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Sim, que seria de nós sem as frutas? Segundo as Escrituras foi a comida do fruto proibido, que complicou a vida de Adão e Eva. E esse fruto, ao que se informa, foi a maçã, que terminou se transformando num abacaxi.

A gente fica absorto quando contempla o firmamento, com suas galáxias, provando a existência de Deus. Sim, como admitir um Universo criado pelo acaso? Nada sai do nada. Bem define O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec quando respondendo à pergunta: “O que é Deus?” A resposta veio incisiva: “Deus é a inteligência suprema do Universo, causa primária de todas as coisas”. Daí se deduz que o homem é apenas uma causa secundária de todas as coisas.

Mas, voltando ao Universo, o grande Pascal se abismava quando contemplava o firmamento, sobretudo à noite. Mas há outras evidências provando a existência divina. O próprio homem é uma comprovação, o homem e o seu corpo, que é um universo em miniatura. Há trilhões de estrelas no céu e trilhões de células no nosso corpo.

Aí você indaga: e qual a razão do título deste texto? Ora, é porque a prova da existência de Deus não está apenas no firmamento, no nosso corpo, mas nas frutas. E minha boca já começa a se encher d'água só em me lembrar de uma gostosa manga, a fruta que mais marcou presença na minha infância. Fui um menino de sítio, que era o meu paraíso, o paraíso de minha infância. No sítio havia tudo que era de fruta.

Eis algumas delas: manga, banana, abacate, jaca, melancia, cacau – donde sai o chocolate – laranja, goiaba, pitomba, oliveira, jenipapo – com seu cheiro de sovaco – groselha, pitanga, coco, fruta-pão, abricó, quanta variedade, meu Deus do céu!... Quanta diversidade de gosto e de caroços. O abacate com apenas um, enquanto a jaca e a melancia ostentam uma imensidade de caroços. E vem a indagação: por que a banana não tem semente, enquanto a laranja tem uma enorme variedade delas? Mais outra singularidade que mexe com a cabeça do cronista: a casca. Que diferença entre a casca de uma jaca e de uma pera. E o coco, o gostoso coco, com sua água saborosa?

Como vê o leitor, as frutas, com suas diversidades de sabor, de cascas, de sementes, provam a existência de um criador supremo.

A própria Natureza com sua magnificência é uma prova eloqüente da existência divina. Frutas que caem, frutas que não caem. E graças à queda de uma maçã é que o físico Newton descobriu a lei da gravitação.

As frutas.... O nosso país é tão pródigo em frutas! Em país nenhum, dos que visitei, vi tanta variedade frutífera como aqui no Brasil. Aqui a gente vê meninos vendendo frutas em pleno trânsito. Que maravilha.

Como são pobres em frutas os outros países. Pera, maçã, uvas, caqui, e só.

Voltando à digressão a propósito das provas da existência divina, considero as frutas como uma delas. E o que mais me impressiona é o fato de Deus haver criado uma melancia, com milhares de caroços, enquanto a banana é só massa.

Ah, meu querido Pascal, por que não detiveste o olhar nas frutas, que homem nenhum criará?...

E antes de sair do computador, obra do homem, vou ali saborear uma saborosa fruta, obra de Deus.

P or falar em Copa, mesmo que a gente perca daqui pra diante, já ganhou. Pena que tenha acontecido o que aconteceu: a quebra da vértebra lom...

Por falar em Copa, mesmo que a gente perca daqui pra diante, já ganhou. Pena que tenha acontecido o que aconteceu: a quebra da vértebra lombar do humilde e simpático Neymar. Mas acho que uma andorinha só não faz verão. Outras surpresas poderão acontecer daqui pra diante. Futebol é um esporte perigoso, muito diferente do Xadrez, um esporte silencioso, sem nenhum risco. Neste esporte, ninguém fratura a coluna... Só se joga com a cabeça, com o pensamento. Um desembargador, por exemplo, jamais quebrará a vértebra ao proferir um acórdão.

Mesmo que perca a Copa, o Brasil já ganhou, repito. Todo o seu imenso território, que tem a forma de um coração, acolheu gente de de todo o mundo. Chutes e gols fizeram a felicidade de muitos, conquanto por alguns momentos. Houve e está havendo muitos sorrisos nos rostos, muitos gritos nas bocas, muita alegria no povo, que precisa esquecer os maus políticos, que vêm por aí...

