Diário da Pandemia Ópera visual em quatro atos Introdução Desde o início de 2020, a humanidade tem sido sobressaltada pela diss...

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Diário da Pandemia
Ópera visual em quatro atos
Introdução

Desde o início de 2020, a humanidade tem sido sobressaltada pela disseminação de um vírus letal, em escala planetária, que só no Brasil matou mais de meio milhão de pessoas. É difícil imaginar quem não tenha sido afetado pela radicalidade de tal acontecimento. As estatísticas apontam novas formas de “psicopatologia da vida cotidiana” e a imprensa reporta os sintomas da neurose: sensações de medo, aflição, desespero. Irrupção de afetos tristes que, até novembro de 2021, ainda não se dissiparam.

Da janela do meu apartamento, vejo o quintal da casa lá embaixo. Largada, ao lado da churrasqueira, uma pequena bicicleta. Sob uma árvore,...

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Da janela do meu apartamento, vejo o quintal da casa lá embaixo. Largada, ao lado da churrasqueira, uma pequena bicicleta. Sob uma árvore, uma mesa, na qual repousa um chapéu branco, possivelmente tricotado, de abas largas, ao lado de um par de luvas de cozinha. Próxima à mesa, uma antiga cadeira de balanço. Não conheço as pessoas que moram na casa, e, vistos assim, sem pertencimento, esses objetos não transcendem sua condição material, genérica; vale dizer: carecem da singularidade que só uma pessoa (um “dono”) a quem pertencessem lhes doaria. Tautologicamente: esses objetos, como os vejo agora, não passam de objetos.

A gripe é sobretudo uma agressão moral. Você sabe que ela não vai lhe matar, mas o estado a que o reduz é lastim...

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A gripe é sobretudo uma agressão moral. Você sabe que ela não vai lhe matar, mas o estado a que o reduz é lastimável. Não dá para fazer selfie com o nariz vermelho e os olhos injetados. E o pior é o defluxo que dele emana (prefiro o termo “defluxo” ao escatológico “catarro”).

A medicina criou um nome pomposo para designar a gripe – influenza, que vem do italiano. É um termo simpático e que até nos dá vontade de passar pela experiência. Parece haver certa nobreza numa afecção cujo nome evoca a pátria de Dante e Michelangelo. Mas a empolgação acaba quando vêm os espirros e a febre (ou melhor, a febrícula, com esse sufixo derrisório). Seu moral começa a balançar, e o corpo pede cama.

Duas palavrinhas que podem significar nada ou tanto, ignorância ou sabedoria. No cotidiano, quantas vezes não as dizemos a propósito de t...

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Duas palavrinhas que podem significar nada ou tanto, ignorância ou sabedoria. No cotidiano, quantas vezes não as dizemos a propósito de tantas coisas? Fazem parte de nosso vocabulário comum e necessário, pois quanto desconhecemos de quase tudo! Fazem parte também do léxico dos professores, filósofos e sábios honestos, que não se envergonham nem se diminuem com a admissão eventual do não saber.

Assistindo a uma entrevista de Luiz Felipe Pondé, chamou-me a atenção quando ele disse que, em filosofia, “não sei” é uma resposta profunda. Veja só.

Calar; apagar; esconder; desfazer; emergir; fingir, são vestimentas adquiridas, ou criadas, para ocultar, ou mesmo proteger a “essênci...

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Calar; apagar; esconder; desfazer; emergir; fingir, são vestimentas adquiridas, ou criadas, para ocultar, ou mesmo proteger a “essência” de brilhar, na sua totalidade e transparência.

A insegurança do “não”, lançada por outros ou por si mesmo, impede que o “verdadeiro” seja mais forte que o “cômodo”.

É mais indolor e fácil calar, e até concordar, do que retrucar, explicar e desmentir.

      I Minha terra é uma ilusão da linguagem. Tenho de meu esse rastilho de palavras que pressinto atadas aos calcanhares. Se o d...

