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Eu era ainda adolescente quando conheci Pascoal Carrilho. Passados os tempos, um dia desses, conheci a praça em sua homenagem. Andei mes...

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Eu era ainda adolescente quando conheci Pascoal Carrilho. Passados os tempos, um dia desses, conheci a praça em sua homenagem. Andei meses, anos distantes, pra tomar conhecimento da existência dessa praça com o seu nome. Inesperadamente, estava eu sentado num banco da praça que o homenageava.

Pascoal Carrilho foi um homem que por aqui passou meio radiante, meio sereno, acrobático, avoante e extremamente irônico.

As crianças que vi correndo ao redor da sua praça e os pássaros que cantavam por lá desenhavam o espírito do excêntrico radialista que nunca se afastara de seu lado alegre e de seu jeito profissional de animador do mundo. Jamais desgrudava das tiradas espirituosas do apresentador de auditório da antiga PRI-4, Rádio Tabajara da Paraíba.

Era comum vê-lo dentro de um paletó branco, impecavelmente engomado, no pescoço a inafastável gravatinha de borboleta. Era um homem imprescindível às grandes reuniões solenes, fazia o seu jornal com a cobertura radiofônica, sem tirar-lhe o estigma do bom boêmio e animador, um dos mais festejados e afamados da capital paraibana.

Pascoal era cíclico: sério, sisudo, triste, risonho, um pouco de tudo. Noutras horas, era um tipo meio carrancudo, mas fidalgo quando anunciava no palco da Rádio Tabajara, por exemplo, o Trio Jaçanã, de Marlene Freire, Zé Pequeno e Walter Lins. Àquela época, ao sabor de um tempo puro e sem violação dos castos costumes, estudava-se cântico orfeônico nos colégios e havia sabatina e ditado em todas as escolas municipais e estaduais da Paraíba. Era o tempo de Dedé do Sax, fisiognomonia do Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha. Quando eu o chamava de São Pixinguinha, via nos seus olhos um dardejar feliz. O saudoso amigo Aldemir Sorrentino – que animava as tardes (quase noites) do saudoso Clube ASTREA - dava o toque contagiante da música da jovem guarda, envolvendo os corações adolescidos por um certo romantismo épico, colado ao som da voz do excelente cantor Gilson, de quem nunca mais ouvi falar.

Era tempo do Repórter Tabajara na voz roufenha e disciplinada de Eivaldo Botelho, amigo que debandou pras bandas do Rio de Janeiro, onde cumpriu a estranha promessa de nunca mais voltar para o seu rincão. Lembro-me bem, era tempo da postação irreprochável de Paulo Rosendo, o noticiarista e de Geraldo Cavalcante, o locutor esportivo impecável daquela época.

Não tive o privilégio de conhecer o José de Andrade Moura Filho, que foi amigo de Pascoal Carrilho. Todavia, já àquele tempo, quando era apenas um escriba iniciante de província, aprendendo a andar pelo mundo, recebia do mestre radialista atenções até hoje nunca esquecidas.

Algumas vezes, ele parava-me no Ponto de Cem Réis para me contar histórias hilariantes. Depois, saía gargalhando em cima do seu andar alto e baixo, sobre as pegadas dos melhores momentos de sua vida brincante.

Conta-se que um dia saiu com Bienvenido Granda, cantor mexicano de grande sucesso na época, para tomar uns aperitivos, quando aqui chegou para umas apresentações em João Pessoa. Já fazia dez dias que os dois havia saído, alhures, quando um amigo o encontrou em Campina Grande sozinho, meio desnorteado.

- Que fazes por aqui, Pascoal? - perguntou o amigo assustado com o seu estado de “desligamento”.

Pascoal o informou que estava ali com o cantor Bienvenido Granda. E o amigo que estava chegando do Rio Grande do Norte, o rebateu laconicamente afirmando:

- “Bienvenido? Bienvenido?!!! Ele estava cantando ontem em Currais Novos, Pascoal!”

Certamente, o seu estado, ainda sob os efeitos das noites das praias e Praianinhas, com o impacto da notícia, terminou caindo na realidade. Enfim, abrandou os ímpetos.

