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E nos restou A União! O célebre e centenário matutino, cujas “remingtons” tilintavam no varar das madrugadas ao sabor e aroma do café e do ...

germano romero correio da paraiba jornal impresso arquitetura

E nos restou A União! O célebre e centenário matutino, cujas “remingtons” tilintavam no varar das madrugadas ao sabor e aroma do café e do pãozinho quente trazido à redação.
jornal a uniao joao pessoa
Jornal A União
Este cenário, tendo a praça João Pessoa vista das janelas de então, na fachada neoclássica do lindo prédio demolido, tenuemente iluminada, foi escrito e descrito várias vezes por Carlos Romero. Em memória emocionada, nos contava com prazer sobre a convivência salutar e proveitosa que desfrutou n’A União, desde quando lá chegou para redigir telegramas. E depois como repórter, já na redação, a prazerosa e privilegiada amizade com seu chefe, o dramaturgo e cronista pernambucano, Silvino Lopes, com quem muito aprendeu. Aliás, “foi n’A União que aprendi a escrever” - ele dizia com honroso reconhecimento.

germano carlos romero jornal união
Germano e Carlos Romero
Há poucos anos [creio que já contei por aqui], tivemos a oportunidade, eu e meu pai, Carlos Romero, de folhear os velhos compêndios da coleção antiga, com o prazer de ver e reler colunas, textos, reportagens, crônicas e contos de sua autoria. Como foi bom vê-lo curioso, passando devagar, quase apalpando, delicadamente, as grandes páginas, frágeis e desgastadas, com máscara e luvas [e nem tinha coronavírus…] aquelas edições históricas! Já no carro, ele se virou e me disse: “meu filho, eu desafio a quem aponte uma pessoa que escreveu mais n’A União do que eu”. E é verdade…

E nos restou A União! Foram-se O Norte, o Contraponto, o Jornal da Paraíba, e agora o Correio. Que pena… Mas os impressos não sossobram apenas por aqui. Assim também partiram as edições de papel do Jornal do Brasil, Diário do Comércio, da Gazeta, New York Times, Washington Post, The Guardian, e tantos outros.
jornal do brasil extinto
É o mundo digital engolindo o real, o palpável, o crível. Um mundo que tem suas comodidades, não restam dúvidas, mas que extingue o cheirinho gostoso de papel. E aos poucos - tomara que não -, o cheiro bom das livrarias…

O Correio foi o último dos independentes, da iniciativa privada. Atravessou décadas, fez história, passarela de cronistas, repórteres, articulistas, colunistas dos melhores. Abrigou a coluna cidadã de Abelardo, uma vitrine de informações e atualidades imprescindível ao cotidiano. Crispim, Pereira Nóbrega, Gonzaga Rodrigues, Carlos Romero, Natanael Alves, Virginius da Gama e Melo, Juarez da Gama Batista, João Manoel de Carvalho, Biu Ramos, gente que fez a boa literatura ser diária como o café da manhã, que fazia do Correio seu bom dia à notícia. E foram quase 70 anos de compromisso com a informação!

Agora, nos restou A União. E que União! Ainda bem que, segundo nos informa Naná Garcez, é um jornal superavitário, não dá prejuízo e não precisa dos cofres do governo para nada. Tem renda própria, tem gráfica, propaganda. E cá entre nós, nesse quase século e meio, já é um patrimônio imaterial e intangível, cada vez melhor. E mesmo se um dia for extinto, ocupará lugar de honra na história do jornalismo brasileiro como escola superior da arte de escrever.

Como bradou em crônica um de seus mais ilustres colaboradores: “Que este matutino continue na sua missão. Que nenhum governador se meta a extingui-lo. Que sempre se homenageiem os grandes personagens que transitaram pelos caminhos deste jornal”! (Carlos Romero).



Germano Romero é arquiteto e bacharel em música
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Estamos confinados. Pelo menos quem pode. Mas não há como esquecer dos inúmeros semelhantes que estão tentando ajudar a salvar o planeta da...