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I
Minha terra é uma ilusão da linguagem. Tenho de meu esse rastilho de palavras que pressinto atadas aos calcanhares. Se o desfaço, perde-se o encantamento das vivências cerzidas. Sei que as mãos ensaiam obscenidades entre dois espelhos. Quero mesmo criar algumas reentrâncias na estrutura dos olhares. Mas olhos extraviados não ardem no lugar comum em que me perco...

Quem não conhece a tal de babosa? Cientificamente chama-se Aloe vera, uma espécie de folhagem pontiaguda e altamente suculenta. Cresce se...

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Quem não conhece a tal de babosa? Cientificamente chama-se Aloe vera, uma espécie de folhagem pontiaguda e altamente suculenta. Cresce selvagem ou em jardins em terras tropicais e é muito cultivada para usos agrícolas, medicinais e para fins decorativos. Cresce também com sucesso dentro de casa em vasos, se houver boa luminosidade, mesmo indireta.

Consta-me que a babosa tem muitas aplicações junto ao público feminino: trata queda de cabelos, hidrata as madeixas de nossas beldades, elimina aquela incômoda farinha chamada caspa,

Só alguns traços, o vinco da boca, a testa bem pronunciada e a cabeça pra cima, como cego, passavam-me a impressão de estar vendo meu amig...

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Só alguns traços, o vinco da boca, a testa bem pronunciada e a cabeça pra cima, como cego, passavam-me a impressão de estar vendo meu amigo, a mais elogiada referência da antiga revisão de A União.

Do final dos anos 1940 até o dia em que o jornal informatizado excluiu dos seus quadros a revisão de provas, ninguém teve o direito de ser melhor na função do que ele. Era o maior de todos nós, dizia Oswaldo Duda Ferreira, depois juiz, tão apegado ao castiço que nem nos sobressaltos consegue esquecer a gramática.

      Das folhas de mato Vem sem o menor aviso E apesar de toda bravura Chega manso e acolhedor Parei de buscar explicação Aliá...

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Das folhas de mato
Vem sem o menor aviso E apesar de toda bravura Chega manso e acolhedor Parei de buscar explicação Aliás, cessei toda busca Está tudo dentro e aflora no seu Tempo Apenas colho as flores miúdas nos dias de Lua Um perfume açucarado Que não deixa espaço Pra dúvida

Quando visitei Taperoá em remota ocasião, acompanhado de Gonzaga Rodrigues e do fotógrafo Antônio David para encontrar Dorgival Terceiro ...

Quando visitei Taperoá em remota ocasião, acompanhado de Gonzaga Rodrigues e do fotógrafo Antônio David para encontrar Dorgival Terceiro Neto, a região era paisagem devastada, com aspecto desolador.

No aceiro da Serra do Pico, espalhando-se pelo entorno, a vegetação era somente graveto, sem nenhum vivente. No leito seco do Rio Taperoá, que banha a cidade, um magote de cabras passeava.

Depois de ler o mais recente livro de W. J. Solha, 1/6 de laranjas mecânicas, bananas de dinamite (1ª ed. Cajazeiras: Arribaçã, 2021), es...

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Depois de ler o mais recente livro de W. J. Solha, 1/6 de laranjas mecânicas, bananas de dinamite (1ª ed. Cajazeiras: Arribaçã, 2021), escrevo, não com a frieza e cálculo do crítico, mas sob o impacto da recepção. Escrevo como leitor impactado, na ânsia do querer absorver a poesia.

A arte é essencialmente estesia (αἴσθησις). A maneira como ela repercute em nós, invadindo-nos e remexendo as nossas emoções, leva-nos a definir o que sentimos diante dela. Aristóteles sabia disso e por esta razão trocou a preocupação ética de Platão com a mimese, na formação da educação da criança (παιδεία), essencial para a construção da república (πολιτεία), pela investigação da mimese como estética, procurando saber de que modo ela atinge as emoções do público espectador da tragédia e, por conseguinte,
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o leitor, ao produzir uma catarse – a um só tempo alívio, purificação e saneamento –, através do medo e da piedade.