A caninha “Praianinha” tinha nele o seu melhor divulgador e publicitário. Era bem pago para isto. E onde fizesse uma cobertura radiofônica, fazia o seu comercial: “Eu bebo Praianinha, nós bebemos Praianinha. É a melhor aguardente do Brasil.”

Um dia, ao repetir o mesmo refrão desse slogan, um espectador jovem que estava na plateia do auditório da antiga Rádio Tabajara, gritou:

“Já estás bêbado a essa hora, né Pascoal?”

Ele não hesitou! Não levava desaforo para casa e não contou conversa. Com o dedo em riste, respondeu à afronta que havia recebido do moço da plateia, na presença da namorada:

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- “Eu bebo Praianinha, a mãe daquele rapazinho ali também bebe Praianinha! É a melhor aguardente do Brasil!”

No enterro do médico Dr. Napoleão Laureano, Pascoal Carrilho fazia a cobertura daquela solenidade fúnebre. Era um momento de muita comoção e respeito. Falando baixinho, ele dizia, com o microfone quase encostando na boca:

“Aguardente Praianinha, a melhor aguardente do Brasil.”

Num súbito escorregão, caiu em pé dentro do túmulo, onde seria sepultado o insigne médico, famoso oncologista paraibano. Lentamente, encostou o microfone na boca e disse quase sussurrando:

“PRI-4, Rádio Tabajara, transmitindo diretamente de dentro do túmulo do Dr. Napoleão Laureano!”

Continuei pensando sentado na praça Pascoal Carrilho e entendi que o tempo e a suas ambiguidades, não conseguem sepultar as histórias curiosas que tanto nos fizeram rir ou chorar!


Saulo Mendonça é escritor, poeta e haikaista

Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam...

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Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam sair para algum destino. Uma gota espremida, já quase saindo, fez-me sentar e escrever sobre um dos melhores seres humanos que havia conhecido nesta vida: um papagaio.

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Não lembro o nome do entrevistado, mas recordo-me bem da entrevista de um escritor confessando ter gostado de uma mocinha simples, que nasceu e se criou na roça, próximo à sua cidade. Ela adorava escrever bilhetinhos com frases românticas, recheadas de errinhos crassos, indiferentes às regras gramaticais, essas que, às vezes, são consideradas carrancudas!  

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Nesse dia 26 de outubro próximo passado, foi comemorado o Dia do Dentista no Brasil. Aqui, a sua existência vem desde os primórdios da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, quando se restringia quase que só as extrações dentárias, cujas técnicas eram bem rudimentares, com o instrumental inadequado e ainda por cima, sem anestesia. É considerada uma das profissões mais antigas do mundo, tendo os arqueólogos egípcios descoberto que as primeiras três tumbas de dentistas datam da época faraônica, encontradas nas escavações do Egito do Império Antigo, (2575-2170 a.C.). Noutros países, é comemorado o Dia Mundial do Dentista, no dia 3 de outubro.

A fadiga das segundas-feiras é um fato interessante e pontua o mundo de hoje, impregnado do sentimento trivial de euforia e de mutualidade ...

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A fadiga das segundas-feiras é um fato interessante e pontua o mundo de hoje, impregnado do sentimento trivial de euforia e de mutualidade entre os seres vivos. Num final de semana quase todo mundo é feliz, a acender, automaticamente, a luzinha que há dentro de si.

Mansas tocaias, mitos cheiram a pólvora no eterno dos proscritos. Tiros noturnos, sem urros nem alvos, miram o tempo.

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Mansas tocaias, mitos cheiram a pólvora no eterno dos proscritos. Tiros noturnos, sem urros nem alvos, miram o tempo.

Como era interessante a chegada daquelas pessoas que procuravam o "Foto Ventania"!!! Também conhecido pelo nome de vuco-vuco, e...

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Como era interessante a chegada daquelas pessoas que procuravam o "Foto Ventania"!!! Também conhecido pelo nome de vuco-vuco, eram pequenos estúdios fotográficos ambulantes, espalhados em várias praças da Capital paraibana. As pessoas chegavam timidamente e, de repente, eram abordadas pelos lambe-lambes que já lhes ofereciam, logo de cara, um pequeno tamborete para sentar e posar para a foto.

