Semana passada tive o prazer e o privilégio de ser entrevistado em rede nacional pela Band News. Carla Bigato, Sheila Magalhães e Luiz Megale vieram a João Pessoa transmitir daqui o famoso programa e queriam saber a origem da expressão “Preciso ir para meu pilates”, que José Simão transformou em bordão quando encerrava sua participação diária naquele programa. Claro que todos vocês sabem das circunstâncias nas quais eu disse a frase, portanto vou direto ao ponto.
Marcos Pires e as entrevistadoras Sheila Magalhães e Carla Bigato Acervo do autor
No começo da entrevista expliquei a boutade e seu contexto e tudo terminaria ali se Megale não tivesse notado que na minha camiseta eu fazia apologia à minha filosofia de vida, o nadismo. Rapidamente expliquei que tudo começa quando você descobre o limite do suficiente para viver bem. Quando você aprende que não precisa estar sempre comprando roupas novas, trocando de carro todos os anos e outras falsas necessidades que criamos em nossas mentes para na verdade impressionar os outros ou, pior ainda, querer demonstrar a nós mesmos estarmos progredindo através desses e outros símbolos que o capitalismo nos impõe, aí sim você começa a evoluir interiormente. Tão importante quanto isso é não se levar a sério nem pensar que é uma pessoa muito importante e necessária. Se pudéssemos morrer e depois voltar, com certeza os inteligentes iriam mudar seu modo de vida ao invés de continuarem bonifrates do consumismo, ao ver como somos esquecidos rapidamente quando morremos e nosso dinheiro não era nosso, apenas estava em nossas mãos.
Antonio Araujo
Mas é uma briga desigual; você sozinho contra uma máquina que vem de séculos e avança com as novas tecnologias da propaganda. O mais das vezes as pessoas me tomam por tolo ou até doido, porque fiz a loucura de abrir mão de uma vida de esplendor em sociedade, vinhos caríssimos e viagens exóticas. Eu me acho corajoso.
Não condeno quem vive de outra maneira, quem se acha um Fula, apenas penso que há muito de ilusão nessa ideia de aparente felicidade que o dinheiro e os cargos podem dar às pessoas. Porque grana e cargos se perdem, mas sua tranquilidade ninguém vai tomar. Adoro conversar, contar e ouvir histórias. Leio dois ou três livros simultaneamente e tenho 4 atividades físicas diárias. Para isso eu preciso de tempo. E tempo, amigos, nem a grana nem o poder podem comprar. Eu fui buscar meu tempo antes que ele se perdesse ou se estragasse num leito de hospital.
Já passei da idade de morrer antes da hora e no nadismo consegui escapar da farsa do bem viver que a sociedade impõe a Sua Excelência o consumidor.