Sim, a arte é mais para sentir do que para compreender. Sou, contudo, professor. Tenho, pois, uma necessidade de organizar, na mente, o que leio, para poder alcançar um mínimo que seja de sua compreensão, mesmo estando em plena fruição de um estado de estesia.

Solha já orienta o leitor, ao fixar o pacto arquitextual, definindo seu livro como “o quinto, de seis tratados filosófico-poéticos”. Só essa definição abriria uma larga e longa discussão a respeito do poder que tem o autor de definir ou não a natureza do que escreve. Faço questão de frisar que a discussão seria sobre o poder, não sobre o direito, pois direito todos temos de definir qualquer coisa, o que não significa que essa definição seja a mais acertada. Deixemos, no entanto, essa discussão para outra hora ou para que outros a encetem.

De início, trago duas discordâncias, que atingem a parte, digamos didaticamente, filosófica de seu tratado. A primeira delas, com relação ao que se diz sobre Platão, pela boca de seu personagem Sócrates. É certo que fazer o bem a todos e sempre é o caminho para a justiça. Pior do que receber uma injustiça é cometê-la. Mas na construção de sua Pólis, Sócrates não descarta a existência de uma teologia, cujos princípios devem ser ensinados ou não a homens que, desde a mais tenra infância, devem honrar os deuses, honrar os pais e amarem-se, não pouco, mutuamente (República, Livro III, 386a). O amor está lá, portanto, como essencial à justiça, essa virtude da alma.


O outro ponto de discordância é a respeito da tradução de “logos” (λόγος), no início do Evangelho de João, como “razão”. A nosso ver, e atentando para a estrutura desse texto, “lοgos” é o verbo/palavra, a substância que faz de Jesus um ser substantivo, essência primeira da espiritualidade e da imortalidade. De acordo como o apóstolo evangelista, Jesus é luz, pão, água, pastor, caminho, verdade e vida.

Ora, estas são discordâncias apenas do ponto de vista filosófico, estritamente atinentes a uma das partes de que se compõe o livro de Solha. Além do mais não significa que estejamos com a razão. Em nada, estas discordâncias invalidam o produto poético que Solha nos oferece, pois, como criação do espírito, tudo o que ali se nos apresenta está perfeitamente adequado.

Partamos de uma constatação engenhosa de Solha:

Poeta não é p(r)o(f)eta.

Solha nos propõe uma dupla leitura: o poeta não é poeta; o poeta não é profeta. Ao seguirmos com atenção toda a engrenagem de seu poema, vemos que, em realidade, há uma terceira possibilidade que o leitor poderá ou não descobrir: o poeta é poeta, quando se faz profeta. Expliquemos.

O poeta não é poeta, porque no sentido grego da palavra, ποιητής, poeta não tem a significação restrita que lhe empregamos literariamente. Poeta é um agente, é o que faz, o que fabrica algo material, tanto quanto o que produz um texto literário. O resultado de sua ação, o algo fabricado é o ποίημα, o poema, que pode ser uma mesa ou uma peça literária; o exercício dessa produção, aquilo que o leva a produzir é a ποίησις, a ação de criar, termo mal traduzido por “poesia”, gerando mil confusões. A ποίησις é algo intangível, tanto quanto o poema é algo tangível, a própria materialidade, resultado da ação criadora. Assim, nem todo o que cria algo, mesmo sendo poeta, no sentido literal do termo,
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Calíope ▪ musa da poesia épica
não o é no sentido literário do termo – o poeta não é poeta, necessariamente.

