Por esses dias, fui surpreendida com a notícia da partida do ator e diretor americano Robert Redford. Confesso que chorei. Ando chorando à toa pela partida dos meus amores do cinema. Foi assim com Belmondo, Delon, Mastroianni, Brando, Fellini, Domingos Montagner, e agora com Redford.
Domingo, 12, foi Dia das Crianças. Dia de brincar, celebrar, pensar na infância, em como andam as nossas crianças. Pensar em educação, parentalidade, comportamento e tantos temas que permeiam as nossas vidas. O futuro!
O Clube de Leitura “Narradores do Tempo” é um projeto de extensão contemplado pelo edital “UFPB, seu município e responsabilidade social”. Uma ideia de que as ações da Universidade possam ser interiorizadas e realizadas em parcerias. Uma ação voltada ao fortalecimento da competência de leitura e escrita entre estudantes de Jornalismo, centrada na produção editorial das mulheres — cronistas e jornalistas — que escrevem reportagens e/ou quadrinhos, garantindo assim a circularidade das obras lidas e discutidas, e de forma itinerante, para que outros espaços também sejam palco dessa troca de conhecimentos.
“Ah! E eu me chamo Gregório, que é um nome da época da gola rufo. Eu não escolhi esse nome. Eu nunca escolheria esse nome. Eu não escolhi o nome de nada ao meu redor.”
Gregório Duvivier é genial. Escritor, humorista, stand-up, roteirista e ator. Fundador do canal Porta dos Fundos, hoje fala no Calma, Aí e no videocast Não Importa. Já fez sucesso no talk show Greg News, por onde acompanhávamos a política e os descalabros do governo anterior. Esperei muito pelo seu espetáculo O Céu da Língua. Finalmente, no último dia 18/09, tivemos a alegria de assistir e nos deleitar com esse texto/roteiro genial — com sua irmã Theodora nas projeções e cenário, o músico Pedro Aune no contrabaixo e a direção da também hilária Luciana Paes.
Fui visitar, junto a um grupo de amigas, a exposição do professor, poeta e artista plástico Amador Ribeiro. A entrada da antiga casa do artista plástico Hermano José (in memoriam) virou festa e encontros. Amador achou pouco a sua carreira de exímio professor de Literatura, poeta e crítico literário, e agora experimenta a pintura com maestria. Como bem disse Flávio Tavares em sua visita à exposição: “admirável, forte, louvável, uma obra marcante... sua obra entra em sintonia com os grandes mestres: o artista uruguaio construtivista Joaquín Torres García e o cubista francês Fernand Léger.”
O sábado é a rosa da semana. As cortinas esvoaçam. Há formigas pela pedra, abelhas no quintal, o vento, a chuva. O sábado é feito para não se pensar nele, e nele, e nele está contida toda a promessa de alegria.
(Clarice Lispector, crônica publicada nos anos 70).
Porque hoje é sábado, já dizia Vinicius de Moraes no seu célebre poema. O sábado é o tempo do romance. Não fossem As Sílabas do Sábado, de Mariana Salomão Carrara, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2023. Fui seduzida pelo belíssimo título, ainda mais quando se sabe que sílabas serão essas. Sílabas que têm ritmo, velocidade e que podem, sim, traçar o destino de alguém, a fronteira entre vida e morte. Sílabas que sibilam, que se aliteram. Quanta poesia!
Brincadeiras, brincar, imaginar, fazer de conta. Como é que se brinca? Por vezes achei que não era boa nisso. Mas, ao mesmo tempo, adorava brincar sozinha com a minha imaginação. E das brincadeiras em movimento: esconde-esconde, pega-pega, pular corda, bambolê (era boa no gingado), amarelinha (academia), ossinho (era mestre em manusear as pedrinhas por entre os dedos, ou carretéis, no chão frio das minhas casas em tantas ruas), cozinhar no quintal ou jogar “31, libertei”. De jogos, era o Banco Imobiliário. Ou as cartas:
Lucas e Ana Adelaide
buraco e sueca, nas tardes frias de julho. Gostava mesmo era de ler gibis e ouvir rádio. Ou ir à casa das amigas, dar risadas (mas aí já adolescente). Andar de bicicleta foi um grande amor, exercício de vento na cara e de liberdade. A rua sempre me fascinou.
