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Quando faço um poema, busco sempre inserir uma palavra nova, que ainda não usei, em seus versos. Nem sempre consigo, porque às vezes o...

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Quando faço um poema, busco sempre inserir uma palavra nova, que ainda não usei, em seus versos.

Nem sempre consigo, porque às vezes o poema cisma em usar do trivial para dizer o que quer.

É, meus amigos, poema é bicho manhoso e às vezes só quer um pezinho para mandar em você.

Gosto de acordar cedo, ainda com o cri cri dos grilos no ar. Quando por algum motivo perco a hora e acordo um pouco mais tarde, é como ...

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Gosto de acordar cedo, ainda com o cri cri dos grilos no ar. Quando por algum motivo perco a hora e acordo um pouco mais tarde, é como se o dia ficasse mais curto.

E gosto dos cheiros das manhãs.

E da sensação de que tudo está começando de novo.

Por que o que é a vida senão um eterno recomeço?

Há quem acredite em inferno astral, que um mês antes de seu aniversário as coisas saem do eixo, tudo dá errado etc. Comigo acontece ...

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Há quem acredite em inferno astral, que um mês antes de seu aniversário as coisas saem do eixo, tudo dá errado etc.

Comigo acontece o contrário.

O período anterior ao meu aniversário é quando as coisas mais fluem positivamente. Tanto que diversos lançamentos de livros meu aconteceram nesse período. E lançamento de livro para mim sempre foi uma festa.

"A literatura de ficção não acabou, o que está acabando é o leitor" (Rubem Fonseca) Que seria do mundo não fossem os r...

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"A literatura de ficção não acabou, o que está acabando é o leitor"
(Rubem Fonseca)

Que seria do mundo não fossem os romancistas? Comecei minhas leituras na juventude com gibis, depois poesia e só então cheguei aos romances.

Minha porta de entrada na ficção foi através dos livros da Coleção Vagalume.

Lembram dela?

“O escaravelho do diabo”, “A ilha perdida”, “Éramos seis” e “As aventuras de Xisto” foram alguns dos meus companheiros de adolescência.

Se Caetano Veloso fosse criar “Sampa” hoje talvez mudasse um dos versos mais emblemáticos para: “É que Narciso acha feio o que não é Fa...

Se Caetano Veloso fosse criar “Sampa” hoje talvez mudasse um dos versos mais emblemáticos para:

“É que Narciso acha feio o que não é Facebook”.

Não só Facebook, mas redes sociais de modo geral.

Elas, as redes sociais, foram feitas para que possamos cultuar nosso narcisismo, na medida em que estimula as curtidas, os “amei”, “uau”, compartilhamentos e comentários em cada postagem.

Acordei de madrugada com a notícia da passagem de Juca Pontes . Tive um choque na hora e não acreditei, saindo a perguntar a um monte ...

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Acordei de madrugada com a notícia da passagem de Juca Pontes. Tive um choque na hora e não acreditei, saindo a perguntar a um monte de gente.

Juca era um amigo muito bom, de todos que o conhecia. Nunca o vi falar mal de ninguém e ajudava quem podia. Era um dos nossos melhores poetas.

E também um dos melhores editores de livros que conheci.

Acho bonito quando leio/vejo, no noticiário, que “os açudes estão sangrando”. Em primeiro lugar, porque saber que os açudes estão s...

acude sertao barragem paraiba chuva
Acho bonito quando leio/vejo, no noticiário, que “os açudes estão sangrando”.

Em primeiro lugar, porque saber que os açudes estão sangrando é sinônimo de alegria para nós nordestinos.

Sinal de boa colheita, de bênçãos, de bom inverno.

      Às vezes acho que a mãe de Kafka era uma barata. Que Machado de Assis era o alter ego de Dom Casmurro. Que Jorge Amado s...

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Às vezes acho que a mãe de Kafka era uma barata. Que Machado de Assis era o alter ego de Dom Casmurro. Que Jorge Amado sonhava em ser Nassib. Que Júlio Verne se afogou nas milhas submarinas. Que Cortázar jogava amarelinha. Que Adélia Prado só viajava sem bagagem. Que Garcia Marques era um solitário. Que José de Alencar viveu com Ceci. Que Sartre não foi existencialista. Que Rachel de Queiroz serviu no Quinze de Cruz das Armas. Que, antropofagicamente, Oswald comeu ele mesmo. Que Drummond dormia numa pedra. Que Clarice vive dentro do meu coração selvagem. Que Borges era rato de biblioteca. Que Saramago ensaiou nossa cegueira. Que Shakespeare conheceu Hamlet. E que Augusto dos Anjos nos fez profundissimamente hipocondríaco.

