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Ah, meu amigo Fred... que surpresa foi essa, rapaz? Precisava mesmo ser agora? A gente sabe que esse agora não tem hora, e quem sabe não f...



Ah, meu amigo Fred... que surpresa foi essa, rapaz? Precisava mesmo ser agora? A gente sabe que esse agora não tem hora, e quem sabe não faz a hora, mas você deixou os pobres mortais aqui de bico rachado... Como aquele passarinho que sai pelos ares, serelepe e voejante, e, de repente, se distrai e bate com a cara no tronco. Fica atordoado, zonzo e percebe que rachou o bico. Pois é, ficamos assim.

Mas é isso mesmo. O que vem lá do céu não é somente a nossa vã filosofia incapaz de entender. Tem muita coisa por trás das nuvens, dos trovões, da chuva, da lua, do Sol... E a gente sabe que este mistério está todo abrigado pela Lei Suprema que rege e sustenta um montão de galáxias. Inclusive essas surpresas.

Agora, cá pra nós, amigo Féu (eita, era assim que lhe chamávamos...) que ideia foi essa de partir acima das nuvens, cara? Quanta leveza desejasse ter no momento deste duplo voo!... Parece até que queria aproveitar o embalo das turbinas para se alçar logo à Grande Viagem.

Eu sei que de viagem você entende. Quantas vezes comentamos via WZap sobre os périplos de além-mar, tão familiares a nós também. E como você era atencioso, respondendo, compartilhando, lendo nossos textos, falando do meu amado pai... Aliás, dos nossos amados pais, pois sei que de Dr. Praxedes você também é um grande amigo. E a ida a Austrália, hein? Que delícia!

Essa viagem agora, meu amigo, tenha certeza, possui uma amplitude muito maior. É verdade que por um tempo você estará meio zonzo, sem saber direito o que aconteceu (ou será que sabe?...), mas, logo logo, despertará para um mundo infinitamente belo, leve, sutil e bom como você. Daí a importância de que nós, daqui, não cultivemos por muito tempo essa tristeza amarga, e, como costumo dizer, consigamos transformar você “naquela saudade que eu gosto de ter.”

Foi mais cedo que esperávamos? Sim, claro. Mas o que é o tempo daqui comparado com o tempo dos céus? Em breve partiremos também e no mundo daí veremos que os relógios nem existem. Sigamos.

Prazeres, haverá. Não como os muitos que desfrutasse com esse bom humor inigualável, essa cara de quem está curtindo com a cara da gente, com a cara da vida, das coisas todas. Continuará dando, com certeza, essa risada adorável que todos gostávamos de ouvir.

As festas serão outras, mais sublimes do que os assustados e embalos de sábado à noite no Clube dos Oficiais, na companhia de meu mano, Tuca, seu grande amigo das descobertas adolescentes. Assim como de Juca Jardelino, Virgínia Dantas, Tico Gomes, Torbes Gambarra, Ana Adelaide e tanta gente boa daqueles tempos.

É isso, amigo, que saudade baterá, de vez em quando... Imagine em Adriana, tua doce e meiga companheira, bela como uma flor. Imagine seus filhos amados e amigos. Torço muito para que eles logo possam colocar a gratidão acima da tristeza, pois o privilégio de ter tido e convivido com uma pessoa como você nessa encarnação é imensurável. Eles sabem disso.

Fiquei pensando muito na sua partida, de lá do avião. Será que você olhava pela janelinha para aquele tapetão macio de nuvens e resolveu, de repente, que seria agora? Puxa, que ideia. Ao menos a janelinha pudesse ser aberta para que você pudesse acenar de longe, saltitando pelas brancas paragens, dizendo pra gente com o sorriso de sempre: “Desculpem sair assim, sem avisar, galera, mas logo nos veremos e continuaremos a sorrir juntos”.

Até breve, Féu!