Estamos confinados. Pelo menos quem pode. Mas não há como esquecer dos inúmeros semelhantes que estão tentando ajudar a salvar o planeta das consequências da pandemia. Em áreas e setores essenciais à vida, à ciência, à saúde, eles prosseguem no dever inerente às profissões que abraçaram. Lixeiros, médicos, enfermeiros, pesquisadores, entregadores, operários, motoristas, cozinheiros, caminhoneiros, funcionários de hospitais, de farmácias, de supermercados, padaria e outros tantos estabelecimentos que permanecem suprindo e atendendo à humanidade alarmada… E Sartre ainda disse que “o inferno são os outros”. Ai de nós sem esses outros eus de nós mesmos!

E os trabalhadores autônomos, ambulantes, picolezeiros, pipoqueiros, amendoinzeiros, quitandeiros, que ganham em um dia o que comerão no próximo? Que prejuízo, que situação...

Não nos lembramos de ter vivido algo parecido, com tal repercussão na vida e no cotidiano, pessoal, profissional, local e mundial. E olhe que já vivenciamos algumas situações que preocuparam o mundo, mesmo quando viajamos em época de gripes suína, asiática, h1n1, assim como durante ou logo após episódios de poeira exalada dos vulcões da Islândia, dos Andes, terremotos na Nova Zelândia, ondas de terrorismo, mas nada se compara com o que ora nos deparamos.

Esse corona nos tirou literalmente de letra, redundância em propósito! Uma freada brusca no ritmo da vida, sobretudo a urbana. Sim, pois fico pensando como estarão os cenários dos alpes austríacos, das ilhas de Kara, de Barrents, das praias de Beaufort, de Baffin, do lago Yessey, dos campos de neve da Sibéria?... Será que a audácia do corona chegou a tanto? Bem, eles têm o paraíso. Voltemos à realidade...

E nós, como estaríamos se não fossem os outros, em Jean Paul? Como agora grita alto a solidariedade!... Como emerge a importância do conviver, do trabalhar, do usufruir aquilo que a humanidade fez e faz por nós, com tanto trabalho e dedicação.

Como brilham os livros nas prateleiras, as lembranças de outrora, as bibliotecas de música e filmes. Como cantam na memória as ternas amizades, entre elas o abraço, o afago, doce e meigo de nós outros, dos que Sartre num rompante de estresse ou agonia jogou para o inferno. Nem Dante chega a tanto...

E a Internet? Como esse canal se faz tão essencial. Como estaria a população, de todas as classes, sem as redes que interagem, que infundem e confundem?...

Mas há tanto o que fazer... Por nós e pelos outros. Por que não telefonar para aquela tia idosa, uma amiga de seu tempo, trocar umas palavras, uma ideia otimista... Está na hora de ajudar, seja orando ou meditando, emanando vibrações a criar na atmosfera o ambiente favorável de inspirada harmonia. Nem de longe se imagina como assim auxiliamos no caminho da evolução...

Mas há tanto o que fazer... Tantas portas se abriram para a fraternidade. São ações e doações que se expandem de mãos dadas em busca do alívio aos mais necessitados. Adiante, contribua, faça tudo que é possível com os dons que lhe couberam. Escreva, contribua, divulgue o que faz bem, esconda o que não faz. Semeie a esperança, multiplique o otimismo, a paz e a concórdia.

Um dia, lá na frente, haveremos de lembrar da maneira como agimos. Se foi p’ro bem comum ou pra semear discórdia. Se torcemos pelos outros ou por nossos interesses. Se unidos estivemos ou vibramos pelo inferno, que um dia abrigará os que dele usaram ou fizeram acreditar.

Não se engane, tudo passa. O corona, a quarentena e as mazelas que vierem. Só não passam as lembranças que estarão na consciência. De culpa, de remorso, ou de paz e gratidão por si e pelos outros.


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música E-mail

Nunca imaginamos que nossa geração viveria uma pandemia. Sem guerras, nem pestes, prosseguíamos aos trancos e barrancos, caindo e levant...


