Q uando eu cheguei à praia, não quis acreditar no que via: o mar todo iluminado, sob um sereno céu azul, que me deixou maravilhado. Aí eu di...

Quando eu cheguei à praia, não quis acreditar no que via: o mar todo iluminado, sob um sereno céu azul, que me deixou maravilhado. Aí eu disse para mim mesmo: que bela manhã para se colocar num quadro! E imediatamente, veio a reprimenda do bom senso: por que você quer prender esta bela manhã numa tela? Não seria isso um tremendo egoísmo?

Absolutamente – retruquei. Colocando-a numa tela, a manhã se eternizaria. Não é essa a finalidade da arte? Fazer com que o efêmero se eternize? Esta manhã, que está neste momento extasiando meus olhos, pouco mais se extinguirá. E o que ficará deste flagrante de beleza?

A função da arte é transformar a efemeridade em eternidade. Mas, como não sou pintor, e sim cronista, cronista do efêmero, deixe- me ficar fruindo esta manhã que me chega de graça, graças a Deus... Pus-me a contemplá-la comovido e embevecido, o vento soprando e sobrando.

Aí me veio esta reflexão: é impossível ter maus pensamentos, numa manhã assim. Impossível alimentar ódios e ressentimentos, sujar a alma com nossas negatividades mesquinhas diante desse mar faiscante de luz, desse firmamento azul, sem um fiapo de nuvem.

E como naquele instante transitassem pessoas indiferentes à paisagem ao seu redor, senti uma profunda pena de tão pétrea indiferença. Sim, muita gente caminhando num automatismo de máquina. Conversavam, mas sobre assuntos prosaicos. Falavam sobre contas bancárias, inflação, preços de apartamentos, taxas de condomínio, eleições, violências na Síria, o terremoto do Nepal, coisas que deveriam ser comentadas em outra ocasião e em outro local, mas, diante de um espetáculo tão bonito como o que a manhã oferecia aos nossos olhos? Tenha paciência, é prosaísmo demais para o meu gosto...

Veio-me então um mau pensamento. Foi como se um anjo mau cochichasse ao meu ouvido, dizendo: “estas pessoas deveriam ficar cegas. Cegas pelo pecado de não reverenciarem as belezas da vida”.

Ora, ora, cronista, essas pessoas a que você está se referindo, já estão cegas e não sabem. A indiferença é uma espécie de cegueira. Quem não se comove mais com uma lua boiando num mar de nuvens, quem não presta a atenção a um jardim, quem não olha mais para um céu estrelado, quem não contempla um bando de crianças brincando numa praça, quem não olha mais para um flamboyant florido, não tenham dúvida, está cego e não sabe...

Deus enfeitou a Natureza para despertar alegria no homem, para torná-lo otimista ao invés de pessimista. E viva a “paisagem-terapia”.

Cuidado, portanto, com a catarata da indiferença diante das belezas da vida. Esteja antenado para as maravilhas do mundo. Lembre-se daquele amável e poético convite de Jesus, pedindo que olhássemos os lírios do campo e as aves do céu, e nada de preocupações. Vivamos o aqui e agora. Bastam a cada dia os seus cuidados, ensinou o mestre dos mestres. E cuide logo de tratar ou prevenir da catarata da indiferença. É pior do que a cegueira.

E mocionou-me o sorriso que acabo de ver numa foto. Um sorriso de quem está muito feliz. De quem recebeu um automóvel último modelo, de quem...

Emocionou-me o sorriso que acabo de ver numa foto. Um sorriso de quem está muito feliz. De quem recebeu um automóvel último modelo, de quem ganhou sozinho na loteria. Um sorriso todo felicidade. Um sorriso que contaminava, tal a sua pureza. E saber que a dona desse sorriso não possui nada de material para tanta expressão de alegria.

O famoso sorriso da Mona Lisa é ameno e triste. E dizem que ela não suporta tantos visitantes, lá no Louvre. Não duvido nada que, no final do dia, ao se fecharem as portas do famoso museu, ela dê uma gostosa gargalhada.

