvarPhGSN6D97OTpXqAdcUMwLAP9BYvuXwlb_p591cRYN7f-uq34qFSVsIiwnN6eovraNEEbY/s1600/VERT%20COMUM%20%2829%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Celyn Kang</div></figure>
Isso fazia com que a palavra tivesse para mim um odor de tragédia. E lá vinha Seu Aderson banalizar-lhe o sentido, usando-a numa situação comum. O que ele tinha vivido de tão perigoso para dizer que ia escapando?
<br /><br />
O velho morreu faz tempo (disso não escapou) e eu continuo por aqui. Vivo num mundo algumas décadas diferente daquele em que ele viveu, e sempre que me perguntam como estou indo o meu impulso é o de repetir suas palavras: “Vou escapando.” E não digo isso por força de expressão.
<br /><br />
Ultrapassar mais um dia nos tempos atuais é sobreviver a uma série de combates e riscos. Quem consegue, escapou. O que diria Seu Aderson caso hoje lhe fosse exigido, por exemplo, percorrer as ruas da cidade à noite? Quem sai de casa nem sempre tem a certeza de voltar. As drogas e a bandidagem tornam qualquer percurso noturno uma aventura cujas consequências ninguém imagina. Ou imagina, sim, e por isso sai temeroso, deixando inquieta a família. Nunca pareceu tão verdadeira a conhecida frase de Guimarães Rosa: “Viver é perigoso.”
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVT9_2ApKXRpYw2wJmiZRgQCE-SV1IGSWx2axWkI_RutJNcVaXXC0dWahdT-ytOPZ5auP5O9kKRHth_YymgbbSnei-Sy_G1R9-nkCP2s8oNjPjDB9W6d3PkeDvX-9g3b6gjfk9kqzs5Ofj0tJ67XiD_Yu7LdeenG0R30fthoM8qqB9c65LhITNAtL55_U/s1600/HOR%20LONGO%20%2812%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="risco sorte linguagem" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVT9_2ApKXRpYw2wJmiZRgQCE-SV1IGSWx2axWkI_RutJNcVaXXC0dWahdT-ytOPZ5auP5O9kKRHth_YymgbbSnei-Sy_G1R9-nkCP2s8oNjPjDB9W6d3PkeDvX-9g3b6gjfk9kqzs5Ofj0tJ67XiD_Yu7LdeenG0R30fthoM8qqB9c65LhITNAtL55_U/s1600/HOR%20LONGO%20%2812%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Alejandro Tocornal</div></figure>
Já se começa o dia cercado por expectativas ameaçadoras. As principais manchetes da internet e dos jornais televisivos são de violência. Vizinhos assassinam vizinhos, pais matam filhos (ou vice-versa), netos matam avós, torcedores se trucidam nos estádios. Parece que o mundo se transformou num grande açougue, e ninguém está livre de ser abatido na próxima esquina. Dizer que os bandidos venceram a guerra contra a polícia virou um lugar-comum que aceitamos como uma irônica fatalidade.
<br /><br />
A violência não se alimenta apenas da desigualdade social. Entre pessoas da mesma classe também é grande o furor, a intolerância, o impulso de agredir por qualquer motivo (ainda mais em tempos de polarização ideológica, como agora). Parece que um enervamento sistemático corre em nossas veias. E o trânsito, com o perdão do trocadilho, é em grande parte o veículo dessa hostilização. Há carros demais, motos demais, gente demais querendo ir ao mesmo lugar na mesma hora.
<br /><br />
<figure class='centro'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidTr0dRRx_JurBYpFQmrNSaRkWtwvhxnBVtHm1yrBFpBgqI9vKB5ZmF_3cQVOCI-DLFSQszyGsgKOWafsnyzy8AQ1PBhCGk8uoTg3xd8iyL6aE5Bkob10SmxOTxyq3QAe3buvehq0c976gW2Ecx_txoPeN6ZaxuS87he_NOidRSYgRboojEYlUSsqUNq8/s1600/HOR%20LONGO%20%2813%29.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="risco sorte linguagem" border="0" data-original-height="700" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidTr0dRRx_JurBYpFQmrNSaRkWtwvhxnBVtHm1yrBFpBgqI9vKB5ZmF_3cQVOCI-DLFSQszyGsgKOWafsnyzy8AQ1PBhCGk8uoTg3xd8iyL6aE5Bkob10SmxOTxyq3QAe3buvehq0c976gW2Ecx_txoPeN6ZaxuS87he_NOidRSYgRboojEYlUSsqUNq8/s1600/HOR%20LONGO%20%2813%29.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>Durmuş Kavcıoğlu</div></figure>
Seu Aderson não tinha carro, andava a pé, o que sem dúvida lhe tornava mais fácil ir escapando. Nos dias de hoje há mais apelos e desafios. Escapar exige o concurso de todos os sentidos e também o bafejo da sorte. Num mundo em que a violência ultrapassou de muito os limites da racionalidade, voltamos a depender do acaso para ganhar mais um dia.