Nunca imaginamos que nossa geração viveria uma pandemia. Sem guerras, nem pestes, prosseguíamos aos trancos e barrancos, caindo e levantando entre os altos e baixos próprios da vida na Terra.

Aos com mais idade, resta toda sabedoria. Impossível não ser sábio aquele que amadurece por inteiro, e assim, esquece ou não sente a idade que tem. “Tem a idade que sente”, como diz Carlos Romero.

Mas, a vida prega peças, e assim nos trouxe mais uma. Como se não bastasse a guerra ideológica que passamos a experimentar após a recente escolha do presidente atual, fruto de posições extremadas, por vezes radicais, de ambos os lados, não raro intolerantes. Quem dera nos inspirássemos no célebre ensinamento para “não fazer aos outros aquilo que nos desagrada – esta, a essência de qualquer conduta humana e que bem reflete o que nos ensinou Jesus. Ah se lembrássemos de Voltaire: “Discordo de tudo o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”. Mas, ensinamentos são como conselhos. Semeados em terra árida não criam raízes tampouco florescem...

Assim, em meio às angústias da instabilidade política, estoura uma pandemia. Que coisa! Sabe Deus a dimensão do que está por vir. Não em consequência da doença, que, entre muitas das que padecemos não tão fatal nos parece. Mas dos efeitos da recessão que a humanidade experimentará em breve.

Nesses tempos de recato, nada como a reflexão interior para reforma íntima de conceitos e preconceitos, a nos renovar princípios de tolerância e compreensão. Foi daí que veio à tona uma bela lição de Chico Xavier, do livro “Vida e Sexo”, ditado por Emmanuel, que trata da homoafetividade e dos respectivos preconceitos da sociedade, ainda verificados, sem liberdade, igualdade nem fraternidade. Vejamos:

"A homossexualidade, definida no conjunto de suas características por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas. Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais”.

“Em minhas noções de dignidade do espírito, não consigo entender porque razão esse ou aquele preconceito social impedirá certo número de pessoas de trabalhar e de serem úteis a vida comunitária, unicamente pelo fato de haverem trazido do berço características psicológicas e fisiológicas diferentes da maioria. “Acreditamos que o tempo e a compreensão humana traçarão normas sociais susceptíveis de tranquilizar quantos se vinculam a semelhante segmento da comunidade, assegurando-se-lhes a benção do trabalho com o respeito devido a todos os filhos de Deus. Até que isso se concretize, não vejo qualquer motivo para críticas destrutivas e sarcasmos incompreensíveis para com os nossos irmãos e irmãs portadores de tendências homossexuais, a nosso ver claramente iguais às tendências heterossexuais que assinalam a maioria das criaturas humanas”.

"Dia virá em que a coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos”.



Germano Romero é arquiteto e bacharel em música E-mail: germanoromero@gmail.com

Pelo amor de Deus, é hora de parar! De refletir e agir pelo bem. É hora de buscar o melhor que tenhamos dentro de nós. Conhece-se a verdadei...



Pelo amor de Deus, é hora de parar! De refletir e agir pelo bem. É hora de buscar o melhor que tenhamos dentro de nós. Conhece-se a verdadeira índole de uma pessoa quando a ela se concedem riqueza e poder. Mas é nas dificuldades que também se revela a natureza humana.

O Espiritismo ensina que vivemos em um planeta de expiações e provas, prestes a dar início a uma seletiva regeneração. Espíritos iluminados nos instruem para que entendamos as adversidades, ainda que dolorosas, como oportunidades para crescer, evoluir e neutralizar as marcas que o carma nos reserva. Seja individual ou coletivo.

Jesus Cristo, o filho de um carpinteiro judeu, mostrou que da simplicidade brotam ensinamentos capazes de transformar o mundo, apenas com Amor. Ensinou-nos a mais perfeita oração, que nos intui a fé incondicional para aceitar a vontade de Deus. Parece até que esquecemos disso quando oramos o Pai Nosso...