Mas voltemos ao sorriso a que aludi no começo. Sabe que eu também sorri só em vê-lo? Aqui para nós, o sorriso ainda é a grande singularidade do homem. O grande Zola gritava: ”Ria, ria, o riso é próprio do homem”.

Quem não ri, com raríssima expressão, não tem bondade, não tem saúde, não tem alegria, vê o mundo como algo que está exalando mal cheiro. Quer um teste? Vá ao espelho e abra-se num sorriso. Depois faça o contrário.

A coisa mais triste do mundo é um rosto sem sorriso. O sorriso que vi, há momentos, e que me comoveu, foi numa foto da mulher mais pobre do mundo: Madre Tereza de Calcutá. De turbante, muito limpa, ela era a imagem de uma pessoa feliz. Vi suas mãos, que levaram a vida a limpando leprosos.

E tanta gente com raiva de si mesma. E tanta gente com raiva dos outros. E tanta gente sem sorriso... Mas, Tereza de Calcutá, Chico Xavier, quanta pobreza risonha!

Que a sua primeira mensagem para a vida que está nascendo seja a do sorriso!

Jesus sorriu quando nos convidou a olhar os lírios do campo. Jesus sorriu quando abraçou as criancinhas, dizendo que o Reino do Céu é delas. Jesus só não sorriu quando estava na cruz, todo ferido.

E vamos encerrando a crônica, pois nosso gato Beethoven acaba de chegar. Chegou exibindo e mexendo a cauda, sua maneira de saudar as pessoas.

Viver é conviver, conviver é amar, amar é compreender. Compreender é conhecer as causas. Nunca julgue ninguém. Não traga para si tamanha responsabilidade.

Tudo sorri na Natureza. O sol e as estrelas com seu sorriso de luz. As flores com suas cores. Ninguém é feliz sem o sorriso. E dizem que o sorriso mais bonito do mundo é o do recém-nascido. Quanta pureza...

N ão cheguei a conhecer pessoalmente o meu sogro, arquiteto Clodoaldo Gouveia, pai de minha primeira esposa, Carmen, cujo retrato está na pa...

Não cheguei a conhecer pessoalmente o meu sogro, arquiteto Clodoaldo Gouveia, pai de minha primeira esposa, Carmen, cujo retrato está na parede de minha casa integrando, com muita honra a galeria dos queridos ausentes. Mas, de uma coisa estou certo, Clodoaldo bem que se orgulharia de conhecer o neto, arquiteto como ele e de temperamento muito semelhante ao do avô. Refiro-me ao meu filho Germano, que além dos arrojados projetos, é Bacharel em Música, artista plástico e, “de quebra”, bom cronista e homem de TV.

Seu avô, Clodoaldo Gouveia, um talentoso arquiteto capixaba que um dia achou de vir morar aqui na capital, onde se casou com Maria Isaura, filha do desembargador pernambucano Olímpio Bonald da Cunha Pedrosa, cujo namoro começou, pitorescamente, num bonde de Tambiá, renovou o cenário urbano com grande destaque na história na Arquitetura Paraibana.

Formado na Escola Nacional de Belas Artes, do Rio, foi excelente aluno. Era um homem simples, desambicioso, destituído de qualquer espírito competitivo, de temperamento alegre, e incapaz de matar uma mosca.

Aqui na Paraíba, nos idos de 30, trabalhou como arquiteto do Estado, e foi muitas vezes requisitado pelo presidente João Pessoa, que reconheceu nele um valoroso técnico. Entre suas obras, estão o Lyceu Paraibano e a ex-Faculdade de Filosofia, referências na nossa Arquitetura, que com suas linhas modernas e sugestivos vitrais, arrancam frequentes elogios de visitantes nossos; o antigo Palácio da Viação, o Quartel da Polícia Militar, a Secretaria Estadual das Finanças – chamada “Ferro de Engomar” - as duas sedes da Rádio Tabajara, tristemente demolidas, além de várias residências.

