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A convocação para a guerra era esperada e inevitável. Imagine a preocupação da família… Mas, ele não. Estava pronto e às ordens. Nunca es...

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A convocação para a guerra era esperada e inevitável. Imagine a preocupação da família… Mas, ele não. Estava pronto e às ordens.

Nunca esqueceu a visão de despedida que teve pela janela do trem, na estação ferroviária de João Pessoa, dos pais e da irmã caçula com uns 10 anos de idade. A garotinha tinha uma mão segurada pela mãe e a outra solta no adeus. O semblante tríplice era de cortar coração. O caçula dos homens estava indo para a guerra!

Estava decidido. Após a visão que experimentou diante daquela cena, sua jornada se tornara imprescindível. Contrataria um barqueiro na manhã...

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Estava decidido. Após a visão que experimentou diante daquela cena, sua jornada se tornara imprescindível. Contrataria um barqueiro na manhã seguinte. E lançaram-se ao mar. O tempo sombrio convidava-os ao silêncio. A circunspecção de Rachmaninoff não lhe permitia palavra alguma. A visão que o motivara à travessia não saía de sua imaginação. Desde o dia em que viu a tela de Arnold Böckling, a “Ilha” se entranhou ao seu imaginário.

Uma paisagem nunca foi tão decantada pela arte como “A Ilha dos Mortos". Inspirado na visão de Pontikonisi, o belo conjunto de rochedos...

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Uma paisagem nunca foi tão decantada pela arte como “A Ilha dos Mortos". Inspirado na visão de Pontikonisi, o belo conjunto de rochedos que emerge do Mar Mediterrâneo, perto de Corfu, na Grécia, o pintor suíço Arnold Böcklin criou-lhe 5 versões, ao longo de 6 anos, no final do século 19. As pinturas impressionaram o mundo artístico, entre especialistas, empresários e colecionadores. A última criação foi encomendada em 1886 pelo Museu de Belas Artes de Leipzig, onde ainda se encontra.

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A Ilha dos Mortos também influenciou outros pintores, como Salvador Dalí, notadamente em seu trabalho “Lado Oeste da Ilha dos Mortos”. E o alemão Michael Sowa pintou o que seria a “sexta versão", de Böcklin, uma espécie de paródia. Outros se sucederam e até o final do século XX surgem mais duas versões: A do arquiteto, pintor e cenógrafo Fabrizio Clerici, uma tela de mesmo nome (1974) e outra chamada "Homenagem a Böcklin", em 1977, concebida por seu conterrâneo, Hans Giger.

A Ilha continuou a produzir inspirações. No teatro, a peça "The Ghost Sonata" (August Strindberg ,1907), foi concluída com a singular paisagem. No cinema, o produtor Val Lewton usou-a em cenários dos filmes “I Walked with a Zombie”
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e “Isle of the Dead" (1945). Além de outras produções cinematográficas, a tela esteve presente até na TV, em um dos episódios da série “Pretty Little Liars”, escrita por Sara Shepard.

Na literatura, versões da pintura emergiram em romances como “O Mundo de Cristal” de J. G. Ballard, “Port Matarre”, de Roger Zelazny, e “The Warlord Chronicles”, de Bernard Cornwell.

Foi na Música que A Ilha dos Mortos se glorificou em belos poemas sinfônicos. Primeiramente com o romântico Heinrich Schülz-Beuthen celebrando-a em composição homônima. Em seguida, vieram o romeno-sueco Andreas Hallén, com "Die Toteninsel", em 1898, e Dezso d'Antalffy, músico húngaro, com mais um poema, de mesmo título, em 1907.

Em Rachmaninoff, a criação de Böcklin definitivamente se consagra no mais grandioso poema: A Ilha dos Mortos, Opus 29, de 1909, no qual está transcrita visionária travessia em direção ao monumento no meio do mar.


A morte encontrou nas artes plásticas um paraíso de estética e harmonia. As cinco versões de Böcklin, influenciadas pelas paisagens bordadas de rochas entre túmulos e ciprestes que resplandecem no Mediterrâneo, estão longe de remontar a qualquer ideia de sofrimento. A ilha é de tal formosura que os mistérios de sua primeira versão, em preto-e-branco, encantaram profundamente o músico Rachmaninoff.

