Mostrando postagens com marcador Clóvis Roberto. Mostrar todas as postagens

Luzes se confundem em horizontes noturnos. De um ponto flashes disparam trovoadas e prometem chuvas para breve... em outro canto inten...

luzes poesia prosa paraibana
Luzes se confundem em horizontes noturnos. De um ponto flashes disparam trovoadas e prometem chuvas para breve... em outro canto intensivamente piscam aparelhos com pequenos sinais sonoros. A chuva clareia curiosamente intensa a noite com suas nuvens baixas e pesadas e os equipamentos que monitoram o corpo humano cintilam alertas por toda a madrugada. São túneis que dão passagens. Em ambos os casos estão a vida e os seus mistérios e os desafios.

Quero retornar aos campinhos de pelada dos bairros, lugares onde rolam bolas feitas de borracha, de pano, de plástico, improvisadas ou...

Quero retornar aos campinhos de pelada dos bairros, lugares onde rolam bolas feitas de borracha, de pano, de plástico, improvisadas ou oficiais feitas de couro e costuradas industrialmente. Quero voltar aos locais de chão de terra batida, algum areal ou onde há mesmo grama maltratada. Por ali, onde pés descalços na maioria das vezes ou protegidos por alguma chuteira surrada correm, chutam, dividem a bola.

Em casa, nas avenidas, nos becos, nos clubes e pelas ladeiras... O Carnaval tem uma energia diferente e como festa popular crava na me...

carnaval olinda
Em casa, nas avenidas, nos becos, nos clubes e pelas ladeiras... O Carnaval tem uma energia diferente e como festa popular crava na memória várias lembranças. O colorido, as músicas, a alegria, o sorriso, a maratona. E a mente vai arquivando em pastinhas feito uma aquarela as imagens, sensações e situações.

Um sino badala uma hora fechada na torre da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, chamando os fieis à missa. As batidas soam ...

centro historico joao pessoa
Um sino badala uma hora fechada na torre da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, chamando os fieis à missa. As batidas soam como uma memória longínqua que retorna a intervalos simétricos do tempo. Ao redor, os carros seguem fluindo pelas ruas próximas, descem pela Rua General Osório ou por laterais até sumir. Nas calçadas, um ou outro passante aperta o passo em busca das ilhas-sombras das árvores e fachadas dos prédios. O dia pela metade tem um Sol por testemunha de tudo o que acontece e até passa despercebido.

O amanhecer instala a cantoria de sonoridades diversas, disparadas de pequenos corpos com coloração e tamanhos diferentes. Galhos de á...

passaro canto natureza contemplacao
O amanhecer instala a cantoria de sonoridades diversas, disparadas de pequenos corpos com coloração e tamanhos diferentes. Galhos de árvores distantes, fios, alto de muros se transformam em palco para o canto de rolinhas, sibitos, bem-te-vis, sabiás, beija-flor e outros pássaros que residem naquela área urbana. Apesar da calmaria daquelas paragens, do sossego quebrado pelos piados em tons múltiplos, são poucos os que param para prestar atenção ao concerto da passarada.

Uma porta, um pedaço de calçada, um batente de entrada, o meio de uma rua com muitos fios de histórias com início, meio e fim, lugare...

centro histotico joao pessoa memoria
Uma porta, um pedaço de calçada, um batente de entrada, o meio de uma rua com muitos fios de histórias com início, meio e fim, lugares onde mundos se cruzam. Há placas, seja nas esquinas cruzadas, fachadas armadas, monumentos silenciosos com indicações e versões e olhares pelos centros seculares. Caminhar de antes e talvez de futuros. Por ali tudo se transforma em olhos, pelas frestas de portas, nas janelas lacradas por tijolos recentes. E, ainda assim, o mundo se abre em paredes antigas, reavivando camadas de tintas, ressuscitando cenas vividas outrora.

Janeiro que chove ano novo. A folhinha trocada na parede e as folhas verdes molhadas na praça. O peso enverga os galhos...

chuva janeiro
Janeiro que chove ano novo. A folhinha trocada na parede e as folhas verdes molhadas na praça. O peso enverga os galhos que se abaixam para conseguir carregar a água. Sai de cena o branco da roupa, o céu veste-se de brancas nuvens. E logo o azul se abre para o abraço do rei Sol pela terra brevemente encharcada e seca as superfícies. Os números vão se trocando em espaços precisos com a sincronização e a efemeridade do tempo. Movem-se relógios, pessoas, bichos e o mundo.

