Como todo mundo está careca de saber, uma cigana leu minha mão e profetizou que eu serei assassinado aos 120 anos por um marido transtornado, com 25 anos de idade, porque descobrirá meu romance com sua jovem e bela esposa de apenas 22 anos. Portanto, como não tenho com o que me preocupar pelos próximos 50 anos, decidi ajudar nas mortes dos amigos. Dos leitores não, porque seguirão vivos ao menos enquanto eu viver.
Acordo às 3 da matina e desço para encontrar os amigos da caminhada que se concentram na esquina da Drogasil com a padaria Bonfim. Alguns deles chegam muito mais cedo. Manoel e Hugo costumam estar lá antes das 2 da manhã. Como a farmácia funciona 24 horas é comum acompanhar o movimento dosdesesperados que chegam em regime de
Celyn Kang
urgência à procura de medicamentos. Dói no coração quando descem de seus automóveis carregando crianças nos braços. Memórias de sofrimentos pelos quais passamos outrora.
Se somente sobrar a esperança em 2025 já estará de muito bom tamanho. Relembrando as guerras onde envolvem-se atualmente muitas das potências nucleares que poderão usar a qualquer momento seus estoques de bombas antes que o prazo de validade dos seus atuais líderes vença, não se pode deixar de lado o incentivo que o mundo dito civilizado dá à China para “retomar” Taiwam ao permitir que a Rússia continue avançando em terras da Ucrânia enquanto assistimos passivamente aos massacres que se seguem nas terras por onde Cristo andou.
Nunca pensei pequeno e sempre deu certo, portanto, nada mais natural do que partir para enfim ser milionário nestes últimos 50 anos de vida que me restam. O difícil foi conciliar a necessidade de descobrir uma maneira de ganhar muita grana com o nadismo, filosofia que desenvolvi e prático com perfeição. Ou seja; apenas ficar esperando que a grana chegue sem que eu execute qualquer tarefa.
Quarenta e seis pessoas morreram desde janeiro último aqui no Brasil em consequência de acidentes com elevadores. Quantos ficaram feridos não sei, mas com certeza pelo menos centenas de passageiros.
Um dos momentos marcantes da minha vida foi o testemunho dado à Comissão da Verdade sobre o assassinato de Zuzu Angel. Não pelo fato em si, mas pela necessidade de comprovação do que eu dissera. Muita pressão para desmentir meu depoimento. Graças a um tremendo jornalista da Folha de São Paulo (acho que Mário Magalhães) fez-se uma reconstituição do meu relato, em que até o tempo de deslocamento do meu apartamento ao local do “acidente” foi cronometrado, sem falar na simulação por computador da trajetória do veículo.
Zuzu Angel Instituto Zuzu Angel
Nas edições diárias da Folha o assunto era destaque. Toda manhã eu falava com o jornalista para esclarecer algum ponto e um dia ele me informou que a última dúvida havia sido esclarecida; como eu poderia ter visto a cena no escuro da madrugada? O próprio jornalista conseguira uma fotografia que mostrava a forte iluminação das lâmpadas dos postes no local. Meu relato foi confirmado e o resto faz parte da história do Brasil.
Na origem juntamo-nos eu, Fernando Catão e Neno Rabello, já então sem a visão à conta da malvada diabetes. Tivemos a ideia de criar na véspera do natal uma confraternização dos frequentadores dos almoços do restaurante Classic. Batizamos o evento de “— Aí dentro, Papai Noel”, porque imaginamos uma cena onde o bom velhinho já a bordo trenó perguntava a Mamãe Noel onde estava a chave da ignição e ela gritava, apontado para o saco de presentes: “— Aí dentro, Papai Noel”.
No café da manhã da padaria Bonfim muitos comensais reclamavam de suas insônias. No meu caso, expliquei, dava-se exatamente o contrário porque depois das atividades físicas da madrugada durmo uma hora antes de ir para a academia e a natação. Depois do almoço, durmo três horas e, à noite, mais seis horas. Ou seja, durmo dez horas a cada dia. O índio do gelo (aquela figura que o professor Dorgival Terceiro Neto
Um milhão e oitocentos mil reais foi o salário recebido pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado de Roraima somente em setembro último. Outros três conselheiros daquele mesmo tribunal receberam lâmpadas parecidas; Cilene Lago Salomão (R$ 1,8 milhão), Joaquim Pinto Souto Maior Neto (R$ 1,4 milhão) e Manoel Dantas Dias (R$ 1,4 milhão). O levantamento é do portal Poder 360 e a assessoria de imprensa do TCE RR confirmou a informação, justificando que os valores incluem licença compensatória por exercício cumulativo de jurisdição, acúmulo de acervo processual, abonos de permanência e outros que tais.
Aperreio de verdade era acordar para levar o filho recém-nascido ao pediatra pela madrugada, conseguir que o médico acordasse para atender, torcer para ser uma doença daquelas que era suficiente o remédio para curar e achar uma farmácia de plantão que dispusesse em estoque do tal remédio. Só aí já eram 4 possibilidades difíceis de concretizar numa João Pessoa que não dispunha de quase nenhum recurso na área. À noite o que funcionava era o único pronto socorro da capital onde evidentemente não existia nenhum pediatra de plantão. E as farmácias? Que eu me lembre, aqui havia a farmácia Padre Zé na 1.817 que funcionava 24 horas.
