Mostrando postagens com marcador Luiz Augusto Paiva. Mostrar todas as postagens

Quando vamos envelhecendo é o tempo em que brotam determinadas idiossincrasias. uma delas é ficar lamentando a perda dos amigos. Amig...

nostalgia saudades amigos
Quando vamos envelhecendo é o tempo em que brotam determinadas idiossincrasias. uma delas é ficar lamentando a perda dos amigos. Amigos que a poeira do tempo tirou de nosso raio de visão, ou aqueles, que como dizia o velho Machado, estão estudando a geologia dos campos santos.

Faça uma lista de grandes amigos Quem você mais via há dez anos atrás Quantos você ainda vê todo dia Quantos você já não encontra mais ...

praia fortaleza ubatuba
Faça uma lista de grandes amigos Quem você mais via há dez anos atrás Quantos você ainda vê todo dia Quantos você já não encontra mais
Oswaldo Montenegro

Eneas era professor de inglês na capital paulista. Professor de cursinho pré-vestibular dessa disciplina ou era muito bom de tablado ou os alunos debandavam quando era aula dessa matéria. Ninguém era obrigado assistir aula alguma. E de inglês, então? Alguns alunos já tinham feito intercâmbio, outros frequentavam cursos particulares. O fato era que em uma sala de cursinho, uns dois terços eram praticamente fluentes na língua. Por que assistir às essas aulas?

Não sei se posso dizer que é uma sigla: LPC. Mas, garanto que são as iniciais de uma criatura da melhor ...

sao jose campos anos 60 ditadura
Não sei se posso dizer que é uma sigla: LPC. Mas, garanto que são as iniciais de uma criatura da melhor qualidade e que em junho passado completou suas oitenta primaveras. Filho do seu Francisco Honorato, o Bem Costa, virtuose do violão (um renomado seresteiro em São José dos Campos) e se Dona Virgínia Vou aqui tomar algumas linhas deste nosso renomado rotativo para algumas considerações sobre essa figura pela qual sempre nutri indisfarçável admiração, o Luiz Paulo Costa.

Era uma visita que eu estava devendo, mais a mim do que a ela, à minha Dama de Ferro. Desta vez a encontrei debili...

familia recordacao infancia tias
Era uma visita que eu estava devendo, mais a mim do que a ela, à minha Dama de Ferro. Desta vez a encontrei debilitada sob o peso de noventa trocas de calendários na parede.

Já não podendo andar sem ajuda de outrem ou de algum acessório, ouvindo pouco, mas me abriu aquele sorriso que aprendi a admirar e com a voz trêmula assim que me viu, balbuciou: É você, Guto? Guto em questão, trata-se deste escrevinhador aqui vestido do apodo familiar. Fazia tempo que não me chamavam assim. Claro, que apreciei.

Vizinha melhor do que Dona Zefinha ainda não nasceu. Prestativa, sempre trazia no coração aquele sentimento digno de apreço e cons...

cachorro adestramento cronica bom humor
Vizinha melhor do que Dona Zefinha ainda não nasceu. Prestativa, sempre trazia no coração aquele sentimento digno de apreço e consideração.

— Sempre que precisarem estou por aqui – era sempre assim, disponível às eventualidades que surgissem – Precisou é só chamar, viu?

Discreta, não se ocupava em saber de outras vidas que não a sua e de suas meninotas criadas com carinho e rigor.

Alguns espíritos mais desavisados estariam pensando que a pauta de hoje seria algo relativo à minha introdução nas veredas do dito pec...

nostalgia escola primeiro dia aula
Alguns espíritos mais desavisados estariam pensando que a pauta de hoje seria algo relativo à minha introdução nas veredas do dito pecado original. Nada disso. Quem assim está fazendo uso dessas conjecturas pode ir tirando o cavalinho da chuva. O tema é bem menos luxurioso, nem por isso menos intrigante e digno de registro. Dada sua importância nos arquivos de minha memória é que estou aqui ocupando espaço neste poderoso rotativo. O assunto está voltado ao dia em que pela primeira vez, como aluno, pisei em uma sala de aula.

Lá naqueles tempos distantes de minha infância, uma ligação telefônica de onde eu morava, São José dos Campos, para São Paulo demorav...

nostalgia infancia cronica paraibana
Lá naqueles tempos distantes de minha infância, uma ligação telefônica de onde eu morava, São José dos Campos, para São Paulo demorava algo em torno de quatro horas. Precisava pedir a ligação à telefonista e ficar esperando que ela conseguisse completar a chamada. Dava tempo de ir até à capital paulista, resolver o que se era para resolver, voltar e ainda haveria um tempinho de crédito, de sobra. A distância entre essas duas cidades, ao que me consta é de apenas 98 km. Mas as coisas naqueles tempos eram assim, parece que o mundo tinha menos pressa. E tinha que ter.