Outro seu projeto muito expressivo é o monumento em homenagem a Anthenor Navarro, erigido no seu túmulo, no Cemitério da Boa Sentença, onde se vê a figura de um “anjo chorando a morte de um gênio”.

Ele, como o neto, adorava viagens e a boa música, sobretudo as óperas. Em homenagem a Bizet, deu o nome de Carmen à sua primeira filha.

Outro dia, perdoem a “corujice”, Germano me mostrou um belo prédio, cujo projeto saiu de seu escritório, e que pela criatividade e ousadia, me encheu de entusiasmo. Certamente, também tem entusiasmado o espírito de seu avô, o gênio Clodoaldo.

O utrora era bonito ser gordo. A gordura era invejada. Menino magro causava piedade. E dizia-se, olhando para ele: “Coitadinho, tão magrinho...

Outrora era bonito ser gordo. A gordura era invejada. Menino magro causava piedade. E dizia-se, olhando para ele: “Coitadinho, tão magrinho, será que se cria?... Vá ver que passa fome ou é doente”. E quando o garoto estava com fastio, vinha a promessa: “coma, senão papai vai brigar”. A magreza não tinha status. Quanto mais gorda a criança, melhor.

Mas hoje as coisas mudaram. A maioria das pessoas deseja menos banha e mais osso. Daí as ginásticas, as academias, que estão se tornando um excelente negócio, embora o melhor seja a movimentação das pernas na praia, na bicicleta, na piscina ou no calçadão.

Apesar disso tudo, os gordos ainda continuam sendo a maioria. Na Alemanha, por exemplo, é só o que a gente vê: gente adiposa, principalmente, as mulheres de mais de cinquenta anos. E tudo em decorrência da má alimentação.

É verdade que na nossa TV o magro quase não tem vez. Se há um Serginho Groisman, sobram Faustão, Jô Soares, Ratinho e Leão. Parece que a TV faz questão de contratar os gordos para os seus programas de auditório.

Mas, ao que tudo indica, o desejo da maioria tende para a magreza. No cooper aqui da praia, vejo muitos gordos, suando que só uma chaleira, para ver se perdem alguns quilos. Acontece que a caminhada somente não resolve. O importante também é a comida. Não adianta correr ou caminhar se mais tarde o prato é daquele tamanho... Ginástica sem dieta não emagrece. Gandhi tinha uma saúde de ferro e era um magricela, que, às vezes, fazia demorados jejuns...

E hoje o que mais se vê é restaurante. Quem vai a Paris e dá um passeio pelo Quartier Latin não vê outra coisa. Muitas dessas casas de pasto exibem a carne de porco para os turistas encherem a boca d’água. Em Bruxelas e em Quebec há ruas inteiras só de restaurantes. O curioso é que os turistas, ali, vão passando e olhando para os pratos dos outros, na mesa, com os olhos arregalados...

Essa é uma das razões da adiposidade abundante na Europa. Há homens, cujas barrigas se confundem com as nádegas. As mulheres, por outro lado, mostram abundantes seios, que parecem um só. Por aí a gente vê que uma das causas do excesso de gordura é a comida exagerada, e também a ociosidade, a preguiça de andar, de se mexer, de dar férias ao carro, de botar a máquina física para funcionar. E nada de automóvel o tempo todo, de escada rolante, de poltrona. Mexa-se. Não se deixe enferrujar.

Jesus era magro, graças às suas caminhadas e ao alimento sóbrio. Gordo, como é que ele poderia pregar a Boa Nova? João Batista, o precursor, vivia andando pela areia do deserto, vestido de pele de camelo e comendo mel com gafanhoto. Daí sua resistência admirável.

E quer saber de uma coisa? O que está engordando muita gente é o restaurante, a chamada casa de pasto. Hoje é só o que se vê em todo lugar que a gente vai.