O Budismo prega o desapego como antídoto para o sofrimento. O desapego material, mas até mesmo não guardar sentimentos e emoções. Emb...

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O Budismo prega o desapego como antídoto para o sofrimento. O desapego material, mas até mesmo não guardar sentimentos e emoções.

Embora estude o Budismo e admire sua doutrina, essa parte do seu dharma é bem difícil de praticar, principalmente em relação a sentimentos. Como dizia o Legião Urbana, “sou um animal sentimental; me apego facilmente ao que desperta o meu desejo “.

Li sem o fanatismo dos religiosos nem o desprezo dos ateus. Li por estudar as religiões, pela busca de explicações espirituais, pelo...

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Li sem o fanatismo dos religiosos nem o desprezo dos ateus. Li por estudar as religiões, pela busca de explicações espirituais, pelo prazer de uma boa leitura, por não gostar de comentar sobre o que não li ou vi.

Há dois anos, exatamente quando começou a pandemia da Covid, tomei para mim o desafio de ler integralmente a Bíblia — o Velho e o Novo Testamentos: do Gênesis ao Apocalipse.

E assim foi feito.

O livro é sempre tratado como a Geni da cultura, mas sempre resiste. Estava lendo texto de Machado de Assis sobre “O jornal e o livr...

livro impresso e-book
O livro é sempre tratado como a Geni da cultura, mas sempre resiste.

Estava lendo texto de Machado de Assis sobre “O jornal e o livro”, publicado no Correio Mercantil em 1859.

Com loas ao papel do jornal, Machado sugere o aniquilamento do livro. Machado indaga: O jornal matará o livro? O livro absorverá o jornal? Vejam o que dizia nosso maior escritor:

Há muito tempo não uso relógio. E fui daqueles que tinha relógios coloridos que mudava de pulseira como quem muda de horas. Depois, vi...

Há muito tempo não uso relógio. E fui daqueles que tinha relógios coloridos que mudava de pulseira como quem muda de horas.

Depois, vi que o tempo está dentro de nós. Assim como o sol que viola a janela de meu quarto nessa manhã virótica.

Às vezes, acho que meu relógio do tempo está sempre sendo reiniciado do zero. Como em um filme a que assisti (já faz tempo) e não lembro o nome.

Sara Groblechner
Mas não reclamo. É como se nunca tivesse deixado de ser o zumbi de lá atrás.

Outro dia coloquei aqui um poema de Cassiano Ricardo sobre o relógio, poema este que gosto muito:

O Relógio
Diante de coisa tão doida Conservemo-nos serenos Cada minuto da vida Nunca é mais, é sempre menos Ser é apenas uma face Do não ser, e não do ser Desde o instante em que se nasce Já se começa a morrer

Curioso que nunca fui muito de venerar relógios.

Quando era guri, queria ter um, porque a gente sempre quer o mundo adulto quando estamos pequenos.

Então, como os demais meninos da rua, costumava desenhar a lápis um relógio em meu braço esquerdo (aliás, nunca entendi porque só se usava relógio em braço esquerdo).

Mile Cure
O desenho era tosco, pois sempre fui péssimo nessa arte, mas atendia à vaidade de achar que tinha um relógio no braço.

Depois, viraram moda uns relógios coloridos, com as pulseiras de cores diferentes.

A gente comprava um e ele vinha com várias pulseiras de cores diferentes, lembram?

Eu tive um bicho desses, não sei se foi comprado ou se ganhei. Parei de usar relógio depois que comprei meu primeiro celular.

Àquela altura, já usava o relógio apenas para ver as horas, e não mais para enfeitar minha vaidade.

Como o celular já tem a hora na tela, preferi parar de usar relógio. Mas o poema de Cassiano Ricardo guardo comigo até hoje.

Afinal, “cada minuto da vida/ nunca é mais, é sempre menos”...

Outro dia uma pessoa querida comemorou aqui o fato de “eu não ser intelectual”, ao confessar que gostava do antigo seriado A Feiticeir...

intelectualidade diversidade critica
Outro dia uma pessoa querida comemorou aqui o fato de “eu não ser intelectual”, ao confessar que gostava do antigo seriado A Feiticeira.

