Em 2010, no Centro Cultural Joacil de Brito Pereira, fizemos uma exposição de 20 mini telas de pintura em tinta acrílica, representando janelas de vários locais, daí o título – Janelas do Mundo. Elas vieram acompanhadas de cartões postais com pequenos poemas no verso dos cartões, foi um trabalho bonito do fotógrafo Adriano Franco. O artista plástico Miguel Bertollo participou deste trabalho pintando 10 janelinhas e organizando a exposição. Pintei 10. Vendemos alguns conjuntos e presenteamos pessoas amigas com esse mimo.
Adriano Franco
A professora Vitória Lima nos convidou para fazer uma exposição na UEPB, na Semana de Letras, viajamos com esses cartões para Campina Grande, não levamos as mini telas, só os cartões, e houve boa receptividade por parte dos alunos e dos professores durante a exposição.
Lima Barreto escreveu um conto antológico – O homem que sabia javanês — em que narra as aventuras de Castelo. Não dispondo de meios para sobreviver, Castelo contou ao amigo Castro como se tornou professor de javanês, uma maneira de conseguir alguns trocados. Precisava de um emprego e viu, no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, um anúncio de alguém que procurava um professor de javanês. Enviou carta ao jornal como era comum na época, início do século XX, na esperança de conseguir o desejado emprego.
A vida é uma obra poética sobre o desfiar do tempo e a tessitura de um sonho.
(Lilian Menenguci, A pequena máquina de escrever)
Conheci o professor Jorge Miranda quando estudava no Colégio das Damas, em Campina Grande. Era professor de Desenho e mantinha uma Escola de Artes particular que funcionava no antigo prédio da Escola Técnica, no início da Avenida Getúlio Vargas. Como gostava de desenhar, o professor me convidou para ser sua aluna na Escola de Artes, e por lá permaneci cerca de quatro ou cinco anos (anos 1960/1970).
Ziraldo revelou, no livro autobiográfico O menino maluquinho, que seu caderno escolar era assim: um dever e um desenho. Não cheguei ao exagero de Ziraldo, mas reservava a primeira página dos meus cadernos escolares para desenhar e pintar uma paisagem. Algumas colegas do antigo curso primário gostavam dos desenhos e me pediam para reproduzi-los nos seus cadernos. Era uma tarefa que me dava muito prazer, sentia-me importante.
Em 1957, Virginius da Gama e Melo publicou no Jornal do Commercio, Recife, quatro artigos sobre José Américo de Almeida. Os três primeiros trazem a data de 26/05/57, 07/07/57 e 14/07/57. O quarto é de 25/11/62. Esses artigos foram reunidos e publicados no livro Estudos Críticos (João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1980). Uma nota explicativa de Paulo Melo e um breve comentário de Gonzaga Rodrigues antecedem os textos que englobam, além de José Américo, Freyre, Zé Lins e Graciliano, todos escritores nordestinos.
O ensaio Profissões para Mulheres, de Virginia Woolf, foi lido pela primeira vez em uma palestra que a autora proferiu para o “Women´s Service League” (Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres), no dia 21 de janeiro de 1931, em Londres. Este ensaio que aparece ilustrado pela primeira vez em língua portuguesa foi traduzido por Adriana Lisboa e recebeu criativas ilustrações de Marilda Castanha. É um projeto ambicioso da editora Maralto (2024), capa dura, folha internas em papel couché, ilustrações em cores neutras, com alguns detalhes em vermelho e amarelo. A gráfica Santa Marta (PB) foi responsável pela impressão e acabamento.
Prefiro fazer um jardim para todos do que somente para uns poucos! (Burle Marx)
Os mais antigos, não dispondo dos modernos meios de comunicação, como telefone, e-mails, zap, utilizavam-se sempre do gênero epistolar para se comunicar com os parentes, amigos. Se esse hábito anda esquecido, os escritores ainda se utilizam desse recurso literariamente. “O afetuoso livro das cartas” (Ideia, 2015), de Dôra Limeira, é um bom exemplo da presença desse gênero na literatura.
Os mitos sempre estiveram presentes nos poemas de Marcus Accioly, daí o título de vários de seus livros se referirem aos mitos – Sísifo, Érato, Narciso, Ixion. Não iremos tratar desses livros, mas de um poema inserido no livro “Guriatã: um cordel para menino” com o título “Da menina e seu espelho” que está intimamente relacionado com o mito de Narciso.
Contar e ouvir histórias são atividades muito antigas. As narrativas orais estão presentes na gênese de toda literatura e, em particular, na literatura infantil. Se fizermos uma retrospectiva dos contos antigos do mundo oriental e ocidental, iremos encontrar o hábito de contar histórias como uma forma de entretenimento. Antigamente adultos e crianças se reuniam em torno das fogueiras para ouvir histórias.
O mundo é belo antes de ser verdadeiro. O mundo é admirado antes de ser verificado.Gaston Bachelard. O Ar e os Sonhos.
Michèle Petit é antropóloga e pesquisadora das práticas de leitura. No livro Somos animais poéticos: a arte, os livros e a beleza em tempos de crise (Ed. 34, 2024), procura demonstrar como a literatura – oral e escrita - e outras formas de arte a elas associadas podem nos ajudar a recuperar nossos desejos e a nos conectar conosco e com o mundo à nossa volta. Por esta mesma editora, já publicou A arte de ler ou como resistir a adversidade e Os jovens e a leitura.