Mas, fiquemos por aqui, que já está na hora de comer o meu peixinho com arroz integral, e viva a saúde!

Q uando os homens de vermelho aparecerem à sua frente, faça uma reflexão. Lembre-se que eles limpam a sujeira que você deixa na rua. Os home...

Quando os homens de vermelho aparecerem à sua frente, faça uma reflexão. Lembre-se que eles limpam a sujeira que você deixa na rua. Os homens de vermelho merecem todo o nosso respeito e admiração. E lembre de que enquanto você passeia, faz cooper, se diverte, eles trabalham.

Outrora, eram chamados homens do lixo. Ora, homens do lixo... Homens do lixo somos nós que sujamos as ruas, as praças, e as praias. Eles são homens da limpeza. Aliás, não sei se você reparou suas indumentárias vermelhas onde agora se lê “agentes da limpeza urbana”. Gostei do eufemismo para “homem do lixo”.

Agora preste atenção ao trabalho deles. Veja como é duro varrer o lixo. Muito diferente desse meu trabalho macio e limpo em que as mãos digitam as teclas do computador. Um trabalho sem suor. Mas os homens de vermelho suam por todos os poros. Haja vassoura pra lá e pra cá. E quase não conversam. Trabalham em silêncio.

Homens de vermelho, agentes da limpeza pública, graças a eles tudo fica livre da sujeira. Um trabalho muito suado. Eles dão duro no serviço. Só em olhá-los trabalhando, deixa a gente cansada. A vassoura e a pá são seus instrumentos de trabalho, assim como o estetoscópio é do clínico, o código é do juiz, o bisturi é do cirurgião, a palavra é do professor, a escrita é do jornalista e do escritor.

Em Paris, os agentes da limpeza pública usam roupas verdes. Até nisso a cidade-luz é ecológica. Tanto é assim que é tida como a mais verde do mundo.

Os nossos agentes vestem-se de vermelho. Seria alguma alusão ao vermelho de nossa bandeira revolucionária? Não sei. Só sei que eles chamam logo a nossa atenção com a cor de suas vestes. Cor de sangue.

Pena que ganhem tão pouco, que não sejam enaltecidos... Nada de gratificações extraordinárias, de gordas aposentadorias e muito menos de mensalões...

Estive reparando o trabalho deles. Acho que, à noite, quando forem se deixar, o corpo todo está dolorido. Quanto cansaço, meu Deus do céu! Coloco-me no lugar deles.

Será que agora pela Páscoa eles tiveram direito a umas festas? Será que seus filhos tiveram ovos de chocolate e mesa farta? Será que o coelhinho da Páscoa foi bater na porta deles? Tomara que sim. Não faltará alma bondosa para tal lembrança.

Agentes da limpeza, outrora homens do lixo! Do nosso lixo, o lixo que jogamos fora. E agora me veio à lembrança aquela greve, na turística e bela Amsterdam, que, de uma hora para outra virou um monturo. Por pouco os urubus não pousaram nas suas praças, nas suas avenidas, nas suas pontes para decepção de Rembrandt e Van Gogh. Os homens da limpeza pública resolveram cruzar os braços. Foi um Deus nos acuda... Que eles nunca mais precisem cruzar os braços.

Agora, na Semana Santa, nenhuma festa de confraternização para eles. Isto fica para os de cima, os produtores do lixo. Lixo que eles recolhem com muito suor, e, talvez - quem sabe? - com lágrimas...

E m todas as minhas andanças pelo mundo, uma das coisas que mais sinto falta é das frutas, sobretudo do abacaxi, que adoro. Ah, as frutas de...

Em todas as minhas andanças pelo mundo, uma das coisas que mais sinto falta é das frutas, sobretudo do abacaxi, que adoro. Ah, as frutas de nosso Brasil... E a Paraíba é uma das lideres na exportação de abacaxi. Pena que não tenha o status da maçã, da uva, da pêra, da framboesa, frutas, sofisticadamente, européias. Mas acho que é tudo uma questão de marketing.