O comentário me levou a tempos outros, quando, ainda adolescente, me trancava no quarto para ouvir Chico Buarque e algumas pessoas diziam, em tom de crítica, que eu era “intelectual”.

Engraçado que sempre li muito, sempre escrevi muito, mas nunca me senti um “intelectual”, não no sentido que geralmente as pessoas falam.

Não sei porque ainda me surpreendo com a arrogância de alguns jovens. Outro dia recebi mensagem de um jovem poeta no Direct do Instagram...

linaldo guedes cara de pau esnobismo arrogancia
Não sei porque ainda me surpreendo com a arrogância de alguns jovens. Outro dia recebi mensagem de um jovem poeta no Direct do Instagram. Dizia que por indicação de um poeta amigo, estava me procurando para escrever uma resenha sobre um livro que tinha lançado recentemente. Queria me enviar o livro por email em pdf para eu ler e escrever a resenha.

A Semana Santa há de ser sempre tempo de lembrar as lições cristãs mais duras. Justamente as que recusamos praticá-las. Falo daquelas que ...

A Semana Santa há de ser sempre tempo de lembrar as lições cristãs mais duras. Justamente as que recusamos praticá-las. Falo daquelas que Jesus Cristo praticou com altivez e resignação, como sacrificar-se pelos seus semelhantes. Ou expulsar os vendilhões do templo. Ou desafiar alguém a atirar a primeira pedra se não tivesse pecado.

      Sossego como azeite para o palestino : correria solta de menino pés no chão, barro batido por trás da casa, o açude banhan...

 
 
 
Sossego
como azeite para o palestino : correria solta de menino pés no chão, barro batido por trás da casa, o açude banhando mãe, banhando filho, banhando primos tudo nu, sem malícia e nem milícia na casa grande, a avó com panelas chiando fogo e janelas abertas para o silêncio na cadeira de balanço, o avô sentado por baixo do grosso chapéu o jeito todo seu de ralhar até com o céu ( - eita, moleque, cabelo grande é coisa de mulher)

Mário de Andrade visita o Sertão (para William Costa) (alguém lê mário de andrade ninguém conhece mário de andrade) o homem...

Mário de Andrade visita o Sertão
(para William Costa) (alguém lê mário de andrade ninguém conhece mário de andrade) o homem traga o cigarro o homem traga o insulto ao burguês o homem permanece sentado sem insultar o burguês (o copo na mão, o livro no chão o violão na outra, mário de andrade no chão) um garoto pedala sua bicicleta rumo ao futuro o garoto vai ser emboscado e não encontrará mário de andrade

    Os ferreiros um bate lá outro bate cá um bateaqui outro bateacolá por instantes desafinam a monotonia da caatinga. ...

poesia paraibana linaldo guedes
 
 
Os ferreiros
um bate lá outro bate cá um bateaqui outro bateacolá por instantes desafinam a monotonia da caatinga.
Primeira infância
os meninos do sertão já nascem sorrindo para a rua às vezes nus outras, não

Belle de jour não, não é catherine de novo em busca de bordéis para saciar a sede secreta de buñnuel é juliana, sim, bela ...

poesia paraibana linaldo guedes
Belle de jour
não, não é catherine de novo em busca de bordéis para saciar a sede secreta de buñnuel é juliana, sim, bela na tarde cajazeiras; bela na tarde capital remake do que ainda está por vir: surrealismo cinematográfico - quadro de dali em rascunho eterno juliana, que caminha nas tardes , inconscientes de sua beleza em primeiro plano, seu sorriso no the end, o silêncio e o sertão dialogam para que o litoral reverencie suas maçãs secretas : ela, protagonista de um filme de almodóvar.

    Entre o rio e o mar tem semanas que acordo janeiro versos feito cabral seco ácido sertão lâmina e pedra na poesia galo esconde...

natal dezembro poesia fim de ano
 
 
Entre o rio e o mar
tem semanas que acordo janeiro versos feito cabral seco ácido sertão lâmina e pedra na poesia galo escondendo a manhã dias em que custam suores recordar outros valores lembrar dos asfaltos de jambeiros andar pelas ruas, Jaguaribe : há que sempre mirar adiante nadar nada no capibaribe colhendo feijão e poemas lá na cozinha da casa grande tão pequena tem semanas que me fixo em junhos versos vem de vinícius