São instantes nem sempre tão fugidios quanto possam parecer. - Tudo bem, seu Luiz?! Vou indo por algum desígnio oculto, talvez pela s...

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São instantes nem sempre tão fugidios quanto possam parecer.

- Tudo bem, seu Luiz?!

Vou indo por algum desígnio oculto, talvez pela sombra mesma que começa a se estender meando a calçada, quando ouço, bem em cima de mim, o “seu Luiz” de trato familiar. Era por Luiz, e não havia de ser de outro modo que vinham os chamados de minha mãe. Luiz é o que ouço de dona Edith há sessenta e um anos, desde que a ela me apresentei, correndo atrás, entrando na marinete onde a mocinha entrou, descendo na esquina onde desceu, e mal entra em casa ouve-me as palmas e o nome entrando afoitos pela janela da rua São Sebastião, na Torre.

Eu ouvi um grito, um ruído de pneus riscando o asfalto, vi uma bola atravessando a estrada. Olhei para um lado assustado, meu espanto se r...

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Eu ouvi um grito, um ruído de pneus riscando o asfalto, vi uma bola atravessando a estrada. Olhei para um lado assustado, meu espanto se refletiu no espelho, mais assustado do que eu era o rosto de um menino que, poucos metros dali, mirava para debaixo do carro.

Aconteceu perto de casa, essa semana, quando eu voltava de viagem. Eu vinha desligado, pensando no mundo frenético, grande e fascinante que é lá fora.

Já contei mil vezes como conheci Dom José Maria Pires ( 1919-2017 ), o arcebispo da Paraíba de 1965 a 1995, mas – como o tema exige - lá ...

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Já contei mil vezes como conheci Dom José Maria Pires ( 1919-2017 ), o arcebispo da Paraíba de 1965 a 1995, mas – como o tema exige - lá vem a milésima primeira:

por volta de 73, 74, apresentei aos donos do circo cultural - circo, mesmo, destinado a concertos, teatro, cursos, etc - que havia próximo ao final da Ruy Carneiro - e que eram o maestro Pedro Santos, o escritor Adalberto Barreto e o produtor Eduardo Stuckert - um texto teatral em que os quatro hipotéticos evangelistas (ante um mundo sem líderes, mas em que havia a espera messiânica dos judeus), criavam Cristo, assimilando o melhor do pensamento platônico, que dominava os intelectuais de todo o Império Romano.

Para o cinéfilo poder voltar às salas de cinema após mais de dois anos de confinamento é uma experiência de júbilo e contentamento. E esse...

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Para o cinéfilo poder voltar às salas de cinema após mais de dois anos de confinamento é uma experiência de júbilo e contentamento. E esse retorno é um duplo prazer quando se trata de assistir à adaptação de um maravilhoso clássico da literatura para o formato audiovisual.

A transmutação das “Ilusões Perdidas” (Honoré de Balzac, 1843) para as telas (em 2021) é uma experiência que deu certo porque respeita o texto original e dialoga bem com o imaginário das gerações informadas pelos audiovisuais. Entretanto, o seu grande mérito – para o melhor e para o pior — reside na sintonia com o espírito do tempo do sec. XXI, em que a vida

A morte é um acontecimento existencial! Finitude! Essa é uma palavra que minha mãe vinha usando muito nos últimos tempos. Quando fez 8...

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A morte é um acontecimento existencial!

Finitude! Essa é uma palavra que minha mãe vinha usando muito nos últimos tempos. Quando fez 89 anos, sentindo-se indisposta, ouviu do médico, do alto do seu poder maior: “A senhora não tem nada. É a finitude!” E ela, bem contrariada com esse diagnóstico devastador, desde então, não parou mais de falar esse mantra.

Venho em contato com a morte desde a despedida do meu pai, há quase três décadas. De lá para cá, muitas perdas de tios, primos, amigos queridos. No caso do meu pai, lidei muito mal. Tinha 39 anos e a minha crise dos

Caminho pelas veredas literárias de Ariano Suassuna como um caçador de esmeraldas, ansioso por descobrir a pedra valiosa, a recolher ao ...

Caminho pelas veredas literárias de Ariano Suassuna como um caçador de esmeraldas, ansioso por descobrir a pedra valiosa, a recolher ao bornal preciosidades das artes por ele lapidadas no reino onde é soberaníssimo. A produção literária dele é mina e fonte de água cristalina que sacia a sede de nossa alma.

Quem bebe no manancial de seus livros será enriquecido e alimentado pela sabedoria de personagens que brotam da terra castigada pelo Sol. Tudo é fonte de inspiração, terra iluminada pelas malacachetas.

O ser humano tem dificuldade de pensar ou agir por conta própria. Necessita de quem o oriente, sugira um roteiro segu...

O ser humano tem dificuldade de pensar ou agir por conta própria. Necessita de quem o oriente, sugira um roteiro seguro nos descaminhos da vida. Essa característica da nossa espécie é que propicia o aparecimento de orientadores espirituais ou guias de comportamento.

Não falta quem se aproveite do nosso natural desamparo para nos vender fórmulas ou manuais de conduta, nos quais estaria a chave para a conquista da felicidade. Só que esse caminho não existe fora de nós; deve ser construído por cada um. Nenhum guru conhece das pessoas o que elas intimamente são, por isso não pode apontar a ninguém o caminho que as faça felizes.

Fiquei em dúvida se escrevia ou não este texto. Às vezes acontece isso comigo. Alguns temas são delicados ou ambíguos, potencialmente cap...