Mas se você não é cristão, ou não se afina com religião alguma, não importa. O que importa é o bem que se produz. A verdadeira religião é a da conduta, pois é na prática da solidariedade, da fraternidade, que a felicidade é possível. E não na crença.

Nós brotamos no seio deste planeta que tem bilhões de anos, junto com plantas, animais e todas as formas de vida. Inclusive vírus, fungos e bactérias. Sim! Os vírus também são filhos de Deus e bem mais antigos que nós. Há vírus inofensivos e são a forma de vida mais abundante nos rios, lagos e mares. Evoluíram e se proliferaram como todos os outros seres que habitaram a Terra.

O tipo que surgiu agora, amedrontando a humanidade com uma terrível pandemia, é mais um. Sua criação, mutação e reprodução aconteceram inteiramente dentro das leis naturais, das Leis de Deus. Nada acontece no Universo que não esteja abrigado nas leis que regem o fenômeno da Criação. Todas as catástrofes, tsunamis, terremotos, epidemias, guerras, pragas, furacões ocorrem sob as leis universais. As Leis de Deus.

Quando produzimos suas causas, colhemos os efeitos. É da Lei. O arbítrio para semear é livre, mas a colheita é inexorável. Provocamos duas insanas guerras mundiais em menos de 30 anos, mas faz três quartos de século que não mais as permitimos. Aos trancos e barrancos, sofrendo, amando e aprendendo, progredimos. Houve tempo em que comíamos uns aos outros, que sacrificávamos nossos bebês em rituais de inconcebível estupidez. Estamos, sim, evoluindo. Acreditemos.

Agora a humanidade enfrenta uma condição que clama por união. Uma pandemia que suplica atenção, e, sobretudo solidariedade. Não deve haver espaço para a discórdia e a insensatez.

Se há recomendação científica para se recolher, que se respeite. Mas também se respeitem as atividades que não podem parar. Hospitais, serviços de abastecimento de água, gás, luz, alimentos, coleta de lixo, farmácias, padarias, supermercados, transportes públicos essenciais, não! Vamos respeitar, apoiar e entender isso. Se a indústria alimentícia parar, se o supermercado fechar, se o gás não for fornecido, o que será de nós?

Se você é jovem, saudável e não está no grupo de risco, proteja-se e ajude a quem precisa. Vá em frente. Há gente idosa, vulnerável, carente, que nessa hora só conta com a solidadriedade alheia.

Se você tem condições de estar e trabalhar em casa, ótimo. Recolha-se! Interrompa a cadeia de contato físico e preste um bem à luta contra o contágio. Faça leituras e tarefas edificantes. Medite, reflita, ore. Assim estará contribuindo para uma atmosfera espiritual leve e propícia a filtrar os benefícios do Alto. Acredite que há uma população imensa, do “outro lado”, trabalhando pelo bem da humanidade. Mas não critique nem exija que uma família numerosa se confine em uma quartinho de 20 metros quadrados. Tudo tem limite.

Se você é político, afina-se com a política, faça de sua ideologia um caminho de união em benefício coletivo. Esqueça, pelo menos por enquanto, as divergências partidárias. Partidos são partes de um todo em função da comunidade. Partido não é para tirar partido, muito menos da miséria. Não torça contra quem está, no momento, com a responsabilidade de administrar um país que sofre com o medo, com a insegurança, com um futuro obscuro mediante a precariedade de um sistema de saúde pública que nunca foi levado a sério.

Gente, é hora de união, de cooperação, de participação solidária. Não disseminemos pânico, terrorismo, pessimismo. Só unidos é que venceremos mais uma batalha. Pelo amor de Deus!

Ah, meu amigo Fred... que surpresa foi essa, rapaz? Precisava mesmo ser agora? A gente sabe que esse agora não tem hora, e quem sabe não f...