Sal, era o gosto da pele na boca. Azedo era o cheiro do couro molhado da bola enquanto secava em dias pós-chuva quando a t...

poesia prosa imagem cotidiano
Sal, era o gosto da pele na boca. Azedo era o cheiro do couro molhado da bola enquanto secava em dias pós-chuva quando a terra molhada amaciava os pés que iriam chutar e se tatuar com o pó, o barro, a poça d'água e a grama. A outra água, mesmo sem ter sabor, era sentida doce pela língua ao matar a sede. Os olhos capturaram todos os verdes, vermelhos, azuis e todas as tonalidades, mesmo que à distância as figuras ficaram embaçadas. Anos coloridos.

As memórias são plantadas em nossas mentes ao longo da vida. Boas lembranças regadas são como jardins floridos, quintais cheios de fru...

recordacao jardim nostalgia planta
As memórias são plantadas em nossas mentes ao longo da vida. Boas lembranças regadas são como jardins floridos, quintais cheios de frutas prontas para serem provadas a cada vez que visitam a nossa mente. E elas trazem além de sabores, cheiros, presenças. Pela vida, podemos revisitar muitos plantios, reencontrar flores e frutíferas de outras épocas que vivem nas nossas realidades. É quase possível tocar a terra onde a raiz nutria o resto da planta, sentir o vento, molhar as mãos durante o regar da vida.

Um tranquilo beija-flor estaciona no ar diante da flor no equilíbrio vertiginoso das suas asas. Permanece ali no beijo...

cronica cenario paisagens
Um tranquilo beija-flor estaciona no ar diante da flor no equilíbrio vertiginoso das suas asas. Permanece ali no beijo apaixonado enquanto a manhã de preguiça dominical adentra o dia e o sol atira raios para todos os lados. O pássaro permanece ali alguns instantes até encerrar a curta relação de amor e seguir para um novo encontro floral e, assim, satisfazer o desejo da natureza. Os olhos humanos atentos apreciam a dança do colibri e o vento que balança suavemente o galho em um quadro momentâneo. E perto dali jarros brotam exuberância. Colorem o papel da manhã que se abre e ordenam a flor que se liberte.

Velhas roupas e novas promoções podem ser atrativas no intervalo da TV que despeja centenas de bombas que ouvimos estrondar baixo. ...

melancolia angustia
Velhas roupas e novas promoções podem ser atrativas no intervalo da TV que despeja centenas de bombas que ouvimos estrondar baixo. No Sul do globo ocular os erros se repetem cometidos por outros. As caixinhas eletrônicas transmitem zilhões de informações consumidas aleatoriamente, que mal se consegue processar. O resultado é o julgamento sumário de realidades profundas. As cenas se sucedem entre o braço erguido

Na vida urbana a árvore é vítima, não é vilã. Homens também são vítimas de outros homens. Na esquina o sopro mais forte vi...

arvore derrubada natureza ecologia
Na vida urbana a árvore é vítima, não é vilã. Homens também são vítimas de outros homens. Na esquina o sopro mais forte vindo das nuvens e a agitação da chuva desequilibrada provocam o baque sobre fios, rua, carros e pessoas. De repente, a escuridão tempestuosa faz da noite o que é ela é noite, e apaga a artificial iluminação.

      Catavento Quero me dedicar aos cataventos poder abraçar ar puro as pás remam as nuvens mergulho de pássaro no vazio ch...

poesia paraibana clovis roberto
 
 
 
Catavento
Quero me dedicar aos cataventos poder abraçar ar puro as pás remam as nuvens mergulho de pássaro no vazio cheio Quero ser folha no sopro do catavento Salto em círculos, cambalhotas e ritmos Suave ao deitar no chão Vida em ciclos, ventos

Água pelo caminho, um caminho de águas, uma caminhada em busca das águas. Salgada, doce, fria, quente, para ser bebida, servida em of...

agua cachoeira trilha natureza
Água pelo caminho, um caminho de águas, uma caminhada em busca das águas. Salgada, doce, fria, quente, para ser bebida, servida em ofertas. Líquida desce pelas encostas, cria estradas, salta por entre pedras, molda quadros, umedece o mundo, produz luz ao toque solar. Sensível e forte, mata as sedes humanas, tanto as corpóreas quanto as espirituais.