Se tivesse nascido na Grécia, poderia ter sido o precursor do teatro grego. Certamente, o protagonista das homenagens ao deus Dionísio , n...

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Se tivesse nascido na Grécia, poderia ter sido o precursor do teatro grego. Certamente, o protagonista das homenagens ao deus Dionísio, nas mirabolantes tragédias e comédias que marcaram os lucilantes canhões a gás dos palcos da grande época. Em Roma, teriam visto ao lado de Plauto e Terêncio e, noutras plagas, fazendo odes ao Shakespeare ou Molière, tudo dentro das magias teatrais, dos malabarismos que sempre marcaram o papel no design de sua apaixonante arte cênica.

Há certos fatos que nos impulsionam a procurar descobrir com quais argamassas são feitas as pilastras que sustentam os sonhos e os desejos...

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Há certos fatos que nos impulsionam a procurar descobrir com quais argamassas são feitas as pilastras que sustentam os sonhos e os desejos mais despretensiosos do ser humano.

Há quem não acredite, mas é prazeroso provar dos ventos das amenidades. Não tememos perigos das viagens siderais, não precisamos dos observ...

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Há quem não acredite, mas é prazeroso provar dos ventos das amenidades. Não tememos perigos das viagens siderais, não precisamos dos observatórios de trânsito espacial, dos radares, por sinal sempre deficientes e inseguros nos nossos céus. Com esses ventos, voa-se com segurança, sem riscos nem turbulências.

Foi assistindo a uma palestra do Raul Marinuzzi que acreditei, mais uma vez, em certas mudanças futuras que darão estratégias de polimento ...

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Foi assistindo a uma palestra do Raul Marinuzzi que acreditei, mais uma vez, em certas mudanças futuras que darão estratégias de polimento ao comportamento humano, quando ligado a grandes negócios.

Tangeu os bois da pastagem e o leite virou água nas torneiras Rio de sua Casa Comercial. O outro rio da Fazenda seguiu cortando camin...

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Tangeu os bois da pastagem
e o leite virou água
nas torneiras Rio
de sua Casa Comercial.
O outro rio da Fazenda
seguiu cortando caminhos
com Fama
Tramontina Pial
marcas sem céu.

Pimentinha era o seu apelido, uma velhinha, deficiente visual, uma pedinte que perambulava pelas ruas de Alagoa Grande, cidade onde nasci. ...

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Pimentinha era o seu apelido, uma velhinha, deficiente visual, uma pedinte que perambulava pelas ruas de Alagoa Grande, cidade onde nasci. O Beco do Jacu era a sua passagem obrigatória para se recolher nos finais de tarde. Lá, os meninos da época a provocavam quando passava. E, quando vinha uma resposta dela, podia esperar-se, era carregada de palavrões.

Foi um fato que me chamou tanto a atenção que até hoje vive na lembrança. Vez em quando ainda me aguça a curiosidade. Aconteceu por ocasião...

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Foi um fato que me chamou tanto a atenção que até hoje vive na lembrança. Vez em quando ainda me aguça a curiosidade. Aconteceu por ocasião da festa de inauguração do busto do poeta Augusto dos Anjos, na galeria que tem o seu nome, no centro da capital paraibana.

Não foi à toa que o Concilio Vaticano II realizou significativa (e oportuna) revolução religiosa, por volta da década de 60. Estudava eu ai...

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Não foi à toa que o Concilio Vaticano II realizou significativa (e oportuna) revolução religiosa, por volta da década de 60. Estudava eu ainda no Seminário quando o Latim foi abolido nas missas em diversas partes do planeta. O objetivo básico consistiu em tornar acessível a cerimônia aos principais interessados, os chamados “fiéis”, facilitando-lhes a compreensão das palavras pronunciados pelo padre.

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Baraúna! Assim o chamavam alguns amigos e conhecedores da longevidade de certas árvores da flora brasileira. Referiam-se à força vital que tinha o meu pai, o seu vigor, tal qual essa árvore nordestina da família das “brauna Schott”, ainda hoje conhecida pela sua resistência ao tempo e à vida.

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Recebi de uma conterrânea um vídeo com imagens de uma viagem que fez para realizar o seu grande sonho: conhecer o Mar Morto, um mar que nunca foi mar, um morto que nunca morreu.