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O AMOR O amor é brega, cego e ingênuo. Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação. O amor é desastroso, embriagante, vagaros...

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O AMOR

O amor é brega, cego e ingênuo.
Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação.
O amor é desastroso, embriagante, vagaroso.
É preciso passar cem vezes por sua janela, que pise em nuvens, amacie espinhos.
Ainda assim, você não saberá que é amor.
O amor precisa de ideias, de hiatos incompreendidos, de lágrimas controvertidas.

A culpa é do calor, próprio da época e que colabora para o sem sentido destes dias. Tudo corre devagar, anestesiando emoções, fazendo ...

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A culpa é do calor, próprio da época e que colabora para o sem sentido destes dias. Tudo corre devagar, anestesiando emoções, fazendo com que o tempo não seja contado em horas, mas nas sombras dos prédios que avançam e se esticam pelas ruas, contornando as calçadas, engolindo as copas das árvores, improvisando desenhos nas construções vizinhas.

      E O QUE É PAIXÃO? É quando tudo vira indefinição Passa-se a rir de tudo, a dançar errado A falar dormindo É quando se ...

poesia mineira cristina porcaro
 
 
 
E O QUE É PAIXÃO?
É quando tudo vira indefinição Passa-se a rir de tudo, a dançar errado A falar dormindo É quando se enrosca em um travesseiro Pensando enroscar em um corpo É quando tudo se fixa em instantes Em cheiros não sentidos Em palavras não ditas Em sonhos não vividos E tudo flutua em plumas Pés levantados do chão Isso é paixão

      FIM DO MUNDO Sou de gêmeos. Amanheço dócil e feliz, Anoiteço triste e feroz. Sou meio bicho, onça, leoa, cadela n...

poesia mineira cristna porcaro
 
 
 
FIM DO MUNDO
Sou de gêmeos. Amanheço dócil e feliz, Anoiteço triste e feroz. Sou meio bicho, onça, leoa, cadela no cio. Sou mistura de índia, preta, branca, brasileira. Sou daquelas que voa alto, Cai, rola com a cara na poeira, Mergulha nas profundezas do mar Buscando tesouros que não estão mais lá Tenho a fatalidade no olhar Uma predestinação aos silêncios A amar muito e a errar sempre Sou forte, brava e sem medo

Durante cinco anos vivi em contato total com a natureza. Minhas roupas se restringiam a cangas, biquínis, shorts. As árvores do meu...

caju praia nordeste neto
Durante cinco anos vivi em contato total com a natureza. Minhas roupas se restringiam a cangas, biquínis, shorts. As árvores do meu jardim eram pés de manga, jambo, cajus, acerola. As redes ficavam espalhadas pelas varandas num eterno convite ao balanço nas tardes mornas. O privilégio de morar em um lugar onde a natureza domina, é enorme.

Diariamente fazia uma longa caminhada pela praia. A beleza do lugar era uma total perfeição. O mar, encantador, às vezes verde-esmeralda, às vezes um verde profundo, a areia branca, fina e os coqueiros que a circundavam.

      AVÓ Há boniteza neste envelhecer que aflora Há candura, desapego e calma Há sabedoria e humildade Mais pressa em realiz...

poesia mineira cristina porcaro
 
 
 
AVÓ
Há boniteza neste envelhecer que aflora Há candura, desapego e calma Há sabedoria e humildade Mais pressa em realizar sonhos Mais percepção do que é verdade E o coração...ah! O coração Guarda cicatrizes que já foram costuradas Vira rios que às vezes transbordam Quebranta-se, desdobra Alarga-se e aquece Não mais impetuoso e feroz Nem se desperdiçando em amores que não prestam

Bendito o tempo que conduz nossa vida, que acrescenta experiência, que nos dá sapiência, que nos oferece a oportunidade de construirmo...

Bendito o tempo que conduz nossa vida, que acrescenta experiência, que nos dá sapiência, que nos oferece a oportunidade de construirmos nossa identidade, que nos proporciona astúcia para compor uma biografia.

