À medida que se desenvolve a tecnologia, acrescentam-se aos hábitos de viagem muitas curiosidades turísticas às quais vamos nos familiarizando e nos adaptando. Sobretudo nas experiências com outros povos e culturas.
Visby ▪ Suécia
Na Suécia e Polônia, por exemplo, mantém-se o zelo pela preservação das raízes idiomáticas e, de certa forma, da cultura e tradição local. Praticamente nada é traduzido para nenhuma língua. Mesmo nos restaurantes, são poucos os menus disponibilizados em inglês. Além de que, a exemplo das outras monarquias escandinavas, só se aceita a moeda local. Assim, idioma e moeda são valores permanentemente preservados.
E por falar na Escandinávia, onde se registram os mais elevados índices de cidadania e qualidade de vida, a bicicleta vai se tornando um dos veículos preferidos pela população, bastante estimulado pelas políticas públicas, com uso notadamente crescente. Em Upsala, na Suécia, impressiona a grande quantidade de bicicletas dirigidas por gente de todas as idades, em uma infraestrutura admirável.
Certa vez, em Oslo, capital da Noruega, fomos visitar o Opera House, um arrojado projeto concebido pela equipe de arquitetos da empresa norueguesa Snøhetta, da qual já tínhamos ouvido falar quando venceram o concurso para projetar o Memorial 11 de Setembro, em Nova York. Pela primeira vez em todas as nossas experiências turísticas nos surpreendíamos com algo inusitado: uma sala de guardar casacos
Oslo ▪ Noruega
(cloakroom), típica de grandes casas de espetáculos em países frios, completamente aberta, sem ninguém a controlar ou vigiá-la. E lá se via uma enorme quantidade de belos modelos, enfileirados nas inúmeras gôndolas numeradas, ao lado dos toaletes, e, bem perto da porta da rua. Quanta confiança.
No dia seguinte, no lounge do hotel onde era servido o café da manhã, outra surpresa. Nenhuma abordagem era feita aos que entravam no confortável e bem decorado ambiente. Nem se éramos hóspedes e nem em qual quarto estávamos. E por ficar ao lado, e quase independente do acesso principal do hotel, qualquer pessoa poderia ali entrar e se refestelar com os deliciosos croissants, baguetes, queijos e tudo mais, sem ser importunado.
Outro destaque: A tecnologia continua minimizando a necessidade de mão de obra, o que não deixa de ser preocupante em época de crise, imigração e desemprego. Aumenta a quantidade de supermercados em que se escolhem produtos, pesam-se, etiquetam-se, escaneiam-se nos caixas automáticos, pagam-se com cartão, colocam-se nas sacolas e sai-se sem a necessidade de falar com absolutamente ninguém.
Ålesund ▪ Noruega
Nos aeroportos está ocorrendo a mesma coisa. Faz-se check-in on line no smartphone ou tablet, e, ao chegar no aeroporto, emitem-se as etiquetas de bagagem, nas máquinas self-service, assim como os cartões de embarque. Após etiquetadas as malas, pesam-se e despacham-se nas esteiras de “drop-off”, igualmente sem contato com quem quer que seja. Até na hora do embarque, já há portões com leitor de código de barra dos cartões, nos quais os passageiros são devidamente identificados e se dirigem às aeronaves. Lembro de embarcamos de Ålesund para Oslo e no aeroporto só tivemos contato com um ser humano, em um simples e cumprimento de boa viagem, na hora de entrar no portão de embarque.
Alguns restaurantes já se eximem de oferecer cardápios impressos. Tudo via código de barras, inclusive os pedidos e pagamentos. Os garçons apenas trazem os pratos e bebidas à mesa, enquanto não for possível recebê-los por um drone. Quem desconfia é outro...
Ålesund ▪ Noruega
Ao contrário da cultura tropical, mormente no nosso Brasil, as praias da Suécia, Nova Zelândia, Islândia, Córsega, Grécia, Austrália, assim como as norte-americanas, entre outras, são locais de convívio e contemplação serena e pacífica, onde bebida alcoólica não é permitida. O silêncio seria quase absoluto, não fosse o marulho, cuja sonoridade é soberanamente apreciada. Toaletes, vestiários, duchas, guarda-sol e espreguiçadeiras à vontade, já são de antiga praxe.
Praia de Matala, Ilha de Creta ▪ Grécia
Outra curiosidade se refere à liberação do uso de equipamentos eletrônicos, inclusive smartphones, mesmo durante pouso e decolagem, que já começa a ser adotado pelas companhias aéreas mais modernas. Sem esquecer de que algumas, embora poucas, já oferecem serviços de internet, via wifi, a bordo se seus aviões, embora com performance um tanto sofrível. Aliás, uma curiosidade que persiste inexplicável para muitos é que, mesmo estando as aeronaves tão mais próximas dos satélites de comunicação, que já oferecem sinal, ainda não se inventou uma maneira de se acessar a Internet dentro dos aviões com a mesma performance que se dispõe em terra. Quem sabe o tão falado Elon Musk venha a patrocinar mais este pioneirismo e se inclua em futuras curiosidades turísticas...