Nos idos dos anos 50, e avançando um pouco nos 60, a Lambreta foi um veículo de duas rodas muito comum de ...

noitada lambreta conto cronica
Nos idos dos anos 50, e avançando um pouco nos 60, a Lambreta foi um veículo de duas rodas muito comum de se ver sendo pilotado pelos exibidos mocetões daquelas gerações. Havia uma versão mais compacta, a Vespa, pouco menor de comprimento, mais gordinha, bojudinha e ao que me consta, menos dispendiosa para se adquirir.

É quase algo como o “be or not to be”. Uma dúvida shakespeariana que vai tomando conta de minhas noites mal dormidas. Ah, como é ...

recordacao reflexao familia tempo perdido
É quase algo como o “be or not to be”. Uma dúvida shakespeariana que vai tomando conta de minhas noites mal dormidas.

Ah, como é difícil suportar esse outono de minha vida, essa estação sombria, cinza, sem o colorido dos anos que já ficaram para trás nas folhinhas dos calendários... São essas páginas que vamos descartando do anuário pregado em alguma de nossas paredes que nos levam a essas reflexões taciturnas.

O jornal britânico Dally Mail cobria um evento em uma reunião de aposentados na cidade de Londres em 2015 onde gente da terceira ida...

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O jornal britânico Dally Mail cobria um evento em uma reunião de aposentados na cidade de Londres em 2015 onde gente da terceira idade estava ali reunida para partidas de “whist”, um jogo de cartas muito parecido como o “bridge”. Cada partida tinha início quando os quatro participantes recebiam treze cartas das cinquenta e duas de um baralho comum. Para surpresa do repórter que cobria o acontecimento, em uma das várias mesas do salão, onde se encontrava a senhora Wenda Douthwaite, então com setenta e sete primaveras, cada um dos participantes recebeu só cartas do mesmo naipe. Ela recebeu treze cartas de espada, outro treze cartas de paus, outro treze de ouros e o quarto treze de copas. Mas, o que há de extraordinário nisso?

"Os melhores livros são aqueles que os leitores gostariam de ter escrito" Blaise Pascal (1623-1662) Está aí um livro ...

cibele laurentino romance literatura paraibana
"Os melhores livros são aqueles que os leitores gostariam de ter escrito"
Blaise Pascal (1623-1662)

Está aí um livro que eu gostaria de ter escrito. Pelo menos o li, o que já é um consolo. Não sei se poderia chamar de uma novela, de um livro de crônicas, quem sabe até de um romance. A autora dá um tom inédito à forma e ao estilo. São 26 relatos de 25 mulheres, cada uma com uma história para contar. Uma história de mulher.

Quem anda decifrando meus escritos deve ter percebido que estou meio impaciente com certo tipo de gente. Criaturas que andam à minha v...

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Quem anda decifrando meus escritos deve ter percebido que estou meio impaciente com certo tipo de gente. Criaturas que andam à minha volta, não porque eu queira, mas por circunstâncias da vida. Fazer o quê? Dizia um falecido amigo meu: “A burrice é invencível!” E não é? Ando intolerante com esses cérebros obtusos. Mas, não só com eles. Estou por aqui, com a turminha dos embromadores, aqueles uns ou umas que jogam uma conversinha nas minhas orelhas e já pensam que levaram no bico, que, como dizem por aí, me engabelaram.

É assim que se diz quando o mar não está para peixe e é hora de irmos batendo nossa rica plumagem. São instantes quando sentimos que ...

autoritarismo democracia terraplanista burrice
É assim que se diz quando o mar não está para peixe e é hora de irmos batendo nossa rica plumagem. São instantes quando sentimos que a situação não está fácil e vamos perdendo a paciência para certas coisas. Tenho aventado a possibilidade de tornar-me um ermitão, um anacoreta, um monge, qualquer coisa assim, deixar o cabelo crescer, não fazer mais a barba, usar trajes de linho cru, desses bem baratinhos, calçar alpercatas e ir morar numa dessas brenhas de mundo, onde não chegue sinal de TV e nem de internet., nem gente inconveniente para me perturbar.