O envelhecimento vem me ensinando a viver plenamente, e a abraçar a vida com sentimentos de amor-próprio. Vejo com clareza meu sentir e o quanto sou corajosa em redesenhar o roteiro da vida. Concluo que a felicidade está em mim. Reconheço minhas imperfeições, meus medos, minha vulnerabilidade, mas sou a dona do meu espaço amoroso e nada abalará essa enorme certeza do quanto minha vida é rara e preciosa. Tento conservar meu próprio tom nesse enredo musicado que vai fortalecendo minha natureza e crescendo como crescem todos os seres vivos.

Houve um tempo em que a depressão me pegou com tanta braveza que não sabia como sair dela. A pior época foi próxima às festas do fina...

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Houve um tempo em que a depressão me pegou com tanta braveza que não sabia como sair dela. A pior época foi próxima às festas do final de ano. O Natal me fazia lembrar não dos presentes que deveria comprar e, sim, do único presente que não compraria. Cheguei a olhar um pijama que supostamente seria para ele, mas que, na minha loucura, usaria para senti-lo perto de mim.

Por mais irônico que possa ser, a partida da pessoa que me era tão preciosa e que a princípio me pareceu um castigo que Deus estava im...

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Por mais irônico que possa ser, a partida da pessoa que me era tão preciosa e que a princípio me pareceu um castigo que Deus estava impingindo a mim e aos meus filhos, acabou sendo um marco para uma reflexão sobre a vida, sobre as pessoas, sobre os relacionamentos, enfim, sobre o sentido real do que é viver. Não se aprende literalmente nada com a morte, mas aprende-se com a sobrevivência que nos leva a lutar diariamente para edificar o que restou de nós.

Chegou o momento que percebi que deveria emergir de um grande, opressivo e profundo mergulho. Durante um longo tempo, estive submersa ...

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Chegou o momento que percebi que deveria emergir de um grande, opressivo e profundo mergulho. Durante um longo tempo, estive submersa em águas turvas, contaminadas por lembranças e por uma dor que, impiedosa, doía amargamente.

Após a morte do meu marido, descobri que me faltava vocação para sobreviver. Descobri que não existiam pomadas, remédios, injeções, poções mágicas, nada para diminuir ou minorar o que desencadeou a grande ferida. Inconscientemente, resolvi que, por estar envolvida neste redemoinho tão forte e inexplicável,

A morte do meu marido fez com que eu descobrisse o sofrimento. Sofri com a solidão, com a injustiça de Deus ao tirá-lo de mim e de meus...

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A morte do meu marido fez com que eu descobrisse o sofrimento. Sofri com a solidão, com a injustiça de Deus ao tirá-lo de mim e de meus filhos. Sofri pela revolta ao saber do nunca mais. Sofri por não saber viver neste mundo sem ele. Sofri pelas lembranças de tantos anos de abraços, beijos, de corpos tão juntos, de tanto calor compartilhado. Sofri por um tempo tão feliz.

Não fui uma criança que brincava de casinha, curtia bonecas, simulava salas de aula onde era professora. Nada disto faz parte das minha...

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Não fui uma criança que brincava de casinha, curtia bonecas, simulava salas de aula onde era professora. Nada disto faz parte das minhas lembranças. No entanto, constantemente volto ao passado para recordar histórias dos livros que me foram preciosos.

Desde que comecei a ler, descobri um mundo mágico onde viajava com total liberdade. Foram inúmeros livros para os quais eu transportava a imaginação e literalmente entrava na fantasia.

Ontem pela manhã descubro que brotaram cogumelos na plantinha do meu banheiro. À tarde se abriram gloriosos, à noite começaram a murch...

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Ontem pela manhã descubro que brotaram cogumelos na plantinha do meu banheiro. À tarde se abriram gloriosos, à noite começaram a murchar e hoje, descubro que estão secando.

Paradoxo da vida. Amanhecer e morrer durante vinte e quatro horas.