Hesíodo nos diz como se deu a transformação do homem preocupado apenas com o estômago (γαστήρ), preocupado em sobreviver materialmente, naquele que cria para o alimento do espírito (ποιητής). As Musas sopram na boca dos pastores e lhe dão esse poder criativo, que vai além da materialidade (Teogonia, versos 22-34) e junto ao sopro criativo segue um dos atributos das divinas filhas de Zeus: a capacidade de saber dizer o presente, o passado e o futuro – o poeta é (e não é) profeta, ainda que não seja o profeta tradicional de falar, como oráculo, pela boca dos deuses. Esta capacidade de criar e antecipar acontecimentos, seja pelo sonho, tão bem delineado por Solha, em seu livro, ao falar de Mendeleiev, de Bohr e de Mary Shelley, seja citando Enzo Paci – “Nunca estamos completamente acordados,/nunca estamos num sono completo” –, revela a visão especial do artista e também do cientista, visão que impulsiona a nossa capacidade criativa, como se fora uma profecia.

Entremos, então, no terreno da criação de Solha, como poeta, no sentido literário que se empresta ao termo. O poeta é um homem inquieto, pois sabe que a criação não para. Nesse ciclo interminável, tudo se interliga: olhares novos, olhares cediços, olhares renovadores. O olhar de Solha é sobre o humano, mais do que isto é olhar sobre a vida, esse milagre constante, que faz que sejamos contempladores, como diz Richard Dawkins, do maior espetáculo da terra. Solha, em seu livro expõe um olhar criativo e criador sobre aquilo que nos faz diferentes dos demais seres vivos, aquilo que nos dá a capacidade de criar, para a praticidade do viver e para a satisfação do espírito, por causa de nossa insatisfação de viver apenas materialmente.
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TV Câmara ▪ JP
Eis Hesíodo em cena. Nesta busca da criação, estamos sempre recomeçando, de ab ovo a ab ovo, como nos mostra o seu instigante poema.

Tudo é uma grande, incessante, contínua e sempre reiniciada viagem. É assim que vemos o poema: uma viagem, que envolve da criação biológica e a consequente evolução das espécies, à criação tecnológica e, ainda mais, à criação artístico-filosófica, sendo a arte e a filosofia as maiores expressões do refinamento da linguagem humana. Solha não faz e nem nos apresenta esta viagem sem que nos revele a existência das infinitas redes de contatos; as viagens e migrações, que nos põem em conexão com tudo e com todos. Não importa se essa viagem comporta um deslocamento material ou deslocamento do pensamento, em todos os aspectos ela é fascinante, porque a vida e suas variadas possibilidades é o que de mais fascinante tem o universo para nos apresentar. Só quem possui um horizonte de expectativa amplo, porque insaciável na busca pelo conhecimento, é que pode, como Solha, nos revelar a miríade da capilaridade dessa rede infinita.

Acreditamos ser o homem o mais fascinante dos animais, por sua racionalidade, pelo seu cérebro desenvolvido, por ser capaz de criar coisas maravilhosas, de modo a poder ir além das leis inflexíveis que a natureza nos apresenta (claro que se os animais pudessem se exprimir de modo inteligível, isto seria questionado). Em contrapartida, somos também capazes das maiores atrocidades, que destroem a natureza e a nós mesmos. Nosso cérebro incrível e nosso polegar opositor não nos livraram da insanidade e fazemos, desde muito, uma viagem de destruição, com a criação de armas letais – do ficcional, mas plausível Cavalo de Troia à real, mas implausível bomba atômica –, paralela a uma viagem artística, que teima em nos prender a uma capacidade de criar mais do que destruir a vida. Falta-nos essa consciência, no entanto. E Solha nos apresenta isto numa síntese perfeita:

Mas, no Holocausto, Mefisto também perdura em Fausto.

