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Quando eu era criança, sentia uma profunda empatia (e simpatia) pelo Patinho Feio, não que eu me considerasse um pequeno monstrinho, mas por – quem sabe – não me reconhecer tão acolhido quanto desejava. Sempre achei que eu fosse, e às vezes acho, confesso, que não sou o filho que meus pais idealizaram. Porém, quem deve ser, de fato?

Minha experiência com o ensino de Literatura tem me convencido de que não existe, de fato, quem não goste de ler. As pessoas que o a...

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Minha experiência com o ensino de Literatura tem me convencido de que não existe, de fato, quem não goste de ler. As pessoas que o alegam, provavelmente, tiveram contato com a literatura de forma infeliz. Em geral, somos sedentos por conhecimento. Necessitamos fantasiar, transcender

“Texto” vem do latim textum, que significa “tecido”. Não por acaso associamos ao conceito palavras que pertencem ao mesmo campo s...

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“Texto” vem do latim textum, que significa “tecido”. Não por acaso associamos ao conceito palavras que pertencem ao mesmo campo semântico: trama, enredo. Considerando o texto como um tecido, não devemos desconsiderar os fios que o compõe, a fim de levá-lo a uma unidade significativa, afinal não há como considerar uma camisa apenas pela sua manga, pela gola ou por sua barra.

Perguntaram-me qual é a minha métrica para escolher livros. Fiquei pensativo, porque nunca parei, de fato, para “medir” as escolhas...

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Perguntaram-me qual é a minha métrica para escolher livros. Fiquei pensativo, porque nunca parei, de fato, para “medir” as escolhas que faço no âmbito da minha bibliomania. Mania se mede? Reflito, então, que os livros mais marcantes foram justamente aqueles que me escolheram e não os escolhidos. Na nossa vida de leitores, há livros que são imprescindíveis, dado que são clássicos, essenciais para a formação acadêmica, de professores a advogados, passando por psicólogos,

Em um invólucro, para proteger-me de mim e do mundo, sou incoerente: não quero tamanha proteção. Que o mundo me afete, mas não me fa...

cubismo paul klee misterio vida
Em um invólucro, para proteger-me de mim e do mundo, sou incoerente: não quero tamanha proteção. Que o mundo me afete, mas não me faça perder o afeto. Talvez já seja um tanto tarde demais, mas ainda me resta um pouco de delicadeza. E eu vou entre contrações e descontrações. A cada dia me (re)parto na ávida busca pela unicidade. Antes, ser plural. Mas meu corpo se desencontra da minha alma.

Em Amar, verbo intransitivo (1927), de Mário de Andrade, a relação entre Carlos e Elza se inicia com a aproximação da linguagem. Durant...

amor paixao desejo
Em Amar, verbo intransitivo (1927), de Mário de Andrade, a relação entre Carlos e Elza se inicia com a aproximação da linguagem. Durante a narrativa nos deparamos com vários momentos em que o corpo se constitui por meio da língua(gem). Isso é percebido quando ambos os sujeitos “se leem”, cada qual com seus estímulos e impulsos. Elza é a professora alemã do menino. A ela cabe o ensino do idioma de seu país. A atividade docente é interceptada quando entre eles o corpo

Foi no teu setembrante que me outonei. Primaverei. Submeti-me a uma fidelidade que determinou o teu mundo, mas sem escravizá-lo. ...

primavera outono estacoes
Foi no teu setembrante que me outonei. Primaverei. Submeti-me a uma fidelidade que determinou o teu mundo, mas sem escravizá-lo. Não fui eu o fator de ilusão. A lógica é simples. A emoção é o complexo. Não há conflito naquele que põe o amor como regente. Nele tornei-me religioso. Outono é tempo de queda. Neste, o solo é adubado. Primavera é tempo ressurreto. Na morte o fruto se desprende em sementes. Num tempo em que as cigarras cantavam e trocavam as carcaças, eu ficava sob a terra gerando meu canto. Neste solo, espinhos cravaram meus pés. Meu caminho inflamado...

Onde mora a felicidade? Não mora, não tem casa, é andarilha, pousa às vezes, vezes mais, vezes menos. Não admite receitas, regras nem...

Onde mora a felicidade? Não mora, não tem casa, é andarilha, pousa às vezes, vezes mais, vezes menos. Não admite receitas, regras nem milagres. É rebelde, atrevida, teimosa. Muitos, por a procurarem demais, acabam ficando para trás, restando-lhe uma miragem. Queremos um oásis, mas sequer caminhamos para encontrá-lo. Alguns almejam que se materialize diante de si imediatamente.

