violência simbólica representa uma ameaça à dignidade da pessoa, resultando em sua submissão, seja de forma psicológica, econômica ou...

Violência simbólica

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violência simbólica representa uma ameaça à dignidade da pessoa, resultando em sua submissão, seja de forma psicológica, econômica ou social. Essa prática ocorre com a conivência tanto da vítima quanto do agressor, muitas vezes sem que percebam — com lucidez — o que estão vivenciando ou praticando. O conceito foi introduzido pelo filósofo e sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930 - 2002). A natureza violenta de uma força simbólica coercitiva é complexa em sua manifestação, tornando-se mais sutil para ser
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identificada ou mesmo resistida quando empregada pelos meios de comunicação,os quais estabelecem uma relação de dependência.

A violência simbólica se instala no processo de socialização com a finalidade de construir uma crença, induzindo uma pessoa a se posicionar no espaço social seguindo critérios agressivos e padrões cruéis do discurso dominante. Em seu livro O poder simbólico, Pierre Bourdieu afirma:

“Os sistemas simbólicos como instrumentos de conhecimento e de comunicação, só podem exercer um poder estruturante porque são estruturados. O poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnoseológica: o sentido imediato do mundo (e, em particular, do mundo social) supõe aquilo a que David Émile Durkheim (1858 - 1917) chama o conformismo lógico, quer dizer, uma concepção homogênea do tempo, do espaço, do número, da causa, que torna possível a concordância, entre as inteligências. Durkheim — ou, depois dele, Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881 - 1955), que fez assentar a
'solidariedade social' no fato de participar num sistema simbólico — tem o mérito de designar explicitamente a função social (no sentido estrututo-funcional) do simbolismo, autêntica função política que não se reduz à função de comunicação dos estruturalistas. Os símbolos são instrumentos, por excelência, da integração social: enquanto instrumentos de conhecimento e de comunicação (...), eles tornam possível o consensus acerca do sentido do mundo social que contribui fundamentalmente para a reprodução da ordem social: a integração lógica é a condição da integração moral.”
1989, p. 9-10

Pierre Bourdieu apresenta no texto citado que os indivíduos incorporam a estrutura social, legitimando-a e reproduzindo-a. Ele analisa os símbolos de violência como um processo no qual certos valores culturais são impostos e perpetuados, cujos efeitos são primariamente psicológicos. Em sua visão, essa forma de crueldade difere da violência física. O pensador, em colaboração com o sociólogo francês Jean-Claude Passeron (1930), desenvolve no livro
A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino (1990) a ideia de que, embora às vezes pareçam universais, os sistemas simbólicos variam ao longo do tempo e das sociedades quando são compartilhados por um grupo social perverso. A violência simbólica, quando posta em prática, impõe a cultura dominante, tornando-se algo comum e natural nas relações humanas. Nesta fase, os indivíduos subjugados perdem a capacidade de se opor com base em seu senso crítico e de pertencimento, tornando-se alienados e frequentemente incapazes de reconhecer a própria condição de vítimas e escravos do poder coercitivo de forças mais poderosas.

A violência simbólica está presente nas instituições e entre os empresários que controlam a economia contra a dignidade humana. Eles procuram influenciar os outros com ideologias de ódio, a fim de promover desigualdades sociais que favoreçam os interesses do poder econômico e limitem o pensamento crítico das pessoas. Os meios de comunicação são usados para propagar mensagens falsas que visam destruir as culturas de identidades e de pertencimentos em larga escala, levando à submissão dos grupos sociais mais vulneráveis e ao controle absoluto da sociedade. Por exemplo, estereótipos sobre negros que os associam à preguiça, ou a erotização de mulheres mulatas para a satisfação sexual. Observa-se que esse tipo de violência começa pela linguagem.

A educação é um processo pelo qual o indivíduo pode alcançar a sua liberdade e reconhecer a presença da violência simbólica no seu dia a dia. Essa consciência é fundamental para promover discursos e atitudes de honra e democráticas. Um exemplo disso na escola ocorre quando alunos provenientes de meios sociais marginalizados sofrem discriminação devido a terem preferências estéticas diferentes daquelas impostas por um grupo dominante que dita o que é correto em termos de comportamento e aparência. Essa discriminação perpetua o preconceito linguístico e comportamental, transformando a escola em um ambiente hostil e desagradável para esses estudantes, que frequentam o espaço com autoestima baixa, internalizando a crença de que sua cultura é inferior e indigna, o que os leva à evasão escolar.

Em seu livro A dominação masculina (1998), Pierre Bourdieu versa a questão da violência simbólica exercida pelos homens sobre as mulheres. De acordo com o autor, tornou-se desumano o fato de que os homens detenham mais dinheiro do que as mulheres, refletindo a naturalização da dominação masculina na sociedade. Isso se traduz na prática de oferecer salários mais baixos para mulheres que ocupam as mesmas posições que homens, bem como na crença de que elas deveriam ganhar menos devido à maternidade. A ideia de controle masculino sobre o corpo feminino se manifesta de maneira trágica nos casos de feminicídio. Anteriormente, esse crime era frequentemente justificado como resultado de emoções intensas e doentias, reforçando a suposta superioridade masculina e a noção de posse sobre o corpo das mulheres, refletindo o sentimento de impunidade por parte dos agressores. Essa forma de violência se manifesta de maneira extrema nos casos de assassinato.

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  1. Anônimo4/5/24 12:24

    Muito bom👏👏👏👏👏👏👏👏,vamos compartilhar 🙏🙏🙏🙏🙏✂️🪡🧵

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