Em todos os aspectos, brilhante! Criamos, a um só tempo, maravilhas e atrocidades. E a criação das atrocidades são feitas, muitas vezes, dentro de uma lógica programada, como foi o Holocausto. É Da Vinci criando obras de arte inigualáveis e também projetando armas, dos rudimentares tanques de guerra a torres de assalto. Como pode o homem ser ao mesmo tempo racional e “maluco”, oxímoro que acompanha a nossa existência? O poeta capta a nítida evolução na espécie, ao produzir tecnologia sofisticada, ao mesmo tempo sem avançar na evolução humanitária:

A marcha, embora sempre pra frente, frequentemente murcha.

O que seria desalento para muitos, para o poeta é mais uma razão para seguir em frente. Não será a queda de Ícaro que nos fará parar de pensar em voar alto. Fazer a viagem é preciso, continuar a viagem é fundamental, mesmo que nos arrisquemos, aqui e acolá, a fracassos e retrocessos. Nesse processo contínuo, a linguagem e suas narrativas são partes essenciais, para que saibamos e enfrentemos as dificuldades de viagem tão turbulenta, em que arte e razão parecem tão irreconciliáveis. O poeta parece ser o homem confrangido entre os conflitos e as delícias de ser homem. Somos geniais? Sim, “...nada menos, nada mais”, mas sentimos que isto não nos basta.

Na epifania de ter-se dado conta de que tudo está interligado, “como se uma toalha me abrisse a clareira – entre seixos e um xique-xique – para um piquenique”, Solha vê-se parte integrante e inalienável de uma arte reveladora de um fantástico sistema de vasos comunicantes, assim como a vida, mas que necessita de que descubramos os seus encaixes, para que a viagem não se estagne, afinal:

Séria ou travessa, a vida É um quebra-cabeça. ............. cada coisa, simples ou complexa, a nos levar, o tempo todo, a outra, conexa,

O sussurro em Dom Casmurro e os canhões em Os sertões produzem Guerra e paz. Tudo num ritmo perfeito, que rejubila o nosso ouvido.

Todas as coisas estão integradas a um grande sistema, sujeito a marchas e contramarchas, enquanto pensarmos que a razão e o raciocínio são suficientes para nos levar à paz, à harmonia, à justiça e ao respeito ao próximo. Nessa receita, contudo, há que entrar um outro ingrediente ou o mundo explodirá e aumentará ainda mais a sua fragmentação. Solha, num poema fragmentado, mas unido pelas conexões que o sistema permite e por uma criatividade excepcional e turbilhonante, nos deixa ver além das laranjas mecânicas e das bananas de dinamite.

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É neste momento que entra o diligĕre do “Sermão da Montanha” a que Solha se refere, “como se,/ali,/estivesse/amare”. Amar está, sim, Solha, mas o amor incondicional, amor da escolha, por isto na composição do verbo diligĕre, que corresponde ao verbo ἀγαπάω, que se encontra no original grego (ἀγαπήσεις, ἀγαπᾶτε, ἀγαπήσητε, ἀγαπῶντας, Matheus, 5, 43-46), estão a preposição dis (separação) e o verbo legĕre, cujos sentidos antes de ser “ler”, compreendem o “colher” e o “escolher”. Diligĕre é, literalmente, distinguir pela escolha, amar incondicionalmente. Eis o ingrediente que falta.

Ao empreender essa viagem de fluxo incontrolável, tomando o leitor como passageiro, Solha nos proporciona a delícia de acompanhar a paisagem diversificada de sua mente brilhante. Não resta ao leitor senão o impacto diante da criatividade e da criação que se produzem infinitamente.

O Star+, mais um serviço de streaming para concorrer com Netflix, HBO Max etc., começou a operar recentemente no Brasil trazendo um bom c...

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O Star+, mais um serviço de streaming para concorrer com Netflix, HBO Max etc., começou a operar recentemente no Brasil trazendo um bom catálogo de filmes mas, sobretudo, um biscoito fino para fãs dos Beatles: McCartney 3, 2, 1, produção lançada neste ano e que nada mais é do que um ótimo papo entre dois músicos que se mostram, acima de tudo, grandes fãs de música.