O amor como a poesia nos repõe o olhar, sedento pela crueza revestida de um leve cozimento - cicatriz a ser a lembrança. Não quero te...

montanha abismo plenitude viver
O amor como a poesia nos repõe o olhar, sedento pela crueza revestida de um leve cozimento - cicatriz a ser a lembrança. Não quero ter filhos para ser pai do mundo. Sem pretensão de ser Deus. Não quero que ninguém seja órfão em sua dor. Por isso estou sempre a gestar. Paro às vezes para parir. Sofro as contrações da vida e nalgumas madrugadas pus meu choro à prova. Fui aprovado. Já diziam: “a noite é curada com a lágrima”. É mais fácil acreditar nos precipícios lacrimais do que no sorriso fácil.

Hoje gostaria de assumir meu lugar de falha, que é atravessado pela fala, pelo interdito da voz, que, represada, irrompe numa agress...

falha reconhecimento mea culpa estatuas classicas
Hoje gostaria de assumir meu lugar de falha, que é atravessado pela fala, pelo interdito da voz, que, represada, irrompe numa agressividade, numa (im)pulsão de vida e morte. Meu horizonte verticalizado pela ânsia de querer ser gente, pelas exigências de uma sociedade inalcançável, cuja utopia se esvai para dar vez à distopia. O caos instaurado corrompe nossa humanidade, fazendo-a crer que o comum é normal,

“Sem amor não há paz” – diz uma das personagens do filme homônimo ao título deste texto. Do diretor russo Andrey Zvyagintsev, 2017...

filme russo sem amor
“Sem amor não há paz” – diz uma das personagens do filme homônimo ao título deste texto. Do diretor russo Andrey Zvyagintsev, 2017, a obra cinematográfica narra um drama familiar a partir de um casal que está se divorciando. No centro do conflito, está Alyosha, um garoto de 12 anos de idade, filho do casal. Até então, nada tão banal, se não fosse a forma (mal) conduzida desse término por seus pais, uma vez que estes descontam suas frustrações e desafetos no fruto desse relacionamento.

“O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos”. Affonso Romano de Sant'Anna

mulheres poder meia idade
“O rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos”.
Affonso Romano de Sant'Anna

Livres nós já não estamos, se é que um dia fomos. Dentre essas e outras notícias, Byung-Chul Han, filósofo coreano, nos traz na obra...

estresse depressao
Livres nós já não estamos, se é que um dia fomos. Dentre essas e outras notícias, Byung-Chul Han, filósofo coreano, nos traz na obra “Sociedade paliativa”. Em tempos nos quais a dor é vista como sinal de fraqueza, devemos nos manter sempre em alta performance, haja vista os discursos múltiplos em que a produtividade é a palavra da vez. As comparações se estabelecem indo desde as horas de trabalho até quantos quilômetros consegue-se percorrer a pé diariamente. Tenho que ser o mais bonito, mais atlético, o mais estudioso e trabalhador possível para ter meu valor, talvez, assegurado.

Ouvimos constantemente que há uma crise no Brasil referente à proficiência leitora, haja vista os dados revelados por pesquisas, como ...

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Ouvimos constantemente que há uma crise no Brasil referente à proficiência leitora, haja vista os dados revelados por pesquisas, como Retratos da Leitura no Brasil. Para conferir os resultados da 5ª edição, sugiro fazer a consulta na internet, pois quero me deter à escola que, por excelência, lhe cabe o papel principal de agente letrador. Todavia, se investigarmos como o acesso aos livros é ofertado, sobretudo nas instituições públicas brasileiras, ver-se-á que a maioria não dispõe sequer de uma pequena biblioteca.

No ano de 2022, comemorou-se o centenário da Semana de Arte Moderna. Entre as publicações do ano, merece destaque a biografia de Tarsil...

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No ano de 2022, comemorou-se o centenário da Semana de Arte Moderna. Entre as publicações do ano, merece destaque a biografia de Tarsila do Amaral, escrita pela historiadora Mary de Priore, intitulada Tarsila – Uma vida doce-amarga (José Olympio, 2022, 144 p). Dada a fluidez do texto, traço típico da autora, bem como o número pequeno – mas suficiente – de páginas, Priore opta por não dividir a obra em capítulos, narrando a vida da pintora de modo a manter a curiosidade acerca da biografada,

A maioria dos estudantes sai da educação básica sem habilidade para elaborar um texto que contenha o mínimo de ordem, coesão e coerên...

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A maioria dos estudantes sai da educação básica sem habilidade para elaborar um texto que contenha o mínimo de ordem, coesão e coerência. Não raro, isso ocorre até mesmo com estudantes universitários. O que falta? Dom? Talento? Não. Treino. Treino sistemático e frequente – que não se resume ao estudo massivo de normas da gramática normativa. Esse é apenas um dos diversos pilares na construção da escrita. A proficiência se dá, sobretudo, pelo conhecimento de diversos gêneros textuais – leitura e produção.