Contra o abacaxi, por exemplo, há um marketing contrário. Dizem que ele significa um problema complicado. Já ouvi muita gente dizendo "Minha sogra é um abacaxi". Ninguém diz que ela é uma amora ou uma uva.

Contam que Adão e Eva comeram o fruto proibido, e que foi uma maçã. Acontece que lendo o Gênesis, do livro sagrado, não vejo nenhuma referência à maçã. E, aqui para nós, acho que a fruta que o primeiro casal comeu talvez tenha sido um abacaxi.

Acontece que eu adoro descascar um abacaxi, desde que a peixeira esteja amolada. Também é só o que sei fazer na cozinha.

Adoro frutas. Passei minha infância num sítio, lá na Lagoa, que era um paraíso de fruteiras, e minha boca não se cansava de chupar e comer manga de todas as espécies, pinha, banana, groselha, pitanga, cajá, caju, abricó, abacate, carambola, goiaba, araçá, graviola, laranja, jambo, jaca, pitanga... Basta, tenha pena do paladar dos outros.

Sobre a maçã, há um ditado inglês que diz “An apple each day keeps the doctor away”, que significa: “Uma maçã a cada dia mantém o médico longe. Haverá propaganda melhor?

E, segundo narra a história, o famoso físico Newton veio a descobrir a gravidade quando viu uma maçã caindo no chão. Felizmente foi uma maçã. Já imaginou se fosse uma jaca?... Ainda bem que o abacaxi dá no chão...

Chegou a vez de fazermos mais propaganda do nosso abacaxi, que pode melhorar a nossa economia, ouviu, amigo Ricardo Coutinho? É preciso inventar lendas sobre a saborosa fruta. Que tal propagar que o fruto proibido que Adão e Eva comeram foi um abacaxi?... E que é uma fruta também ornamental? Não gosto que decepem o seu penacho, a sua coroa, é nela que está a sua digna majestade.

Bem, já não estou aguentando mais. Vou me deliciar já, já, com a gostosa fruta, que há dias não comia. Basta de amoras com sucrilhos...

Já sabia que a Rota Romântica, na Alemanha, era especial, mas não tinha ideia de que, ao vivo, o lugar era tão aconchegante, ideal para um ...


Já sabia que a Rota Romântica, na Alemanha, era especial, mas não tinha ideia de que, ao vivo, o lugar era tão aconchegante, ideal para um curto período de férias.

E is aí uma pergunta que, decerto, causará espanto. É o mesmo que indagar se água é fogo? Ora, ora, mas vai ver que você já está dizendo que...

Eis aí uma pergunta que, decerto, causará espanto. É o mesmo que indagar se água é fogo? Ora, ora, mas vai ver que você já está dizendo que sim. E quem sou eu para discordar?

Voltando ao título da crônica, o amor seria ódio e vice-versa? E como definir o amor, esse sentimento sublime? Li, outro dia, uma definição que muito me agradou a respeito do amor. “Amor é Deus em nós”. Que beleza. Sim, quem ama, está com Deus. Quem ama, compreende, quem ama perdoa, não julga, quem ama ajuda, quem ama vê o outro como vê a si próprio. Não faz ao outro o que não deseja que lhe façam.

Paulo de Tarso disse que amava tanto Jesus que chegou a dizer: ”Não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim”. Haverá maior prova de amor?
Jesus veio ao mundo para ensinar o amor. O amor ao próximo, que é o amor mais difícil do mundo. Mas, como ele era um grande professor, e grande professor é aquele que pratica o que ensina, o Mestre ensinou: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Que bela sentença! Ele dera o exemplo. Amou, mas não foi amado.