Ah, meu amigo Fred... que surpresa foi essa, rapaz? Precisava mesmo ser agora? A gente sabe que esse agora não tem hora, e quem sabe não faz a hora, mas você deixou os pobres mortais aqui de bico rachado... Como aquele passarinho que sai pelos ares, serelepe e voejante, e, de repente, se distrai e bate com a cara no tronco. Fica atordoado, zonzo e percebe que rachou o bico. Pois é, ficamos assim.

Mas é isso mesmo. O que vem lá do céu não é somente a nossa vã filosofia incapaz de entender. Tem muita coisa por trás das nuvens, dos trovões, da chuva, da lua, do Sol... E a gente sabe que este mistério está todo abrigado pela Lei Suprema que rege e sustenta um montão de galáxias. Inclusive essas surpresas.

Agora, cá pra nós, amigo Féu (eita, era assim que lhe chamávamos...) que ideia foi essa de partir acima das nuvens, cara? Quanta leveza desejasse ter no momento deste duplo voo!... Parece até que queria aproveitar o embalo das turbinas para se alçar logo à Grande Viagem.

Eu sei que de viagem você entende. Quantas vezes comentamos via WZap sobre os périplos de além-mar, tão familiares a nós também. E como você era atencioso, respondendo, compartilhando, lendo nossos textos, falando do meu amado pai... Aliás, dos nossos amados pais, pois sei que de Dr. Praxedes você também é um grande amigo. E a ida a Austrália, hein? Que delícia!

Essa viagem agora, meu amigo, tenha certeza, possui uma amplitude muito maior. É verdade que por um tempo você estará meio zonzo, sem saber direito o que aconteceu (ou será que sabe?...), mas, logo logo, despertará para um mundo infinitamente belo, leve, sutil e bom como você. Daí a importância de que nós, daqui, não cultivemos por muito tempo essa tristeza amarga, e, como costumo dizer, consigamos transformar você “naquela saudade que eu gosto de ter.”

Foi mais cedo que esperávamos? Sim, claro. Mas o que é o tempo daqui comparado com o tempo dos céus? Em breve partiremos também e no mundo daí veremos que os relógios nem existem. Sigamos.

Prazeres, haverá. Não como os muitos que desfrutasse com esse bom humor inigualável, essa cara de quem está curtindo com a cara da gente, com a cara da vida, das coisas todas. Continuará dando, com certeza, essa risada adorável que todos gostávamos de ouvir.

As festas serão outras, mais sublimes do que os assustados e embalos de sábado à noite no Clube dos Oficiais, na companhia de meu mano, Tuca, seu grande amigo das descobertas adolescentes. Assim como de Juca Jardelino, Virgínia Dantas, Tico Gomes, Torbes Gambarra, Ana Adelaide e tanta gente boa daqueles tempos.

É isso, amigo, que saudade baterá, de vez em quando... Imagine em Adriana, tua doce e meiga companheira, bela como uma flor. Imagine seus filhos amados e amigos. Torço muito para que eles logo possam colocar a gratidão acima da tristeza, pois o privilégio de ter tido e convivido com uma pessoa como você nessa encarnação é imensurável. Eles sabem disso.

Fiquei pensando muito na sua partida, de lá do avião. Será que você olhava pela janelinha para aquele tapetão macio de nuvens e resolveu, de repente, que seria agora? Puxa, que ideia. Ao menos a janelinha pudesse ser aberta para que você pudesse acenar de longe, saltitando pelas brancas paragens, dizendo pra gente com o sorriso de sempre: “Desculpem sair assim, sem avisar, galera, mas logo nos veremos e continuaremos a sorrir juntos”.

Até breve, Féu!


Música cheia de vida, planta cheia de vida, cidade cheia de vida. Cheia de vida, expressão cheia de tudo. De brilho, de viço, de ânimo, de...

marcia steinbach kaplan jose alberto kaplan
Música cheia de vida, planta cheia de vida, cidade cheia de vida. Cheia de vida, expressão cheia de tudo. De brilho, de viço, de ânimo, de cor, e humor. De boa conversa, contagiante, enérgica, vibrante. Márcia Kaplan era assim. Cheia de vida. De muita vida.

