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A poesia de Augusto dos Anjos tem sido objeto de múltiplas avaliações. A riqueza imagística, a erudição inesgotável e a profundidade psico...

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A poesia de Augusto dos Anjos tem sido objeto de múltiplas avaliações. A riqueza imagística, a erudição inesgotável e a profundidade psicológica, entre outros atributos, fazem com que os críticos a vinculem aos mais variados sistemas e crenças. Há quem veja o poeta como ateu, místico, espírita, filósofo e até, paradoxalmente, como um seguidor do ideário positivista.

Esse livro de Francine Prose resgata a velha definição de que a literatura é a “arte da palavra”. O grande compromisso de quem escreve é c...

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Esse livro de Francine Prose resgata a velha definição de que a literatura é a “arte da palavra”. O grande compromisso de quem escreve é com a matéria verbal, que se deve explorar em todas as suas possibilidades.

Muitos, sobretudo no meio acadêmico, parecem se esquecer disso. Utilizam o texto como pretexto para a veiculação de mensagens, conceitos e dogmas ligados a outros domínios do saber. Ou como instrumento de pregação ideológica. Tais pessoas, observa a autora, não amam a literatura. O que significa ler como um escritor?

Uma amiga tem chorado e dormido mal nos últimos dias. Não, o motivo não é a covid-19, que provoca temor e ansiedade mas já não arranca lág...

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Uma amiga tem chorado e dormido mal nos últimos dias. Não, o motivo não é a covid-19, que provoca temor e ansiedade mas já não arranca lágrimas a não ser daqueles que perderam seus entes queridos. O motivo é a morte do menino Henry, que foi supostamente torturado e assassinado pelo Dr. Jairinho (a imprensa bem que podia cortar esse diminutivo, que soa irônico).

O mito é uma criação fantasiosa que procura explicar aspectos da natureza ou da condição humana. Nossos antepassados os cultivavam para da...

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O mito é uma criação fantasiosa que procura explicar aspectos da natureza ou da condição humana. Nossos antepassados os cultivavam para dar sentido ao mundo. Esse reinado da imaginação durou séculos, até ser destronado primeiro pela filosofia, depois pela ciência.

Dizem que a paixão cega, por isso é recomendável antes de se apaixonar fazer um rigoroso exame de vista. Isso não assegura que você vá esc...

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Dizem que a paixão cega, por isso é recomendável antes de se apaixonar fazer um rigoroso exame de vista. Isso não assegura que você vá escolher a pessoa certa, mas pelo menos impede que sua decisão decorra de uma ilusão de óptica. Embora o amor seja algo que “arde sem se ver”, é bom saber em que fogueira está se metendo.

Enfim, estão chegando as vacinas. Desde o início se sabia que elas eram a melhor forma de enfrentar o...

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Enfim, estão chegando as vacinas. Desde o início se sabia que elas eram a melhor forma de enfrentar o coronavírus, mas o governo se recusava a reconhecer isso. Preferia apostar em medicamentos de efeitos duvidosos e até danosos à saúde. O resultado foram longas negociações que deixavam o povo exasperado e medroso.

Clarice Lispector escreveu que “Deus é de quem conseguir pegá-Lo”. Já o diabo, acrescento, é de quem ele pegar. Daí que nesta vida seja ma...

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Clarice Lispector escreveu que “Deus é de quem conseguir pegá-Lo”. Já o diabo, acrescento, é de quem ele pegar. Daí que nesta vida seja mais importante fugir do diabo, que conhece a presa e tem o propósito deliberado de fisgá-la. O mal não faz questão de que nos arrependamos, desde que em algum momento tenhamos sucumbido aos seus ardis. Rousseau sabia disso quando escreveu, nas “Confissões”, que devíamos “evitar a primeira vez”.

Mas como aceitar esse conselho numa época que vê na experiência o único critério para o aprendizado e o melhor guia para as ações? Um dos bordões mais entoados hoje é o de que “caminhando se faz o caminho”. Só se deveria então escolher alguma coisa depois de experimentá-la.

Ao propor que evitemos a primeira vez Rousseu não estaria postulando uma moralidade apriorística e abstrata, que nos privaria de um juízo fundamentado e preciso porque seria alheia ao nosso eu? Se evito a primeira vez, o faço com base na experiência dos outros... Seria irônico isso num autor que incutiu no ser humano a noção de subjetividade.

Uma das passagens marcantes das “Confissões” é aquela em que Rousseau recebe um castigo ao descumprir determinada regra e se sente injustiçado por “ser outro”, ou seja, ter uma individualidade. “Se não sou melhor, sou outro” – é mais ou menos isso que ele escreve. Assim, não poderia agir como todo o mundo. Isso que hoje está banalizado em comerciais e certos livros de autoajuda – o encorajamento a que cada um “seja o que é” e faça a diferença – começou com o iluminista suíço.

Rousseau me serviu há anos de inspiração numa conversa que tive com a minha filha mais velha. Falávamos de drogas; se bem confiasse nela, eu queria mais argumentos para convencê-la de que, particularmente nesse domínio, era preciso evitar a primeira vez.