Assim, nosso país já é vitorioso ao se tornar uma atração mundial com seus estádios moderníssimos. Muita gente enriqueceu, muita gente esqueceu as tristezas, muita gente cantou o Hino Nacional, em que se diz que o nosso país dorme eternamente em berço esplêndido, pois a Natureza aqui é abundante. Não há montanhas vomitando fogo, o povo é pacífico, é gente de boa índole, e teve um homem extraordinário, que conversava com os espíritos, escrevia o que eles ditavam apenas com um lápis e os olhos fechados. É possível isto?

Foi possível. Daí a abundante literatura mediúnica que ele deixou. E deixou quando desencarnou, justamente na última Copa. Daí, decerto, veio o símbolo da Copa. A mão do Chico segurando o rosto.

Vamos adiante, lembrando que a bola é muito melhor do que a bomba atômica, pois, mesmo que não seja campeão, o nosso pai já ganhou. Ganhou na hospitalidade e no sorriso que ofereceu aos visitantes. No sorriso e na paz.

Vamos agitar a bandeirinha verde-amarela, vamos vê-la açoitada pela brisa, seja nos edifícios, nos carros e nas mãos das pessoas. Essa Copa foi um recreio para o povo. E como todo recreio, termina com a sineta da realidade que vem depois...

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Ah... foram tantos! Cada um com suas especialidades. E tudo graças à doença. Quando criança, sofri de asma, que me levava para a cama durante muitos dias. Para a asma não foi chamado nenhum médico. Minha mãe foi a grande enfermeira, com a vantagem de me contar belas histórias, a ponto de me dar saudade da doença.

Sempre fui um homem de muita saúde, a maior riqueza da vida. A como devemos cuidar e conhecer o nosso corpo, esse santuário que Deus nos deu...

Mas vamos aos médicos de minha vida. O primeiro que examinou minha vista de menino foi o Dr. Seixas Maia. Um homem sério e muito conceituado. Ainda bem que eu não tinha nada nos olhos. E viva quem os tem sadios. Mais adiante, eles passaram a ser examinados por Dr. Tito Lívio e, recentemente, pelo oculista e imortal da Academia de Letras, Astênio Fernandes.

Meus dois filhos, Carlos e Germano não quiseram vir ao mundo sem o bisturi. Minha primeira mulher Carmen teve duas cesarianas. Carlos, o primogênito, nasceu graças ao bisturi do Dr. Bonald Pedrosa, lá em Campina Grande.E aqui na capital quem cuidou da cesariana do segundo filho foi Dr. Danilo Luna, excelente profissional que me deixou uma ótima impressão.

Vamos a outros médicos. Asdrúbal de Oliveira, apaixonado pelas ciências ocultas. Tinha um papo gostoso. E os médicos que trataram dos meus filhos? Estou lembrando do pediatra Dr. Edvard Aguiar. Homem simples, cujas receitas nunca falharam.

Mas houve outros médicos que não cuidaram de minha saúde, mas que eu admirava pela postura e pela cultura. Um foi nosso vizinho, lá em Tambiá, Dr. João Medeiros. Um homem que impunha respeito. E sabe que ele lia minhas crônicas? Muitas vezes, me convidava para o seu carro. Aí só saía literatura. Ele teve dois filhos que seguiram a profissão do pai: Jacinto e João, o que fizeram muito bem.

E os médicos literatos, com quem me dei muito bem? Oscar de Castro, ex-presidente da Academia de Letras, Higino Brito, oculista, que tive a honra de vê-lo me saudando na Academia, e Humberto Nóbrega, a quem devemos uma excelente biografia de Augusto dos Anjos. Grande pesquisador, ele – aqui para nós – me tinha grande admiração. Chegou a me convidar para secretário da Faculdade de Medicina. Vejam só. Aí foi que me tornei amigo de muitos médicos, a começar por Atílio Rota, inteligentíssimo, de um papo excelente.

E os atuais? Os que cuidaram de minha trombose na perna, da minha coluna, da minha próstrata? Sem esquecer o Dr. Marco Aurélio, que é o clínico da família Ele, como o Dr. George Pereira continuam gozando da minha preferência.

Gostaria de encerrar essas rememorações incluindo Dr. Otacílio Figueiredo, que cuidou de uma trombose na minha perna. Simpático, chegou a dar uma aula sobre trombose no hospital onde eu estava. Que facilidade de expressão!