Não sei quem teve a ideia de medir nossa idade, não mais por anos de vida, nem por quantas voltas a Terra deu em volta...

saude idade tempo disposicao
Não sei quem teve a ideia de medir nossa idade, não mais por anos de vida, nem por quantas voltas a Terra deu em volta do Sol enquanto cumprimos nossa passagem por aqui, nem pela quantidade de primaveras que desfrutamos na mágica sucessão das estações. Encontraram um singular eufemismo para dizer que estamos mais para lá do que para cá. Isto é, estão medindo nossas idades por cilindradas. Quando esse nosso motor avança adiante das quatro ponto zero, a situação começa a ficar preocupante, pois a partir daí, nessa mecânica surreal, quanto mais cilindradas, menos potência no motor. Nas perigosas cilindradas em que está girando meu motor, todo cuidado é pouco. Sempre que posso, lá vou eu para oficina (especializada, se possível) tentando uma revisão geral. Carburador sempre abastecido e não com qualquer água. Só filtrada. Lubrificação sempre em dia e nada de forçar uma marcha. Sempre respeitando o conta-giros.

Ao elaborar um texto, seja uma crônica, um conto ou qualquer outra modalidade textual, prefiro, quando me é permitido, caminhar pelos ...

igreja sao francisco joao pessoa
Ao elaborar um texto, seja uma crônica, um conto ou qualquer outra modalidade textual, prefiro, quando me é permitido, caminhar pelos labirintos coloridos do humor. É uma tessitura mais complicada, exige mais habilidade e dizem especialistas que fazer rir com a leitura de uma escrita é mais difícil do que fazer chorar. Pelo menos é o que dizem alguns deles.

O apodo vem provavelmente do nome. De Octavio (com “c” mudo), virou Tavico e depois, como era natural, se tornou Vico e Vico ficou pel...

campos jordao araucaria
O apodo vem provavelmente do nome. De Octavio (com “c” mudo), virou Tavico e depois, como era natural, se tornou Vico e Vico ficou pelo resto da vida.

Intitulava-se um “Nó de Pinho”. Vou explicar o porquê. A araucária, endêmica da Mantiqueira, oferece madeira vastamente usada em movelaria e construção civil. É árvore que chega fácil aos 30 metros de altura. No alto surge uma copa de onde sai a galharia formando uma espécie da taça de cabeça para baixo. É justamente dessa parte do tronco que está a parte de pouca utilidade como madeira. De onde saem os galhos é que nasce o nó, o chamado nó de pinho. O serrote comum de um carpinteiro não consegue encarar o dito cujo, é preciso serra elétrica para enfrentar o danado.

Foi no final de 1958, quando concluí a primeira série do curso primário, que recebi de minha professora, Emília Rachid Meira, dois o...

juca pontes poesia paraibana
Foi no final de 1958, quando concluí a primeira série do curso primário, que recebi de minha professora, Emília Rachid Meira, dois opúsculos, dois livrinhos. Um se chamava “Mamãe Coelha” e um outro tinha como título “A Horta do Juquinha”.

Mineirinho estava ali ajeitando a cerca de seu sitiozinho todo feliz com sua vacaria. Umas qua...

cronica literatura paraibana
Mineirinho estava ali ajeitando a cerca de seu sitiozinho todo feliz com sua vacaria. Umas quarenta cabeças, o nelore branquinho como neve e o hereford quase todo marrom, com cabeça branca e mais um pouco de branco esparramado nas patas e na barriga. Não tinha gado piquira, reses só dessas duas procedências e mais dois touros, um de cada raça para aprimorar o plantel.

Sábado que passou, depois de prolongada ausência, passei lá pelo bar do Lulinha, centro da cidade, onde encontrei alguns...

acerto conto esperteza humor
Sábado que passou, depois de prolongada ausência, passei lá pelo bar do Lulinha, centro da cidade, onde encontrei alguns amigos da escrita e de outras artes. Gente que eu considero da melhor cepa e dentre as artes que mencionei, estavam ali praticando uma que não pode faltar nessas ocasiões e lugares: a arte da mentira! A turma presente, entre um gole e outro, exercia com singular desenvoltura essa pratica secular da ficção e da fantasia. Foi onde e quando ouvi essa obra prima que ousarei relatar linhas adiante. Mentira? Provavelmente. Mas, elaborada com engenho e imaginação.

Para meu amigo, professor Zezão, que fui reencontrar depois de 43 anos+ Era o final dos anos 70 e o país começava a sentir os prim...

nostalgia sarau violao cantoria
Para meu amigo, professor Zezão, que fui reencontrar depois de 43 anos+
Era o final dos anos 70 e o país começava a sentir os primeiros bafejos de liberdade, já quando os coturnos haviam desistido de pisotear nossas margaridas. Alguns anos depois a farda apeou do poder. Os exilados políticos começavam a retornar. Toda aquela gente que “partiu num rabo de foguete” estava de volta. Num canto ou noutro ainda choravam Marias e Clarices, mas de qualquer forma, já se respiravam os primeiros ares de nossa primavera democrática.