Mostrando postagens com marcador Francisco Gil Messias. Mostrar todas as postagens

Por coincidência ou por artes do destino, ele nasceu exatamente no dia primeiro de maio, dia dos trabalhadores. E foi o primeiro ...

martinho leal campos comunismo ditadura militar 64
Por coincidência ou por artes do destino, ele nasceu exatamente no dia primeiro de maio, dia dos trabalhadores. E foi o primeiro menino a nascer na antiga Maternidade Frei Martinho, em Jaguaribe, daí seu nome, cujo diminutivo combina tanto com suas naturais doçura e cordialidade, sem prejuízo da coragem e do brio nos momentos necessários. Pois é um bravo, como bem sabem os que o conhecem mais de perto.

Pagu é o apelido mais conhecido de Patrícia Galvão, a célebre escritora e agitadora cultural paulista. Este apelido foi criado pelo ...

pagu maria valeira rezende patricia galvao
Pagu é o apelido mais conhecido de Patrícia Galvão, a célebre escritora e agitadora cultural paulista. Este apelido foi criado pelo poeta Raul Bopp, que pensava que o nome dela era Patrícia Goulart, daí Pagu. Mas ela foi mulher de muitos nomes e pseudônimos, como Zazá (apelido de família), Pat, Patsy, Mara Lobo (nome adotado pelo Partido Comunista, ao qual ela era filiada),

Maria. Tão somente Maria, como a mãe de Jesus. E não precisava de mais. Por esse nome simples, belo e universal, com o seu inafastáve...

trabalho domestico
Maria. Tão somente Maria, como a mãe de Jesus. E não precisava de mais. Por esse nome simples, belo e universal, com o seu inafastável quê de divino e ao mesmo tempo tão humano, tão comum, tão popular, todos a chamavam. E era o bastante para ela atender prestativamente ao chamado, fosse de quem fosse. Sobrenome não era necessário nem lhe importava. Sobrenome é coisa das formalidades do mundo, das vaidades do mundo, e ela viveu a vida inteira como que à margem do mundo exterior, pois seu universo, aquele que lhe bastava, resumia-se ao âmbito da casa da família que a acolhera desde mocinha e na qual exerceu todos os ofícios domésticos da época, ou seja, babá, cozinheira,

As pessoas são as mesmas em todo lugar? Mudam a geografia, a língua, a história e a cultura, mas os vícios e as virtudes dos homens s...

neruda llosa isla negra
As pessoas são as mesmas em todo lugar? Mudam a geografia, a língua, a história e a cultura, mas os vícios e as virtudes dos homens são potencialmente os mesmos, desde sempre? Existe o que se chama de “natureza humana”? É possível, mas há quem negue essa tal natureza. Os existencialistas, por exemplo, para os quais, a existência precedendo a essência, não há por que se falar em uma natureza humana predefinida, já que as pessoas vão se definindo por si mesmas, para o bem e para o mal, à medida em que vivem, ou seja, vão se construindo aos poucos, em meio a escolhas e circunstâncias. É uma questão filosófica interessante. Mas o fato é que a experiência tem mostrado fortes argumentos em contrário, independentemente de crenças religiosas ou assemelhadas. As pessoas se repetem tanto, no bem e no mal, em todo lugar e ao longo do tempo, que parecem mesmo ter algo em comum.

Não vou dizer que o tempo voa para não cair num lugar-comum. Pensamos e sentimos que o tempo voa ou passa devagar de acordo com nossa...

filosofia literatura paraibana jose jackson carvalho
Não vou dizer que o tempo voa para não cair num lugar-comum. Pensamos e sentimos que o tempo voa ou passa devagar de acordo com nossas circunstâncias. Mas o tempo não voa nem retarda o passo; ele tem o seu tempo próprio e inalterável, a despeito de todos os relógios. O fato é que em 22 de fevereiro deste 2024 completa um ano da partida do filósofo, professor e escritor José Jackson Carneiro de Carvalho, símbolo inconteste da melhor intelectualidade paraibana e brasileira.