Compositores célebres moldaram contornos de extrema beleza no que interpretaram como o fim da vida.
Pensar ser possível haver beleza na morte não parece algo simpático. Mas há no fenômeno inexorável, destino de todos, inevitavelmente imbuído de conotações dramáticas, um lado a ser visto e refletido a exemplo do fabuloso rastro de luz que uma estrela deixa fulgurar até nossos olhos, mesmo depois de morta, há milhões de anos...

Ainda que seja biologicamente natural, a extinção da vida corpórea não é encarada com a alegria e a ternura que emocionam o “vir a mundo” de um novo ser. Muito menos quando se parte de forma “precoce”, uma vez que nem todas filosofias explicam o motivo da vida material ser tão curta até mesmo em recém-nascidos…

No entanto, a inspiração humana não encontrou limites para extravasar seu sonho em torno da morte por meio da arte ao longo da história. Decerto poeta algum conteve-se diante da crisálida ou do casulo que abriga a transformação da lagarta para voar em nova vida.
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Nenhum fenômeno representa tão bem os ciclos de renovação vital da existência como a metamorfose protagonizada por mariposas e borboletas.

Na poesia, na literatura, na música, na pintura, a morte foi recriada e decantada sob múltipla expressividade. Com tristeza, emoção, dramaticidade, júbilo ou desolação houve notável eloquência em torno do ocaso nas obras de muitos artistas e escritores. Embora tenha pintado a morte com devassa e feérica alegoria, a beleza da construção literária no “Eu” de Augusto dos Anjos, por exemplo, emerge do velado sentido de transcendência à matéria inevitavelmente fadada a se decompor. O que nos faz entender que havia mais fé do que desesperança à sombra do tamarindo...

Talvez na música a morte haja obtido o seu mais abrangente espaço. Compositores célebres não pouparam a imaginação e a criatividade para moldar contornos de extrema beleza no que interpretaram como o fim da vida. Ravel colocou tanta poesia na “Pavana para uma infanta defunta” que a obra soa mais como ode do que elegia. Nos réquiens, composições baseadas na liturgia do funeral, Mozart e Fauré imprimiram momentos de rara delicadeza romântica. Verdi, Berlioz e Brahms impuseram perfil mais solene, envolvendo suas missas com grandiloquente beleza. Já Duruflé foi capaz de mesclar os traços antigos do canto gregoriano com romantismo e majestade em seu formoso réquiem.


Esta forma musical destinada a enriquecer o ritual fúnebre evoluiu durante séculos, celebrando a morte com música, prece, escrituras sagradas, na intenção de que através do enlevo melódico as almas fossem merecidamente recebidas no paraíso. Também serviram para homenagear os mortos e datas relativas à sua memória. Até se libertarem da liturgia estruturando-se entre os textos em latim e poemas contra a guerra, como no Réquiem de Britten, que se configura, para alguns, como funeral à insensatez humana.

Em muitas outras composições eruditas a morte teve seu canto de beleza. Foram missas, marchas fúnebres, sinfonias, cantatas, poemas sinfônicos e outras maneiras de representar o sentimento que ecoa com mais profundidade nos âmagos da razão. Na sinfonia “Eroica”, Beethoven deu ao segundo movimento um caráter de exéquias, decerto dirigidas ao fim de sua admiração por Napoleão, com quem tristemente se decepcionou. Chopin inseriu na segunda sonata para piano a marcha fúnebre que se tornou a mais conhecida entre tantas outras peças que nos motivam a ver beleza na morte.

Felizmente, temos com que aliviar os receios diante de uma “viagem” que foi retratada com excelência capaz de nos fazer acreditar que há algo de belo em sua essência.


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

A política rotulada historicamente como de “esquerda” se fortaleceu desde a célebre reunião da Assembleia Nacional Constituinte francesa, n...

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A política rotulada historicamente como de “esquerda” se fortaleceu desde a célebre reunião da Assembleia Nacional Constituinte francesa, na Revolução de 1789, sob nobres e irrefutáveis princípios ideológicos e humanísticos.

Ao chamar uma sinfonia inteira de "Poema Divino" o autor demonstra a que veio. E, logo no início, os graves metais já lançam a id...

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Ao chamar uma sinfonia inteira de "Poema Divino" o autor demonstra a que veio. E, logo no início, os graves metais já lançam a ideia de Divindade que o formidável moscovita desenhou em toda a sua obra, numa encarnação de apenas 43 anos. Assim, Alexander Scriabin classificou a 3ª de suas 5 sinfonias. À quarta e à quinta também deu títulos de poemas sinfônicos. “O Poema do Êxtase” e “Prometheu: O Poema do Fogo”.