Conosco não é diferente. Cheguei aos sessenta anos questionando o que virá. Estou no penúltimo ciclo do cogumelo… começando a murchar?

Todos nós procuramos ser felizes, mas a expectativa da velhice causa um certo temor, um receio do que nos proporcionará a felicidade ne...

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Todos nós procuramos ser felizes, mas a expectativa da velhice causa um certo temor, um receio do que nos proporcionará a felicidade nesse último período da vida.

Vivemos em sua sociedade que enaltece o belo, o perfeito, e, um corpo envelhecido, por mais esforços feitos, sempre mostrará a passagem do tempo.

Cultivo o silêncio. Aquele em que converso com meus pensamentos. Apreender o silêncio é complexo e preciso de um ritual para exercê-...

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Cultivo o silêncio. Aquele em que converso com meus pensamentos.

Apreender o silêncio é complexo e preciso de um ritual para exercê-lo. Não é somente a ausência da fala, dos sons banais do cotidiano, da música. É mais profundo, está ligado à importância com que compreendo o mundo e entendo o que sinalizam minhas interrogações.

O silêncio acontece em momentos inusitados, quando estou desenhando, lavando pratos, observando o nascer do sol, ou nas madrugadas insones. Há uma força intricada

Você já tentou abrir a tela vazia do seu computador e se determinar a escrever qualquer coisa, algo simples, coloquial, besteiras de amor,...

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Você já tentou abrir a tela vazia do seu computador e se determinar a escrever qualquer coisa, algo simples, coloquial, besteiras de amor, paixão ou olhares que lhe fugiram?

Não é tão simples assim. Você escreve, apaga, torna a escrever, apaga e nestes infinitos gestos vão-se os minutos, os segundos e acaba a primeira hora.

Todas as manhãs de domingo ele saía silencioso do quarto. Ia à padaria, comprava pães quentes, derretia queijo, fazia café, tirava as seme...

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Todas as manhãs de domingo ele saía silencioso do quarto. Ia à padaria, comprava pães quentes, derretia queijo, fazia café, tirava as sementes do mamão. Trazia até a cama e me acordava com brincadeiras. Fazia tudo isso sagazmente, premeditando receber recompensas.

— I — Ando tão turbulenta, tão indócil. Que só as palavras escritas me dão paz. Sei que sou intensa, dramática, instável. Gosto da v...

— I —

Ando tão turbulenta, tão indócil. Que só as palavras escritas me dão paz. Sei que sou intensa, dramática, instável. Gosto da vida e o que ela me traz de doce ou amargo. Sei que vim para aprender e a cada dia me torno mais sábia Ou, por que não, mais vazia Choro de dor, piedade, saudade, amor. Gargalho alto sacudindo corpo e alma. A alegria habita em mim, mas às vezes me deixa extenuada.

Morei em Recife durante algum tempo e o que mais ouvi foi a frase: não pode... é perigoso. Chegou o carnaval, que eu adoro, e tudo não po...

carnaval recife seguranca folia bacurau olinda
Morei em Recife durante algum tempo e o que mais ouvi foi a frase: não pode... é perigoso. Chegou o carnaval, que eu adoro, e tudo não podia. Ver a saída do Galo da Madrugada... não pode, muito perigoso. Acompanhar os blocos... perigoso. Olinda? Que doida você é?

O carnaval acontecendo e eu cercada de “não podia”. Lembrei que eu fora, durante anos, rodeada de nãos e minha alma rebelde falou baixinho em meu ouvido – o que você pode perder? Eu que vivi chorando perdas, perder o que mais?

Sem dúvida, aquele final de semana foi diferente ou talvez, estranho demais para ser ignorado. Numa sexta-feira pela manhã, havia tomado ...

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Sem dúvida, aquele final de semana foi diferente ou talvez, estranho demais para ser ignorado. Numa sexta-feira pela manhã, havia tomado a terceira dose da vacina, e, à tarde, mesmo com o braço doendo um pouco, resolvi encarar uma faxina na varanda.