E antes de pingar o ponto final desejo lembrar que tive dois cunhados médicos, o primeiro, cardiologista, Eleazar Machado, já falecido, e o segundo, nosso Domilson Maul de Andrade, cirurgião urologista. O nosso Domilson está, hoje, enriquecendo a aposentadoria com a leitura. É o homem que mais lê no mundo. E termino citando meus queridos e inteligentes sobrinhos, os irmãos Lúcia, Marcílio e Alexandre Machado, cardiologista, urologista e traumatologista, respectivamente, e o competentíssimo cirurgião plástico José Augusto Romero Neto.

Médicos de minha vida. Como os admiro! Mas, aqui para nós, deveríamos conhecer mais o nosso corpo. Nada sabemos dele...

E eis o mundo todo empolgado com os pés chutando nossas tristezas e frustrações, que são muitas nesta vida... Graças aos pés, o mundo, de r...

E eis o mundo todo empolgado com os pés chutando nossas tristezas e frustrações, que são muitas nesta vida... Graças aos pés, o mundo, de repente, se torna um paraíso. Os estádios viram templos, fazendo o povo esquecer frustrações. Haja alegria, sorrisos, abraços, euforia, que é preciso esquecer a vida amarga de cada dia. Esquecer os maus políticos, o salário pequeno, esquecer as violências, esquecer muitas mazelas.

Marx dizia que “a religião é o ópio do povo”. Esqueceu-se do futebol. Talvez o maior dos ópios. E tudo graças aos pés. Mas, o que seria do esporte bretão se não fossem as mãos? Se não fossem os goleiros? E foram as mãos do goleiro de nossa seleção, Júlio Cesar, que acabamos de mandar o Chile de volta à Cordilheira dos Andes. Antes só se falava em Neymar, e esquecia-se Júlio Cesar.

Neste último jogo, fomos almoçar num restaurante, onde as pessoas estavam mais ocupadas com os olhos do que com as bocas. E eu com um medo danado de que a seleção perdesse, e que os milhões de torcedores se frustrassem. Não queria ver o país de Chico Xavier derrotado.

Muitas bocas, perto de mim, gritando de entusiasmo e eu ocupando a boca, não com gritos, mas com uma gostosa comida. Até que chegou o momento dramático dos pênaltis. Todo mundo com o coração na mão. Aí eu tive de parar a boca. Agora as atenções não estavam para Neymar, mas para Júlio Cesar, que com suas mãos iria classificar a Seleção.

O silêncio era profundo no restaurante. E deu-se o que todos queriam: o nosso Brasil estava classificado, graças às mãos que não chutam, mas que agarram.

Saímos do restaurante e vimos o delírio nas ruas. O Brasil mandara o Chile para casa, graças a Júlio César! Agora é lembrar a frase histórica: “Dai a Deus o que é de Deus e a Cesar o que é de Cesar”.

E lembrando o poeta, é preciso fazer o povo pensar e se divertir. Jesus dizia que nem só de pão vive o homem. Desta vez não foi o chute, mas o abraço. O abraço de Julio Cesar, um simpático rapaz, que os comentaristas, a começar por Galvão Bueno nem falavam.

Que nos próximos jogos, Neymar resolva a situação. Mais respeito para o coração verde-amarelo. E vamos chutar a tristeza e abraçar a alegria.

A propósito, ainda, do nosso corpo, o cosmo orgânico, muito desconhecido de todos nós, que tal abrir espaço para sua excelência o esqueleto...

A propósito, ainda, do nosso corpo, o cosmo orgânico, muito desconhecido de todos nós, que tal abrir espaço para sua excelência o esqueleto, a armadura que sustenta os nossos demais órgãos?

O grande cientista belga Vesalius, considerado o “Pai da Anatomia Moderna”, dizia que sem os ossos despencaríamos no chão como bolhas. Tudo que é carne desaparece logo com a morte, menos o osso. Está aí o esqueleto com o seu permanente sorriso triunfal.

Agora estou me lembrando de Shakespeare, no seu Hamlet, quando um dos personagens perguntava onde estaria Polônio e a resposta foi: “está num banquete, onde não come, mas é comido”, referindo-se ao túmulo.

A verdade é que os esqueletos, que moram nos cemitérios, chegaram a inspirar o grande compositor francês, Saint-Saens, a compor a genial “Dança Macabra”, uma impressionante página musical, em que os esqueletos, quando soa meia noite, saem dos seus túmulos e começam a dançar até que surge a alvorada e os dançarinos saem correndo para as suas covas.