"Os livros têm um poder extraordinário. Mas tenha cuidado. É o livro que detém o poder, não você"
(Sosuke Natsukawa ▪️ O gato que amava livros)
O gato está associado à literatura, ao meditar, ao filosofar, e vários romancistas, poetas, pintores, artistas de um modo geral são admiradores desses felinos, eles aparecem em fotos com seus donos, em telas de pintores famosos. É bem conhecido o quadro de Matisse – O Gato com peixes vermelhos - e Marc Chagall pintou a belíssima tela Paris através da janela em que um gato, com cara de um ser humano, está situado em primeiro plano com o olhar voltado para a Torre Eiffel. Quem não se recorda das pinturas de gatos do brasileiro Aldemir Martins? São várias telas em cores bem tropicais. É frequente também a presença de gatos em romances e poemas.
A releitura do texto Cartografia da solidão: memórias de um jovem leitor, do escritor Bruno Gaudêncio, publicado no livro Confesso que li (Editora Ideia, 2012), me conduz até as memórias de minhas leituras feitas também na adolescência Nas “memórias de um jovem leitor”, Bruno relembra, entre outras leituras, o romance Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo. Foi um livro tão marcante que guardou na sua estante até hoje, esse fato me fez lembrar O Tempo e o Vento, leitura que fiz na adolescência, mas o meu livro teve um destino bem trágico.
No livro Notas de Teoria Literária, Afrânio Coutinho elenca vários tipos de cônicas, e cita a “crônica-poema em prosa”, de conteúdo lírico, que é um mero extravasamento da alma do artista diante o espetáculo da vida, das paisagens ou dos episódios. Na literatura brasileira, Cecília Meireles escreveu muitas crônicas que se enquadram nessa modalidade. O título de alguns de seus livros nos levam a esse gênero, como: Crônicas de viagem, Crônicas de educação. Acrescento a esses títulos
Cada pessoa tem seu Pinóquio, vou contar a história do meu, o leitor poderá também contar a sua. Pinóquio está presente nas minhas mais antigas recordações da infância. Lembro-me de um episódio que me marcou muito, era pequena, devia ter oito anos, fui com minha mãe assistir ao desenho animado de Pinóquio, uma versão romantizada de Walt Disney. O cinema ficava em Campina Grande, Cine Avenida, situado na Avenida Getúlio Vargas. A sala que exibia o filme estava completamente lotada, ficamos em pé. No meio do filme, minha mãe resolveu sair,
As lembranças e os sabores não precisam morrer para outros nascerem. O espaço da memória é infinito.Juliana Ulyssea. Quero viver para sempre.
Na infância, duas pessoas foram fundamentais na minha formação literária, minha mãe e Chicuta. Minha mãe costumava contar histórias para que o sono chegasse. Menina traquina e fujona, só ficava quieta quando estava ouvindo histórias. Lembro-me bem de três dessas histórias que embalaram minhas noites insones – João e Maria, Maria Borralheira e A menina dos cabelos verdes que, em Câmara Cascudo aparece com o título de A Madrasta. Anos mais tarde,
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar.
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
(Fernando Brandt/ Milton Nascimento - Canção da América)
Uma amiga de longas datas me telefonou e fez esta solicitação: “meu neto quer saber quais eram as minhas leituras da infância, é um dever da escola e eu não me lembro mais.” Confessou que anda um pouco esquecida e resolveu recorrer a quem lida com literatura infantil. Calculei a idade da minha amiga e fui examinar alguns livros na minha estante e me deparei com três títulos: Heidi, Poliana e Reinações de Narizinho.
O Colégio Estadual da Prata de Campina Grande, oficialmente Colégio Estadual Dr. Elpídio de Almeida, é o segundo maior colégio oficial da Paraíba. Foi fundado em 1953 no governo de José Américo e completou o ano passado 70 anos. Era frequentado por alunos e alunas que depois se tornaram artistas, políticos, médicos e engenheiros renomados. Tinha em seus quadros os melhores
Sevy Nunes
J. Elias Barbosa
professores da cidade. Ensinar no Gigantão da Prata, como era chamado, constituía privilégio para poucos. Por lá passaram professores como Elizabeth Marinheiro, Francisca Neuma Fechine Borges, Sevy Nunes, Francisco Celestino e muitos outros. José Elias Borges lecionava inglês, Padre Emídio Viana, Latim, Sevy Nunes, Francês, Gabriel Agra, Português. Os melhores alunos do curso de engenharia da Escola Politécnica eram convocados para dar aulas de Matemática, de Física ou Química. Os médicos ministravam Biologia, como Dr. João de Assis. Advogados, juízes e promotores davam aulas de Moral e Cívica e de Organização Social e Política Brasileira.
Um texto de Rodrigo Casarin, publicado no livro de crônicas - A Biblioteca no fim do túnel um leitor em seu tempo, me levou ao encontro de passagens por livrarias e da aquisição de livros e o feliz achado de alguns livros esgotados que só foi possível encontrá-los em sebos.
Em 2006, juntamente com a jornalista Yolanda Limeira, organizamos o livro Memórias rendilhadas: vozes femininas (João Pessoa: Editora Universitária/UFPB). O título foi inspirado em um bonito texto da poeta alagoana Arriete Vilela, Alma enrodilhada, alma rendilhada. Quinze paraibanas escreveram textos em forma de crônicas que falavam de suas primeiras experiências com a leitura. O livro foi muito bem recebido pela crítica e com quatro meses estava esgotado, infelizmente não foi mais reeditado. Em 2008, foi selecionado pela SEC/PB para constar no acervo das bibliotecas públicas da Paraíba. Teve lançamento em
No Dicionário de Língua Portuguesa (Houaiss:2001,p. 1740), o verbete lembrar é definido como trazer algo à memória (própria ou de outrem); recordar, relembrar. E lembrança, de acordo com o filólogo, é aquilo que ocorre ao espírito como resultado de experiências já vividas, reminiscências. Vivenciei essa experiência ao abrir uma caixa cheia de lembranças do passado. Lá encontrei, no meio de vários livros, cartas, cartões, uma entrevista com um escritor.