Imprimir a ideia poética em obras sinfônicas foi comum a outros compositores clássicos. Em Scriabin, porém, é notória a influência do lado místico, aprofundado por seus conhecimentos teosóficos.


Na 3ª sinfonia, há uma peculiar “Introdução” que dura apenas um minuto. O bastante para expor a célula mater que expressará a “voz de Deus”, presente em todo o Poema. A seguir, o 1º movimento se inicia com brincadeira alegre e dançante rodopiando pelas cordas, contrapondo-se ao tom solene da abertura.

O caráter jocoso se desenrola até aparecerem os primeiros sinais de romantismo, esboçado em clamores insinuantes das cordas, na intenção de acolher a paixão como sentimento igualmente divino. Em seguida, o som dos metais volta a imprimir seriedade ao assunto, logo amaciado pelo novo tema que surge ritmado, concluindo o andamento com lirismo comovente.

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Na parte seguinte (minuto 4º), surge um trecho ao sabor de “baile”, arrematado com o retorno da grave introdução, que esmaece conectando-se com a alegre brincadeira do início, agora enriquecida de outros naipes. Aos poucos, ouvem-se sinais que prenunciam a tragédia como parte da Existência.

De súbito, o desabrochar de flores, borboletas e outras miudezas bucólicas da manhã surgem delicadamente em estrofes que voltam a revelar a personalidade divina, intensa, sob a qual se estabelece o significado do Poema. Entremeado das nuances já descritas, o movimento se desenvolve, fazendo-as desfilar em vários planos e registros permitindo as ideias se abraçarem amigavelmente com notável unidade harmônica. Alternando ritmos em períodos curtos e mais extensos, vem nova alusão ao “baile” já citado.

Assim consolida-se a bem lapidada diversidade de frases que adornam a ideia do Divino, entre aparições da Voz anunciada pelos metais no tema da introdução. Estas citações se reelaboram num colorido encantador, trocando de roupagem sonora em trechos que se dão as mãos como na “dança” de Matisse.

E o fim do primeiro movimento já se anuncia em clima crepuscular, mesclado às sensações iniciais, renovando-se com a delicadeza das flautas e flautins que assobiam como passarinhos voejando por copas verdejantes. O epílogo deste movimento é muito bem marcado por ritmo galopante de fragmentos temáticos com toda a orquestra, concluídos com a mesma Voz solene dos trompetes que abrem a peça, que logo se evapora aveludada pelas harpas a concluir a parte que Scriabin intitulou como “Lutas trágicas e misteriosas”.

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No segundo movimento, uma verdadeira prece é declamada. Confissões, introspecções, reflexões, íntimas e externas, emolduradas pela ternura do instante, são debulhadas até o êxtase central em que a angústia existencial das dúvidas, incertezas e sortilégios deblateram em crescente explosão preparada pelas harpas. O conjunto vai se fundindo aos arpejos que soam como filetes luminosos de conexão com os anjos. Há, porém, lampejos de resignação perante o destino, com olhar para as branduras da Fé. E a alma volta ao corpo confiante dos benefícios auferidos, fortalecida pela consolidação temática que se ampara em novas aparições da Voz.
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Esta “voz” tem uma elevada significância em toda a obra, mas se evidencia com mais ênfase no último movimento, que começa bucólico e dançante, e logo se exibe nos trompetes. Ela soa durante todo o Poema, mas agora é frequente e expressa nitidamente na pequena frase composta por “um sol e três mis bemóis”. É a célular mater que, como foi dito, simbolizaria a voz de Deus e diz claramente: “Confie em mim!” (sol - mi♭- mi♭ - mi♭).

A concepção desta parte final é burilada nos mesmos moldes de toda sinfonia. Riqueza de cores, timbres, ritmos, cavalgadas, bailes, gorjeios primaveris, tudo recitado em temas e subtemas que, embora diversificados, se estruturam em uma admirável atmosfera poética, única e coesa na firme intenção: retratar a sublimidade do Divino.

Nos três últimos minutos, a extraordinária composição assume grandiosidade espetacular. Concentra maciçamente a essência da linguagem pretendida ao juntar todas as forças da expressão musical na triunfal e extasiante exposição do tema conclusivo.

Unindo-se à introdução, a Voz clama, antes do último acorde, e se eterniza divinamente: “Confie em mim!”