Dize-me como tratas os animais que te direi quem és. Eis uma pista muito eficaz para definir o espírito e o caráter de um ser humano....

Dize-me como tratas os animais que te direi quem és. Eis uma pista muito eficaz para definir o espírito e o caráter de um ser humano. Aliás, entre as atitudes que delineiam com indubitável nitidez a índole e o nível de evolução de uma pessoa, está o tipo de tratamento que dispensa aos subordinados, aos humildes, assim como aos irmãos que nada têm de irracionais.

Dizem que Mozart compunha “música pronta”, que não corrigia, nem alterava as obras que concebia. Alguns acreditam que contava com inspiraçã...

oscar niemeyer

Dizem que Mozart compunha “música pronta”, que não corrigia, nem alterava as obras que concebia. Alguns acreditam que contava com inspiração mediúnica, tal a fluidez com que compunha. Niemeyer era assim. Num só rabisco seu, podia estar contido todo um projeto.

O caráter festivo dado à última noite do ano, com fogos, reveillons, champagne e muito barulho é compreensível à luz da natureza humana....


ano novo vida nova ambiente de leitura carlos romero

O caráter festivo dado à última noite do ano, com fogos, reveillons, champagne e muito barulho é compreensível à luz da natureza humana. Aristóteles bem poderia ter acrescentado à sua máxima que o homem possui índole também festiva. E por isso, haja Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, São João, São Pedro, festa que não acaba mais.

Ó doce solidão, amiga da lembrança, como estás uma delícia ao som deste silêncio. Mais ainda, quando fazes do afeto teu parceiro. A que o...

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Ó doce solidão, amiga da lembrança, como estás uma delícia ao som deste silêncio. Mais ainda, quando fazes do afeto teu parceiro. A que ora desfruto, num momento de agosto, muito longe do desgosto, sente ir o doce inverno, aos acenos de um setembro que já vem por acolá.

Mas de volta ao aconchego, deixo vir a solidão. Há quem possa sentir só com o afago deste vento, e a luz que traz a vida de um céu que há lá fora? Há quem possa não ter fé, quando sabe que a Terra gira sem que se a perceba?

E as lembranças que não houve? Solte e veja como é bom. Voe ideias pra bem longe, ou a séculos de um mundo que um dia você viu... Uma ladeira de pedra ao sol, bouganvilles que lhe riam, em um muro sem lamento. Ah quem sabe quantas vidas vêm e passam na memória, e nos falam do eterno, e de tudo que renasce.

Há quem possa ser só, ao saber que se quiser faz de conta que não é? Ao saber que tem a lua, as estrelas e o mar? E a música de um piano à surdina duma sonata, como espelho de si próprio que revela o lado bom.

E a ladeira, onde vi?... Chega agora à lembrança, sem dizer onde eu estava, mas trazendo a tal manhã, salpicada de alegria, e das cores do azul. Era céu naquelas flores, era dia à luz do sol, mas o cheiro de alfazema não negava que de outra era a vida que me vinha.

Será que isso é poesia? Então, só já não estou. Pois a forma da sonata tanto fez que me contou que jamais estará só, quem puder ouvi-la assim. E os olhos maviosos que nos filtram tanta cor?

Como pode estar só quem o mundo sabe olhar? Quem nas árvores vê a alma do planeta a suplicar que não pensem em coisa alguma mais divina que esta Terra.

Não pode estar só quem o mar sabe espiar. Esse sim, um grande amigo, em verdade um deus de água, que nos deu a vida há anos, e há anos ainda dá. É o mar com quem contamos, quando a mente quer trair os anseios do amor.

O amor sem egoísmo, que se dá sem se cobrar, que se quer na vida a dois, e se sabe que pra sempre terá ele que durar.

Como pode estar só quem possui o que amar? E é possível nesta vida não se ter a quem amar?...

