Testemunha de conversas e silêncios, de sorrisos e lágrimas, de encontros e desencontros, ele foi descanso, pouso para o corpo e alma. Gua...
À sombra do esquecimento
Testemunha de conversas e silêncios, de sorrisos e lágrimas, de encontros e desencontros, ele foi descanso, pouso para o corpo e alma. Guarda segredos impregnados de atores que envelhecem a cada dia. Fez parte de jardins, teve grama sob os pés, presença dos passeios, dos segredos quase confessionário, dos passantes. Era vizinho de castanholas, tinha flores por perto, era amigo de soldadinhos.
Há uma celeuma no ar. Acredito que sempre houve. Desta feita trazida à tona por uma necessidade dos novos tempos, que a língua ainda não c...
Poeta ou Poetisa?
Há uma celeuma no ar. Acredito que sempre houve. Desta feita trazida à tona por uma necessidade dos novos tempos, que a língua ainda não conseguiu acompanhar, nem podemos dizer se vai. Como se sabe, é o uso que faz a língua se tornar linguagem. As mudanças, no entanto, ditadas pelo uso são lentas e vão se acomodando de acordo com as conveniências do uso coletivo. A língua é, sem dúvida, viva e dinâmica, mas a vivacidade e o dinamismo não significam a rapidez que muitos desejam. O poeta Horácio, em sua Arte poética, já nos aponta o uso como senhor absoluto no comando da língua determinando a instauração de novas palavras, termos e expressões, ao mesmo tempo que faz a advertência de usos que cairão no esquecimento. A língua, como um sistema, registra todos, guarda-os, mas só concede a visão da luz do dia àqueles que se empregam pela coletividade.
Singular figura a do marido de professora. Se não mais atualmente, pelo menos há até bem pouco tempo, quando as conquistas sociais feminin...
Marido de professora
Singular figura a do marido de professora. Se não mais atualmente, pelo menos há até bem pouco tempo, quando as conquistas sociais femininas não tinham ainda tornado banais as afirmativas mulheres dedicadas ao magistério. Mulheres essas que, durante décadas, foram talvez as únicas a alcançar algum destaque pessoal e profissional numa sociedade brasileira atrasada e machista, que as relegava, genericamente, à subalterna e exclusiva condição de donas de casa e mães de família.
O episódio nº 8 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural, participação dos autores, leitores e telespec...
Pauta Cultural (Ep. 08)
O episódio nº 8 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural, participação dos autores, leitores e telespectadores do Ambiente de Leitura Carlos Romero.
Ao entardecer do dia 19 de novembro de 1937 na cidade de Salvador (BA), o vermelho do pôr do sol foi infestado pela fumaça encarnada da q...
Fogueira de livros
Ao entardecer do dia 19 de novembro de 1937 na cidade de Salvador (BA), o vermelho do pôr do sol foi infestado pela fumaça encarnada da queima de livros, deixando boquiabertos transeuntes que não entendiam o corre-corre que estava acontecendo na cidade.
O que vem a ser o “politicamente correto”? Vivo procurando a definição mais acertada para essa expressão. A mais usual é a de que se trata...
O politicamente correto
O que vem a ser o “politicamente correto”? Vivo procurando a definição mais acertada para essa expressão. A mais usual é a de que se trata de um código de conduta não formalizado e estabelecido individualmente por cada um de nós. Uma forma de controlar o vocabulário, evitando causar constrangimentos, ofender, proferir insultos.
Quando ponderamos que já temos uma história bem vivida, que fizemos a trajetória comum a todos os homens e mulheres, que aproveitamos muit...
O improvável, o inacreditável e a surpresa
Quando ponderamos que já temos uma história bem vivida, que fizemos a trajetória comum a todos os homens e mulheres, que aproveitamos muito sol, nos divertimos largamente em festas, trabalhamos com empenho, dançamos com prazer, viajamos por lugares desconhecidos, neste momento, chega a vida e nos encara, nos faz tropeçar e abre um novo e difuso caminho.
Li ou ouvi que haviam depredado o monumento a João Pessoa, na praça de seu nome, e me apressei a conferir o estrago. Menino de grupo esc...
Sobre estátuas
Li ou ouvi que haviam depredado o monumento a João Pessoa, na praça de seu nome, e me apressei a conferir o estrago.
Menino de grupo escolar do tempo que a professora saía dando aula com as estátuas, onde chego vou logo aos monumentos, às estátuas de rua, para só depois parar na igreja. Vi primeiro São Bento, quando desci aqui, porque fica na passagem, quase encostada à cabeça da ladeira que vem da Casa do Estudante. Precisava ser toupeira para não demorar a vista na bela igreja do leão.
A Segunda Guerra Mundial trouxera muito desequilíbrio. Um alvoroço provocado pelos abalos das duas bombas atômicas que estraçalharam inoce...
Transmutação
A Segunda Guerra Mundial trouxera muito desequilíbrio. Um alvoroço provocado pelos abalos das duas bombas atômicas que estraçalharam inocentes japoneses naquela sanha, naquele ódio que as guerras se incumbem de dilatar. Houve, é inegável, um reflexo no comportamento de uma geração emergente, na criançada nascida ao pavor de noticiários horrendos. A ceia que acabara de ser realizada na suntuosidade dos que comemoravam o final da hecatombe restou numa efusão de alegres embriagados. Ninguém se lembrava das vítimas de Hiroshima e Nagasaki.
