Antes da pandemia, quando as pessoas podiam se visitar, professor Bené, vizinho de apartamento, convidou-me para um café em que ia receber...

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Antes da pandemia, quando as pessoas podiam se visitar, professor Bené, vizinho de apartamento, convidou-me para um café em que ia receber Fernando Vasconcelos, seu amigo e ex-colega do Seminário de Ipuarana.

Dois motivos para não faltar, somados à delicadeza de Bené e da médica Rosângela Amorim, sua esposa: o de ter presente um divulgador das questões novas do Direito, como as da Informática, e o de invejar os dois, tanto ele como Bené, poeta da matemática, ambos ex-alunos do Seminário de Ipuarana.

Os pés pisavam descalços a terra dos homens, das mãos caíam sementes que engravidavam o solo. A cada passo os campos se cobriam de brotos ...

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Os pés pisavam descalços a terra dos homens, das mãos caíam sementes que engravidavam o solo. A cada passo os campos se cobriam de brotos verdes e tenros. Logo o trigo estaria maduro e as ervas aromáticas tomariam o chão. Ao toque dos dedos de Deméter, os frutos amadureciam, enchiam-se de sumos. Ela sorria e os pêssegos instantaneamente se tingiam de rosa, as uvas escureciam, as maçãs avermelhavam.

No último dia 27, dia de Cosme e Damião, me agarrei em uma lembrança que me tomou nos braços para um passado tão belo e de tanta pureza que...

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No último dia 27, dia de Cosme e Damião, me agarrei em uma lembrança que me tomou nos braços para um passado tão belo e de tanta pureza que me fez emocionar. Vivi minha infância em uma mercearia em casa, ‘A Bodeguita’, criada por Papai em 1989. Queria ele deixar de lado certas picuinhas de trabalho e passar a ser patrão de si próprio. Com espírito empreendedor, resolveu arriscar. Mas dela falaremos em outra hora.

– Eu soube que você tem lido muito. É verdade? – É verdade, sim. Quero decifrar o enigma da vida. – Como aquele rei tebano... Qual é me...

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– Eu soube que você tem lido muito. É verdade?

– É verdade, sim. Quero decifrar o enigma da vida.

– Como aquele rei tebano... Qual é mesmo o nome dele?

Tocar piano não é mesmo nada simples ou fácil; mui penoso é o estudo, requer árduo esforço e perseverança inabalável. Quanto mais estudamo...

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Tocar piano não é mesmo nada simples ou fácil; mui penoso é o estudo, requer árduo esforço e perseverança inabalável. Quanto mais estudamos, mais nos damos conta do nobilíssimo mister, do dominar a Arte de tocar esse instrumento que sobrepuja a escrita musical desde sua criação por volta de 1711, pelo italiano Bartolomeo Cristofori di Francesco.

Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do s...

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Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do sol litorâneo e seus multi tons de um quase branco ao rubro denso ou o do Sertão, quadro estampado no horizonte como se terra e céu se unissem. Sim, consigo sentir até o cheiro e perceber a cor intensa da flor mais bela largada pela estrada, em algum campo ermo, em qualquer estação onde já não passa trem, só o verão, ao fechar os olhos.

As cartas são o antídoto literário da efemeridade da vida. Segundo Goethe : “o mais significante memorial que uma pessoa pode deixar”. Po...

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As cartas são o antídoto literário da efemeridade da vida. Segundo Goethe: “o mais significante memorial que uma pessoa pode deixar”.

Poucas cartas sobreviveram dos campos de concentração construídos pelos nazistas para exterminar o povo judeu durante o Holocausto.

Gosto de vinho. Sei muito pouco sobre vinhos. Não pretendo nunca me tornar um especialista em vinhos. Sobre estes três alicerces básicos co...