Mas o dia virou tarde, cá estou a escutar. Ora, e tempo se escuta? Sim, na hora de uma noite que talvez lhe deixe só. No silêncio do escuro em que ouve as badaladas, dum relógio lá de dentro, que não para de tocar.

Mesmo assim hás de pensar, na manhã que um novo dia faz da noite seu passado. Do passado em que terás outro amigo da saudade.

A ladeira vou descendo e pensando o que virá, lá na curva desta tarde que setembro me trará. Ah lembrei do por do sol, que mais tarde eu verei. Como todos da memória de quem nunca fica só.

Mesmo assim, ó solidão, sendo amada ou odiada, acredite se quiser, que aqui terás guarida, nesta tarde ou nesta noite, de uma vida que se vai, sem cessar, tal é a lei.

Uma das coisas que mais me distraem nas caminhadas à beira-mar, do tipo “pé na areia”, é ver a saga das marias-farinhas correndo pra lá e...

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Uma das coisas que mais me distraem nas caminhadas à beira-mar, do tipo “pé na areia”, é ver a saga das marias-farinhas correndo pra lá e pra cá pelas bordas de espuma. É notável a coragem com que elas disparam em direção à água e desaparecem sendo levadas pela enxurrada das ondas. Mesmo as pequeninas não se intimidam e deixam-se literalmente ser tragadas até pela maré cheia.

Fico imaginando o prazer que sentem naquela aventura que mais parece uma mistura de balé, surf, mergulho e esporte radical, inteiramente harmonizadas com o seu habitat.

E quando não estão a pinicar a areia molhada com alegres zigue-zagues, em minúsculas correrias, numa manhã ensolarada, ou no aconchego de uma tarde de inverno, essas douradas galeguinhas estão por ali a cavar os mini-buracos de suas efêmeras moradias.

Outro dia, eu estava sentado lá, olhando o mar, quando notei curiosamente pequenas porções de areia sendo sacudidas de dentro um buraquinho. Pouco mais aparece a danadinha me espiando, com dois pontinhos de olhos pretos e arregalados, como a me perguntar: “que estás a fazer cá à minha porta ó intruso de outro mundo?”...

Calado estava, quieto fiquei. Como havia trazido uns petiscos, assim que ela sumiu novamente, coloquei um pedaço de castanha perto de seu buraco. Antes que meu olhar se esquecesse novamente no atlântico horizonte, não tardou para que a maria reaparecesse desconfiada, logo percebendo a inusitada oferta gastronômica à sua frente. Aproximou-se devagar, apossou-se da comida e sumiu veloz pelo buraco.

E do infinito horizonte desço a imaginação à “casa” da feliz caranguejinha e ao que dentro acontecia. Haveria outros mantimentos alojados em sua despensa? E mais tarde, quando o mar enchesse, que seria da maria? Ou vai ver que esses buracos são para o pão de cada dia?...

Saí a caminhar sem me despedir, e sem dela me esquecer. Mais à frente, outras marias corriam livres, e como a outra, se jogavam de corpo e alma no marzão que já enchia.

Foi quando avistei três garotos, entre 8 a 12 anos, dando com um pau no chão, como atrás de pegar algo. E o súbito receio me veio à mente... seria alvo deles uma daquelas pequenas marias?

Acelerei-me a constatar, e, para a triste surpresa, foi de lá que correu uma. Nisso, o garoto maior que vinha atrás, pegou no chão um coco seco, e perseguiu-a ameaçando-lhe uma tacada, que, só ao som do meu grito, foi enfim interrompida.

Eles se foram desconfiados, e eu, amargurado, a pensar: Que esperança pode-se ter de um país a cujas crianças faltam poesia e não recebem educação?...

Um lugar perfeito para um completo lazer. Assim é o Hawaii.

honolulu hawaii viagem ambiente de leitura carlos romero

Um lugar perfeito para um completo lazer. Assim é o Hawaii.