Mas assim como há a “Dança do Fogo”, de Manuel de Falla, “A Valsa das Flores”, de Tchaikowsky, “A Dança das Horas”, de Ponchielli, por que os esqueletos não haveriam de dançar? Tudo é possível graças à imaginação.

Estou escrevendo aqui, e chega Alaurinda chamando atenção para a minha postura. A postura é tudo. Há pessoas chamadas “marrecas”, justamente, aquelas que andam curvadas.

Eu sempre convivi bem com o meu esqueleto, até que, um dia, me apareceu uma tal de estenose lombar, que terminou me levando para uma cadeira de rodas, numa das minhas viagens fora do país. E quem empurrou minha cadeira foi meu filho Germano. Sabe que cheguei a gostar do passeio sobre rodas, nas macias calçadas de Londres, que parecem um prato? Todo prefeito deveria dar, vez por outra, um passeio numa cadeira de rodas, para sentir o chão.

Voltemos ao esqueleto, com seu sorriso de caveira, como a dizer: ri melhor quem ri por último. Pena que a gente não possa mudar de esqueleto. Se isso fosse possível, não faltaria propaganda na TV. E quando víssemos uma pessoa muito espigada, diríamos logo num cochicho invejoso: “ela está de esqueleto novo”.

Cuidemos de nosso esqueleto, da postura e nada de preguiça. Há tantas ginásticas por aí. Presentemente estamos fazendo a gostosa hidroginástica, sob a orientação da jovem professora Catarina Guimarães, sempre atenta à nossa postura. E saímos da piscina com gosto de quero mais.

Viva, portanto, o osso. É ele que nos sustenta. A carne é fraca, forte é o osso. E cuidemos mais do nosso cosmo orgânico, que Deus nos deu, e nenhum homem é capaz de criá-lo. O homem que inventou o computador é incapaz de criar um mosquito. Mas Deus criou o nosso cosmo orgânico e o homem faz tudo para destruí-lo com a preguiça, álcool, droga, gula, fumo.

Mais um viva para os esqueletos que dançam, segundo a “Dança Macabra” de Saint-Saens, até chegar a madrugada, pois a vida não é nada mais do que uma dança.

Já está na hora de encerrar a crônica, e, antes que minha Lau venha com a recomendação: “cuidado com a coluna”, vou retirando os dedos do teclado deste computador, que se fosse um livro, levaria para a cama.

Mas fica o lembrete: não se esqueça de sua postura, assim como da compostura.

N ão há imagem que lembre mais a vida do que um jogo de futebol. No futebol há alegria, há tristeza, entusiasmo e orgasmo. E até flores, poi...

Não há imagem que lembre mais a vida do que um jogo de futebol. No futebol há alegria, há tristeza, entusiasmo e orgasmo. E até flores, pois não é que meu poeta Sérgio de Castro Pinto acaba de escrever um livro com o título “A flor do gol” - Que imaginação! E eu doido para cheirá-lo. E viva o poeta que vê o gol como uma flor, gol-orgasmo, gol-transcendência, gol-êxtase, gol-nirvana.

O futebol é o único esporte que alucina os povos. Nele há sorrisos e lágrimas, gritos e silêncio, correrias e quedas, cartões vermelho e amarelo, apito do juiz, que é uma espécie de deus. E haja torcida, corações querendo sair do lugar, povos se unindo e, por alguns momentos, esquecendo a guerra.

E o nosso Chico Xavier foi homenageado pela FIFA, que escolheu para símbolo desta Copa uma imagem que lembra a silhueta de seu rosto em plena atividade psicográfica. Acaso ou não, terminou sendo uma justa homenagem a um homem que foi pobre, enxergava pouco, um homem de cultura primária, que escreveu livros de ciência, filosofia, literatura, sem ganhar um centavo. E escrevia de olhos fechados (isto já é demais), cujos dedos seguravam um lápis.

Confesso que, a princípio, não acreditei no que via. Sim, o grande missionário da mediunidade com Jesus, foi homenageado pela FIFA. E viva o futebol que está unindo os povos, o futebol cuja bola não é atômica, por conseguinte, não destrói populações.