Ponderei-lhe, didático: “Imagine que você queira experimentar drogas por curiosidade. Duas coisas podem acontecer: ou você gosta, acha que vale a pena; ou não gosta e se dispõe a jamais fazer de novo. Comecemos pelo segundo caso: como você não gostou, perdeu tempo experimentando. O melhor mesmo era ter evitado. Vejamos agora o primeiro, ou seja, o caso em que você ache a droga um barato. Isso seria terrível, pois você ia querer repetir a dose.” Fiz uma pausa e resumi: “Esse é o tipo de experiência que não vale a pena tentar”.

É falsa a ideia de que devemos “experimentar tudo”; a algumas coisas devemos renunciar até por instinto de conservação. Um dos segredos de bem viver é discernir entre o que vale a pena ser experimentado e o que deve, de antemão, ser objeto de renúncia. Para isso não existe fórmula, a não ser a do bom-senso.

O Filósofo está apaixonado. Demorou muito para admitir isso, mas agora não pode mais se enganar. Seria desconhecer as evidências, menospre...

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O Filósofo está apaixonado. Demorou muito para admitir isso, mas agora não pode mais se enganar. Seria desconhecer as evidências, menosprezar o alcance das suas faculdades cognitivas. Depois de longas prospecções interiores, reconhece que está amando. Não permitiria, contudo, que os arroubos da paixão lhe turvassem o entendimento. Afinal era um filósofo, um homem acostumado a meditar sobre as grandes questões do universo.

Augusto dos Anjos notabilizou-se por tematizar a morte e a melancolia, registrando em suas imagens, vazadas num vocabulário áspero e diss...

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Augusto dos Anjos notabilizou-se por tematizar a morte e a melancolia, registrando em suas imagens, vazadas num vocabulário áspero e dissonante, o universo da doença e da putrefação. O poeta firmou-se no imaginário de seus críticos e leitores como um homem essencialmente triste, mesmo doente, para quem “a alegria é uma doença e a tristeza a (sua) única saúde.”.

Em que é que eu pensava enquanto conduzia Juliana ao altar? Foi mais ou menos isso que alguém me perguntou na recepção que houve depois. E...

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Em que é que eu pensava enquanto conduzia Juliana ao altar? Foi mais ou menos isso que alguém me perguntou na recepção que houve depois. Eu respondi que já não me lembrava, mas a verdade é que não pensei em nada. Queria chegar logo ao final do cortejo e me livrar das fisgadas daquelas dezenas de pares de olhos.

Em 1994 veio a público, pela Nova Aguilar, a Obra Completa de Augusto dos Anjos . Organizada por Alexei Bueno , ela reunia pela primeira v...

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Em 1994 veio a público, pela Nova Aguilar, a Obra Completa de Augusto dos Anjos. Organizada por Alexei Bueno, ela reunia pela primeira vez toda a produção do paraibano. Nas palavras do organizador, o volume “constitui o depósito formal de tudo que (Augusto) produziu, do mais contingente ao mais sublime”. Ou seja: não apenas o “Eu” e as outras poesias, coligidas por Órris Soares, como também os Poemas Esquecidos, a Prosa Dispersa, a Correspondência e os chamados versos de circunstância.

Carnaval, ele com vontade de ir para a rua, e a mulher doente no quarto ao lado. Da sala ouvia a tosse — curru, curru, curru... Era a noit...

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Carnaval, ele com vontade de ir para a rua, e a mulher doente no quarto ao lado. Da sala ouvia a tosse — curru, curru, curru... Era a noite em que sairia com a turma. Podia ouvir o esquentar dos instrumentos e as vozes dos que se dirigiam à concentração. Daí a pouco passariam em frente à sua casa e gritariam, chamando-o. Assim faziam com quem não saía da toca para brincar. O combinado era convocar um por um. Diriam:

Jornalismo não é literatura, mas sempre houve a tentação de se confundir um com a outra. A diferença entre os dois reside basicamente na f...

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Jornalismo não é literatura, mas sempre houve a tentação de se confundir um com a outra. A diferença entre os dois reside basicamente na forma como utilizam a língua. No jornal a palavra é veículo, e não fim. Ao contrário do que acontece no texto literário, ela “se apaga” para deixar transparecer o fato ou a opinião.

Um dos efeitos da melancolia é enfraquecer os vínculos associativos que propiciam a representação verbal. O melancólico expressa-se com di...

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Um dos efeitos da melancolia é enfraquecer os vínculos associativos que propiciam a representação verbal. O melancólico expressa-se com dificuldade, como se lhe fosse difícil estabelecer o nexo entre significante e significado. A sua fala é lenta e marcada por claros, ambiguidades, repetições fônicas e lexicais que revelam uma espécie de desestruturação do discurso.

O acaso escapa a qualquer tentativa de explicação. Mesmo assim procuramos lhe dar um sentido, e a arte é um dos meios que utilizamos para ...

O acaso escapa a qualquer tentativa de explicação. Mesmo assim procuramos lhe dar um sentido, e a arte é um dos meios que utilizamos para isso. O outro é a religião. Existe ainda um terceiro: a ciência — mas esta, embora nos traga evidências confiáveis, não tem a amplitude das outras duas. A ciência não envolve (ou envolve muito pouco) nossas fantasias e emoções. Não há poesia em fazer exames laboratoriais ou em tomar remédios, apesar dos bons efeitos que tais recursos propiciam.

