No deserto que estamos, vejo tantos com dificuldades inúmeras para continuar. São tantas sedes, nos impondo sofrimento e dor. A ...

No deserto que estamos, vejo tantos com dificuldades inúmeras para continuar. São tantas sedes, nos impondo sofrimento e dor. A paralisia do isolamento obrigatório, tem transformado o “tempo”, tantas vezes desejado, em verdadeiro prisioneiro da incapacidade. A intolerância, já faz morada em nós. A inércia, se transformou na melhor amiga. A mente e o corpo, sentem sede do ir e vir livremente.

O velho Riobaldo estava em sua fazenda dando uma entrevista a alguém não identificado e a quem ele chamava de doutor. Poderia ser um soció...

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O velho Riobaldo estava em sua fazenda dando uma entrevista a alguém não identificado e a quem ele chamava de doutor. Poderia ser um sociólogo, um professor ou mesmo um jornalista.

Estava feliz e casado com Otacília, a quem ele se refere como sendo o seu amor de prata. Muitos e muitos anos antes, o adolescente Riobaldo foi convidado a alfabetizar o Seu Bebelo. Fazendeiro e Jagunço Seu Bebelo estava interessado em entrar para política.

Ao contrário dos brasileiros que dizem ter tantos anos, os ingleses dizem que são tantos anos velhos. Tem razão; nós não temos o temp...

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Ao contrário dos brasileiros que dizem ter tantos anos, os ingleses dizem que são tantos anos velhos. Tem razão; nós não temos o tempo que vivemos, ele já se foi.

Décio Moura, amigão, mentia deslavadamente quando perguntavam a sua idade, mas sempre exagerava para mais. Aos sessenta dizia ter setenta só para ouvir as pessoas elogiarem sua juventude. Aprendi com ele e digo que vou fazer oitenta anos. Depois dos elogios, emendo logo: “- Pois é; vou fazer sessenta e sete, sessenta e oito...até chegar aos oitenta, pode apostar”.

Pego o pincel à procura de uma tela. Para um pintor com dotes para lá distantes dos de um Monet, um Van Gogh ou um Dalí, repasso na mente ...

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Pego o pincel à procura de uma tela. Para um pintor com dotes para lá distantes dos de um Monet, um Van Gogh ou um Dalí, repasso na mente imagens e reconstruo cenários da eterna cidade Parahyba. De repente, visito a Lagoa como uma página de um caderno de colorir. Parece-me alguma cena entre janeiro/dezembro, meio ano findo e tempo novo, sem chuvas, um espaço para serem derramadas diversas cores, cheiros e sabores.

Pouco tenho frequentado as redes sociais. O ambiente miasmático que a impregna me mantém delas afastado. Ao ver o fervor e a devoção reli...

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Pouco tenho frequentado as redes sociais. O ambiente miasmático que a impregna me mantém delas afastado. Ao ver o fervor e a devoção religiosa na defesa de bandidos, de ambos os lados do espectro político, por parte de seus sequazes, fico enojado. A atmosfera está decididamente insalubre. Ainda assim, aproveitando a publicação de algum ensaio ou artigo, vez por outra arrisco um olho, para ver se há alguma mudança. Qual! Nada mudou a não ser para continuar o mesmo. Bis idem, como se diz em latim.

A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra… E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augus...

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A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra…

E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.

Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria. O porvir do teu pai. Fagunde...

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Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria. O porvir do teu pai.
Fagundes Varela

Se meu dileto leitor e a minha cara leitora fizerem uma pesquisa apurada, verão que o 9 de setembro é um dia absolutamente sem importância em nosso calendário. Por aqui nada relevante. Consta-me que lá na Turquia, na localidade de Esmirna, celebra-se a reconquista da cidade que estava sob o domínio dos gregos e que marca o fim da guerra Grego-Turca que matou muita gente entre 1919 e 1922.

Só agora é que consegui pôr as mãos em uma curiosa caixa, em DVD, de uma série levada ao ar a partir de 1955 na TV norte-americana: Alfred...

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Só agora é que consegui pôr as mãos em uma curiosa caixa, em DVD, de uma série levada ao ar a partir de 1955 na TV norte-americana: Alfred Hitchcock Apresenta (ou Alfred Hitchcock Presents, no original, em inglês), título que rendeu um total de sete temporadas e exatos 266 episódios com muito suspense, mistério, terror e um certo humor claudicante.

Julho de 2014: Sérgio Lucena me pede que o entreviste Dei à nossa conversa, como título, os versos do FOUR QUARTETS ( Quatro Quarteto...

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Julho de 2014: Sérgio Lucena me pede que o entreviste

Dei à nossa conversa, como título, os versos do FOUR QUARTETS ( Quatro Quartetos ) que o mui católico Eliot fora buscar num lenço bordado pela também mui católica rainha Mary Stuart, da Escócia.

