Para as Mulheres Velhas. E as Jovens também. Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos ...

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Para as Mulheres Velhas. E as Jovens também.

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face?

Sinto a cidade do meu jeito. Gosto do paradoxo que mora nas ruas vazias, cheias de histórias para contar. Ruas feitas por gente e cheias ...

Sinto a cidade do meu jeito. Gosto do paradoxo que mora nas ruas vazias, cheias de histórias para contar. Ruas feitas por gente e cheias de ausência me apetecem. Meu olfato suga as histórias que ali ecoam. Memórias guardadas nas paredes, folhas, chão. Consigo ouvi-las quando transbordam na falta de transeuntes. Penso que em mim confiam e como nem tudo são flores (às vezes são folhas), as memórias entregam-me as pedras que encontram no caminho.

Distinguido por Josélio Carneiro para entrevista destinada ao livro que escreve sobre a Associação de Imprensa, duas lideranças sobressaír...

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Distinguido por Josélio Carneiro para entrevista destinada ao livro que escreve sobre a Associação de Imprensa, duas lideranças sobressaíram por si mesmas, no correr da sua perenidade, como se a ausência nevoenta perdesse o seu tempo: Adalberto de Araújo Barreto e o velho José Leal, um dos fundadores, construtor da sede e presidente por mais de vinte anos.

Primeiro foi o anjo torto que mandou ser gauche na vida. Atendeu a ordem e tornou-se o sumo poeta brasileiro. Debaixo de mangueiras lia a ...

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Primeiro foi o anjo torto que mandou ser gauche na vida. Atendeu a ordem e tornou-se o sumo poeta brasileiro. Debaixo de mangueiras lia a história de Robinson Crusoé. Num meio-dia de luz branda uma voz de ninar vinda dos longes da senzala trouxe acalento, recordava que nunca esqueceu do café quente da preta amorosa, enquanto sua mãe cosendo olhava para o garoto que dormia no berço e o pai campeava pelo mato sem fim da fazenda. Até que despertou para a vida.

Pequenino e elétrico, o pintor paraibano IVAN FREITAS (1932—2006) formou vivo contraste com a própria obra. Não raro era visto em estado d...

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Pequenino e elétrico, o pintor paraibano IVAN FREITAS (1932—2006) formou vivo contraste com a própria obra. Não raro era visto em estado de mal disfarçada irritação e impaciência, como se acabado de constatar que ele e aquilo que mais procura divergem de lugar, nem sequer estão próximos, nem há muito tempo antes que tenha de empreender a busca inevitável.

O Evangelho de hoje pode nos levar a um campo minado se não soubermos interpretar bem, de acordo com o contexto em que ele aconteceu. Je...

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O Evangelho de hoje pode nos levar a um campo minado se não soubermos interpretar bem, de acordo com o contexto em que ele aconteceu.

Jesus está no meio de um discurso em que prepara seus discípulos para saírem em missão. As palavras são fortes:

Para que toda essa vida que existe em mim possa te alcançar? Eu escrevo porque preciso. Porque algo brota dentro do peito e é maior que ...

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Para que toda essa vida que existe em mim possa te alcançar?

Eu escrevo porque preciso. Porque algo brota dentro do peito e é maior que eu. Um território santo, secreto, onde sou capaz de criar a vida e destruí-la. Gentes, bichos árvores e as próprias estrelas ao alcance da mão. Escrever é experimentar – por brevíssimos instantes – o sabor da divindade. É embriagador e atemorizante. Um poder absoluto que esmaga e hipnotiza.

Imagine um homem que acredita estar sendo traído pela mulher. Imagine que, quando ela aparece morta, ele é preso e se metamorfoseia. Imagi...

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Imagine um homem que acredita estar sendo traído pela mulher. Imagine que, quando ela aparece morta, ele é preso e se metamorfoseia. Imagine que, ao sair da prisão, logo em seguida, ele se depara com uma versão loira da falecida mulher morena. É possível conceber tudo isso? Sim. Tratando-se de David Lynch, tudo é perfeitamente possível e, porque não dizer, plausível. Esqueça, porém, uma narrativa convencional e lógica. O surreal aqui fala mais alto. Bem mais alto.

Poucos recursos são tão engenhosos na língua quanto o diminutivo. Ele não é apenas uma medida de tamanho ou de valor; é sobretudo uma form...

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Poucos recursos são tão engenhosos na língua quanto o diminutivo. Ele não é apenas uma medida de tamanho ou de valor; é sobretudo uma forma de nos colocarmos no mundo. Uma estratégia de convivência, um meio de nos relacionarmos com as pessoas. Sem o diminutivo teríamos que enfrentar tudo em grau normal, quer dizer, na crua dimensão da realidade.

O pensador francês Edgar Morin, autor célebre de vasta obra, completou cem anos de vida, em pleno gozo e exercício de seus reconhecidos ta...