Música cheia de vida, planta cheia de vida, cidade cheia de vida. Cheia de vida, expressão cheia de tudo. De brilho, de viço, de ânimo, de...

marcia steinbach kaplan jose alberto kaplan
Música cheia de vida, planta cheia de vida, cidade cheia de vida. Cheia de vida, expressão cheia de tudo. De brilho, de viço, de ânimo, de cor, e humor. De boa conversa, contagiante, enérgica, vibrante. Márcia Kaplan era assim. Cheia de vida. De muita vida.

Dize-me como tratas os animais que te direi quem és. Eis uma pista muito eficaz para definir o espírito e o caráter de um ser humano....

Dize-me como tratas os animais que te direi quem és. Eis uma pista muito eficaz para definir o espírito e o caráter de um ser humano. Aliás, entre as atitudes que delineiam com indubitável nitidez a índole e o nível de evolução de uma pessoa, está o tipo de tratamento que dispensa aos subordinados, aos humildes, assim como aos irmãos que nada têm de irracionais.

Dizem que Mozart compunha “música pronta”, que não corrigia, nem alterava as obras que concebia. Alguns acreditam que contava com inspiraçã...

oscar niemeyer

Dizem que Mozart compunha “música pronta”, que não corrigia, nem alterava as obras que concebia. Alguns acreditam que contava com inspiração mediúnica, tal a fluidez com que compunha. Niemeyer era assim. Num só rabisco seu, podia estar contido todo um projeto.

O caráter festivo dado à última noite do ano, com fogos, reveillons, champagne e muito barulho é compreensível à luz da natureza humana....


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O caráter festivo dado à última noite do ano, com fogos, reveillons, champagne e muito barulho é compreensível à luz da natureza humana. Aristóteles bem poderia ter acrescentado à sua máxima que o homem possui índole também festiva. E por isso, haja Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, São João, São Pedro, festa que não acaba mais.

Ó doce solidão, amiga da lembrança, como estás uma delícia ao som deste silêncio. Mais ainda, quando fazes do afeto teu parceiro. A que o...

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Ó doce solidão, amiga da lembrança, como estás uma delícia ao som deste silêncio. Mais ainda, quando fazes do afeto teu parceiro. A que ora desfruto, num momento de agosto, muito longe do desgosto, sente ir o doce inverno, aos acenos de um setembro que já vem por acolá.

Mas de volta ao aconchego, deixo vir a solidão. Há quem possa sentir só com o afago deste vento, e a luz que traz a vida de um céu que há lá fora? Há quem possa não ter fé, quando sabe que a Terra gira sem que se a perceba?

E as lembranças que não houve? Solte e veja como é bom. Voe ideias pra bem longe, ou a séculos de um mundo que um dia você viu... Uma ladeira de pedra ao sol, bouganvilles que lhe riam, em um muro sem lamento. Ah quem sabe quantas vidas vêm e passam na memória, e nos falam do eterno, e de tudo que renasce.

Há quem possa ser só, ao saber que se quiser faz de conta que não é? Ao saber que tem a lua, as estrelas e o mar? E a música de um piano à surdina duma sonata, como espelho de si próprio que revela o lado bom.

E a ladeira, onde vi?... Chega agora à lembrança, sem dizer onde eu estava, mas trazendo a tal manhã, salpicada de alegria, e das cores do azul. Era céu naquelas flores, era dia à luz do sol, mas o cheiro de alfazema não negava que de outra era a vida que me vinha.

Será que isso é poesia? Então, só já não estou. Pois a forma da sonata tanto fez que me contou que jamais estará só, quem puder ouvi-la assim. E os olhos maviosos que nos filtram tanta cor?

Como pode estar só quem o mundo sabe olhar? Quem nas árvores vê a alma do planeta a suplicar que não pensem em coisa alguma mais divina que esta Terra.

Não pode estar só quem o mar sabe espiar. Esse sim, um grande amigo, em verdade um deus de água, que nos deu a vida há anos, e há anos ainda dá. É o mar com quem contamos, quando a mente quer trair os anseios do amor.

O amor sem egoísmo, que se dá sem se cobrar, que se quer na vida a dois, e se sabe que pra sempre terá ele que durar.

