Muitas obras de Arquitetura pelo mundo não são apenas bonitas de se ver, e sim apreciadas até pelo aspecto lírico que também inspir...

A linguagem arquitetônica

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Muitas obras de Arquitetura pelo mundo não são apenas bonitas de se ver, e sim apreciadas até pelo aspecto lírico que também inspiram sua função. Exatamente por abrigar em seu processo estético objetivos funcionais, a liberdade criativa não se garante por completo na Arquitetura como expressão de Arte. Há diretrizes que moldam não apenas sua forma, mas conduzem sua funcionalidade,
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Casa Dançante (Tančící dům), em Praga, Chéquia ▪ Arquiteto: Vlado Milunić ▪ Foto: Øyvind Holmstad
virtude que se obriga a cumprir em seus propósitos basilares, desde que o homem precisou se abrigar.

Embora se defenda que na Arquitetura a beleza deva ser umas das funções, o conforto ambiental, as atividades a que se destina a acolher e o contexto urbano em que se inserirá são aspectos indispensáveis à sua concepção. Além de tudo, a tecnologia, o tipo e capacidade de mão de obra, a época em que se edificou, os materiais que serão usados, sem esquecer — talvez seu lado mais prosaico — a limitação do orçamento, são componentes que interferem diretamente no processo arquitetônico.

Entretanto, no modelo institucional, monumental, memorial, a criatividade pode alçar voos mais ousados, mais livres, independentes, como bem pôde mostrar o grande Oscar Niemeyer, que, como Mozart, parecia conceber a arte pronta. Num só rabisco seu, podia estar contido todo um projeto.

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Museu de Arte Contemporânea, Niterói-RJ ▪ Arquiteto: Oscar Niemeyer ▪ Imagem: Donatas Dabravolskas
Essencialmente utilitárias, obras como pontes, casas de óperas e aeroportos, além de guardar aspectos filosóficos e até poéticos, pela significativa função de unir, abrigar espetáculos da dramaturgia cantada, e de interligar povos e nações, por meio de seus terminais, marcam uma significativa relação entre o pensamento plástico e a ideia funcional.

As pontes - soluções imaginadas pelo homem desde a remota antiguidade - evoluíram na História com forte apelo paisagístico e arquitetônico. Seus projetos muitas vezes superam a função específica, desgarrando-se das virtudes construtivas e tecnológicas da engenharia
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Golden Gate, Califórnia, EUA ▪ Projeto: Joseph Strauss ▪ Imagem:
para se lançar em monumentos das mais variadas formas, que hoje constituem magníficos exemplos da Arquitetura mundiL. O crescente aperfeiçoamento tecnológico vem enriquecendo possibilidades estruturais dos projetos de pontes, anteriormente sequer consideradas possíveis, que resultam em obras concebidas nos mais perfeitos exemplos da poderosa união da Engenharia com a Arquitetura. E os casos ilustrados ao longo do tempo constituem um rico compêndio de registros de épocas, costumes, estilos que marcaram as civilizações do planeta até hoje. Desde as mais longínquas terras de Wycoller (UK), vilarejo famoso por suas antigas e toscas pontes, passando pela graciosa Ponte Velha de Florença, a Golden Gate de San Francisco e a elegante Alexandre III de Paris, estes maviosos exemplos de beleza e plasticidade exibem hoje os mais audaciosos arroubos da Engenharia Civil.

Já as “Opera Houses” construídas pelo mundo afora servem para abrigar os refinados espetáculos do gênero, que são obras de arte em que a música, a dança, o drama, a literatura e o cenário se fundem na mais completa expressão artística já concebida pela humanidade. E se unem à arte de projetar para dar lugar às monumentais edificações que se erguem em seu nome, e terminam por se tornar, em muitos países, as maiores atrações turísticas. Tornou-se uma característica marcante de cidades que valorizam a cultura erudita, por menor que seja, possuir a sua Opera House.