Não esquecer que o nosso país tem a forma geográfica de um coração, que nunca teve tiranos, que prefere, segundo o hino, dormir em berço esplêndido ao som da Natureza.

Mas está bom de colocar um ponto final na crônica. A tarde está num silêncio profundo, bom para a reflexão. Quase todo mundo diante da TV assistindo aos jogos da Copa.

Vamos Brasil, vamos Brasil de Chico Xavier, vamos Brasil que nunca fez guerra, mas adora fazer gols. Vamos Brasil de Machado de Assis, Brasil de Anchieta, que escrevia poemas na areia da praia. Poemas que as ondas do mar apagavam. Brasil que tem nome de árvore, o famoso Pau Brasil.

Pouco mais vou ver o Brasil jogando. E Alaurinda acaba de me dar uma camisa verde-amarela para aumentar meu entusiasmo brasileiro. Viva o futebol, o futebol da grama e da vida!

Q ue pergunta! Mas é perguntando que a gente se entende, como diz o ditado. Tenho encontrado muita gente feliz, mesmo sem dinheiro, mesmo se...

Que pergunta! Mas é perguntando que a gente se entende, como diz o ditado. Tenho encontrado muita gente feliz, mesmo sem dinheiro, mesmo sem saúde. E também ocorre o inverso. Dir-se-ia que a felicidade é um estado d'alma. Quem, por exemplo, está em paz consigo mesmo, é feliz.

Afinal, feliz é quem se julga. Diz uma história que havia um homem feliz que não tinha nem uma camisa para se vestir. Será?...

As três grandes tentações do ser humano são: dinheiro, poder e sexo. Mas acontece que há pessoas que possuem tudo isso e muitas vezes se sentem angustiadas, mal-humoradas, neurastênicas.

Mas, vamos adiante. Eu vi, outro dia, um rapaz sem mãos, em pleno trânsito, e sorrindo. Meu filho Germano também o viu e, com muita pena, chegou a lhe dar uma nota de cinquenta reais. Aí foi que ele sorriu, agradecendo. Agradecendo com os braços mirrados.

Quem é feliz não se lamenta, não se orgulha, não tem inveja, não se deprime, está sempre de bom humor. É isto, está sempre de bom humor.

Tenho visto muita gente que se diz feliz, sem ser, isto é, sem ter o que muita gente deseja ter.

É infeliz quem se deprime, quem não sabe sorrir, quem não se relaciona com os outros, quem não sabe por que está no mundo, quem não tem uma religião saudável, quem pensa que a vida termina no túmulo, quem fala em inferno eterno e imagina um Deus tirano e não um Deus pai, como Jesus assim chamava.

Não é feliz quem se frustra, quem não segue sua vocação. Um milionário talvez seja mais infeliz do que aquele pedreiro, a cantar lá no alto da construção, construção que não vai servir para ele, mas que assim mesmo canta. Quem canta não pode ser infeliz.

Um renomado psiquiatra colocou no seu famoso escritório o seguinte aviso: “Coisas que fazem o homem feliz: um bom sono, uma boa notícia e uma religião saudável”.

E fiquemos por aqui com a pergunta inicial: “Você é feliz?”

A gora é dizer, quem tem ouvidos, que ouça! Que seriamos de nós sem eles? Que o pintor seja surdo, o mesmo diríamos do arquiteto, do engenhe...

Agora é dizer, quem tem ouvidos, que ouça! Que seriamos de nós sem eles? Que o pintor seja surdo, o mesmo diríamos do arquiteto, do engenheiro, do escritor. E por falar em arquiteto, o nosso grande engenheiro-arquiteto Clodoaldo Gouveia, meu sogro, que não cheguei a conhecer, construiu belas obras, aqui na nossa Capital, inclusive o prédio do Liceu Paraibano. Dir-se-ia que via muito, porém, ouvia pouco. Ele foi um excelente auxiliar do presidente João Pessoa, que o admirava e estimava.

Voltando aos ouvidos, ao chamado pavilhão auricular, que seria de nós sem eles? Assim como há uma ética no falar, há também no ouvir. E, aqui para nós, há pessoas que gostam mais de falar do que de ouvir. São os chamados tagarelas, ou melhor, que falam pelos cotovelos. Dizem que a mulher do filósofo Sócrates, Xantipa, falava demais. Certa vez, exasperou-se diante do silêncio do marido, por conta de uma queixa, e jogou sobre ele um vaso d'água. O filósofo sorriu, enxugou-se e disse: “depois da trovoada vem a tempestade. ”

Aina bem que eu sou bom de escutar. E quando sinto embaraço no ouvir, corro logo para meus amigos otorrinolaringologistas, desde o Carneiro Arnaud aos doutores Hugo Guimarães, pai e filho, a quem devo, vez por outra, a revisão dos meus ouvidos. Que alívio bom vem depois de uma boa limpeza...