"En ma Fin gît mon Commencement..." IN MY END IS MY BEGINNING – Em meu fim está meu começo.

Sérgio não disse o motivo do pedido. O fato de ele - pessoense radicado em São Paulo desde 2003 - ter agendada uma mostra na Usina Cultural, aqui em João Pessoa, é plausível, mas... atrevo-me a imaginar outra razão: precisava de alguém pra conversar... consigo mesmo, a respeito de sua arte. Talvez como Dante, que – pra evitar um longo e monótono monólogo – apelou – mais ou menos na mesma idade - pra outro poeta, Virgílio, ao se ver avançando para uma das “crises previsíveis da vida adulta” ( cf. Gail Sheehy ) , per una selva oscura / ché la diritta via era smarrita, embora a palavra smarrita – perdida - seja demasiado forte para essa via, pois é claro que o artista sempre pode dizer como Picasso: que “Eu não procuro, encontro”.

A dor é um fenômeno da vida. Manifestando-se em diversos matizes, atinge maior complexidade quando diz respeito ao escopo humano, pois pod...

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A dor é um fenômeno da vida. Manifestando-se em diversos matizes, atinge maior complexidade quando diz respeito ao escopo humano, pois pode expressar desde um simples incômodo até um grande padecimento.

A depender de como seja encarada, ela pode levar quem a sente à estagnação, a uma espécie de cultivo masoquista dos próprios pesares, ou se tornar mola propulsora a novos patamares, funcionando como dínamo transformador, suscitando crescimento, aprendizagem, ressignificação.

Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca ...

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Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca o solo marciano em busca de sinais de vida no que foi o leito de um lago extinto há bilhões de anos. Faz isso depois de sete meses de viagem com o auxílio de instrumentos destinados à coleta de amostras e à observação da geologia.

Pra começar, queria falar que nasci em uma família de professores: meu pai era professor de história, comprometido com a educação em todos...

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Pra começar, queria falar que nasci em uma família de professores: meu pai era professor de história, comprometido com a educação em todos os momentos, amante da historicidade humana e mais profundamente amante do sujeito e da sua busca em tornar-se Ser Humano. Minha mãe professora de música, apaixonada pela arte, pela estética e pela expressão em todas as suas formas, incentivadora do movimento, das mudanças e transformações na vida de todos próximos a ela. Esses dois me mostraram, a partir de sua união, a importância da busca determinada pela realização do amor, e essa foi a herança que tentaram distribuir em vida com seus quatro filhos.

A melancolia acompanha o homem desde os seus primórdios, confundindo-se com o desencanto consequente à perda do Paraíso. Na literatura ocid...

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A melancolia acompanha o homem desde os seus primórdios, confundindo-se com o desencanto consequente à perda do Paraíso. Na literatura ocidental, a representação do afeto melancólico remonta a Belerofonte, herói da mitologia grega, e desde então aparece em artistas, filósofos, cientistas e intelectuais cujo luto pelo Objeto Perdido precipita-os num abismo de devaneios e cogitações.

Já faz algum tempo. Li a notícia na coluna de João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo, e não resisti a comentá-la. Uma estátua em bron...

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Já faz algum tempo. Li a notícia na coluna de João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo, e não resisti a comentá-la. Uma estátua em bronze do navegador Cristóvão Colombo, descobridor da América, tinha sido recentemente retirada do Grand Park, em Los Angeles, EUA, pela Prefeitura da cidade. Motivo? Pressão de organizações indígenas americanas, sob a risível alegação de violências cometidas pelo navegador contra os nativos, à época do descobrimento. O leitor está rindo? Eu também ri. Não só pela comicidade do caso, mas também para não chorar de vergonha destes nossos tempos ridículos.

Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. T...

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Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. Tudo parece banal, mas não é. Nunca mais aquele momento irá se repetir. Parece óbvio, mas também parece óbvio que as pessoas desprezam o óbvio e pagam caro por isso. Do que se apresenta como desprezível ao que há de mais relevante, o tempo não perdoa. A vida vai nos engolindo aos poucos e se formos indigestos, vomita nossos sonhos um por um.

O Brasil está vivendo uma crise institucional criada artificialmente, com o nítido propósito de subverter a ordem democrática, e cujo obje...

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O Brasil está vivendo uma crise institucional criada artificialmente, com o nítido propósito de subverter a ordem democrática, e cujo objetivo é inconfessável: a instauração de um regime de exclusão de direitos humanos e democráticos, conquistados a duras penas ao longo das últimas quatro décadas. De criar uma reles ditadura, nos moldes da Coréia do Norte, da Venezuela, ou do Afeganistão sob a égide do Talibã.