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Eu nunca tinha ouvido falar em Léo Lins até a imprensa divulgar a esdrúxula sentença proferida contra ele. Ou seja: pelo menos para mi...

censura julgamento
Eu nunca tinha ouvido falar em Léo Lins até a imprensa divulgar a esdrúxula sentença proferida contra ele. Ou seja: pelo menos para mim, a punição tornou visível a figura do comediante. Fui então conhecer os motivos pelos quais o penalizaram.

Mário Quintana protagoniza um curioso paradoxo: o de ser lembrado por ter sido esquecido, em eleiç...

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Mário Quintana protagoniza um curioso paradoxo: o de ser lembrado por ter sido esquecido, em eleições para a Academia, e dar o lugar a candidatos de menos mérito do que ele. O fato sempre é citado quando alguém se torna alvo de injustiça semelhante. A rejeição ao grande poeta, que o Brasil reconhece e ama, terminou se constituindo num símbolo da iniquidade que por vezes permeia as escolhas nesse tipo de instituição.

Dissemos na primeira parte deste trabalho que a intitulada “Autobiografia do poeta”, de Manoel Camilo dos Santos” enquadra-...

cordel autorretrato escrita autobiografica manoel camilo santos
Dissemos na primeira parte deste trabalho que a intitulada “Autobiografia do poeta”, de Manoel Camilo dos Santos” enquadra-se mais propriamente no gênero do autorretrato. A partir de formulações de Michel Beaujour (Autobiographie et autoportrait. Poétique, Paris , 32: 442-45B, 1977), é possível resumir os traços distintivos entre essas duas espécies do gênero confessional afirmando que a estrutura narrativa caracteriza a autobiografia, enquanto que a estrutura lógica ou temática indica o autorretrato.

Na sua Vida dos Césares , Suetônio fala de doze homens notáveis, pois o “eu” que interessava na Antiguidade Clássic...

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Na sua Vida dos Césares, Suetônio fala de doze homens notáveis, pois o “eu” que interessava na Antiguidade Clássica não era o de um indivíduo qualquer. Este não tinha uma história pessoal que merecesse narração. A literatura de memórias e de confissões liga-se historicamente às classes superiores, centrando-se quer nos feitos heroicos, quer na atuação pública. Philippe Lejeune, por seu turno, acentua a

Alguém já se referiu à “tirania da moda”, e a expressão não poderia ser mais apropriad...

modismos psiquismo moda
Alguém já se referiu à “tirania da moda”, e a expressão não poderia ser mais apropriada. A moda assemelha-se às doenças – pega. Ninguém sabe que moda vai pegar, ou de que vai adoecer. Instalado o processo patológico, no entanto, desfaz-se toda ideia de gratuidade. E a gente trata de se curar, efetivamente, do que mal que está sofrendo. No imenso mar da perplexidade moderna, a moda é a marola que se encrespa mais pelo brilho, mais para se deixar ver ao enorme sol da vaidade, e depois murcha na anônima superfície do tempo. O que é a moda, enfim, senão a eternidade do efêmero?

As origens da sátira remontam à Antiguidade Clássica. Ela nasceu como uma vertente da comédia e tem o riso como seu principal instrume...

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As origens da sátira remontam à Antiguidade Clássica. Ela nasceu como uma vertente da comédia e tem o riso como seu principal instrumento. Representou desde cedo uma arma poderosa para criticar os costumes mediante a exposição do que há de ridículo e pretensioso nos homens e nas instituições.

É comum em saites de divertimento ou em redes sociais a exposição de pessoas quando estão no...

velhice direito velhos preconceito idade
É comum em saites de divertimento ou em redes sociais a exposição de pessoas quando estão novas e quando envelhecem. De forma por vezes maliciosa, os redatores expõem as fotos com legendas que enfatizam o contraste entre o rosto de ontem e o de hoje. O alvo é quase sempre alguém que pela beleza ganhou fama, admiração, suspiros apaixonados dos fãs. Como um contraste a isso, o autor das postagens parece lembrar: “Quem te viu, quem te vê”.

Telma Corrêa da Nóbrega Queiroz esteve várias vezes na capital francesa entre os anos de 1977 e 1984. Em “Cartas de Pa...

cartas paris telma correa da nobrega queiroz
Telma Corrêa da Nóbrega Queiroz esteve várias vezes na capital francesa entre os anos de 1977 e 1984. Em “Cartas de Paris”, relata a sua reveladora e surpreendente experiência na Cidade Luz. O livro se constitui de textos que nos conquistam não apenas pela sinceridade, como também pelo manejo criativo da linguagem. Num estilo espontâneo e vívido, a autora nos faz partilhar da sua vivência no Velho Mundo, alternando as menções ao novo ambiente com referências a parentes e amigos que ficaram no Brasil.

Naquele dia Osvaldo abriu os olhos e, por uma espécie de automatismo, levantou-se da cama...

aposentadoria aposentado
Naquele dia Osvaldo abriu os olhos e, por uma espécie de automatismo, levantou-se da cama e foi olhar o relógio. Deu-se então conta de que não precisava mais fazer isso; estava aposentado. Pensou em ainda dormir um pouco, quando percebeu que a mulher já estava sentada à mesa da copa. Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, foi até lá e se sentou para o primeiro café em anos sem pressa, sem preocupação com o trânsito, sem medo de chegar tarde e não poder assinar o ponto.