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

A linha tênue, ainda obscurecida pela noite, vai, aos poucos, clareando e se torna mais nítida no horizonte sobre o mar. O silêncio da ampl...

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A linha tênue, ainda obscurecida pela noite, vai, aos poucos, clareando e se torna mais nítida no horizonte sobre o mar. O silêncio da amplitude se representa na sonoridade do suave pedal que se inicia com base nas cordas e trompas, quase pianíssimo. Assim Alexander Scriabin estreia a primeira de suas cinco grandiosas sinfonias, há exatos 120 anos.

São de encantadora poesia as plantinhas, sobretudo com flores, que brotam por aí, ao léu, sob o céu que nos protege.Nascem do nada, ou do t...

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São de encantadora poesia as plantinhas, sobretudo com flores, que brotam por aí, ao léu, sob o céu que nos protege.Nascem do nada, ou do tudo, espontaneamente, sem que ninguém cuide, sequer as veja. Ou olhe sem ver. Sem rega e sem poda, carinho só do Sol. Assim mesmo surgem lindas, em fileiras ou touceiras, às margens das pistas, calçadas e ruas.

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Cada estação tem as suas. De todas as cores e nomes. Beneditas, damianas, maravilhas, onze-horas e chananas, há até damas da noite, que também enfeitam o dia, uma assombrosa variedade.

Por vezes, desprezadas, pisadas ou arrancadas. De outras, bem amadas, tratadas ou furtadas. Se roubadas com carinho, para terem outro ninho, é bom que assim seja. Decerto se multiplicarão na medida da emoção.

Dá até para se pensar por que a Natureza investiu tanta beleza e diversidade nestes serezinhos minúsculos, frágeis e insignificantes. Inúteis não são. Sem dúvida deve haver, em todas elas, propriedades benéficas, medicinais, sabe-se lá. E haveria virtude maior do que a beleza natural, concedida pelas bênçãos da Criação? Porque até na Arquitetura, produto da criatividade humana, a “beleza é uma função”, como disse Niemeyer.

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Para os insensíveis, florezinhas silvestres que nascem por aí nada significam, e ainda são chamadas de mato. Há quem mande arrancá-las sob o pretexto de limpeza. Mas, de limpeza quem precisa é a alma dos que assim pensam.

Pedalando, caminhando, principalmente pelas relvas nativas, vez por outra somos surpreendidos com recantos que inspirariam Renoir ou Monet, cujo fascínio por esses pingos bordados com que Deus salpicou o planeta se retrata magnificamente em suas obras.

São zinias, boas-noites e cravinhos-da-serra. O que mais impressiona é a exuberância que resiste ao fulgurante e luminoso calor dos trópicos. Regadas apenas com a graça das chuvas, no fim do verão secam, desaparecem e hibernam por um longo período, revitalizando-se imperceptíveis à espera de explodir novamente na próxima estação. Um fenômeno calado, invisível, que, mesmo após renascer, ainda passa despercebido por olhos que não enxergam beleza alguma na simplicidade.

Dizem que a indiferença é o sentimento mais desprezível. Por flores ou por pessoas. Mas será que a violência não é pior? A pretexto de “limpá-las”, ou mesmo por insensibilidade, há quem as destrua ou arranque e jogue fora.

Então é melhor que sejam ocultas no meio do mato, pelas bordas de falésia ou trilhas da encosta. Pelo menos vivem plenas, do jeito que nasceram, e assim são protegidas.

Certo dia, aqui do lado, avistei pela janela um montinho bem colorido. Eram todas beldroegas, que parecem as “onze horas”. Sem a menor ideia de como ali foram nascer, por detrás de um muro tosco, num terreno abandonado, encantaram ainda mais. Surpreso comentei sobre o “esconderijo” delas. E o amigo tão astuto, logo logo, respondeu: “É assim que elas se salvam”...


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

Há semanas ele achou um cantinho pra morar sem poder chamar de seu. Mesmo assim lá se aninhou decidindo adotá-lo.

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Há semanas ele achou
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Mesmo assim lá se aninhou
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“Só em olhar para o senhor a gente já se sente melhor” - era assim que Carlos Romero , nosso pai, se anunciava logo que entrava no consultó...

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“Só em olhar para o senhor a gente já se sente melhor” - era assim que Carlos Romero, nosso pai, se anunciava logo que entrava no consultório de Dr. Marco Autélio Barros.