Deve ser uma tragédia não poder escutar a vida. Não poder ouvir, de madrugada, o canto dos bem-te-vis, o chiado da chuva, o rumor das ondas do mar, uma boa música. Aí sinto uma profunda tristeza em saber que o maior músico do mundo, o nosso grande Beethoven, perdeu a audição. Músico surdo é a mesma coisa de pintor cego. Narram que o gênio de Bonn não chegou a ouvir a sua última sinfonia, a Nona, a sinfonia que exaltou a alegria...

Bem-aventurados os que pensam, que vêem, que andam, que ouvem, que falam. Tem gente que possui tudo isso e ainda se julga infeliz... Quando eu estava tateando no jornalismo, aqui n'A União, pedi ao meu mestre Silvino Lopes um título para a minha secção diária. Ele não pensou duas vezes, foi logo sugerindo: ”Ver, ouvir e falar”. Que título, hein?

Jesus iniciou sua pregação com o chamado Sermão da Montanha, em que ele começa a dizer quem eram os bem-aventurados, os felizes. E eu completo o discurso, dizendo: felizes os que puderam ouvir tão belo sermão. Sermão tão belo que Gandhi chegou a dizer: se toda a literatura do mundo fosse destruída, mas restasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido...

Muito cuidado, portanto, com a boca, pois dela é que sai a palavra que fere, que destrói. Lembremos o que Jesus advertiu: “Que o seu falar seja, sim sim, não não.” Emmanuel, por sua vez, elucida: “Não comentes o mal, senão para exaltar o bem”.

Nessa série de crônicas, todas elas inspiradas no nosso corpo, só está faltando uma digressãozinha sobre a nossa armadura óssea. Que seria de nós sem ela...? O esqueleto é o único que fica quando todos os outros órgãos morrem. Dir-se-ia que a carne morre e o osso fica. Ah, aquele sorriso da caveira!...

C omecemos pelo que disse Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece. ”Que grande elogio a esse órgão, que eu só não beijo...

Comecemos pelo que disse Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece. ”Que grande elogio a esse órgão, que eu só não beijo por que é impossível. A verdade é que o coração é o órgão do sentimento e da razão. Mas para os anatomistas ele não passa de um músculo. Que prosaísmo! Um músculo que trabalha dia e noite, levando o sangue para todo o organismo.

Nunca durmo sobre o coração. Sabe por que? Por que aquelas batidas me dão medo. Medo que o coração pare. E, certa vez, ele saiu do ritmo provocando grandes palpitações. Sabe o que era? O fumo. Se eu não tivesse deixado o fedorento vício, já teria morrido.

Lembremos de que o coração é o órgão do amor, das emoções. Inspirou muitas modinhas populares cantadas por um Carlos Galhardos ou um Orlando Silva.

O coração é minha paixão. E ele adora exercícios físicos. Atendo-lhe com o maior gosto. Dizem que Napoleão caminhava pelo deserto com os seus soldados e sábios, quando, diante do céu estrelado: gritou para um famoso astrônomo: “Deus existe”? O sábio respondeu: “Ainda estou estudando esta hipótese”. Aí Napoleão perguntou-lhe: “Se Deus não existe, quem fez estas estrelas?” O sábio calou-se. Acontece que Napoleão se esqueceu do corpo humano, uma das maravilhas criadas por Deus.

Lembrar que o nosso país, cognominado como o Coração do Mundo, pátria do Evangelho, geograficamente, tem a forma de um coração.

Eu tenho uma grande admiração aos cardiologistas. Na próxima existência, talvez opte por essa profissão. Agora, uma coisa estranha, que, vez por outra, acontece comigo: sinto o coração coçar. Chego a massagear o peito. E nada. Informei tal fato a alguns cardiologistas e eles sorriram, inclusive o Dr. Fernando Lianza Dias, filho do grande cardiologista Antônio Dias, que tive a honra de conhecer, uma simpatia de pessoa: educado, discreto e sincero. Outro dia ele foi homenageado pela Sociedade de Medicina, com muita justiça. Lamentei não ter podido ir.