"Egoísmo não é viver como queremos, egoísmo é querer que os outros vivam como queremos que eles vivam" Oscar Wilde Certa ...

egoismo esnobismo egocentrismo
"Egoísmo não é viver como queremos, egoísmo é querer que os outros vivam como queremos que eles vivam"
Oscar Wilde

Certa vez, declarei não ser egoísta, mas ter o ego centrado. Explico, ou melhor, Flávio Gikovate, psicoterapeuta, explana bem o que eu gostaria de dizer com essa frase, no artigo “Individualismo não é egoísmo”. Nele, Gikovate faz a distinção entre o individualismo e o egoísmo. O individualismo está relacionado à individualidade, ou seja, à capacidade

“[...] eu nascera, crescera e envelhecera num só dia” Mia couto Se é verdade que poeta nasce velho, então sou uma comprovação. Não ...

infancia nostalgia poesia
“[...] eu nascera, crescera e envelhecera num só dia”
Mia couto

Se é verdade que poeta nasce velho, então sou uma comprovação. Não sou da década em que nasci. Vivo com um sentimento constante de nostalgia. Gosto das coisas que abrigam histórias e, talvez por gostar do conteúdo, eu procure continentes para abastecer as minhas lembranças que não são minhas. Com menos idade que hoje tenho, já procurava pessoas mais velhas para estabelecermos uma prosa. Todavia, nem sempre fui tão bem recebido.

Estou em transição – da poesia ao pragmatismo. Não sei se é melhor ter consciência disso ou não saber. Saber dói. Mas, não esto...

romantismo pragmatismo inveja consciencia tranquila
Estou em transição – da poesia ao pragmatismo. Não sei se é melhor ter consciência disso ou não saber. Saber dói. Mas, não estou inerte. Estou reagindo para não me perder diante das tantas cobranças que me faço e que o mundo me faz. Prático ou teórico demais? Estou teórico-prático enquanto quero ser poético-prático. A agenda não deve ser meu único guia. Agora mesmo, enquanto escrevo, faço o esforço de dar uma pá da minha mente e uma do meu coração. Quero ser um pragmático romântico, não um romântico pragmático.

Quando ela vem, tudo paralisa. A respiração se altera, sinto um pulsar diferente. Ela é digna de silêncio. Meus olhos são lavados. Uma ...

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Quando ela vem, tudo paralisa. A respiração se altera, sinto um pulsar diferente. Ela é digna de silêncio. Meus olhos são lavados. Uma lágrima já se encaminha. É nesse instante que algo me indica: estou diante da beleza; quando o deslumbramento ocorre, mesmo sendo algo que sempre esteve ali, mas não enxerguei por falta de vagareza no olhar. Tudo que realmente é belo nos remete à arte e poesia.

Descansar a vista em algo ou alguém, hoje em dia, tornou-se um privilégio. Estamos cada vez mais rodeados de excessos: poluição sonora, visual e, principalmente, pelas falsas belezas... Pessoas que se vangloriam por seus bens materiais e esquecem que aquilo que desperta interesse não é a pessoa, mas o objeto. Além dos vários sorrisos que nos são dados; entretanto, repletos de más intenções. Vai-se um preço, um valor sem valor. Beleza hipócrita que nos devora lentamente, até nos darmos conta de que estamos ficando feios.

Há horas nas quais me sinto faminto por beleza. Então, procuro nas plantas, nalgum livro, poema ou numa música. E isso me preenche e me descarrega de uma forma que me sinto uma pessoa melhor. Não que devamos fugir do que nos desagrada, mas que reconheçamos o que nos faz bem e traz o bom. Encarar o que nos ofende também é um exercício artesanal.

O belo não tem tempo certo para acontecer. Na verdade, a sua presença nos leva à outra dimensão, como sugere o poeta Affonso Romano de Sant’Anna:

“A ausência da beleza é quando o tempo se inaugura. E o tempo é falha e ruptura. A ausência da beleza é um erro, o pecado. A beleza é alegria e o avesso do que é triste. A beleza é a notícia de que Deus existe”.

Não devemos dizer que uma árvore não dará frutos, porque ainda não os vemos, ou que um pássaro pousado não voa. Que venha o belo! Mesmo que cause inveja, desdém, pois o belo sempre o será, enquanto o sentirmos, e ainda que não. Sei que é transcendente, permeado de som, cheiro, imagem. E que o poeta será poeta, ainda que não faça mais poemas. Em outras palavras, o amor borda.

Um lugar encantado. Uma praia poderia ser. Sentir a água dançando nos pés. Sentir um lábio trêmulo tocando noutro. E, mesmo que a transformação seja transposta na harmonia entre formas, cada traço representará resquício de seu contraste. Embelezar a vida com brutos tons e aos poucos retirar-lhes as sobras. Já estou começando a divagar. Estou com sintomas de taquicardia...