Como pode estar só quem possui o que amar? E é possível nesta vida não se ter a quem amar?...

Mas o dia virou tarde, cá estou a escutar. Ora, e tempo se escuta? Sim, na hora de uma noite que talvez lhe deixe só. No silêncio do escuro em que ouve as badaladas, dum relógio lá de dentro, que não para de tocar.

Mesmo assim hás de pensar, na manhã que um novo dia faz da noite seu passado. Do passado em que terás outro amigo da saudade.

A ladeira vou descendo e pensando o que virá, lá na curva desta tarde que setembro me trará. Ah lembrei do por do sol, que mais tarde eu verei. Como todos da memória de quem nunca fica só.

Mesmo assim, ó solidão, sendo amada ou odiada, acredite se quiser, que aqui terás guarida, nesta tarde ou nesta noite, de uma vida que se vai, sem cessar, tal é a lei.

Uma das coisas que mais me distraem nas caminhadas à beira-mar, do tipo “pé na areia”, é ver a saga das marias-farinhas correndo pra lá e...

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Uma das coisas que mais me distraem nas caminhadas à beira-mar, do tipo “pé na areia”, é ver a saga das marias-farinhas correndo pra lá e pra cá pelas bordas de espuma. É notável a coragem com que elas disparam em direção à água e desaparecem sendo levadas pela enxurrada das ondas. Mesmo as pequeninas não se intimidam e deixam-se literalmente ser tragadas até pela maré cheia.

Fico imaginando o prazer que sentem naquela aventura que mais parece uma mistura de balé, surf, mergulho e esporte radical, inteiramente harmonizadas com o seu habitat.

E quando não estão a pinicar a areia molhada com alegres zigue-zagues, em minúsculas correrias, numa manhã ensolarada, ou no aconchego de uma tarde de inverno, essas douradas galeguinhas estão por ali a cavar os mini-buracos de suas efêmeras moradias.

Outro dia, eu estava sentado lá, olhando o mar, quando notei curiosamente pequenas porções de areia sendo sacudidas de dentro um buraquinho. Pouco mais aparece a danadinha me espiando, com dois pontinhos de olhos pretos e arregalados, como a me perguntar: “que estás a fazer cá à minha porta ó intruso de outro mundo?”...

Calado estava, quieto fiquei. Como havia trazido uns petiscos, assim que ela sumiu novamente, coloquei um pedaço de castanha perto de seu buraco. Antes que meu olhar se esquecesse novamente no atlântico horizonte, não tardou para que a maria reaparecesse desconfiada, logo percebendo a inusitada oferta gastronômica à sua frente. Aproximou-se devagar, apossou-se da comida e sumiu veloz pelo buraco.

E do infinito horizonte desço a imaginação à “casa” da feliz caranguejinha e ao que dentro acontecia. Haveria outros mantimentos alojados em sua despensa? E mais tarde, quando o mar enchesse, que seria da maria? Ou vai ver que esses buracos são para o pão de cada dia?...

Saí a caminhar sem me despedir, e sem dela me esquecer. Mais à frente, outras marias corriam livres, e como a outra, se jogavam de corpo e alma no marzão que já enchia.

Foi quando avistei três garotos, entre 8 a 12 anos, dando com um pau no chão, como atrás de pegar algo. E o súbito receio me veio à mente... seria alvo deles uma daquelas pequenas marias?

Acelerei-me a constatar, e, para a triste surpresa, foi de lá que correu uma. Nisso, o garoto maior que vinha atrás, pegou no chão um coco seco, e perseguiu-a ameaçando-lhe uma tacada, que, só ao som do meu grito, foi enfim interrompida.

Eles se foram desconfiados, e eu, amargurado, a pensar: Que esperança pode-se ter de um país a cujas crianças faltam poesia e não recebem educação?...

Um lugar perfeito para um completo lazer. Assim é o Hawaii.

honolulu hawaii viagem ambiente de leitura carlos romero

Um lugar perfeito para um completo lazer. Assim é o Hawaii.