Continuando com o que disse acima, o ódio é amor? Que indagação estúpida, cronista! Ora, mas acontece que eu li, faz algum tempo, um texto de João de Brito, psicografado por Chico Xavier, em que ele disse que o amor é uma energia. E veja só estas suas conclusões. Conclusões que não vi em parte alguma:

Para ele, o ódio é o amor que se envenena, a paixão é o amor que se incendeia, o egoísmo é o amor que se concentra em si mesmo, o ciúme é o amor que se dilacera, o orgulho é o amor que enlouquece, o vício é o amor que se embrutece”, e assim por diante.

E bela é esta descrição do articulista, por sinal muito inspirado, chegando a seguinte conclusão: “O amor é a religião da vida”.

Mas, o que dizer das religiões que não ensinam amar? Religiões que discriminam, cujos fiéis cometem atos de terrorismo, que ainda apedrejam seus semelhantes?

É preciso sempre lembrar de que o amor é energia, que o amor tudo cria, tudo transforma, tudo eleva.
Ocorre que o homem até hoje não soube amar. Amar ao próximo como a si mesmo.

Mas, é preciso não esquecer de que amar não é dar beijinhos no outro, mas, sobretudo compreendê-lo. Compreensão, eis a palavra certa. E o que é compreender? É colocar-se no lugar do outro. Só isto. Coloque-se no lugar daquele que perdeu a visão, que perdeu os braços, a família, que perdeu o emprego, a saúde, que está sozinho no mundo.

Ponha-se no lugar do outro, e pronto. Compreenda e aja. Lembremos sempre de que estamos no mundo para amar.
Não esquecer que a vida sem responsabilidade é um crime. Não esquecer que o ódio, o orgulho, a vaidade, o egoísmo não dão paz interior a ninguém.

Não esquecer que a vida é o seu grande teste. Não se deite, na cama, para o sono, sem antes fazer um ligeiro balanço do que você fez durante o dia. E veja qual a nota que você merece.

E ssa eu não esperava, mas a vida é uma caixa de surpresas. E sua beleza está justamente na imprevisão. Tudo é incerteza. Nada sei sobre meu...

Essa eu não esperava, mas a vida é uma caixa de surpresas. E sua beleza está justamente na imprevisão. Tudo é incerteza. Nada sei sobre meu longínquo passado e nada sei sobre o imprevisível futuro.

Entrei no Ano Novo com muitas esperanças, mas, eis que surgiu o imprevisto: fui ao médico, meu clínico e cardiologista Marco Aurélio Barros para uma consulta por conta de umas manchas na pele, aproveitar para um check-up, e eis que ele detecta uma doença que eu nunca ouvi falar na minha vida: “Cobreiro”, que nada mais é do que catapora de idoso, ora veja só... Não gostei da catapora, nem gostei do idoso. E ele explicou que esse tal de cobreiro, que cientificamente tem até um nome bonito – herpes zóster – é o vírus da catapora que fica embutido no organismo por muito tempo, como que dormindo, e de repente ressurge com sua inchação e suas coceiras. Que a coceira é boa, não tenham dúvida, mas, como também dói, não dá para coçar.

O diabo é que, segundo o magistério do meu grande médico, não há remédio para essas sequelas do cobreiro. A doença passa, a pele e limpa, mas o danado continua incomodando. Já andei pesquisando, perguntando a alguém que me indicasse um remédio e nada... Todos dizem que o remédio é o tempo. Todavia, não faltou rezadeira.

Dizem também que o cobreiro pode ser resultado de um mau olhado. Daí eu não sei. Afinal, não faltam vibrações negativas por aí. Eu fui testemunha de um lindo cróton, no meu jardim, que secou logo depois de um olhar admirado, desses que chamam de “olho gordo”.

Mas voltando ao cobreiro, Deus o livre de um. Até o nome é feio. E há tantas enfermidades de nomes bonitos por aí. Mas não se deve esquecer que nada acontece por acaso...

Tive muitas doenças na minha infância: Asma, sarampo, catapora. Portanto, tem razão o meu médico Marco Aurélio. É a danada da catapora que voltou. Dir-se-ia que as doenças também têm saudade da gente.