Cidade mais velha quatro centos e um tanto agora de máscara sem viço, sem rosto vivida e sem vida agosto em desgosto

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Cidade mais velha
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Criar animais em casa proporciona um grande prazer. Claro que nem todos gostam desta intimidade cotidiana. É uma questão pessoal. Temos de ...

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Criar animais em casa proporciona um grande prazer. Claro que nem todos gostam desta intimidade cotidiana. É uma questão pessoal. Temos de respeitar e compreender as pessoas que, por algum motivo, nem sempre explicável, rejeitam qualquer aproximação. Há quem se arrepie ou tenha medo diante de um simples gatinho, sem nem saber por que. Inadmissível, porém, é maltratar um ser puro e indefeso.

São admiráveis as pessoas que amam a vida, lutam por ela e sabem conviver com otimismo e esperança. E nas condições mais adversas mantêm a ...

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São admiráveis as pessoas que amam a vida, lutam por ela e sabem conviver com otimismo e esperança. E nas condições mais adversas mantêm a força vital, dando tudo de bom a si e aos outros. Sobretudo as que amam a vida sem o exagerado apego às coisas materiais, atentas à fluidez do tempo e à efemeridade do existir.

Nunca havia ganhado um presente desse... Nem sabia que o nome com que fui batizado seria um pentassílabo. De poesia, no sentido técnico-for...

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Nunca havia ganhado um presente desse... Nem sabia que o nome com que fui batizado seria um pentassílabo. De poesia, no sentido técnico-formal, entendo pouco. Mas a sinto muito. Na música acontece o mesmo, com algumas pessoas, que são capazes de se extasiar apenas ouvindo-a, sem noção alguma de como foi escrita. Entendem-na por outros canais.

Muitas pessoas que se separam de seus entes queridos e nutrem algum sentimento de fé na espiritualidade, seja acreditando, tendo esperança ...

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Muitas pessoas que se separam de seus entes queridos e nutrem algum sentimento de fé na espiritualidade, seja acreditando, tendo esperança ou a mais leve impressão de que a alma não morre com o corpo físico, sentem curiosidade sobre o estado em que eles se encontram após partirem. É comum, natural, pois a saudade, o amor e os elos de afinidade que havia entre si permanecem e, às vezes, até se intensificam.

Uma simples trouxinha de alho virou um poema. Aliás, já nasceu poesia. Desde que desabrochou além das fronteiras impostas, no frio gelado e...

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Uma simples trouxinha de alho virou um poema. Aliás, já nasceu poesia. Desde que desabrochou além das fronteiras impostas, no frio gelado e escuro, sem a menor perspectiva de viver.

“Deixe tudo, menos a hidroginástica!” Foi a recomendação do traumatologista, especializado em coluna, para o cronista Carlos Romero, após u...

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“Deixe tudo, menos a hidroginástica!” Foi a recomendação do traumatologista, especializado em coluna, para o cronista Carlos Romero, após uma cirurgia de estenose lombar aguda. Já com quase 90, ele fora acometido subitamente de uma dor que “descia para as pernas” impedindo-o de dar sequer um passo.

Já fui locutor de rádio. Ninguém imagina. Naquela época, década de 80, não havia as "lives" do mundo cibernético. Tudo era transm...

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Já fui locutor de rádio. Ninguém imagina. Naquela época, década de 80, não havia as "lives" do mundo cibernético. Tudo era transmitido em kilohertz e megahertz, sintonizado com o minucioso giro do botão do receptor. O programa era ao vivo, na Rádio Correio. Não me lembro se em AM ou FM. Começava com uma introdução musical e um texto declamado. Em seguida, entrávamos em cena.

Os plátanos vivem séculos. E há séculos embelezam o mundo. Solenes, ornamentais, margeiam memoráveis boulevards, bordejam praças e parques ...

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Os plátanos vivem séculos. E há séculos embelezam o mundo. Solenes, ornamentais, margeiam memoráveis boulevards, bordejam praças e parques monumentais, marcam e simbolizam paisagens que definem com singularidade a beleza de cada estação.

Fachada é rosto, tela, expressão que reflete épocas da arquitetura, urbana ou humana. Seja de casa ou de edifício, nela está o sorriso do q...

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Fachada é rosto, tela, expressão que reflete épocas da arquitetura, urbana ou humana. Seja de casa ou de edifício, nela está o sorriso do que se constrói, o registro de uma era, a figuração ilustrativa do clima, da economia, da tecnologia e do modo de vida entre os povos. Como lado que é visto por fora, são as fachadas que definem o cenário das cidades e comunidades.