É raro, mas acontece. A prova – e a razão para comemorar – é a notícia da restauração de antigo e belo casarão do Centro Histórico p...

restauracao centro historico joao pessoa semdh
É raro, mas acontece. A prova – e a razão para comemorar – é a notícia da restauração de antigo e belo casarão do Centro Histórico para a instalação da futura sede da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH). Se não me engano, o imóvel, praticamente em ruínas, se situa nas Trincheiras e foi adquirido pelo governo estadual com a finalidade citada. É um valioso exemplo que é dado aos demais órgãos e entidades públicos, como também ao empresariado paraibano. Muita coisa bonita e importante, do ponto de vista histórico e cultural, ainda pode ser salva no Varadouro e no Centro da Capital se houver vontade para tanto.

As ironias capitalistas. O cemitério de Highgate, em Londres, está vendendo por 25 mil libras túmulos na proximidade da sepultura d...

cemiterio karl marx
As ironias capitalistas. O cemitério de Highgate, em Londres, está vendendo por 25 mil libras túmulos na proximidade da sepultura de Karl Marx, ponto turístico da necrópole londrina. Ou seja, quem desejar descansar para sempre ao redor da celebridade terá que pagar caro por isso. Definitivamente, pode-se dizer então que o velho Marx é pop, do mesmo modo como a rainha Elizabeth II, do Reino Unido, também o foi, e assim por diante. Mais que isso: virou uma mercadoria, um produto de luxo, com bom valor de mercado. O fato comprova que ninguém escapa do chamado “establishment”.

Duas notícias recentes: roubaram o busto de bronze (45 quilos) que adornava o túmulo de Nelson Rodrigues no cemitério São João Batist...

cemiterios nelson rodrigues
Duas notícias recentes: roubaram o busto de bronze (45 quilos) que adornava o túmulo de Nelson Rodrigues no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, e os sobrinhos-netos de Jorge Luís Borges querem trazer seus restos mortais de Genebra para Buenos Aires. Os dois fatos mostram o desrespeito de que são vítimas os mortos no Brasil e além. Vejamos.

O homem é um animal que escolhe. Os outros bichos será que o fazem? Não sei. O instinto e a ausência do livre-arbítrio devem limitá-los...

servico publico aposentadoria compulsoria
O homem é um animal que escolhe. Os outros bichos será que o fazem? Não sei. O instinto e a ausência do livre-arbítrio devem limitá-los muito, talvez totalmente. Mas o homem, não. Ele passa o dia escolhendo, vive escolhendo. Praticamente em tudo que faz – ou não faz – há escolha. E, sendo assim, às vezes ele acerta, às vezes ele erra. Que fazer? É o preço da liberdade, que também atende pelo nome de responsabilidade, os filósofos sabem disso.

Conheci o doutor Nereu Santos nas lides forenses. Eu, na qualidade de procurador da UFPB, e ele, na de representante do Ministério Pú...

nereu santos justica paraiba
Conheci o doutor Nereu Santos nas lides forenses. Eu, na qualidade de procurador da UFPB, e ele, na de representante do Ministério Público Federal. Participamos juntos de algumas audiências na Justiça Federal, cada qual no desempenho de suas respectivas missões institucionais. Eu ainda relativamente jovem; ele já na chamada meia-idade, em plena maturidade pessoal e profissional. Mas ainda vigoroso e atuante, mesmo mantendo a serenidade e a fleuma de um verdadeiro cavalheiro inglês, que ele sempre foi, até o fim.

Rosa Freire d’Aguiar, jornalista, tradutora e escritora, viúva amorosa de Celso Furtado, vem organizando e publicando importante m...

cheiro flor caju thiago mello
Rosa Freire d’Aguiar, jornalista, tradutora e escritora, viúva amorosa de Celso Furtado, vem organizando e publicando importante material da lavra do economista, deixado inédito. Ela já publicou, entre outros, os diários e a correspondência intelectual do paraibano de Pombal que brilhou no cenário do mundo, para justo orgulho aldeão e nacional. É uma tarefa imensa e minuciosa, explicada não só pelo zelo intelectual, mas principalmente pelo afeto e pelo senso de obrigação de divulgar escritos e ideias que são patrimônio da cultura brasileira e mundial. Só para o volume das missivas (Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2021) ela leu cerca de 15 mil cartas, “anotando nomes, assuntos, cotejando datas e assinaturas, não raro decifrando as manuscritas, em várias línguas.”. Trabalho de Hércules, como se vê, e levado a êxito, indiscutivelmente.