Mas, repito, esse cobreiro eu não desejaria nem a um inimigo, que, felizmente, não tenho. Diz o ditado que o feitiço cai sobre o feiticeiro. Que assim seja. Mas, terminei gostando do diagnóstico bem humorado do Dr. Marco Aurélio: “Isto é catapora de idoso”. E disse isto sorrindo.

O homem desconhece muita coisa em seu organismo. Quase nada sabe sobre ele. Deixa tudo para os médicos. Ora, se ele ignora grande parte de ...

O homem desconhece muita coisa em seu organismo. Quase nada sabe sobre ele. Deixa tudo para os médicos. Ora, se ele ignora grande parte de seu corpo, como vai se conscientizar de seu funcionamento, como cuidar melhor de sua saúde, de sua alimentação, de sua vida? Ignorante de si mesmo, o homem é um inconsciente. Hoje, como sabemos, há uma vasta literatura abordando essa problemática, procurando tornar o homem um conhecedor de si mesmo.

O cérebro, por exemplo, deixou de ser um órgão misterioso, desconhecido. Há muito tempo, foi publicado um livro que provocou uma verdadeira revolução no mundo científico. O autor falava de uma coisa ainda desconhecida, na época, pela ciência: as nossas glândulas endócrinas. Seu autor era Alexis Carrel e o livro se intitulava “O homem, esse desconhecido”.

Mas, há um território ainda estranho. Não se trata do corpo físico, de sua anatomia e fisiologia. O território que o homem não quis ainda conhecer e que foge dele como o “diabo da cruz” - expressão muito usada por alguns religiosos tradicionais - é a sua própria consciência.

Por incrível que pareça, a maioria do seres humanos faz tudo para não se encontrar com o seu mundo interior. Um mundo tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Enfrentar a consciência, cara a cara, exige muita coragem. Por que? Ora, porque o homem faz questão de esquecer os problemas fundamentais da existência: donde veio, o que está fazendo aqui no mundo e para onde vai. Poucos, muito poucos, refletem sobre essa realidade. A consciência o incomoda. A consciência lembra aquele morcego horroroso a que alude o nosso genial Augusto dos Anjos num de seus poemas: “E para muitos essa é a visão da consciência culpada, da consciência mordida pelo remorso, negra como um morcego”.

Daí a fuga de muitos para enfrentar tal realidade. E como fugir? Ora, não faltam meios para a evasão, embora temporários e que funcionam como meros paliativos. A verdade é que o homem, queira ou não, um dia, vai se defrontar consigo mesmo. Aí ele terá um céu ou um inferno. O céu da paz interior, do dever cumprido, a paz que advém de uma vida saudável, sem comprometimentos, sem culpas, sem medo”.

Muitos são os meios para fugir dessa realidade, desse confronto com a consciência. Vejamos alguns: o barulho. Quanto mais barulho, mais ele sufoca a voz interior, esquece aquela indagação que aludimos no começo da crônica.

Quer ver outra fuga? A bebida. A bebida que lhe dá aquela embriaguez, espécie de anestesia para as suas dores, os seus problemas, suas angústias e sofrimentos. Mais outra fuga? A festa. Na festa ninguém fala de coisas sérias. A festa é para a distração e não para a reflexão, até que venha aquela dramática interrogação do poeta: "E agora José?”. Outra modalidade de fuga: a TV, com suas novelas, seus palhaços e camelôs, tipo Faustão e Ratinho.

Segue-se o esporte, notadamente o futebol... Eis aí uma boa fuga. Todo mundo com a atenção voltada para a bola e os pés dos jogadores... Vejamos outra fuga: o trabalho excessivo, absorvente, obsessivo. Conclusão: fuga implica em medo, e o maior medo do homem é o confronto consigo mesmo, com quem um dia vai se encontrar, queira ou não queira...