Dica de leitura Título: O TRATADO DOS OPOSTOS Autor Hud Cunha

O tratado dos opostos

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Dica de leitura

Título: O TRATADO DOS OPOSTOS
Autor Hud Cunha

Em O tratado dos opostos, Hud Cunha nos convida a atravessar o território movediço da existência, esse espaço em que a alma humana se reconhece em ruínas e, paradoxalmente, em reconstrução. O livro não é apenas um conjunto de poemas, mas um mergulho integral na consciência de quem escreve para sobreviver. Há algo de ritualístico nessa escrita: cada verso é uma tentativa de exorcizar a dor, de olhar o abismo e dele extrair sentido.

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Cibele Laurentino
Desde as primeiras páginas, o autor anuncia sua proposta com clareza e entrega: “Não há reconstrução sem morte.” A poesia, portanto, nasce daquilo que morre, dos pedaços partidos que se reúnem em palavra, dos silêncios que se transformam em ritmo. Hud faz da poesia um espelho que não reflete apenas a imagem, mas o processo de enfrentá-la.

Seus versos transitam entre o real e o imaginário, entre o desejo e a renúncia, entre o amor idealizado e o amor humano contraditório, falho, vivo. É uma escrita marcada pela tensão entre polos: plenitude e vazio, coragem e desistência, transcendência e cotidiano. Essa dialética é o eixo do “tratado” que dá nome à obra: o autor reconhece que os opostos não se anulam, mas se completam.

Há um lirismo contido, mas denso, que evoca a tradição de poetas existencialistas e introspectivos. Hud escreve como quem dialoga com Drummond, Adélia Prado e Ferreira Gullar, mas sua voz é singular, contemporânea, marcada pelo peso de uma geração que busca significado em meio à pressa e ao cansaço emocional.

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GD'Art
O amor surge como tema recorrente, e nele se manifesta a contradição essencial do humano: “Todo grande amor é fraterno”, diz um poema, para logo em seguida lembrar que “o grande amor é feito para as grandes emoções”. O poeta desvela o conflito entre pureza e carne, sonho e queda. É nesse contraste que reside a força de sua lírica.

A poesia de Hud Cunha é também uma forma de resistência à indiferença. Ao declarar: “O que é a arte senão a invenção de sentimentos”, ele revela sua crença na criação como gesto de sobrevivência. A arte, aqui, é cura e é ferida; é o espaço onde o homem inventa a si mesmo diante do caos.

O tratado dos opostos é, portanto, mais do que um livro: é um testemunho íntimo de busca. Hud Cunha nos entrega uma escrita que é confissão e ensaio, dor e lucidez, sombra e luz. Sua obra reafirma que a poesia continua sendo o território onde os contrários se encontram e onde, talvez, possamos nos reconciliar conosco mesmos.

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Sobre o autor:
Hudson Cunha, mais conhecido como Hud, tem 33 anos. Carioca criado em São Paulo e filho de pais nordestinos, carrega em sua história o valor da família, das amizades e da cultura. Executivo com trajetória sólida no mundo corporativo e mestre em Psicologia Organizacional, Hud também é apaixonado pelas artes, literatura e filosofia. A escrita sempre esteve presente como caminho de cura e autoconhecimento, e a arte, em suas múltiplas formas, orienta sua maneira de se relacionar, de trabalhar e de transformar contextos.


* O livro está disponível no site da Editora Viseu ou na Amazon

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