Uma crônica começa a se desenrolar meio preguiçosamente. Precisa apenas de um fio de assunto, que pode ser encontrado num olhar pela janela, numa consulta à estante, na lembrança de um episódio da véspera ou mesmo no mergulho vagaroso em busca da raiz de um sentimento... A crônica deve ter esse nome porque depende do Tempo, é um jogo de búzios verbais lançados pelo Tempo. (Bráulio Tavares, em “Uma Crônica”)
De repente, vejo o meu Instagram repleto de seguidores e, na hora, fiquei surpresa, sem entender muito aquelas pessoas aparecendo no meu feed. Quando foi que a professora querida, Patrícia Rosas — com quem tive a honra de dividir mesa num evento para as mulheres no Ministério Público, em 2024 — me convida para participar de uma Roda de Leitura com os seus alunos do 6º período de Pedagogia (UFPB), que estão a estudar o gênero da crônica.
Ela se define como casa, ateliê, hospedagem, experiências. Um refúgio urbano. Conheci a loja há anos, com coisas dos Orientes, peças de moda, decoração e os tais espelhinhos que amo desde a década de 70. Loja no Mag Shopping, no Sebrae, no Shopping Bancários e no Mercado de Artesanato. Sempre dava uma olhadinha nas vitrines. Anos depois, abriram a Casa no Manaíra, que teve saraus, brechós e até um café. E hoje funciona na casa dos donos, Rita e Ramon, com os filhos e familiares envolvidos. Rita e Ramon, como se apresentam: “viajantes, sonhadores, realizadores, artistas e anfitriões da Casa Furtacor”.
Durante a pandemia, virei plateia de podcasts. Muitos. Maravilhosos. E os de psicanálise então... Christian Dunker, meu travesseiro em noites longas. Os de literatura também. Recentemente ouvi Marcelo Rubens Paiva e Martha Nowill (atriz que conheci há algum tempo nas Séries, Felizes para Sempre (TV Globo) e Pedaço de Mim (Globoplay), e no podcast da psicanalista Vera Iaconelli, “O Estranho Familiar”, dos meus favoritos), no podcast 451MHz, Feira do Livro 2025. Os dois falando dos seus livros sobre parto e filhos pequenos.
Martha Nowill e Marcelo Rubens Paiva Apple Podcaasts
Marcelo do ponto de vista do pai, claro, e Martha, mãe de gêmeos. Esses dois escreveram livros sobre o tema e participaram da última Bienal do Livro, São Paulo. Martha, a partir de trechos de seu diário, publicado antes na Revista “Piauí”, e depois no livro: Coisas importantes depois serão esquecidas, 2025, e Marcelo, no seu livro O novo agora, 2025, completando a trilogia com, Feliz Ano Velho, Ainda Estou aqui.
Já não é segredo nas minhas crônicas de viagem que London London ocupa um primeiro lugar especial. Sou louca pela cidade, que conheci nos longínquos 1975, e nesse momento, me esbaldei nos pontos turísticos, nas artes, no mundo das feiras (Notting Hill), e nas túnicas indianas de espelhinho.
“Miranda July escreve com honestidade brutal e faro para o insólito. Isso torna este romance uma narrativa selvática e tragicômica sobre crescer depois dos quarenta anos. Com ecos de autoficção e expondo uma vulnerabilidade sedutora. De quatro faz com que nos apaixonemos diante da possibilidade de novos e belos destinos”
(da orelha do livro)
Assim se chama o segundo romance da escritora, roteirista, cineasta e performer americana Miranda July. Livro que causou rebuliço nos meios literários e feministas. E o porquê desse reboliço? tentamos falar disso no nosso Clube de Leitura – Frederica, neste mês de julho.
"aventura não é escalar montanhas// não é atravessar desertos// não é preciso bravura// aventura não é saltar de avião// não é descer cachoeira// não é preciso tontura// aventura não é comer bicho vivo// não é beber aguardente// não é preciso angustura// aventura não é morar em castelo// não é correr de Ferrari// não é preciso frescura// aventura é tudo o que faz// uma pessoa tornar-se capaz// de abrir mão da loucura// aventura é ser mãe e pai"
(Martha Medeiros)
Nunca fez parte do meu temperamento gostar de frio na barriga. Só um pouquinho. Bem pouquinho. Quando jovem, nunca gostei, nem nunca tive oportunidade de maiores riscos. Sei que isso depende do lugar onde nascemos, dos acidentes geográficos, mas mesmo aqui, sempre tive cautela com o mar, passeio de barco, fui poucos; trilhas? nunca. Tenho medo de todos os bichos. Mas confesso que a montanha me fascina. De longe. Já tive oportunidade de vê-la de perto nos anos 80, cheia de neve, e me sentir uma estrangeira de todas as formas, por entre as marmotas felpudas. Me encantei com a paisagem, mas jamais com os precipícios. Tenho todas as vertigens.
