Mostrando postagens com marcador Gonzaga Rodrigues. Mostrar todas as postagens

Até então aprendíamos por ouvir dizer. O jornal de 1950 pouco acrescentava à feitura do texto além do que se aprendera forçado sob...

calazans jornalismo paraibano a uniao
Até então aprendíamos por ouvir dizer. O jornal de 1950 pouco acrescentava à feitura do texto além do que se aprendera forçado sob o fogo da 2ª guerra mundial, narrada pelo rádio. José Leal e Dulcídio Moreira improvisavam verdadeira estenografia para não serem passados para trás pelo concorrente, O Norte, que terminou fechando para só retornar como porta-voz da campanha de José Américo ao governo do estado. Lia-se o jornal menos pela notícia do que pela opinião. Daí, muitos Carlos Dias Fernandes serem mais importantes do que o jornal.

Decaído de uma passagem bem-sucedida para mim e o jornal O Norte, voltei ao Correio da Paraíba de 1973, vinte anos depois de ser levad...

lagoa seca
Decaído de uma passagem bem-sucedida para mim e o jornal O Norte, voltei ao Correio da Paraíba de 1973, vinte anos depois de ser levado por Afonso Pereira, o primeiro diretor do jornal de Teotônio Neto, a formar naquela equipe fundadora chefiada por Geraldo Sobral.

Folgo em ver o Lajedo do Pai Mateus fazendo o encantamento da arte fotográfica de uma mineira sensível e imaginosa. Ivonete Leite conve...

paraiba inga itacoatiaras
Folgo em ver o Lajedo do Pai Mateus fazendo o encantamento da arte fotográfica de uma mineira sensível e imaginosa. Ivonete Leite converte a paisagem lítica do nosso Cariri em qualquer coisa de lunar e fantástico.

Antes de fixar morada nesta cidade resguardada de ufanias, retivera-a em dois relances. Primeiro em companhia de meus pais, em 1942, nu...

joao pessoa praia penha nostalgia
Antes de fixar morada nesta cidade resguardada de ufanias, retivera-a em dois relances. Primeiro em companhia de meus pais, em 1942, numa promessa que vieram pagar na Penha. Desse primeiro contato, já anoitecendo, resta uma penumbra de copas e de sombras que anulava ainda mais as tochinhas de luz nevoenta sumidas ao longo da praça Pedro Américo. O palacete de janelões imperiais, ao lado, apenas se insinuava, enfumado na noite, só vindo impor-se aos meus olhos de menino gruteiro sob o clarão da manhã seguinte.

Já o conheci economista no quadro de qualidade da Companhia de Industrialização, trabalhando, um birô pegado com o meu, ele na sua asse...

amigos amizade patricio leal filho
Já o conheci economista no quadro de qualidade da Companhia de Industrialização, trabalhando, um birô pegado com o meu, ele na sua assessoria, eu usando a primeira horinha do expediente para escavar a minha crônica diária. Foi numa fase, ajudada por Patrício, em que mais propagamos o esforço desenvolvimentista da Paraíba com seus incentivos vocacionais na busca de projetos industriais internos e externos. Juntos, ao lado de Marcelo de Figueiredo Lopes, Francisco Antônio e Ernani Mesquita, elaboramos cartas de apelo à indústria calçadista de Franca e do Rio Grande do Sul, destacando como opção a vocação histórica de Campina Grande. Viajamos juntos, a convite de Natal e de São Luiz, difundindo a experiência da Paraíba, estado do mesmo porte econômico, com o seu programa de galpões multifabris.

Voltaram ao calcário original, raspados a cinzel, os pelicanos do Cruzeiro. Os atuais guardiães da obra franciscana, o mais precioso mo...

luiz augusto crispim cruzeiro igreja sao francisco paraiba
Voltaram ao calcário original, raspados a cinzel, os pelicanos do Cruzeiro. Os atuais guardiães da obra franciscana, o mais precioso monumento sacro da Paraíba, conseguem motivar pessoas e instituições para a conservação da nossa principal riqueza artística. E prossegue o apelo na televisão, o que é um bom sinal.

