Esta é uma história real, contada pelo antropólogo Michel Alcoforado. Embora tenha o tempero necessário das fofocas da dita alta sociedade (Eike Batista, casamento, traição…), serve maravilhosamente para demonstrar a diferença entre a alta sociedade carioca e as demais.
Vamos à história; em seguida, as explicações.
Eike Batista Thomas Koehler
Deu-se que Eike Batista, já multimilionário e caminhando para ser um dos dez homens mais ricos do mundo, estava prestes a conseguir entrar na alta sociedade carioca, casando-se com Patrícia Leal, trineta do conde João Leopoldo Leal. Era bela, recatada e do lar. Tinha berço, falava várias línguas e era vista sempre no circuito Londres, Paris e Nova York. Aliás, por falar em Patrícia, foi inspirando-se nela que um dos maiores colunistas sociais do país, Zózimo Barroso do Amaral, criou o termo “patricinha”. Deu para entender, né?
Em 1990, o casal convidou 400 tops da altíssima sociedade carioca para a festa de casamento, com direito a caviar Strottarga bianco (vem do esturjão albino siberiano), ostras Coffin Bay e tudo de bom que o dinheiro pode comprar. À época, os jornais comparavam aquela celebração ao último baile do Império.
Caviar Strottarga Bianco @deluxevietnam.com
Pois muito que bem. Poucos dias antes da festa, ao final de uma regata que Eike disputara, ele viu, em meio à multidão que assistia à festa da premiação, uma morena estonteante: Luma de Oliveira. Babau festa, casamento, entrada na alta sociedade carioca… Claro que foi um escândalo. Porém, Patrícia recuperou-se, casou-se com Antenor Mayrink Veiga, descendente de uma das mais tradicionais famílias cariocas, e viveram felizes por muitos anos… quase para sempre.
Luma de Oliveira e Eike Batista Léo Aversa
Eis que as trapaças da sorte trouxeram a separação do casal, e novamente a alta sociedade carioca foi abalada por um boato terrível: Patrícia teria iniciado um romance com uma personal trainer. Patricinha, sempre classuda, em uma entrevista à revista Veja, matou a pau: “— Olha bem para a minha cara e vê se é verdade”.
Patrícia Leal Léo Aversa.
Nesse imbróglio todo, o fato de ter havido uma suposta relação homossexual importava zero; o escândalo era uma Leal ter trocado um Mayrink Veiga por uma qualquer.
Entenderam a diferença? Aqui em João Pessoa, em São Paulo, em Recife, em qualquer capital, ter dinheiro (muito, né?) garante seu acesso à dita alta sociedade.
No Rio de Janeiro, não.