Em tempos de homenagens à Independência do Brasil , que neste sábado está completando 186 anos de idade, pensemos melhor sobre o assunto. A...

patria patriotismo germano romero

Em tempos de homenagens à Independência do Brasil, que neste sábado está completando 186 anos de idade, pensemos melhor sobre o assunto. Antes disso, porém, livremo-nos daqueles conceitos pré-adquiridos, tão forçosamente impostos, como são os lugares onde nascemos. Afinal, segundo prognósticos existencialistas menos profundos, ninguém escolhe o lugar onde nasce... Ou seja, não há culpa nem dolo em haver-se brasileiro, muçulmano, norte-americano, africano, assim como ninguém tem culpa de ter nascido negro, amarelo, branco, com qualquer cara. Culpa só existe quando a cara vira uma "cara de pau"...

Hoje vamos rezar um Pai Nosso diferente. Não aquele Pai Nosso mecânico, repetitivo, ditado só com os lábios do corpo, sem estar a alma pres...

oracao pai nosso meditado

Hoje vamos rezar um Pai Nosso diferente. Não aquele Pai Nosso mecânico, repetitivo, ditado só com os lábios do corpo, sem estar a alma presente, mas um Pai Nosso profundo, tal qual o Cristo ensinou.

Uma oração sincera nem precisa de palavras, basta-lhe o enlevo de sentir a vida correndo pelo mundo afora. Muitas vezes o mecanicismo verbal torna o ato de orar superficial e automático, não raciocinado, improlífico, e por isso, incapaz de auferir os benefícios mágicos da verdadeira prece. Mas, vamos à bela oração que acalenta o mundo há mais de dois mil anos.

Pai nosso que estás em todas as coisas, santificado seja o Vosso nome, que exige respeito e veneração por quem o pronuncia.

Venha a nós o Vosso Reino e tudo o que criastes. Venham a nós os pobres e enfermos, os marginalizados, os bons e os maus, porque são apenas involuídos. Venham a nós as plantas e os animais, que devemos tratar com carinho e amor. Venha a nós a Natureza bela e pródiga com que nos presenteastes para que nada nos falte. Ajudai-nos a proteger os seus tesouros, a riqueza dos rios, mares e florestas.

Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu. Vontade sábia e soberana, calcada nas leis da Criação, que sustentam as infinitas galáxias, a que temos o privilégio de pertencer. Seja feita a Vossa vontade independente da nossa, à qual nos curvaremos, resignados na fé e na certeza de que sob a divina sabedoria estaremos sempre protegidos.

Que nunca estejamos insatisfeitos, por saber que todo efeito tem uma causa, que nada acontece por acaso, e que tudo que nos cabe é por mérito próprio. Afinal, o Vosso filho Jesus nos disse que "nunca daríeis um cobertor menor que o frio", e que "não nos preocupássemos com o amanhã"... A partir daí, concluímos que escreveis certo por linhas que nos parecem tortas.

Agradecemos o pão nosso de cada dia, que a terra fértil nos provê, lembrando quão sagradas devem ser as refeições. Perdoai as nossas dívidas, na mesma medida que perdoamos àqueles que nos ofendem.

Não nos deixeis cair nas tentações, criadas por nós próprios, que inventamos luxo e necessidades supérfluas em detrimento da carência de tanta gente. Tentação de egoísmo, de ciúmes, de poder, de vaidade, de ambição. Tentação de vícios e drogas que maculam a semeadura e a inevitável colheita.

Livrai-nos do mal, tendo força para consertar o que somos capazes, aprender "a aceitar as coisas que não podemos mudar, e o discernimento para distinguir umas das outras". Livrai-nos do mal aprendendo a dominar a preguiça, a grosseria, as tendências menos afinadas com o bem coletivo. Livrai-nos do mal que fazemos aos outros e a nós mesmos, criando carma e vínculos que nos atrasam a evolução. Livrai-nos de desrespeitar os direitos de qualquer ser deste planeta, para que junto com eles caminhemos em direção ao Infinito Bem.

Que o "Pai Nosso" assim seja.