A tez
Da tarde
Meu ardor
A onda blues
Do oceano
Minha saudade
A mó em rodopio
A semente deitada nas pedras
Vertendo pão
As doçuras
Do trigo
"Que cabe na semente"
E a dor da gente
Que não cabe
Em nós
Mas virar a alegria no terreiro
Em que se faz a fogueira de
Assar milho
Depois da fogueira
A cinza
E os belos blues de despedida
Ainda haverão homens
Que façam tudo isso
E os que não possam mais fazê-lo
Escrever
As cartas
Do tempo
Singrar
As páginas
Das águas
Criar mapas
Marcar morros
E enseadas
Matar gente
Erguer
Muralhas
Rezar o terço
Para laçar
Os negros
Desembainhar
As espadas
E queimar as culpas
Os homens
Os homens
Os homens
Do código
Escrito da fala
Da palavra
E do silêncio
Do cílio ao vento
E a falta da alma
São as ilusões sólidas
As que produzem poderes
Criam códigos
Velados
Leves e indeléveis
Mas não são impenetráveis
Determinam os preços
E os brilhos dos desejos
Há homens e
Acordos tácitos
Eles acompanham
Todos os cortejos
Até que seja o seu próprio
E esteja banhado me flores
Os que estão fora desse Rosário
Debulham-se em covas rasas
E que na verdade não morreram
Foram expurgados do tempo
Suas flores são de vento e suas memórias
São cores alaranjadas no Céu
Um rio
Um mar
Um amor
E tudo que ficar pra traz
No lado escuro
Do homem
Poste
Luz incidente
Na madrugada
Porção de luz única
No nada
Sob a diáfana
Luz
Uma breve mariposa
E o bêbado na calçada
Soluça um blues desperado
Sem cachaça e sem dinheiro
Sem pecados
Não sabe voltar pra casa
Aquece a luz
E a lei da física
A apaga