Fausto Cunha escreveu que Augusto dos Anjos foi salvo pelo povo. Ele se referia ao entusiasmo e à fidelidade do homem comum ao poeta, em c...

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Fausto Cunha escreveu que Augusto dos Anjos foi salvo pelo povo. Ele se referia ao entusiasmo e à fidelidade do homem comum ao poeta, em contraste com a má-vontade de certos críticos que não teriam compreendido o significado do “Eu” para a literatura brasileira. De fato, o povo amou Augusto desde o início, e o declamou e vem declamando nos mais diversos rincões deste país. Sobretudo no interior, tem sempre alguém cujo avô ou o pai possui um exemplar do único livro do poeta, e o recita em momentos de solidão ou de congraçamento familiar.

No in...

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No intercâmbio com os outros, é próprio do ser humano argumentar. Argumentamos desde pequenos – desde que temos a incipiente consciência de que é preciso fazer as pessoas aderirem à nossa verdade.

Algumas lembranças decisivas de minha infância ligam-se ao Colégio Diocesano Pio XI, de Campina Grande. Lá fiz o admissão e cursei uma par...

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Algumas lembranças decisivas de minha infância ligam-se ao Colégio Diocesano Pio XI, de Campina Grande. Lá fiz o admissão e cursei uma parte do primário. O Pio XI era dirigido pelo meu tio Emídio Viana, que liderava a família vinda de Santa Rita. Graças a uma carta de minha avó, mulher religiosa e que se correspondia com várias autoridades da Igreja, Emídio conseguiu da diocese autorização para dirigir o ensino naquele colégio. Ele dirigia, e o restante da família (inclusive o meu avô) completava-o na administração ou no magistério.

Sempre que vai um ano e vem outro, é comum refletir sobre o que se viveu e fazer planos para o futuro....

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Sempre que vai um ano e vem outro, é comum refletir sobre o que se viveu e fazer planos para o futuro. O tempo, afinal, existe para isto: levar-nos a esquecer as frustrações pelo que não deu certo e nos estimular a fazer novos planos. Não há dúvida de que no atual momento, com o vírus circulando por aí, as metas vão encolher bastante. Como projetar viagens não sabendo se será possível realizá-las? Como programar festas, de aniversário ou do que for, se os epidemiologistas continuamente nos alertam sobre o risco das aglomerações?

A luta contra a pandemia está sendo difícil porque nem todos estão interessados em colaborar. Se estivessem, abdicariam um pouco dos próprios interesses em benefício do bem comum. Por que não fazem isso? Talvez por se acharem “imortais”, ou pensarem que estatisticamente têm poucas probabilidades de ser acometidos pela doença. Como se ela só atingisse os outros... É o velho egoísmo triunfando sobre as nossas ralas propensões altruístas.

2021 vai ser o ano da vacina. Ou das vacinas, pois haverá muitas, com diferentes níveis de eficiência para as distintas faixas da população. O vírus não se extinguirá sem que em nosso organismo proliferem os anticorpos capazes de devorá-los. Curiosamente, ainda assim há quem se oponha a esse inestimável recurso da ciência – por ignorância, birra ou (o que parece mais comum) posicionamento ideológico. Chega-se ao ponto de desejar o fracasso de quem se empenhe em importar um tipo de vacina que tenha mais eficácia na cura da doença.

O réveillon é também sinônimo de Carnaval, mas fica difícil antecipar uma folia que não vai se prolongar em fevereiro. Principalmente se a gente se lembrar de que, no período carnavalesco passado, foi o vírus quem fez a festa. A tendência (pelo menos para os prudentes) é ficar em casa abraçando os parentes próximos, com os quais se tem a certeza de não correr riscos. Haverá em tudo isso algo de sombrio, claro. É grave e penoso meditar sobre o tempo quando paira no horizonte a ameaça de um vírus letal. Ele é uma sombra que só irá se desfazer quando a vacina começar a produzir os seus efeitos.

A vida é um processo de ajustamento contínuo às circunstâncias. Chegamos aonde chegamos na escala evolucionária devido à nossa ilimitada capacidade de adaptação. O ser humano se adapta a tudo, pois o instinto de conservação o impulsiona a ir em frente. Mas “ir em frente” não significa necessariamente evoluir. Pode significar, como no atual momento, apenas sobreviver. À meia-noite do dia 31, brindaremos sobretudo à nossa sobrevivência num ano em que tantos se foram.

Ele estava seriamente desconfiado de que Papai Noel não existia. Os pais protestavam, não queriam que se despedisse tão cedo da infância (...

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Ele estava seriamente desconfiado de que Papai Noel não existia. Os pais protestavam, não queriam que se despedisse tão cedo da infância (como se não houvesse razões mais fortes que levavam a isso!), mas ele achava que o estavam tapeando. Enganavam-no além do tempo em que deveria ser enganado. De qualquer modo, com os seus onze anos, não tinha certeza.