O leitor já ouviu falar nesse tal questionário Proust? Não tem problema se não. Ele é um conjunto de perguntas de autoconhecimento torn...

O leitor já ouviu falar nesse tal questionário Proust? Não tem problema se não. Ele é um conjunto de perguntas de autoconhecimento tornado comum em fins do século XIX e era algo assim como os diários, cultivados por moços e moças, principalmente por estas, sempre sonhadoras. O célebre escritor francês Marcel Proust (1871-1922) respondeu-o quando tinha 18 anos,

O monumento é o livro Casa Grande & Senzala, do pernambucano Gilberto Freyre, cuja publicação está completando neste 2023 glorio...

casa grande senzala gilberto freyre
O monumento é o livro Casa Grande & Senzala, do pernambucano Gilberto Freyre, cuja publicação está completando neste 2023 gloriosas nove décadas. Verdadeiramente um monumento sociológico, antropológico e literário, reconhecido como tal no mundo inteiro, a despeito das mesquinhas restrições feitas por alguns preconceituosos, invejosos ou despeitados de nossa USP, incapazes de enxergar inteligência e grandeza para além da capital paulista, principalmente no Nordeste, e míopes do intelecto por só conseguirem analisar o mundo e a história pelo limitado viés da luta de classes marxista, como se não existissem ou fossem possíveis outras formas de ver e interpretar a realidade tão plural. E pensar que essa obra tão importante, tão vasta e de tanto alcance foi publicada quando o autor tinha apenas 33 anos de idade,

85 anos viveu Nélida Piñon, uma das grandes da literatura brasileira. Falecida ano passado, 2022, em Lisboa, foi apanhada pelo “sopro...

nelida pinon

85 anos viveu Nélida Piñon, uma das grandes da literatura brasileira. Falecida ano passado, 2022, em Lisboa, foi apanhada pelo “sopro da morte” em plena atividade, como sempre viveu, desde mocinha, essa valente descendente de espanhóis da Galícia, nascida no Rio de Janeiro em 1937. Filha única e sem filhos, tomou a si a responsabilidade de inscrever o nome familiar na história do Brasil, através da escrita, ofício a que se dedicou por inteiro e que lhe retribuiu com muitas glórias, inclusive a de ser a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras.

Os chamados medalhões existem desde sempre. Mesmo nas cavernas já existiam aqueles que queriam parecer importantes, distintos e respe...

medalhao machado assis vaidade
Os chamados medalhões existem desde sempre. Mesmo nas cavernas já existiam aqueles que queriam parecer importantes, distintos e respeitáveis, enfim, merecedores da admiração dos demais, sobre os quais pretendiam exercer, em proveito próprio, uma espécie de ascendência ou superioridade. Os medalhões, sabemos, desejam estar sempre por cima, seja no grupo, seja na sociedade; enfim, eles almejam ser e parecer exatamente… medalhões.

Augusto dos Anjos, sabe-se, morou na capital paraibana, então chamada de Paraíba, no período que vai de 1908 (ano da morte de Mach...

augusto anjos poesia paraibana
Augusto dos Anjos, sabe-se, morou na capital paraibana, então chamada de Paraíba, no período que vai de 1908 (ano da morte de Machado de Assis) a 1910. A rigor, não teve uma casa para chamar de sua, tantas foram as suas moradas, principalmente na Rua Direita (atual Duque de Caxias). Como bem disse José Américo em célebre palestra, o poeta estava sempre “pulando de uma casa para outra, nas ruas da Capital”, o que certamente retratava a instabilidade financeira,
augusto anjos poesia paraibana
Faculdade de Direito (Recife) Caio Fernandez
profissional e pessoal do homem triste que não logrou fixar-se em nossa aldeia, a despeito de ter tudo para isso: um berço senhorial (não importa se decadente), um diploma de bacharel em Direito pela prestigiosa Faculdade do Recife, inteligência e talento mais que provados nas páginas dos jornais da época. Às vezes penso que tudo tinha de ser assim – difícil - para ele, para que do sofrimento e das dificuldades pudesse brotar o Eu, sua obra única e imortal. Quem sabe, tivesse tido ele sucesso na província, bom emprego, bom salário, reconhecimento e prestígio social, tivesse se perdido para as letras – as altas letras, diga-se -, como tantos valores costumam se perder na volúpia das facilidades e na preguiçosa acomodação da bonança. A felicidade, que eu saiba, nunca gerou grande arte. Não sei a razão, mas é assim. E talvez foi por isso que alguém já escreveu que “só os idiotas são felizes”. Será?

