Aproximadamente até os anos 70, os cardiologistas do mundo inteiro acreditavam que as mulheres tinham baixo risco de desenvolver doenças cardiovasculares e, quando apresentavam essas condições, acreditava-se que, em sua maioria, eram simples de resolver — ou seja, de fácil controle clínico. Tal conclusão era fruto da má interpretação das queixas femininas nos consultórios médicos e da falta de pesquisas envolvendo o seu coração.
A partir dos anos 80, com os avanços da cardiologia e o surgimento dos chamados trials (grandes estudos), ensaios clínicos dos mais consistentes e conclusivos na busca por uma cardiologia moderna, versátil, eficiente e elucidativa, houve uma verdadeira revolução científica, principalmente na América do Norte e na Europa.
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Atualmente, podemos afirmar, respaldados por novos estudos e pesquisas — além do aparecimento inicial dos consensos e, posteriormente, das diretrizes e guidelines da especialidade cardiológica, com ênfase na América do Norte, Europa e Brasil — e por nossa experiência profissional, que persiste o risco entre mulheres menopausadas. Contudo, o agravamento da situação preocupa a comunidade científica e, por consequência, toda a
Unsp
A explicação inicial relaciona-se ao advento do mundo globalizado, com todas as suas mudanças profundas no estilo de vida da humanidade. Para ilustrar de forma enfática: houve uma mudança radical no comportamento cotidiano, o que abriu caminho para uma crescente vulnerabilidade do sistema cardiovascular, sendo fatores como estresse, hipertensão, aumento do colesterol, tabagismo, sedentarismo e maus hábitos alimentares os principais vilões.
No caso do Brasil, é possível acrescentar que as principais capitais — incluindo nossa cidade — lideram as estatísticas mundiais de morbidade e mortalidade entre mulheres de 50 a 65 anos. Essa assertiva é referendada pelas mais conceituadas instituições de cardiologia do Brasil e da América do Sul.
O maior objetivo destas linhas de advertência e informação ao sexo feminino é destacar que o risco cardiovascular coloca as mulheres praticamente no mesmo
Zyanya Citlalli
É importante informar que toda regra tem exceções, e na medicina não poderia ser diferente. Portanto, devem estar atentas também as mulheres com idade inferior a 50 anos (incluindo adolescentes). Essa situação clínica vem sendo amplamente descrita e debatida na literatura científica universal, assim como na prática clínica diária. Em nosso caso particular, temos observado muitos casos não apenas em consultório, mas também em hospitais especializados de nossa cidade e do Sudeste do país.
Vale salientar que os hormônios estrogênio e progesterona, presentes até a menopausa, continuam sendo os maiores responsáveis pela proteção contra as doenças cardiovasculares. Seu declínio nessa fase crítica da vida feminina representa um fator de risco considerável. Porém, esse paradigma vem sendo modificado com o aparecimento de casos em mulheres mais jovens — inclusive adolescentes — o que se constitui como um grande desafio para o cardiologista moderno.
Unsp
E como prevenir?
Informar-se de forma detalhada e abrangente sobre os fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entre os principais estão: fator genético (hereditariedade), aumento dos lipídios sanguíneos (gordura no sangue), tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, estresse, obesidade, sedentarismo, entre outros.
É de suma importância salientar que a doença arterial coronariana — que provoca o infarto agudo do miocárdio — é mais frequente em mulheres pós-menopausa, tendo como gatilhos os fatores de risco mencionados acima.
Puwadon Sang-ngern
Sublimando o assunto para o sentimentalismo, como diria o poeta: “O coração da mulher deve ser tratado com muito carinho.”