O pensador francês Edgar Morin, autor célebre de vasta obra, completou cem anos de vida, em pleno gozo e exercício de seus reconhecidos talentos. Para comemorar, acabou de publicar um pequeno volume que é uma espécie de síntese de seu pensamento criador e também – por que não? – uma forma de testamento existencial, tipo “vivi, pensei, escrevi e aqui está o que deixo para vocês”. Um relevante legado intelectual e humano de alguém cuja presença marcou e atravessou as últimas décadas no cenário cultural do Ocidente.

“ I have a dream A song to sing To help me cope With anything... ” (I Have a Dream - Abba) Crenças não combinam bem com a minha fo...

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I have a dream
A song to sing
To help me cope
With anything...

(I Have a Dream - Abba)

Crenças não combinam bem com a minha formação científica. Mas parece que esta noite eu tive uma experiência transcendental. Pois é o que a minha alegria de ignorante do assunto está me fazendo pensar.

O conjunto musical sueco ABBA compôs uma bela canção chamada I Have a Dream , lançada em 1979. A música é grega em seu ritmo, crescendo do binário ao terciário, até terminar em compasso quaternário, na qual diz: “...I believe in Angels...” Belíssima, mesmo.

O consumismo desenfreado, estimulado pela mídia, cria expectativas inalcançáveis nas pessoas — e quase sempre provoca frustração, que por ...

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O consumismo desenfreado, estimulado pela mídia, cria expectativas inalcançáveis nas pessoas — e quase sempre provoca frustração, que por sua vez alimenta a violência. Logo, um ambiente de justiça e paz só será possível se formos capazes de mudar nossos padrões de consumo e os próprios valores da sociedade contemporânea, tarefa que pode vir a ser o 13º trabalho de Hércules, já que, pelo rolar da carruagem, nenhuma força humana tem se mostrado capaz de operar mudanças.

Na casa do meu primo Emmanuel Lugão a reforma começou com uma mijada de filho na cama. A esposa aproveitou e sugeriu trocar o colchão que ...

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Na casa do meu primo Emmanuel Lugão a reforma começou com uma mijada de filho na cama. A esposa aproveitou e sugeriu trocar o colchão que já estava velho. O primo topou, mas na sequência ela reparou que a cama não estava à altura do colchão novo, daqueles super, hiper, anatômico, ultra, top confortável, magnetizado e de molas ensacadas, e logo decretou: vamos trocar essa cama também. Meu primo concordou, e ainda caiu na besteira de dizer que a cor do piso não combinava com a cama, foi a “deixa” para ela decidir trocar o piso por um porcelanato ultra-top-super brilho com placas de 1 metro por 1 metro, mas que infelizmente não aceitava “recorte”,

Ele foi um dos mais importantes cartunistas do Brasil. Criou tipos que ficaram marcados na história da caricatura no país: Capitão Zeferin...

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Ele foi um dos mais importantes cartunistas do Brasil. Criou tipos que ficaram marcados na história da caricatura no país: Capitão Zeferino, Graúna, Bode Orelana, Ubaldo, o paranoico e os insuperáveis “Fradinhos”, “Baixinho” e “Comprido”. Embora já tivesse feito alguns trabalhos em jornais, foi no semanário O Pasquim que o mineiro Henrique de Souza Filho — que assinava seus desenhos como Henfil — despontou como um dos grandes nomes do cartum brasileiro. Sua estreia ocorreu no segundo número, em julho/1969. Para o jornalista e escritor Zuenir Ventura,

Eu tinha 13, 14 anos - Sorocaba-SP, 1954, 55 -, quando meu pai me deu um livro chamado Primeiro Encontro com a Arte, de um baiano germânic...

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Eu tinha 13, 14 anos - Sorocaba-SP, 1954, 55 -, quando meu pai me deu um livro chamado Primeiro Encontro com a Arte, de um baiano germânico chamado Karl-Heinz Hansen. Obras-primas de vários museus do mundo - tudo muito remoto - até que dei com o “Autorretrato do Artista com a Barba Nascente”, de Rembrandt, e a informação de que pertencia ao MASP Museu de Arte de São Paulo - a somente... cem quilômetros dali!

Cheguei a Pamplona, a capital do antigo reino de Navarra, por volta das 10 da manhã, vindo de Zaragoza. A cidade estava de ressaca. As p...

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Cheguei a Pamplona, a capital do antigo reino de Navarra, por volta das 10 da manhã, vindo de Zaragoza.

A cidade estava de ressaca. As pessoas desfilavam com lenços e faixas vermelhas e calças brancas: a roupa típica da Festa de São Firmino. Na rodoviária, havia uma enorme fila de mulheres na entrada dos banheiros. Algumas ainda estavam bêbadas. Era 14 de julho de 2006, o último dia de festividades naquele ano.