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Fiquei em dúvida se escrevia ou não este texto. Às vezes acontece isso comigo. Alguns temas são delicados ou ambíguos, potencialmente capazes de gerar controvérsias. Fujo deles, tal como fazia um homem sábio, Machado de Assis. Há quem goste de polêmicas, muitos as procuram. Não é o meu caso. Delas, tenho tédio, como Machado, pois aprendi que nunca levam a nada, salvo à radicalização dos pontos de vista em conflito, ou seja, elas pioram muito o que muita vez já era ruim. Discutir futebol, política ou religião? Tô fora. Posso até eventualmente escrever algo relacionado a tais assuntos, mas não com a intenção de polemizar com ninguém. Quem quiser que tenha suas opiniões e seja feliz com elas, se possível for. Mas vamos ao touro que tanta confusão gerou

Ítaca, minha Ítaca, quando as horas se enchem de sombras e um nó se instala na minha garganta, lembro de ti. Nos dias em que as sereias en...

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Ítaca, minha Ítaca, quando as horas se enchem de sombras e um nó se instala na minha garganta, lembro de ti. Nos dias em que as sereias entoam as suas enganadoras cantigas, a tua lembrança é o que me impede de mergulhar no abismo. Meta primordial, Ítaca é a chegada em casa, a volta ao amor mais caro, o olho a contemplar a paisagem quase perdida. É o descanso após a longa jornada de encantos e asperezas.

"Que eu não me esqueça, mas que também não lembre o tempo todo" O primeiro adeus doloroso aconteceu quando deixei a cidade da ...

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"Que eu não me esqueça, mas que também não lembre o tempo todo"

O primeiro adeus doloroso aconteceu quando deixei a cidade da minha infância. Meu pai era um nômade, não aguentava viver muito tempo num mesmo lugar, por isso arranjava trabalhos que lhe permitissem viajar. Eu não acreditava que diria adeus ao grupo escolar que ficava do lado da minha casa, onde Dona Adelaide, a diretora, que morava ali na frente, tocava piano quando estava feliz. E a Maria Cristina, a menina de cachos dourados adotada por ela, uma princesinha, minha primeira paixão, mesmo sem a gente saber o que era aquilo. Por anos guardei nossa foto, num balanço de dois lugares que tinha no jardim da sua casa. Aos meninos da minha rua, cujos rostos desapareceram da minha memória, assim como seus nomes.

Detesto o barulho, todas as formas de barulho, inclusive o onipresente ruído dos equipamentos eletrônicos. Não uso smartphone, ainda conve...

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Detesto o barulho, todas as formas de barulho, inclusive o onipresente ruído dos equipamentos eletrônicos. Não uso smartphone, ainda converso pelo telefone fixo. Smartphone é para quem quer e precisa ser localizado rapidamente ou para quem quer ser o primeiro a saber das coisas. Não é mais o meu caso.

      Como dói essa saudade… Bem sabia que era assim. Mas a falta de costume ou da plena consciência faz a gente indiferente ao raia...

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Como dói essa saudade… Bem sabia que era assim. Mas a falta de costume ou da plena consciência faz a gente indiferente ao raiar do novo dia. Como dói essa saudade… A vontade de apertar, de beijar e de cheirar. Como dói essa saudade que eu tinha esquecido de sentir, de vez em quando,

Foi sempre cheio esse consultório. É o consultório do dr. Azzouz, na rua Augusto dos Anjos. Há de ser mesmo de raiz oriental esse dr. Azzo...

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Foi sempre cheio esse consultório. É o consultório do dr. Azzouz, na rua Augusto dos Anjos. Há de ser mesmo de raiz oriental esse dr. Azzouz, para manter-se fiel ao mesmo lugar onde sua denodada aventura começou e logrou a confiança do “Vá ao dr. Azzouz!” / “Leve ao dr. Azzouz!”

Tomei uma decisão de não me meter em polêmicas, porque, já há algum tempo, as considero, além de infrutíferas, desgastantes. Não sei o que...

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Tomei uma decisão de não me meter em polêmicas, porque, já há algum tempo, as considero, além de infrutíferas, desgastantes. Não sei o que é pior para o nosso espírito. Decidi, no entanto, escrever, mais uma vez, sobre o mais recente livro de Solha, 1/6 de laranjas mecânicas, bananas de dinamite, não para polemizar, mas para discorrer um pouco sobre o seu livro ser ou não um livro hermético.

O sentimento religioso provavelmente surgiu nos tempos primitivos da humanidade, a princípio baseado no medo do desconhecido: o medo da no...

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O sentimento religioso provavelmente surgiu nos tempos primitivos da humanidade, a princípio baseado no medo do desconhecido: o medo da noite com os sons que não sabiam explicar, o medo causado pela perda de seus entes queridos, associado à falta de explicação para todos os fenômenos que não conseguia explicar: o trovão; o raio matando pessoas e outros seres; e todos os outros fenômenos da natureza.

Transcorria julho de 1984 quando a leitura de um artigo do amigo Hélio Zenaide me fazia cair o queixo. Então Secretário de Comunicação da ...

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Transcorria julho de 1984 quando a leitura de um artigo do amigo Hélio Zenaide me fazia cair o queixo. Então Secretário de Comunicação da Prefeitura de João Pessoa, Helinho escrevera n'A União, o jornal pertencente ao Governo da Paraíba, sobre a visita de entidades extraterrenas a um grupo de moradores de Sousa, a mais de 470 quilômetros de João Pessoa.

Artigo do próprio punho, na página de opinião do Jornal, a fim de que não restasse dúvida quanto à história e sua autoria. Mesmo assim, liguei em busca da confirmação daquilo que eu acabava de ler.