Dr. Valério Vasconcelos, competentíssimo cardiologista, afirma com conhecimento de causa que a segunda guerra mundial começou em consequência de uma fofoca que uma velhinha espalhou na cidade de Monteiro, interior da Paraíba. Dá inclusive detalhes que não cabem aqui porque o espaço é curto.
Por uns instantes apenas, queridos leitores, imaginem-se Juízes numa comarca localizada em cidadezinha do interior do Estado. Eis que chega uma ação judicial pedindo para que vocês determinem ao Município o fornecimento de um remédio chamado Elevidys, que se destina ao tratamento da distrofia muscular de Duchenne. O remédio ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) porque custa “apenas” dezessete milhões de reais e serve para um único paciente.
Desde muito tempo deixei de frequentar bares. Razões não faltam; da possibilidade de confusões que degenerem em algo trágico até o prosaico fato de que alguém que não está ingerindo bebidas alcoólicas jamais consegue conversar com um bêbado. Elegi a padaria Bonfim para conversar, ouvir histórias e principalmente rir. Vou lá diariamente e convivo com grupos bem diferentes, que cobrem todo o tecido social da cidade. Tem de tudo; empresários, servidores públicos, um milionário e muitos falsos milionários, mentirosos (os que mais me fascinam), um doido e de vez em quando um ou outro intelectual. Na maior parte do tempo a conversa é puro entretenimento pelos debates políticos, futebolísticos e religiosos (tudo sobre o que não se deveria discutir) travados em altos brados e com os argumentos mais escalafobéticos possíveis. Porém às vezes a coisa engrena.
Antônio de Pádua Maria Severino López de Santa Anna y Pérez Lebrón (vou chamá-lo Santana) conseguiu ser presidente do México onze vezes em apenas vinte e dois anos e num dos poucos períodos em que estava fora do poder foi convocado pelo presidente Bustamante para comandar o exército mexicano num enfrentamento com o exército francês na guerra dos bolos.
Talvez os leitores lembrem de uma história que contei sobre um americano que chega numa pequena cidade, procura a pensão xexelenta e adianta mil reais por um mês de aluguel pelo único quarto existente. Na sequência o dono da pensão vai até o supermercado e quita sua dívida de exatos mil reais. Por sua vez, o dono do supermercado vai até o açougue e paga o que deve, no mesmíssimo valor. Segue-se uma sequência de devedores pagando aos seus fornecedores até que a dona do cabaré recebe dos donos da farmácia os mil reais que eles deviam à custa de frequentarem suas moças. Ela vai à pensão onde periodicamente alugava aquele mesmo quarto do americano para exercer seu mister e quita sua dívida no valor de mil reais. Logo em seguida o americano procura o dono da pensão, diz que não pode ficar ali, pega seus mil reais que dera para pagar antecipadamente o aluguel do quarto e vai embora.
Imaginem, queridos leitores, que vocês receberam sementes de uma árvore raríssima, cujos frutos são dinheiro vivo. Vocês contratam um jardineiro para plantar essa árvore e cuidar do seu desenvolvimento. Em troca esse jardineiro ficará com 10% dos frutos que nascerem. A partir daí a natureza segue seu ciclo normal. Um belo dia, entretanto, um sabido que nem jardineiro é, passa embaixo da árvore e constata que os frutos estão quase maduros. Vai até vocês e diz que se ele receber 30% ou até 50% dos frutos que nascerão, dará um jeito de apressar o processo natural. Claro que é golpe, mas muita gente vai concordar porque realmente precisa dos frutos, está cansada de esperar e antes de morrer queria aproveitar a safra.
Claro que os queridos leitores sabem que privilégio vem do latim Privilegium, ou seja, "lei privada". Ocorre quando legisladores (sempre eles, os políticos) produzem uma lei ou bem brasileiramente enxertem em qualquer projeto de lei um dispositivo que privilegie um determinado grupo ou alguém. É o jaboti, porque esses animais não sobem em árvores, principalmente a árvore legal. Vou citar dois exemplos para mostrar o que são os privilégios no Brasil.
O primeiro deles é recente e está totalmente documentado. Em 2017 o governo de Minas Gerais lançou um Refis (patranha legal que beneficia periodicamente os sonegadores) para facilitar a quitação de impostos devidos. Segundo a
Museu Inhotim (MG) inhotim.org.br
Lei 22.549/ 2017, os devedores poderiam também dar obras de arte para pagar seus débitos com a fazenda estadual. Era um jaboti cultural e com toca certa.
Antigamente existiam dois tipos de produtos; os verdadeiros e os falsos. Relógios, equipamentos eletrônicos, comida e bebida...o que estava à venda podia ser encontrado por dois preços diferentes, sendo que o caro era sinônimo de boa origem e o barato sugeria fortemente algum grau de falsificação.