Com os divertimentos públicos do Natal transferidos para a Lagoa e nela ainda mantidos ninguém sabe até quando, lembrei-me, temeroso, ...

estatua busto augusto anjos joao pessoa
Com os divertimentos públicos do Natal transferidos para a Lagoa e nela ainda mantidos ninguém sabe até quando, lembrei-me, temeroso, de Augusto dos Anjos, do seu pequeno busto sob as vênias de um tamarindo para tanto plantado e a mostrar que tamanho não é documento, desde que se deva à arte de um Umberto Cozzo a quem, num ano qualquer da década de 1940, a primorosa escultura fora encomendada.

Vitória Lima, que entre outros dotes e conquistas de justo orgulho se confessa plena com o de professora (foi como se deixou ver ao ...

amizade
Vitória Lima, que entre outros dotes e conquistas de justo orgulho se confessa plena com o de professora (foi como se deixou ver ao ser homenageada pela UBE local, em ato extensivo a Solha e ao autor carunchado destas notas), acaba de dedicar suas duas últimas crônicas à Amizade.

Em crônica de alguns anos atrás, Francisco Cartaxo Rolim, secretário de planejamento no governo Ivan Bichara (1975/78), não fez por ...

espigao altiplano joao pessoa
Em crônica de alguns anos atrás, Francisco Cartaxo Rolim, secretário de planejamento no governo Ivan Bichara (1975/78), não fez por menos, não se conteve ao fim de um de seus retornos a Tambaú: “Talvez a Paraíba não se dê conta do bem que faz a si mesma. Esse ar de província exibido no visual das praias de Cabo Branco, Tambaú, Manaíra e ao longo da orla até Cabedelo. Bendito seja!”

A cidade ainda não acordou. Atrás de mim, pelo retrovisor, isenta e limpa de tráfego, a avenida Epitácio assume uma imponência que o sol...

cronica prefect joao pessoa
A cidade ainda não acordou. Atrás de mim, pelo retrovisor, isenta e limpa de tráfego, a avenida Epitácio assume uma imponência que o sol da manhã só faz coroar. Sou motivado a deixar o carro e curtir minha surpresa pelo ângulo do canteiro central. Assim, sem ninguém, absoluta em sua quietude de asfalto, eu nunca fizera ideia. Morando perto há décadas, vivendo o mesmo amanhecer, nunca havia reparado com esse olhar. A avenida deserta e por isso mesmo plena, absoluta, roubando a presença dos demais componentes urbanos.

Fernando Moura encerrou o ano, como seria de esperar, não só de um gestor consciente da responsabilidade do lugar a si confiado, como, ...

seca nordeste jose americo
Fernando Moura encerrou o ano, como seria de esperar, não só de um gestor consciente da responsabilidade do lugar a si confiado, como, antes disto e superior a isto, de um cultor estudioso e impenitente do relicário de valores da Paraíba. Como jornalista, escritor, editor, expert da comunicação, a demanda de fregueses em seu antigo escritório, num 1º andar da praça que felizmente sobrou, nesses tempos, para o grande Antenor Navarro, lá a procura era mais de maníacos da preservação histórica, das relíquias memoriais da cidade do que dos interesses mais imediatos. Encerrou o ano com a fortuna crítica hoje possível sobre a obra A Paraíba e seus problemas, nestes seus cem anos de vitaliciedade sempre recorrente.

A foto ilustra a publicação de discurso de Samuel Duarte no número 12 de Paraíba Cultura, revista editada para documentar as “Noites ...

simeao leal jornalismo literatura paraibana
A foto ilustra a publicação de discurso de Samuel Duarte no número 12 de Paraíba Cultura, revista editada para documentar as “Noites de Cultura”. A foto reproduzida é de início dos anos 1940.

Nestes anos mais recentes tenho ido à farmácia quase na mesma frequência que à padaria. Não é de agora. Mas só agora, sem muita estrada...

morador rua
Nestes anos mais recentes tenho ido à farmácia quase na mesma frequência que à padaria. Não é de agora. Mas só agora, sem muita estrada à vista, essa preocupação começa a tecer sombras e puxar lembranças a ponto de empanar-me os passos mais rotineiros.