A luz brilhava no céu feito a ponta de um lápis marcando uma página de azul escuro. A luminosidade fazia uma longa curva. Os olhos mal ...

guerra luzes ceu misseis
A luz brilhava no céu feito a ponta de um lápis marcando uma página de azul escuro. A luminosidade fazia uma longa curva. Os olhos mal puderam perceber o rabisco do corpo celeste em deslocamento. Beleza celestial. De volta à terra e a pseudo normalidade, a visão era de uma paz tranquilizadora. Os espaços vazios entre as cidades assemelhavam-se como vácuos da loucura humana, um intervalo para apenas observar a calmaria, escutar o silêncio. Logo, as luzes artificiais ofuscarão o céu e impossibilitarão observar as infinitudes do espaço.

Os heróis caíram ao chão, incapazes da própria defesa. Um era o bonequinho do Homem-Morcego, derrubado num canto do piso, esquecido p...

vida forca farsa vaidade
Os heróis caíram ao chão, incapazes da própria defesa. Um era o bonequinho do Homem-Morcego, derrubado num canto do piso, esquecido pelas pequenas mãos que o dominavam. Há milhares de quilômetros dali foi por terra, melhor, cortada da conexão com a terra, a heróica e simbólica árvore do Reino Unido, serrada pelos braços de um jovem de 16 anos. O motivo, não importa. Após dois séculos sinalizando o encontro de dois cumes postos lado a lado, ela era como o buquê em representação da união. O corte implacável e inexplicável soa como o rompimento dos laços homem-natureza. Heróis por terra.

A poeira acumula-se por todos os lados. Do álbum de fotografia aos cantos dos olhos, da vastidão da rua atravessa o vazio para o interi...

deserto vento destino
A poeira acumula-se por todos os lados. Do álbum de fotografia aos cantos dos olhos, da vastidão da rua atravessa o vazio para o interior da casa, está suspensa no ar quase que imóvel, girando em órbita aleatória sob o feixe de luz que adentrada na tarde pela fresta da janela entreaberta. Há pó na superfície dos planos, dos sonhos e de antigos sorrisos que, vez por outra, com um sopro, afastam a fina camada para reviver cenários e pessoas.

Há um pedacinho da Praia de Cabo Branco que é mágico. Ali, nas curvas finais do bairro que se estende entre a falésia às suas costa...

cabo branco paraiba joao pessoa
Há um pedacinho da Praia de Cabo Branco que é mágico. Ali, nas curvas finais do bairro que se estende entre a falésia às suas costas e o Oceano Atlântico diante dos seus olhos, ocorre a aproximação da barreira com as águas salgadas. Uma pista separa mar e terra. As ondas mostram seguidamente o desejo de beijar o relevo e força passagem. O homem, um teimoso em mostrar que pode domar a natureza, reconstrói a estrada, que, provavelmente, voltará a ser danificada. Um ciclo em que o ser humano perde sempre.

As idades já são avançadas. As peles, pintura gasta, reboco disforme, cimento esburacado, revelam mais que idades. Na verdade, indi...

parahyba joao pessoa nostalgia centro historico
As idades já são avançadas. As peles, pintura gasta, reboco disforme, cimento esburacado, revelam mais que idades. Na verdade, indicam o descuido dos entes próximos, os herdeiros, os habitantes, os passantes. Elas resistem, são guardiãs de muitas histórias, testemunhas de transformações. Os ossos, tijolos ou pedras, fortes, sustentam as estruturas e resistem aos desafios que os séculos impõem. O homem continua a ser, ora o inventor e restaurador, do mesmo modo o aniquilador que faz desmoronar as mais fortes com força bruta e tantas vezes estúpida.

Há uma entidade mística branca dos tempos anteriores pré-descobrimento, um ser em forma de homem que ensinou aos indígenas a agricultur...

sume cariri paraiba
Há uma entidade mística branca dos tempos anteriores pré-descobrimento, um ser em forma de homem que ensinou aos indígenas a agricultura. Ele andou pelos cariris e escapou às tentativas de ser morto pelas flechas dos indígenas, caminhou rumo ao oceano e andou sobre as águas até não ser mais visto. Existe uma terra guardiã no Semiárido, em cuja entrada há elevações guarnecidas de pedra. Dos segredos cantados por Zé Ramalho, da aparição de São Tomé da tradição católica colonial brasileira, a origem de uma terra, a morada de um povo.