Admiro quem tem o hábito de tirar um cochilo durante o dia. Comigo isso é difícil, e presumo qu...

cochilo cochilar
Admiro quem tem o hábito de tirar um cochilo durante o dia. Comigo isso é difícil, e presumo que o motivo seja a falta de hábito. Segundo os médicos, tirar a soneca diária faz bem e – o mais curioso – não atrapalha o sono noturno. Entre as suas vantagens, pelo que li numa rápida consulta à internet, estão a melhora da atividade intelectual, a redução do estresse, a maior eficiência dos batimentos cardíacos e o aumento do bom humor.

Referem as crônicas que certo dia Alguém se apaixonou por Ninguém. Quando ou como se conheceram, nunca se soube. Mas Alguém comentav...

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Referem as crônicas que certo dia Alguém se apaixonou por Ninguém. Quando ou como se conheceram, nunca se soube. Mas Alguém comentava com amigos que Ninguém era muito diferente da Outra. Sim, porque a Outra, com quem tivera uma vaga relação, de Ninguém nem perto chegava. Jamais conhecera um ser tão misterioso, difuso,

O beijo é o selo da paixão. Não se concebe sem ele o encontro de duas pessoas que se desejam. Hollywood, ...

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O beijo é o selo da paixão. Não se concebe sem ele o encontro de duas pessoas que se desejam. Hollywood, em suas produções românticas, consagrou-o como uma marca de final feliz. Para os casais apaixonados, ele é o prólogo de outras entregas. Daí o seu fascínio.

Antigamente escrever bem era ser precioso, usar palavras pouco comuns, burilar a forma. Hoje o que se aprecia é o estilo sóbrio e d...

escritor cronista escrever portugues
Antigamente escrever bem era ser precioso, usar palavras pouco comuns, burilar a forma. Hoje o que se aprecia é o estilo sóbrio e descarnado, cujo modelo é Graciliano Ramos ou Dalton Trevisan.

Ao escrever, deve-se em princípio fugir do óbvio. Nada irrita mais o leitor do que...

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Ao escrever, deve-se em princípio fugir do óbvio. Nada irrita mais o leitor do que se deparar com informações que ele já conhece ou pode facilmente deduzir. Elas parece que estão no texto para “encher linguiça” e completar o número de linhas.

Como é importante conhecer as palavras para entender as coisas que elas designam, vejamos um pouco da etimologia de “Car...

carnaval voyeur folia
Como é importante conhecer as palavras para entender as coisas que elas designam, vejamos um pouco da etimologia de “Carnaval”. Deonísio da Silva, em seu De onde vêm as palavras (A Girafa), apresenta três possibilidades. Originária do italiano carnevale, “Carnaval” primitivamente “designava a terça-feira gorda, a partir da qual a Igreja passava a suprimir o uso da carne”.

Há dois momentos em “ Lira dos vinte anos ”, de Álvares de Azevedo: um tipicamente romântico, no qual o poeta revela obediência aos ...

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Há dois momentos em “Lira dos vinte anos”, de Álvares de Azevedo: um tipicamente romântico, no qual o poeta revela obediência aos códigos da escola; e outro em que ele, saturado das injunções idealizantes que orientam a configuração do eu lírico, da mulher e do próprio mundo, procede a uma reação no sentido do Realismo. O conflito se intensifica pelo fato de o eu lírico ter uma visão ambígua do objeto amoroso. A ambiguidade é uma pré-condição da melancolia, responsável pela coexistência no sujeito, em relação a quem ou àquilo que o abandonou, de sentimentos de amor e ódio. Essa forma de se relacionar com o objeto explica muitas das imagens antitéticas e duais presentes na obra de Álvares de Azevedo.

⏤ Qual o número da sua poltrona? – pergunta-me uma loura educada, sotaque gaúcho, em pé no pórtico de um túnel por onde vou descer ...

aviao decolagem medo aviao
⏤ Qual o número da sua poltrona? – pergunta-me uma loura educada, sotaque gaúcho, em pé no pórtico de um túnel por onde vou descer até o avião. Não propriamente um túnel, uma espécie de, e nada me parece tão adequado a figurar o meu suplício.

Nietzsche escreveu que, ao pensar em casar com alguém, deve-se antes fazer a pergunta: “Eu seria capaz de conv...

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Nietzsche escreveu que, ao pensar em casar com alguém, deve-se antes fazer a pergunta: “Eu seria capaz de conversar com essa pessoa pelo resto dos meus dias?” A observação é pertinente, pois a falta do que dizer e a indisposição para ouvir são indícios de desinteresse ou mesmo de saturação.

Recentemente assisti a “Conclave”, um dos candidatos ao Oscar 2025. O filme trata da escolha de um novo papa por cardeais de várias...

conclave villaça papado
Recentemente assisti a “Conclave”, um dos candidatos ao Oscar 2025. O filme trata da escolha de um novo papa por cardeais de várias partes do mundo, como é próprio desse tipo de pleito, e chama a atenção pelas disputas que existem entre eles. Nesses embates transparece a diversidade de posições dentro da Igreja (basicamente, entre os progressistas e os retrógrados), mas sobretudo ressalta-se um traço que é peculiar aos seres humanos – a busca pelo poder.

O uso de textos humorísticos é um bom meio de ensinar a língua. Ao contrário do cômico, que está na situação, o humor está na lingu...

aula portugues bom humor
O uso de textos humorísticos é um bom meio de ensinar a língua. Ao contrário do cômico, que está na situação, o humor está na linguagem; resulta de desvios em determinados padrões semânticos, estruturais e de pensamento. Seu objetivo é revelar o ridículo ou o absurdo que há em pessoas, fatos, situações.