Mais um livro de Hildeberto Barbosa Filho (já são mais de sessenta), o mais produtivo autor paraibano em todos os tempos. E autor d...

hildeberto barbosa literatura paraibana
Mais um livro de Hildeberto Barbosa Filho (já são mais de sessenta), o mais produtivo autor paraibano em todos os tempos. E autor de indubitável qualidade, tanto na prosa como na poesia. Desta vez, trata-se de Da Volúpia do Erro – Pensamentos provisórios, Editora Ideia, João Pessoa, 2023, reunião de pequenos textos (os tais pensamentos) anteriormente publicados, aos poucos, no Facebook. Comecemos, então, pelo título, que é por onde todo livro começa.

Em 20 de março de 1953 morria, aos 60 anos, de câncer no pulmão, o alagoano Graciliano Ramos, no Rio de Janeiro, cidade que adotou, ap...

graciliano ramos modernismo
Em 20 de março de 1953 morria, aos 60 anos, de câncer no pulmão, o alagoano Graciliano Ramos, no Rio de Janeiro, cidade que adotou, após o cárcere, até o precoce final. O velho Graça fumou demais, cigarros fortes, não raro feitos pelo próprio com as mãos, à moda sertaneja a que se manteve fiel em vários aspectos. Sua enfermidade, pois, não causou surpresa a ninguém, nem a ele mesmo, lúcido como foi. O cigarro sempre foi um vício, mas também uma muleta social e um narcótico portátil, droga leve e embriagadora que a muitos se torna indispensável no cotidiano da vida. Cada qual sabe do que precisa para suportar o peso da existência. No caso dos escritores – e de Graciliano em particular —,

O livro é Pensamentos vadios (Editora Ideia, João Pessoa, 2022), da professora e filósofa Maria das Neves Franca, a Nevita. É um livro d...

literatura paraibana nevita franca livro
O livro é Pensamentos vadios (Editora Ideia, João Pessoa, 2022), da professora e filósofa Maria das Neves Franca, a Nevita. É um livro da maturidade existencial e intelectual da autora (cada vez mais jovem), que trata sobre tudo, daí o título, imagino, que conduz o leitor à reflexão mais séria a respeito de assuntos aparentemente simples e cotidianos; daí também sua insuspeitada profundidade, mas sem renunciar à leveza típica da crônica e ao sabor que só as escrituras autênticas possuem.
literatura paraibana nevita franca livro
A obra pode até ser a primeira sob a forma de livro, já que a autora confessa suas dúvidas quanto à publicação, mas, afirmo, não é trabalho de estreante. Pelo contrário, muito pelo contrário. A forma e o conteúdo dos textos revelam alguém muito à vontade e muito experiente com a escrita e com o pensamento, características incontornáveis dos verdadeiros escritores. O livro, portanto, é profundo (sem ser sisudo); e se perfunctórias são as presentes considerações, a culpa é da falta de fôlego deste cronista para mergulhos mais ousados, da limitação do espaço e do compromisso com a simplicidade inerente ao gênero lítero-jornalístico adotado.

Não é de hoje, ela é uma das melhores tradutoras do país. Sua mais recente empreitada é nada mais nada menos que a tradução de À proc...

paris livros cronica viagem
Não é de hoje, ela é uma das melhores tradutoras do país. Sua mais recente empreitada é nada mais nada menos que a tradução de À procura do tempo perdido, de Proust, ao lado do jornalista Mário Sérgio Conti, para a Companhia das Letras. Essa é a terceira tradução brasileira da célebre obra, após a dos anos 1940, da Editora Livraria do Globo, levada a efeito por grandes escritores nacionais, como Quintana, Drummond, Bandeira e outros mais, e a de 1990, do poeta Fernando Py. O propósito atual é atualizar as traduções anteriores, dando ao texto original uma frescura contemporânea, o que muito contribuirá para