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="chico" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>Germano Romerohttp://www.blogger.com/profile/08213221306432704889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3814886169561186339.post-70168872779968601522024-03-11T20:53:00.001-03:002024-03-11T20:53:24.887-03:00Ouse ser sábio<div id="raul"> <div class="fotobio minifoto"></div></div>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8gagRt8Auw4siSjT49S031dAexpY29NpDdJ7sJ415Jrbxd65mhM57KThXsY7ZrhhJNrigpDZm-Lj-bKjQYZPokKJF5-9h9BQP0x4eXz0_ZrB12Z8xnArIT6rE29UqwoayFAWVCqNW1nMQ9JpvHlp8uw_qCwQl0LH4AO4KJRFa9-WjcZMIVbfk-wRakjk/s1600/30.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="trabalho remoto solidao" border="0" data-original-height="683" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8gagRt8Auw4siSjT49S031dAexpY29NpDdJ7sJ415Jrbxd65mhM57KThXsY7ZrhhJNrigpDZm-Lj-bKjQYZPokKJF5-9h9BQP0x4eXz0_ZrB12Z8xnArIT6rE29UqwoayFAWVCqNW1nMQ9JpvHlp8uw_qCwQl0LH4AO4KJRFa9-WjcZMIVbfk-wRakjk/s1600/30.jpg"/></a></div>
<div class="letra">A solidão está no noticiário como uma dor social frequente, e acabou indo a público por meio da imprensa, que despertou atenção para esse problema de saúde nos Estados Unidos. O Sr. Vivek Murthy — equivalente ao ministro da saúde norte-americano — publicou um relatório de 82 páginas sobre o tema. O documento intitula-se “Nossa epidemia de solidão e isolamento” e tem o subtítulo “Os efeitos curativos da conexão social e da comunidade”.</div><br /><a name='more'></a>
<figure class='esq meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTBjbUmmvrvJx6DMBFHbhoUo4Du00-eDdfBerymvX7CFtST0R60NB5UYoOlWVmGhjTHI62prkzXcQ80EXUnxT9zuNcJU7Ja5SOr2imBBp57xmeL2Nru5xOjWD9CnUl-COBVzUCe4RyPjIoehDZOkPeh1JSAb1CkbKhCAJJIdRi3NITsZDmrwV6gIHNfBk/s1600/44.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="trabalho remoto solidao" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTBjbUmmvrvJx6DMBFHbhoUo4Du00-eDdfBerymvX7CFtST0R60NB5UYoOlWVmGhjTHI62prkzXcQ80EXUnxT9zuNcJU7Ja5SOr2imBBp57xmeL2Nru5xOjWD9CnUl-COBVzUCe4RyPjIoehDZOkPeh1JSAb1CkbKhCAJJIdRi3NITsZDmrwV6gIHNfBk/s1600/44.jpg"/></a></div>
<div class="cred"><i class="fa fa-camera"></i>T. Miroshnichenko</div>
</figure>
É chocante saber que a falta frequente de conexão social pode prejudicar a saúde física de forma tão perigosa quanto fumar 15 cigarros por dia. Quando a vida é vista pelo ângulo da juventude, parece um teatro de marionetes à distância. Mas, quando é observada pelo prisma do adulto, parece estar no palco, com detalhes reais e desgastados.<br /><br />
As ligações sociais tornam mais leve o conviver com os pregos e parafusos, o óleo esparramado pelo chão e as portas abertas sem tranca, que poderiam esconder a intimidade e nos proteger dos perigos.
É no contexto das relações de trabalho que o homem cria suas habilidades sociais e a capacidade de interagir. Esses dois atributos ele não conseguirá desenvolver trabalhando em <i>home office</i>.<br /><br />
Desde 1990, o número de homens que relatam não ter amigos próximos saltou de 3% para 15%. Suas redes sociais encolheram mais do que as das mulheres. A raiz do problema é profunda e longa e, atualmente, deve-se em parte ao colapso dos “terceiros espaços”, que costumavam sustentar as amizades.<br /><br />
<figure class='dir meio2'>
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmEx8VNA059jm19nBKY-cs0d3hvlzo44g2siv0OGC1s81Me_uly4bvQ5GzFNB2l84zMuCY8QhtwZVVg2dcdX5XV1K6AaO0eIVQkXe2Ptu_Q9TAUEH4LHXv22FuFRrZkJt0pmGwZxa-0fYViHaoaPesEJvHKhYJe9wwciuXksnGss8Vpy5wwgoDkl7pBzg/s1600/32.jpg" style="display: block; padding: 0; text-align: center; "><img alt="trabalho remoto solidao" border="0" data-original-height="1500" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmEx8VNA059jm19nBKY-cs0d3hvlzo44g2siv0OGC1s81Me_uly4bvQ5GzFNB2l84zMuCY8QhtwZVVg2dcdX5XV1K6AaO0eIVQkXe2Ptu_Q9TAUEH4LHXv22FuFRrZkJt0pmGwZxa-0fYViHaoaPesEJvHKhYJe9wwciuXksnGss8Vpy5wwgoDkl7pBzg/s1600/32.jpg"/></a></div>
<div class="cred direita"><i class="fa fa-camera"></i>T. Miroshnichenko</div>
</figure>
Locais como bares, academias, parques e igrejas permitem desenvolver amizades profundas, porque não envolvem <i>status</i>, poder e competição, como em um ambiente de trabalho estressante. Na solidão do trabalho remoto, surgem pensamentos do tipo “porque certos absurdos acontecem somente comigo”?<br /><br />
Eis o momento para realizarmos um acordo com esse absurdo, para encontrar paz e sentido em nossas vidas e entender que mesmo um dia carregado de desafios pode ser compreendido como feliz. Devemos procurar novos laços em outros ambientes. Como disse Michel Foucault, para que isso ocorra, é necessário ter um gesto de grande força para se separar do seu eu doentio, e não comprometer sua vida.<br /><br />
Portanto, “Sapere aude”, que significa “atreva-se a conhecer”, termo utilizado pelo filósofo Immanuel Kant, que também foi traduzido de uma forma vaga como “ouse ser sábio” e “tenha coragem de pensar por si mesmo”.<br />
<div class="gradiente margem">
<div class="pontofinal"></div></div>
<div id="raul" class="boxbio"> <div class="fotobio"></div> <span class="bio"></span> </div>
Ambiente de Leitura CRhttp://www.blogger.com/profile/09597940738571802708noreply@blogger.com1