Início de meu romanceamento do ÉDIPO REI, de Sófocles, em minha HISTÓRIA UNIVERSAL DA ANGÚSTIA, ed. Bertrand Brasil 2005, finalista do Jab...

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Início de meu romanceamento do ÉDIPO REI, de Sófocles, em minha HISTÓRIA UNIVERSAL DA ANGÚSTIA, ed. Bertrand Brasil 2005, finalista do Jabuti em 2006, Prêmio Graciliano Ramos, da UBE – Rio do mesmo ano.

Édipo ficou por um átimo fora e dentro do pesadelo, sem saber se o rumor e o tremor subterrâneos que ouvia eram ou não reais - ou os dois - , bem como os estrondos, a gritaria, as sirenes de ambulâncias e de carros de polícia misturando-se à zoada dos desmoronamentos e de esguichos de água e gás, sufocado pela fumaça, pelo pó e por uma fedentina intensa de carne e cabelos queimados, mofo liberado, esgoto e tumbas inesperadamente abertos. Arregalou os olhos quando viu parte do teto fundo se soltando e crescendo em sua direção, com lustres, estuque e tudo mais. Jogou-se do leito ouvindo o ronco do desastre, correu em meio à caligem e ao caos, protegendo o rosto das vidraças detonadas, perdeu-se várias vezes entre corredores e quartos, até que se viu, finalmente, no terraço, mas não lhe foi possível sentir alívio algum, pois o palácio sacolejou de novo. O rei da cidade tentou manter-se em pé mas caiu de joelhos, reerguendo-se curvo e devagar, como no dorso de um monstro, vendo o edifício Chronos, ao lado, soçobrar em meio a um rastro vertical de pó, no que um outdoor da Coca-Cola dobrou sobre si mesmo, com um esgar de flandres que se amarrotavam, enquanto, à direita, esfacelava-se o impressionante mural publicitário do espetáculo “Gigantomaquia”, feito de toneladas de concreto que representavam, em alto-relevo, a última batalha dos Gigantes contra os Deuses.

Para: ▪ Hanna, que faz aniversário no Dia das Crianças! ▪ Tomáz, meu Príncipe de Gales! ▪ Samuel, meu primeiro sobrinho-neto! Com essa ...

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Para: ▪ Hanna, que faz aniversário no Dia das Crianças! ▪ Tomáz, meu Príncipe de Gales! ▪ Samuel, meu primeiro sobrinho-neto!

Com essa estória do alvoroço deste último Dia das Crianças, e de toda a parafernália das lojas de brinquedos etc e tal, comecei a pensar nos meus tempos de criança, do que gostava e do que fazia.

Novo e de odor suave, antigo de muitos aromas armazenados pelo tempo... Livros físicos são tipo frascos de perfumes. Uma estante cheia de...

Novo e de odor suave, antigo de muitos aromas armazenados pelo tempo... Livros físicos são tipo frascos de perfumes. Uma estante cheia de fragrâncias variadas. É possível sentir a história, interpretar os cheiros, embriagar-se com cada sensação da leitura. Tramas, personagens, capas, tipos gráficos, impressões, tudo se mistura na bagagem que o leitor domina com as mãos, acaricia com os olhos, mergulha com a mente e deixa penetrar-se na alma.

Eu acredito que boas histórias são como saúde e dinheiro; sempre bem-vindas, como essa que ora transcrevo e que realmente aconteceu tempos...

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Eu acredito que boas histórias são como saúde e dinheiro; sempre bem-vindas, como essa que ora transcrevo e que realmente aconteceu tempos atrás na cidade de Pombal, aqui na Paraíba. Quem me contou foi o amigo Soneca, uma verdadeira hipótese, como diria Dr. Dorgival se o tivesse conhecido. Diz Soneca que vivia naquela cidade um comerciante conhecido como Severino Cafazeste. Era assim mesmo, com z, pelo menos o dono da história é quem garante.