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Gosto de vinho. Sei muito pouco sobre vinhos. Não pretendo nunca me tornar um especialista em vinhos. Sobre estes três alicerces básicos construí minha adega imaginária e me dou por satisfeito. Não desejo mais do que isso. Deus me livre de me tornar um enochato, aquele sujeito que, ao invés de degustar o vinho, prefere fazer conferência sobre ele, entediando mortalmente os companheiros de mesa que não sejam também enochatos.

Mais um episódio da ALCR TV entra no ar com atualidades do mundo cultural, participação dos autores, leitores e telespectadores do Ambiente...

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Mais um episódio da ALCR TV entra no ar com atualidades do mundo cultural, participação dos autores, leitores e telespectadores do Ambiente de Leitura Carlos Romero.

Certo dia conversávamos numa roda sobre a excelência do ensino que a nossa geração recebeu. Aí relembramos o português ensinado por Alessio...

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Certo dia conversávamos numa roda sobre a excelência do ensino que a nossa geração recebeu. Aí relembramos o português ensinado por Alessio Toni e a sua personalidade brilhante, que o torna figura tão querida. Foi quando Ilma teve a brilhante ideia:

— “Por que vocês não fazem uma homenagem a ele?”

Se tivesse nascido na Grécia, poderia ter sido o precursor do teatro grego. Certamente, o protagonista das homenagens ao deus Dionísio , n...

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Se tivesse nascido na Grécia, poderia ter sido o precursor do teatro grego. Certamente, o protagonista das homenagens ao deus Dionísio, nas mirabolantes tragédias e comédias que marcaram os lucilantes canhões a gás dos palcos da grande época. Em Roma, teriam visto ao lado de Plauto e Terêncio e, noutras plagas, fazendo odes ao Shakespeare ou Molière, tudo dentro das magias teatrais, dos malabarismos que sempre marcaram o papel no design de sua apaixonante arte cênica.

Cabisbaixa, a moça se afasta do caixa da farmácia sem se sentir autorizada a apanhar e poder sair com a pequena sacola de compras. Recolhe l...

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Cabisbaixa, a moça se afasta do caixa da farmácia sem se sentir autorizada a apanhar e poder sair com a pequena sacola de compras. Recolhe lentamente o cartão da máquina, olha receosa as pessoas da fila — eu e uma outra — e sai meio sem jeito, sem fazer ideia do constrangimento mudo e surdo em que nos deixava.

Gavroche é o espírito parisiense em forma de criança. Mas não uma criança qualquer. Gavroche é o que o francês chama de gamin , no seu prim...

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Gavroche é o espírito parisiense em forma de criança. Mas não uma criança qualquer. Gavroche é o que o francês chama de gamin, no seu primeiro sentido, de viver a brincadeira e as licenciosidades das ruas, com espírito crítico, gozador e libertino. Para a época de Hugo, introdutor da palavra na língua francesa literária, com Notre-Dame de Paris (1831) e Claude_Gueux (1834), gamin era termo da língua popular não digno de frequentar o vocabulário dos grandes escritores. Hugo associa definitivamente o vocábulo a Gavroche, personagem memorável de Les Misérables (1862). Tão memorável que repercutiu em nosso Cruz e Souza, no célebre soneto “Acrobata da dor” – “Salta, Gavroche, salta, clown, varado/Pelo estertor dessa agonia lenta...”

Em março de 1808, a Corte portuguesa desembarcava no Rio de Janeiro. Deixara Lisboa, fugindo dos exércitos de Napoleão que haviam invadido...

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Em março de 1808, a Corte portuguesa desembarcava no Rio de Janeiro. Deixara Lisboa, fugindo dos exércitos de Napoleão que haviam invadido Portugal. Na bagagem, arrumada às pressas, não foram esquecidos alguns pianos. Começava aí a história do piano no Brasil.

Com a família real e os pianos vieram, também, as danças europeias. Inicialmente, as valsas e as quadrilhas. Em seguida, chegavam os gêneros musicais que predominavam, em cada momento, nos salões da Europa: polca, mazurca, schottisch, habanera e tango.

