Gratidão, Divaldo Franco!

Raríssimas são as pessoas que deixam este Planeta com um legado tão nobre, a exemplo do médium baiano, com projeção internacional, Divaldo Pereira Franco. Aos 98 anos e oito dias, ele partiu neste 13 de maio (Dia de Nossa Senhora de Fátima), para a pátria espiritual. Viveu quase dez décadas, com lucidez plena e com mais de setenta anos dedicados à causa do Bem. Tanto que a médium, escritora e expositora espírita mineira Suely Caldas Schubert o denominou de 'o semeador de estrelas'.

Nilson de Sousa Pereira e Divaldo Franco Mansão do Caminho

Faz todo sentido. Em 15 de agosto de 1952, fundou com seu primo Nilson de Souza Pereira (que tive a oportunidade de conhecê-lo) a Mansão do Caminho, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, situada em Salvador, no estado da Bahia.

Trata-se de um complexo educativo/assistencial/profissionalizante, com assistência médica, que já acolheu milhares de crianças e adolescentes, cuidando do seu bem-estar e saúde, com extensão às famílias da comunidade, onde está inserida.

Tive o privilégio de passar uma manhã por lá, em abril de 2011. O que vi me emocionou bastante. Ali está erguida uma mini-cidade, com equipamentos diversos para atender e formar crianças carentes, além de suas respectivas comunidades adjacentes.

Ao longo do dia, as crianças estudam, se alimentam, recebem atendimento ou acompanhamento médico, psico-social, e no final da tarde, ainda levam pão para casa, produzidos lá mesmo.

Mansão do Caminho (Pau da Lima, Salvador-BA) Acervo próprio

Ao longo do tempo, ele adotou cerca de 700 filhos, considerando-os "Filhos do Amor", estendendo-se aos netos e bisnetos do coração.

Para manter toda essa estrutura, com dedicação absoluta à sua nobre missão, Divaldo esteve em dezenas de países, abrangendo todos os continentes, levando o conforto da mensagem espírita, para aliviar e esclarecer corações. Some-se a isso a psicografia de centenas de livros, traduzidos para vários idiomas, cujos resultados financeiros têm um destino certo: manter a Mansão do Caminho.

Mansão do Caminho Acervo próprio

Reconhecido como o maior expositor espírita do Mundo, ele tinha o dom de empolgar o público, com sua oratória mesclada de poesia, ensinamentos e até descontração. Estudou até o antigo Ginásio, mas enveredava pelas mais diversas áreas do conhecimento humano, para se expressar, com todo domínio do saber. Ministrou cerca de 20 mil palestras, inclusive na ONU, conquistou o título de "Embaixador da Paz no Mundo". Certa vez comentou que nunca fez turismo nestes países. Seu destino era aeroporto-hotel- local da palestra. Dizia-se sentir-se melhor assim: de ponte aérea em ponte aérea desde que garantindo os recursos para a manutenção da Mansão do Caminho.

Divaldo Franco @Bons Fluidos

Minha vida com Divaldo

A minha aproximação com Divaldo Franco aconteceu nos anos 90. Primeiro ao assistir suas palestras e, a seguir, para cumprir pautas como repórter, do então Jornal O Norte. Neste ínterim, ingressei no Departamento de Comunicação da Federação Espírita Paraibana, a convite do então presidente, José Raimundo de Lima, e com o aval e receptividade daquele que nomeia este espaço: Carlos Romero (misto de amigo e pai espiritual).

Paralelamente, passamos a nos comunicar por email. Às vezes pedia-lhe orientações pessoais. Nunca Divaldo deixou de responder uma mensagem minha.

Fátima Farias e Divaldo Franco Acervo da autora

Na década passada, minha família vivenciou um drama, com a surpresa de minha sobrinha Maria Eugênia entrar em pré-coma. Desesperada, recorri a Divaldo. Ele me respondeu que estava fora do país, mas que vibraria por ela. Ela sobreviveu. Foi um dos que fez parte da corrente que amenizou nossa alma.

Quatro anos depois, Maria Eugênia partiu, eu lhe comuniquei e ele descreveu como aconteceu a chegada dela no mundo espiritual.

Oratória cativante

O maior presente que recebi, ao conhecer a Doutrina Espírita, foi saber que a vida espiritual prossegue, após a morte física. É tranquilizador. Divaldo provava isso com riqueza de detalhes.

Versátil, Divaldo parecia conhecer a vida sob todos os prismas e tinha respostas imediatas para tudo, sem titubear.

Divaldo Franco Rui Costa

Sinto saudades, mas não lamento. Chegou sua hora, após uma promissora longevidade. Resta-me agradecer pelo convívio e sua receptividade para comigo.

Ele prosseguirá vivo nas suas obras esclarecedoras. Vale a pena ler. São mais de 200 títulos psicografadas, por meio de Joanna de Ângelis. Certamente os papéis agora se revezam. Há quem diga que ela já reencarnou.

Divaldo Franco também contribuiu, na minha trajetória de escritora, me concedendo entrevistas para meu primo livro "Encontro com consciências: diálogo da unidade com a diversidade", em três capítulos: 'Perspectivas para o Terceiro Milênio', 'O futuro das religiões' e 'Vidas noutras dimensões'.

Fátima Farias e Divaldo Franco Acervo da autora

Ao receber o livro, Divaldo me enviou a seguinte mensagem: "Querida Fátima, muita paz: Parabenizo-a pelo lançamento do seu livro. Estou retornando de longa viagem europeia e aqui encontro seu livro... Espero que seu livro enriquecedor, ofereça aos leitores reflexões e motivos para mudança de comportamento para melhor e que tenha o destino feliz de todas as Obras do bem. Abraços e gratidão, Divaldo Franco. Em 29outubro2004.

Por fim, querido Divaldo, só me resta agradecer e dizer-lhe 'até um dia', na roda viva da vida. Paz e luz no infinito!!

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