Sempre fui uma pessoa mais do Carnaval e das suas loucuras e batuques. Mas também gostava do São João. E na minha meninice, soltava fogos e depois dançava quadrilha. Com os filhos pequenos, vinha festinha de colégio, fogueira em casa e meninos gostam de bombas. Eu não. Mas até hoje, quando ouço Dominguinhos e Flávio José, me enterneço e aqueles forrós de sanfona boa, já dá vontade de dançar. Mas nunca tive namorado nem marido dançador (A vida está em falta comigo nesse quesito). E forró é dança de parelha. E acho muito lindo ver um casal encaixado a surrupiar pelo salão. Dança sensual e lúdica. Molejo que arrepia.
Sempre quis conhecer os Campos de Lavanda na Provence/França, mas para isso tem-se que enfrentar o verão francês. E não gosto de calor. Só na praia com água de coco ou cerveja gelada. Em 2023, realizei o sonho da Provence, mas com os campos a florir ainda, mas me esbaldei nos Impressionistas e nas casas de Van Gogh e Paul Cézanne. Faltava as tulipas na Holanda.
Hoje é Dia das Mães. Perdi a conta de quantas crônicas já escrevi sobre o tema. E a cada vez que escrevo, penso na minha própria maternidade. Lá atrás, quando tão jovem me casei a primeira vez e adiava o projeto, por querer estudar e correr o mundo primeiro. Não deu tempo. A vida não espera. Tem outros planos.
Terminamos de assistir à terceira temporada dessa Série, “The White Lotus” (Direção Mike White), que bombou mundo afora. A Série tem como foco os ricos americanos. Uma crítica feroz ao modo de viver desse povo, em lugares escolhidos a dedo, para daí o desenrolar dos enredos esdrúxulos e violentos. Na primeira temporada, tivemos como setting, o Havai e a sua beleza dos mares e das canoas. A trilha sonora é sempre uma beleza à parte. A segunda, se passou na Sicília, e as ruelas e as sombras dos mafiosos e dos chefões. E a terceira, na Tailândia, com os templos, os macacos, e a beleza calma de cinema. Muito se criticou essa última, pelo ritmo e demora para o clímax, mas eu gostei. Da lentidão, dos temas, dos desenhos eróticos e assustadores da abertura, e mais uma vez, da trilha sonora.
Filme do magnífico e premiado cineasta francês François Ozon (Oito Mulheres e Swimming Pool, dentre tantos); um diretor que tem nas ambiguidades do enredo e da vida, nas encruzilhadas das nossas escolhas e na complexidade da natureza humana, a sua fina ironia ou tantas possibilidades para cada take, cena do filme, ou da vida.
Quando a gente tem filhos, são tantos desafios a cumprir, desde que o teste dá positivo que um turbilhão de hormônios e mudanças no corpo, nos tomam de assaltos e alegrias. E medo. Muito medo do desconhecido. Ou um monte de sentimentos paradoxais de uma vez. Depois, vem o nascimento e mais desafios. Exaustão. Cansaço mental. E solidão. Daí também a presença, por vezes, da depressão pós-parto. Aos poucos e muitos custos, vamos sendo invadidas de um amor in-condicional e experiências, que vão transcendendo todo o resto e vamos mergulhando no aprendizado de criar um filho. A cada dia um muro intransponível. Dores. Aconselhamentos. E mais medo.
Assim começou o ano. Digo o pós-carnaval. Com chuva e o mar ficou amarronzado. E fui a Cabedelo comer umas delícias e fiquei a contemplar o Farol e um navio que passava na linha do horizonte. Praia Formosa, esse lugar do meu passado, da família e das histórias re-contadas. O cheiro da maresia de manhã cedo. Os banhos de mar. Passeios até Ponta de Mato. Assustados. E os navios. Sempre os navios a passar. E eu fiquei a vê-los, mas não como no ditado. Ficar a ver navios não é algo paralisante, e sem nada. Mas contemplativo.