Quando você imagina visitar uma antiga fazenda que promoveu o reflorestamento, pensa que verá árvores, plantas diferentes, flores. Imagina que o verde inundará por todo lugar e o silêncio será cortado por sons de pássaros e o farfalhar das folhas. Entrar no INSTITUTO TERRA é isto e muito, muito mais.
Junto a um grupo de amigos, fui para Aimorés (MG) conhecer o INSTITUTO TERRA, fundado em 1998 pelo casal Lélia e o fotógrafo Sebastião Salgado.
Lélia Wanick e Sebastião Salgado Instituto Terra
A recepção, ao que me informaram, era o antigo curral da fazenda e onde penduraram as fotos do álbum ÊXODO. Um contraste, ver as fotos que mostram a dor e a tristeza dos vários povos que Sebastião Salgado retratou e a exuberância de vida que brota ao redor.
Recepção do Instituto Terra Acervo da autora / Weverson Rocio (Tripadvisor)
Tivemos um instrutor, o Gabriel, maravilhoso ao falar sobre todo o projeto.
Tudo começou em 1988, quando o casal resolveu reflorestar a antiga fazenda Bucão, que pertencia aos pais do Sebastião Salgado. Todo o terreno estava devastado, seco e árido.
Tudo havia sido um grande pasto onde o gado ia comendo e pisoteando a terra, o que transformou o solo em uma massa dura onde nada mais florescia. Com isto, as nascentes de água também secaram.
Em 1998, começaram a fazer o que acreditaram:
“Reflorestar é fazer replantio, colocando de volta a floresta que existia ali. Restaurar é trazer o ecossistema que existia naquele lugar”.
Instituo Terra
Um orgulho do INSTITUTO TERRA é o seu viveiro de mudas. A seleção criteriosa das sementes é essencial para garantir a reprodução das espécies nativas da Mata Atlântica.
Conhecemos também o Meliponário, um trabalho com abelhas sem ferrão. Essa espécie de abelha, além de produzir mel, é essencial para a polinização de diversas plantas nativas.
Meliponário do Instituto Terra Acervo da autora / Gabriel Reis
São muitas informações recebidas, e um lugar onde quero voltar mais vezes.
Quando se descobre que a força de vontade, o empenho e claro, o apoio de várias entidades conseguem reviver um pequeno/grande pedaço do nosso mundo, você passa a pensar diferente.
E a palavra POSSÍVEL nos acende uma luz de esperança.
Não tenho um centímetro de terra para plantar nada, mas vendo o trabalho do Instituto Terra, me veio a lembrança dos extensos pastos para gado que existem nas fazendas de minas e no que poderiam agregar se também houvesse consciência replantarem a vegetação nativa.
Meliponário do Instituto Terra Acervo da autora / Gabriel Reis
Há algum tempo, revisitei a antiga fazenda do meu avô em Minas. Um terreno pequeno onde ele plantou um paraíso, com inúmeras árvores frutíferas, maravilhosas flores e uma casa de dois andares. Em minhas lembranças, a casa era grande, a mesa de jantar enorme onde muitos familiares e amigos se reuniam para celebrar a vida e saborearem comidas deliciosas.
Mas meu retorno foi deprimente, a fazenda toda havia se tornado pasto para gado. O novo proprietário, não deu a mínima para o pomar, para a casa, para as flores que enfeitavam o quintal. A sala de jantar, foi transformada em paiol e estava abarrotada de espigas de milho.
@osalim
Agora, ao ver o que Sebastião Salgado e Lélia fizeram na antiga fazenda da família deles, me fez voltar às minhas lembranças e pensar que pessoas podem fazer grandiosidades quando são sensíveis, inteligentes e generosas em recriar um mundo para favorecer, não a eles e sim, a muitas outras pessoas.
O projeto e a execução afirmam que recuperar, reviver a terra é sempre possível.
Voltei maravilhada, feliz e querendo divulgar o que vi.
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