Próximo à esquina mais famosa do centro velho da cidade de São Paulo, o cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, fica o Palacete dos A...
O resistente boêmio paraibano
Próximo à esquina mais famosa do centro velho da cidade de São Paulo, o cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, fica o Palacete dos Artistas. O lugar era um antigo hotel que foi recuperado pela prefeitura da cidade para servir de abrigo a artistas aposentados que estivessem em dificuldades financeiras ou que não possuíssem residências.
O Evangelho do Cristo é o mais eloqüente discurso prático e vivencial que temos conhecimento na história. O Cristo que nada escreveu, tran...
Vidas Abundantes
O Evangelho do Cristo é o mais eloqüente discurso prático e vivencial que temos conhecimento na história. O Cristo que nada escreveu, transformou Sua Vida numa exemplificação perene. Não condenou a riqueza, por ser instrumento de progresso material e social, no entanto, recomendou que acumulássemos os tesouros imperecíveis, onde nem a traça, nem a ferrugem podem destruir, orientando no seu discurso, que o melhor emprego da riqueza está no favorecimento dos que mais necessitam, promovendo o progresso e o desenvolvimento social; educação com qualidade, gerando emprego e renda, favorecimento da cultura, enfim, a cidadania plena. A riqueza é o meio, o bem social, o fim.
Em Campina Grande, no final dos anos 50, a palavra “assustado” passou a designar encontro dançante, com ou sem bebida, realizado de surpre...
Maria
Em Campina Grande, no final dos anos 50, a palavra “assustado” passou a designar encontro dançante, com ou sem bebida, realizado de surpresa nas garagens ou nas salas das casas, e tirou o sossego de alguns pais. A moda, ou o imperativo categórico, era promover e freqüentar assustados, e adolescentes, rapazes e moças só falavam e pensavam nisto.
Estudei os dois últimos anos do curso primário na conhecida Escola Santa Terezinha, situada na Rua das Trincheiras, 401 em João Pessoa, pe...
O lirismo de Coriolano
Estudei os dois últimos anos do curso primário na conhecida Escola Santa Terezinha, situada na Rua das Trincheiras, 401 em João Pessoa, pertencente às professoras Tércia e Maria da Luz Bonavides. Inúmeros paraibanos, hoje famosos, tiveram o privilégio de terem aprendido suas primeiras letras nessa escola de escol que formou centenas de alunos de várias gerações por um período de pelo menos 40 anos. Minha mãe e meu tio também foram alunos desse conceituado educandário.
Eles formavam um casal de classe média. Filhos de pais humildes, cada um lutou para sair daquela condição precária de vários modos. Ele,...
Ressentidos
Eles formavam um casal de classe média. Filhos de pais humildes, cada um lutou para sair daquela condição precária de vários modos. Ele, quarto filho de seis, tentou estudar, mas parou no ensino médio. Nunca quis exercer a profissão do seu pai, padeiro, e passou a trabalhar numa revenda de automóveis. Ganhava por comissão e nas crises se valia de agiotas e vales que a empresa adiantava com juros. Ela, filha de empregada doméstica, nunca conheceu seu pai. Para não ter o destino da mãe e das duas irmãs mais velhas, passou a trabalhar como manicure num salão de beleza de uma vizinha e estudar à noite numa escola pública do bairro.
Em um papo de lista de discussão feita só de mulheres, espontaneamente surgiu o assunto relativo à infância. Uma verdadeira viagem ao vale...
No Vale das Bonecas
Em um papo de lista de discussão feita só de mulheres, espontaneamente surgiu o assunto relativo à infância. Uma verdadeira viagem ao vale da subjetividade feminina, quando rememoramos, durante alguns dias, o nosso tempo de brincadeiras com as bonecas.
Mansas tocaias, mitos cheiram a pólvora no eterno dos proscritos. Tiros noturnos, sem urros nem alvos, miram o tempo.
Forte Silêncio
Com grande preocupação e temor tenho assistido ao desmantelamento da educação brasileira. É gritante a desvalorização do ensino e do profe...
Professores e mestres
Com grande preocupação e temor tenho assistido ao desmantelamento da educação brasileira. É gritante a desvalorização do ensino e do professor, algo que vem acontecendo há algum tempo, mas que recentemente agravou-se muito mais.
Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Athayde, já advertia: “(...) a função do livro infantil é fazer compreender às crianças que a leitur...
Criança, poesia, livro, etc
Não, nada e tudo com as “Relíquias” do velho Machado. A relíquia é outra. Na Academia Paraibana de Letras, excetuadas duas ou três salas d...
Relíquias da Casa Velha
Não, nada e tudo com as “Relíquias” do velho Machado. A relíquia é outra. Na Academia Paraibana de Letras, excetuadas duas ou três salas destinadas às galerias dos seus imortais, onde descer a mão cai num livro. Fiz isto na semana passada e dei com um livro de 1950, escrito pelo paraibano José Caó sobre Pereira Lira, outro apagado da nossa memória cultural e política.
Ifigênia recusa a morte pela glória pan-helênica, depois a aceita, convencida pelo pai. Arrebatada, ela escapa ao sacrifício à deusa Árte...