Em tempos de homenagens à Independência do Brasil , que neste sábado está completando 186 anos de idade, pensemos melhor sobre o assunto. A...

patria patriotismo germano romero

Em tempos de homenagens à Independência do Brasil, que neste sábado está completando 186 anos de idade, pensemos melhor sobre o assunto. Antes disso, porém, livremo-nos daqueles conceitos pré-adquiridos, tão forçosamente impostos, como são os lugares onde nascemos. Afinal, segundo prognósticos existencialistas menos profundos, ninguém escolhe o lugar onde nasce... Ou seja, não há culpa nem dolo em haver-se brasileiro, muçulmano, norte-americano, africano, assim como ninguém tem culpa de ter nascido negro, amarelo, branco, com qualquer cara. Culpa só existe quando a cara vira uma "cara de pau"...

Hoje vamos rezar um Pai Nosso diferente. Não aquele Pai Nosso mecânico, repetitivo, ditado só com os lábios do corpo, sem estar a alma pres...

oracao pai nosso meditado

Hoje vamos rezar um Pai Nosso diferente. Não aquele Pai Nosso mecânico, repetitivo, ditado só com os lábios do corpo, sem estar a alma presente, mas um Pai Nosso profundo, tal qual o Cristo ensinou.

Uma oração sincera nem precisa de palavras, basta-lhe o enlevo de sentir a vida correndo pelo mundo afora. Muitas vezes o mecanicismo verbal torna o ato de orar superficial e automático, não raciocinado, improlífico, e por isso, incapaz de auferir os benefícios mágicos da verdadeira prece. Mas, vamos à bela oração que acalenta o mundo há mais de dois mil anos.

Pai nosso que estás em todas as coisas, santificado seja o Vosso nome, que exige respeito e veneração por quem o pronuncia.

Venha a nós o Vosso Reino e tudo o que criastes. Venham a nós os pobres e enfermos, os marginalizados, os bons e os maus, porque são apenas involuídos. Venham a nós as plantas e os animais, que devemos tratar com carinho e amor. Venha a nós a Natureza bela e pródiga com que nos presenteastes para que nada nos falte. Ajudai-nos a proteger os seus tesouros, a riqueza dos rios, mares e florestas.

Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu. Vontade sábia e soberana, calcada nas leis da Criação, que sustentam as infinitas galáxias, a que temos o privilégio de pertencer. Seja feita a Vossa vontade independente da nossa, à qual nos curvaremos, resignados na fé e na certeza de que sob a divina sabedoria estaremos sempre protegidos.

Que nunca estejamos insatisfeitos, por saber que todo efeito tem uma causa, que nada acontece por acaso, e que tudo que nos cabe é por mérito próprio. Afinal, o Vosso filho Jesus nos disse que "nunca daríeis um cobertor menor que o frio", e que "não nos preocupássemos com o amanhã"... A partir daí, concluímos que escreveis certo por linhas que nos parecem tortas.

Agradecemos o pão nosso de cada dia, que a terra fértil nos provê, lembrando quão sagradas devem ser as refeições. Perdoai as nossas dívidas, na mesma medida que perdoamos àqueles que nos ofendem.

Não nos deixeis cair nas tentações, criadas por nós próprios, que inventamos luxo e necessidades supérfluas em detrimento da carência de tanta gente. Tentação de egoísmo, de ciúmes, de poder, de vaidade, de ambição. Tentação de vícios e drogas que maculam a semeadura e a inevitável colheita.

Livrai-nos do mal, tendo força para consertar o que somos capazes, aprender "a aceitar as coisas que não podemos mudar, e o discernimento para distinguir umas das outras". Livrai-nos do mal aprendendo a dominar a preguiça, a grosseria, as tendências menos afinadas com o bem coletivo. Livrai-nos do mal que fazemos aos outros e a nós mesmos, criando carma e vínculos que nos atrasam a evolução. Livrai-nos de desrespeitar os direitos de qualquer ser deste planeta, para que junto com eles caminhemos em direção ao Infinito Bem.

Que o "Pai Nosso" assim seja.