Somos a todo momento alcançados pelo poder das palavras. Porque elas refletem pensamentos e sentimentos. Tanto podemos ser impactados posit...

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Somos a todo momento alcançados pelo poder das palavras. Porque elas refletem pensamentos e sentimentos. Tanto podemos ser impactados positivamente, quanto podemos sofrer consequências negativas de palavras que pronunciamos ou que ouvimos. Há quem diga que as palavras mostram o coração.

Primeiro foi uma sombrinha amarela largada ao chão. Deitada ali, sob árvores de um bosque, desprezada ou, quem sabe, a dona clicando um fla...

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Primeiro foi uma sombrinha amarela largada ao chão. Deitada ali, sob árvores de um bosque, desprezada ou, quem sabe, a dona clicando um flash artístico para expor. Certamente, uma fotógrafa de alta sensibilidade.

Semana passada, a mesma sombrinha emergiu; sobressaída de uma multidão de guarda-chuvas abertos. Não chovia. Pensei: eis onde foi parar o motivo da foto! E, creiam, recentemente, uma vermelha conduzida por alguém, tempo frio, invernoso; a ou o condutor enfrentava a temperatura enfiado num cachecol e roupas de enganar frio.

Nesse momento de turbulência moral e ética pelo qual passa nosso país, estão fazendo falta os irmãos Souza, aqueles que deram sangue pelo Br...

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Nesse momento de turbulência moral e ética pelo qual passa nosso país, estão fazendo falta os irmãos Souza, aqueles que deram sangue pelo Brasil e que morreram devido ao sangue que receberam do Brasil.

Eram três irmãos, todos prenhes de brasilidade conduzindo-a por toda a vida, cada qual em seu mister. Não sem emoção, os revi no bem produzido documentário “Irmãos de Sangue”, dirigido pela cineasta Ângela Patrícia Reiniger e que está sendo veiculado em horários alternados pelo canal Curta!, da TV por assinatura.

Quando tinha 10 anos (era o ano de 1974), meu pai me deu dinheiro para que comprasse meu presente de Natal. Desci correndo e fui ao Jairo Ma...

Quando tinha 10 anos (era o ano de 1974), meu pai me deu dinheiro para que comprasse meu presente de Natal. Desci correndo e fui ao Jairo Maia Discos comprar o novo LP de Chico Buarque.

Por que digo isso? Ao lembrar dos ataques dirigidos a Chico Buarque de Hollanda nos últimos anos. Gregório Duvivier, em crônica publicada na Folha, chegou a dizer que, para ele, os eventos contra o compositor e escritor causavam indignação de tal monta que era “como se chutassem uma santa ou rasgassem a Torá”.

Amo ter sido uma garotinha de laço de fita no cabelo e segredos na caixinha, como a da relíquia que vi conservada por minha mãe, num antigo...

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Amo ter sido uma garotinha de laço de fita no cabelo e segredos na caixinha, como a da relíquia que vi conservada por minha mãe, num antigo álbum de fotografias.

Uma redescoberta do ontem, durante visita à irmã querida e guardiã das nossas memórias afetivas. Zoya vem atuando, com maestria, como a aglutinadora do bem-querer da família Maia Duarte.

A convocação para a guerra era esperada e inevitável. Imagine a preocupação da família… Mas, ele não. Estava pronto e às ordens. Nunca es...

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A convocação para a guerra era esperada e inevitável. Imagine a preocupação da família… Mas, ele não. Estava pronto e às ordens.

Nunca esqueceu a visão de despedida que teve pela janela do trem, na estação ferroviária de João Pessoa, dos pais e da irmã caçula com uns 10 anos de idade. A garotinha tinha uma mão segurada pela mãe e a outra solta no adeus. O semblante tríplice era de cortar coração. O caçula dos homens estava indo para a guerra!