Mas esqueçamos as coceiras cardiológicas e prossigamos na crônica. Lembremos que Jesus, certa vez, aconselhou: “não se turbe o vosso coração.” Nada, portanto, de pessimismo, tristeza, desânimo.

E que tal estas palavras do lúcido Emmanuel na psicografia de Chico Xavier: “O coração puro é garantia para uma consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence todas as perturbações e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho. ”

Se eu pudesse, todos os dias eu beijaria meu coração. Não é apenas uma bomba, levando o sangue para todo o nosso corpo. Ah, que medo eu tenho dos enfartes...

É bom, vez por outra, verificar a pressão. Coisa que faço sempre. Graças a Deus tenho pressão de menino. Mas, agora, com a
Copa do Mundo, imagino como os corações brasileiros vão sofrer.

Encerremos a crônica com estas palavras de Antoine de Saint-Exupery: “Eis meu segredo – disse a raposa - só se vê com clareza com o coração.

J á escrevi sobre os pés, as mãos, os olhos, a mente, mas agora falemos sobre o Cosmo Orgânico, tão fantástico e deslumbrante como aquele qu...

Já escrevi sobre os pés, as mãos, os olhos, a mente, mas agora falemos sobre o Cosmo Orgânico, tão fantástico e deslumbrante como aquele que extasiava Pascal. O cosmo dos astros, que só em olhá-los nos provoca uma espécie de catarse.

Lembrar que temos dentro de nós um cosmo tão magnífico como aquele que atraía o olhar e a atenção de Pascal. Um cosmo que não que está fora de nós. Um cosmo que eu chamaria de cosmo orgânico, isto é, o nosso corpo, esta maravilha das maravilhas que Deus nos deu. E eu estou lendo, aqui, que o nosso corpo tem centenas de trilhões de vidas microscópicas – as células. Milhares de quilômetros de artérias, veias e vasos, que dariam para contornar duas vezes toda a superfície da Terra.

O extraordinário Francisco de Assis chamava o nosso corpo de jumentinho, e o não menos extraordinário Chico Xavier dizia que o seu corpo era seu maior amigo. Levava-o para onde desejasse. E lembrar que o corpo do maior médium do mundo era frágil e doente. Não esqueçamos que o nosso corpo é a morada temporária do nosso espírito. Sem ele, que seria de nossa vida?

O famoso médium Divaldo Franco escreveu que “um corpo, mesmo limitado, enfermiço ou anormal é o maior tesouro que Deus oferece a um espírito devedor.”

E surge a indagação: como é que estamos cuidando desta maravilha que Deus nos deu? Que respondam os alcoólatras, os comilões, os usuários de drogas, os sedentários, os fumantes.

O nosso cosmo orgânico está necessitando de cuidados permanentes. E saber que há sujeito que cuida melhor do carro do que do corpo. Não deixa a poeira e a lama sujarem o motor do veículo, mas ingere cachaça no organismo.

O homem deveria conhecer o seu corpo tanto quanto os anatomistas. Outrora, como era difícil estudar esse nosso veículo de carne e osso! O genial Leonardo Da Vinci teve de roubar cadáveres no cemitério para estudar a anatomia do nosso corpo.

Cuide-se do espírito, mas não esquecemos a casa onde ele mora. Toda vez que eu volto do cooper sinto o sangue fervilhando nas veias, o coração pulando de alegria, desejando também correr. Lembremos que Jesus, nas suas muitas caminhadas, também fazia cooper. E o fazia com suas alpercatas. Só deixou de andar quando, somente uma vez, montou num burrico, que pediu emprestado.

E muita gente por aí, sedentária, anda carregando um corpo disforme. Há pessoas que já não enxergam mais os pés devido ao volumoso ventre.

Como disse, Pascal se abismava ao contemplar o céu estrelado, mas ignorava ainda que trazia consigo um cosmo.


E sabem qual o transporte que o nosso corpo utiliza para levar alimentos às famintas células? Ora, ora o sangue. Se o corpo é uma cidade, o sangue são seus rios.

Vamos, portanto, cuidar bem desta cidade. Nada de poluição. Um certo escritor disse que o estômago, os pulmões, o coração, a todo momento, estão rogando por uma boa alimentação, ar puro e exercícios físicos.