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A poesia também se faz presente na Arquitetura, interna ou externamente. No piso, no teto, nas paredes, móveis e detalhes inscrevem-se os reflexos do ser humano, de seus anseios de conforto, beleza, convivência, de sua organização social e familiar.

Se há algo que registra a história da humanidade como “Música Petrificada”, de forma tão intrínseca e genuína, é a Arquitetura. De todos os estilos, nas diversas eras, ela é a linguagem que mais exprime as emoções de maneira sólida, viva e eloquente. Da pré-história à modernidade, foi na perspectiva dos aglomerados urbanos que se evidenciaram os modos de vida, do relacionamento comunitário, que muitas vezes extrapolaram sentimentos fazendo brotar para a superfície das fachadas a intimidade que transcendia os ambientes internos e a alma que neles habita.

A técnica de construção conhecida como “Fachwerk” ou Enxaimel, que teve origem há quase 3 mil anos na Etrúria, parte da península itálica onde hoje fica a Toscana, é uma boa referência sobre o assunto. Muito usado na Alemanha, França e Inglaterra, com a intenção de pôr à mostra todo o sistema estrutural, o estilo tornou-se turisticamente muito apreciado pelos aspectos estéticos e históricos, amplamente encontrado em decantadas regiões da Normandia, Champanhe, Bavária, Saxônia e em cidades medievais suíças e inglesas.

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A técnica consistia em preencher os espaços entre pilares, vigas horizontais e diagonais com tijolos, argamassa e até pedra grês, deixando a estrutura de madeira bruta aparente. Exemplos memoráveis podem ser vistos em bairros inteiros em Celle, Rothenburg ob der Tauber, Freudenberg, Blankenheim (Alemanha), Rouen, Troyes, Dinan (França) e até mesmo no centro de Londres, na sofisticada loja de departamentos “Liberty's”, modelo clássico e repaginado do estilo Fachwerk. Uma maneira de tornar visível em corpo, de forma graciosa, os segredos do esqueleto das edificações.

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Outro tipo de composição de fachadas,  decerto mais romântico,  observa-se na Riviera Italiana, especialmente na costa banhada pelo Mar da Ligúria, região pródiga em relíquias paisagísticas e arquitetônicas, composta por pequenas cidades. Trata-se da encantadora técnica conhecida por “Trompe-l’oleil” (ilusão de ótica).

Embora remonte à Antiguidade, sobressaiu-se na Renascença como inovadora criação artística que deu vida, com ares de teatro e ópera ao cotidiano lírico das ruas e vielas, fazendo soar da Arquitetura sua bucólica melodia em pedra.

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Os italianos e franceses souberam aproveitar bem essa virtude plástica, cujo objetivo é realçar o aspecto tridimensional das pinturas, adornando as fachadas e frontispícios com afrescos, que é descoberto com surpresa ao olhar mais atento.  Emoldurando janelas, ornamentando colunas, cornijas, caneluras, volutas, capitéis em estilo dórico e sua variante toscana, obteve-se o refinado realismo em três dimensões. Há casos em que se produz efeito tão apurado, como na imagem com o gato na janela, que é preciso aproximar-se para perceber que não é real.

Réplicas deste romantismo perdido podem ser vistos em Camogli, Finalborgo, Gênova (Itália), assim como em Nice, Agde, Avignon,  Gorbio e Menton (França).

São marcas indeléveis no tempo e nos sonhos, que em seu lugar de origem permanecem vivas, cultivadas, bem distantes de nossa arquitetura atual, cartesiana, funcional, tecnológica, que se transfigura na mesma velocidade com que vemos a vida passar...


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

Ontem foi aniversário dele. Há noventa e sete anos, Carlos Romero desembarcava para mais uma jornada, desta vez em Alagoa Nova. Ninguém pod...

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Ontem foi aniversário dele. Há noventa e sete anos, Carlos Romero desembarcava para mais uma jornada, desta vez em Alagoa Nova. Ninguém podia imaginar que aquele bebê, que só se demorou no brejo por 4 anos, se mudaria para a capital e depois voltaria, já com 30, casado com a bela Carmen, para exercer o cargo de juiz da cidade pacata, de clima bom, e de gente simpática. Seus pais, José Augusto e Maria Pia, já haviam deixado naquela terra os bons fluidos da ilibada conduta. Era meio caminho andado para o retorno do rebento.