Nesse momento de turbulência moral e ética pelo qual passa nosso país, estão fazendo falta os irmãos Souza, aqueles que deram sangue pelo Br...

Os irmãos Souza

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Nesse momento de turbulência moral e ética pelo qual passa nosso país, estão fazendo falta os irmãos Souza, aqueles que deram sangue pelo Brasil e que morreram devido ao sangue que receberam do Brasil.

Eram três irmãos, todos prenhes de brasilidade conduzindo-a por toda a vida, cada qual em seu mister. Não sem emoção, os revi no bem produzido documentário “Irmãos de Sangue”, dirigido pela cineasta Ângela Patrícia Reiniger e que está sendo veiculado em horários alternados pelo canal Curta!, da TV por assinatura.

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Quem não lembra do cartunista Henfil (1944/1988); do músico Francisco Mário (1948/1988) e do sociólogo Betinho (1935/1997)? Sobre eles o poeta e cronista Afonso Romano de Sant'anna escreveu a crônica “Suíte Brasil”, onde diz que: “Chico Mário só pensava na música e no Brasil. Henfil só pensava no humor e no Brasil. Betinho só pensava nas ciências sociais e no Brasil. Isso é mais que uma família. Isso é a suíte Brasil.”

Herbert de Souza, o Betinho foi o fundador da Campanha Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida, e também foi indicado em 1994 ao Prêmio Nobel da Paz. Foi inspiração da música “O bêbado e o equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, onde ele mesmo teve uma participação cantando junto com o grupo MPB4. Àquela época todos cantavam e sonhavam com “a volta do irmão do Henfil”.

Henrique Filho, o Henfil, era cartunista e colaborava em vários jornais, tendo participação marcante no semanário Pasquim, e também na televisão, com o quadro Tv Homem. Na época do regime militar, criou a célebre frase “Diretas já!” e a colocou numa entrevista que fez com o então senador Teotônio Vilela (1917/1983), como se o político a tivesse dito.

Francisco Mário, o Chico, foi o pioneiro na música independente e nos deixou discos como Terra (1979) e Revolta dos palhaços (1980), dentre outros, autor de muitas canções contra a tortura que era praticada àqueles que lutavam pelo fim da ditadura.

Nasceram hemofílicos e foram contaminados com o vírus da AIDS numa transfusão de sangue. Lutaram até o fim pela vida e pelo Brasil. Mereciam a justa homenagem do documentário que foi contemplado com o prêmio de melhor filme no 5º Cine Fest Petrobras Brasil, em Nova York, além de outras premiações. Vale a pena conferir.



Adhailton Lacet é magistrado e escritor

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  1. Uauuuu ...Que boas lembranças deste trio(gêmeos nos sangues) ...idealistas brasileiros!!!
    Parabéns Adhailton...trouxe-nos ótimas recordações👏🏻👏🏻👏🏻
    Paulo Roberto Rocha

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