Não aprendi música. Nem realejo toquei, mas como devo a suas aparições nalguns momentos em que de mim próprio senti-me abandonado!

alagoa nova nostalgia musica erudita
Não aprendi música. Nem realejo toquei, mas como devo a suas aparições nalguns momentos em que de mim próprio senti-me abandonado!

Datam de três ou quatro anos minhas limitações de viagem. Não falo das que alvoroçavam o ânimo de algumas boas e antigas amizades com...

paraiba lembrancas viagem
Datam de três ou quatro anos minhas limitações de viagem. Não falo das que alvoroçavam o ânimo de algumas boas e antigas amizades como Arnaldo Tavares, Carlos Roberto de Oliveira, Luiz Augusto Crispim ou Franciraldo Loureiro, para quem todos os batentes, dentro ou fora do país, não passavam de domésticos.

Com a esticada dos meus dias, curto o privilégio de ver a cidade de 1951 com seus 119 mil habitantes, na grande e rica João Pessoa de h...

joao pessoa crescimento urbano
Com a esticada dos meus dias, curto o privilégio de ver a cidade de 1951 com seus 119 mil habitantes, na grande e rica João Pessoa de hoje, beirando o milhão. Rica, sim, com o metro quadrado de suas construções de elite o mais caro do Nordeste e um dos mais ansiados pelos que já renegam a angústia de vida no espaço-tempo das megalópoles.

A serra de Areia tem culpa pela minha apatia pelo mar. E não estou sozinho. Para morar à beira-mar o areiense José Américo teve de pla...

areia paraiba economia brejo
A serra de Areia tem culpa pela minha apatia pelo mar. E não estou sozinho. Para morar à beira-mar o areiense José Américo teve de plantar e cultivar uma Areia por trás de casa. Areia de mangueiras, sapotis e frutas brejeiras. Só faltou a gameleira, que era ele. Para mostrar que estava além e acima dos climas, associou às fruteiras conterrâneas uma fruta de agreste, a jabuticaba, que veio plantar aos 80 anos sabendo dos quinze para chegar à colheita. Não sei agora, depois que inventaram a Embrapa, a Emepa, capazes de colorir algodão ou monitorar o cultivo da mangaba, num esforço utópico para mudar os índices agrícolas da Paraíba.

Relendo, por desfastio, o “Eu e eles” de José Américo, volto a me deter em seu espanto ao ver a censura de Ilya Ehrenburg a Edouard ...

desigualdade literatura russa nordeste
Relendo, por desfastio, o “Eu e eles” de José Américo, volto a me deter em seu espanto ao ver a censura de Ilya Ehrenburg a Edouard Herriot, político e escritor francês no tempo da guerra, pela importância que Herriot dava “a noções tão completamente fora de moda como ‘cumprir a palavra e salvar a honra’.” Achava o ex-presidente do Conselho do governo francês que “devemos pagar as nossas dívidas aos Estados Unidos. Porque demos a nossa palavra”.

Em 42 anos de túmulo, o de minha mãe, D. Antonina, só perdeu uma letra de seu nome. Seu retrato, impresso em louça que o neto, Fab...

padre ze coutinho filantropia paraibana
Em 42 anos de túmulo, o de minha mãe, D. Antonina, só perdeu uma letra de seu nome. Seu retrato, impresso em louça que o neto, Fabiano, mandou gravar quando estudava no Rio, continua vivo, fiel. Dei uma olhada à direita, onde foi deixado Nathanael Alves e saí me apertando entre jazigos paredes-meia até dobrar a esquina onde Padre José Coutinho me detém com a réplica da vara com que cobrava a dívida com seus pobres no Ponto de Cem Réis.

Ou “Os grandes do nosso mundo”, que é o título de um livro de perfis biográficos. São perfis não mais que de duas ou três páginas...

ipojuca pontes biografias
Ou “Os grandes do nosso mundo”, que é o título de um livro de perfis biográficos.

São perfis não mais que de duas ou três páginas, o bastante para reagirmos à névoa do esquecimento e trazer de volta expressões humanas que clamam, algumas delas, pelo recurso grego ou romano da estátua.