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Centro Nacional de Artes Cênicas, Pequim ▪ Arquiteto: Paul Andreu ▪ Imagem: Haluk Comertel
Em muitos casos, sobretudo nos mais modernos, os projetos são imaginados para se instalar próximos a espelhos d'água, naturais ou não, a exemplo de Oslo, Copenhague, Sidney, Pequim, Nizwa, e assim buscar em seu reflexo uma maior extensão de suas magnitude. Em outros, procurou-se dotar os seus interiores de eminente glamour artístico, tanto na rebuscada e luxuosa ambientação, quanto na valorização das artes plásticas, ornamentos, esculturas e pinturas, como no teto da tradicional Ópera de Paris, o “Palais Garnier”, muito bem ilustrado com os belos afrescos do famoso artista franco-russo, Marc Chagall. Enfim, as casas de ópera terminam sendo, como dizia Goethe, a própria “música petrificada”.

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Ópera Garnier (Palais Garnier), Paris ▪ Arquiteto: Charles Garnier ▪ Imagem: Zairon
Dos terminais aéreos, destacamos o "Aeroporto de Carrasco", assinado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly, que foi inspirado na forma de um mouse Apple, plasticamente concisa, homogênea e limpa. Além do aspecto formal, o Aeroporto de Carrasco foi projetado rigorosamente para priorizar a funcionalidade. Tudo nele acontece de maneira prática, fácil, inteligente e bem pensada, dentro de um perfeito fluxograma para um terminal aéreo de passageiros. Aliás, diga-se de passagem, Montevidéu impressiona a qualquer turista de bom gosto, tanto pelos altos níveis de qualidade de vida, quanto pelos belos exemplos de Arte e Arquitetura.

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Aeroporto Internacional de Carrasco, Uruguai ▪ Arquiteto: Rafael Viñoly ▪ Imagem: Viñoly Arch.
Na Ópera de Sydney, na Austrália, um dos mais proeminentes ícones da Arquitetura do século 20, talvez tenhamos um exemplo que bem resume nossa conversa, um local que celebra com exuberância as primeiras festas de fim de ano que o mundo divulga. É lá que se promove um monumental e iluminado réveillon, em torno da Harbour Bridge, e ao lado da magnífica obra do arquiteto dinamarquês, radicado na Finlândia, Jorn Utzon — a Ópera de Sydney. Encravado em um dos mais decantados cenários do mundo — A Baía de Sydney – este premiado trabalho, inspirado plasticamente em conchas do mar, à forma de uma “esfera descascada”, foi um enigmático desafio aos engenheiros e calculistas da época, que rendeu inúmeras controvérsias.


O alto custo de construção e a complexidade estrutural quase custaram a Utzon a inviabilização da obra, cuja conceituação comprovou que ele pensava muito além de seu tempo. Mas, como ocorre com a maioria dos grandes e inovadores gênios da criação, não obstante as críticas severas dos oposicionistas, a Ópera de Sydney foi então reconhecida, embora tardiamente, não apenas como o símbolo de um país, mas de um continente inteiro e de tudo o que a linguagem arquitetônica pode significar para a humanidade.

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  1. Uma aula sobre arquitetura, dada por um mestre do ofício. Parabéns, Germano. Francisco Gil Messias.

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  2. Doida para conhecer a este Teatro da Austrália 🙏🏻🙏🏻🙏🏻🙏🏻🙏🏻👏👏👏👏👏👏👏♥️♥️♥️♥️♥️♥️♥️♥️🍷✂️

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  3. Flávio Ramalho de Brito22/6/25 10:52

    Muito bom, Germano. Parabéns

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  4. Mariaa de fatima ( nena) quase sua prima. Que orgulho! Estou às vésperas de chega bem perto de alguns monumentos arquitetônicos pelo mundo. Parabéns ❤️22/6/25 11:09

    Lindo, como gostaria de ver, um por um. Parabéns Germano !

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