Contam que, há muito tempo, quando uma mulher sofria, ela não falava a ninguém. Ela caminhava. A sina feminina era ser forte e silencio...
A clareira das mulheres silenciosas
Tudo nele era urgência. Pensava rápido, falava rápido, comia rápido e claro, andava muito rápido. Tinha um ritual eficaz e totalmente...
Passos de bebê
Tinha um ritual eficaz e totalmente cronometrado para acordar, tomar banho, se vestir, engolir o café com algum pão requentado como quem engole uma obrigação e sair apressado para o trabalho.
... Ou como se encantar com as miudezas que nos cercam. Ela possuía um olhar que incomodava. Não por ser agressivo ou debochado, ma...
Ver o mundo com olhos de espanto
Ela possuía um olhar que incomodava. Não por ser agressivo ou debochado, mas por ser um olhar inquieto, que nunca se contentava com a primeira camada das coisas.
A maioria das pessoas caminhava apressada pelas ruas, verificava celulares, preocupava-se com horários. Ela, ao contrário, encontrava tempo para parar diante de uma árvore qualquer e observar atentamente as rachaduras da casca, as nuances da cor, a sombra que projetava.
... ou crônica da certeza Chamava-se Isaltina, ou Tina, ou Isa. Com o passar dos anos, foi reduzindo tudo, até o próprio nome.
Daqui a cem anos
Ontem, ela resolveu arrumar um dos seus armários. Bem aquele que fica no outro quarto, o da procrastinação, o que ela olhava e falava: ...
As redes dos bichos-preguiça e o armário da vida
Mas dessa vez foi diferente. Pegou firme e mergulhou nas pilhas de lençóis, fronhas, toalhas. Mesmo sendo prática, reconheceu que ali havia excesso e que, por mais afeto cada uma das peças trouxesse, não havia necessidade daquilo tudo.
Ela se chamava Isadora, mas poderia se chamar Flora, Ana ou mesmo Sossego e tinha o hábito de, estranhamente, colecionar domingos. Não...
A mulher que colecionava domingos
Quando você imagina visitar uma antiga fazenda que promoveu o reflorestamento, pensa que verá árvores, plantas diferentes, flores. I...
Visita ao Instituto Terra
Se eu tivesse a percepção da poeta Adélia Prado, talvez dissesse que este tipo de dia é como um suspiro de Deus, uma pequena pausa na m...
Dias simples, felizes
Há muitos domingos atrás, por algum movimento da terra ou por obra de algum anjo distraído, ele apareceu para mim. Veio vestido de fo...
Quase sempre aos domingos
Sou apaixonada pelo futuro. Com isto, me desafio constantemente a fazê-lo melhor que o passado e mais interessante que o presente. Não ...
Tudo é válido para chacoalhar a mesmice
Vivemos em um universo complexo que nos instiga a buscar explicações. Somos plurais em nossa opção sexual, mas a natureza fez a mu...
Afinal, que mulheres nós somos?
Somos plurais em nossa opção sexual, mas a natureza fez a mulher, a única que fecunda, gesta, pare.
É a mulher que amacia o útero e carrega por um tempo precioso uma vida dentro de si. Corpos individuais que se unem para um novo ser vir ao mundo.
Em algumas noites, aprendo que o instante vale mais que o eterno. No instante, posso suspirar profundamente e viver longas histórias q...
Quinze dias com Laura
Recebo um presente lindo enviado por Jacques Pena, querido amigo e conterrâneo. É um livro em comemoração aos 20 anos de existência do...
20 anos do Caminho da Fé
Para quem não conhece, este é um caminho idealizado nos moldes do Caminho de Compostela. Interliga várias cidades de Minas Gerais e
O AMOR O amor é brega, cego e ingênuo. Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação. O amor é desastroso, embriagante, vagaros...
O amor é brega
O amor é brega, cego e ingênuo.
Precisa de tempo, de beijo, saliva, contemplação.
O amor é desastroso, embriagante, vagaroso.
É preciso passar cem vezes por sua janela, que pise em nuvens, amacie espinhos.
Ainda assim, você não saberá que é amor.
O amor precisa de ideias, de hiatos incompreendidos, de lágrimas controvertidas.
A culpa é do calor, próprio da época e que colabora para o sem sentido destes dias. Tudo corre devagar, anestesiando emoções, fazendo ...
Paciência e esperança, um dia isso passa
E O QUE É PAIXÃO? É quando tudo vira indefinição Passa-se a rir de tudo, a dançar errado A falar dormindo É quando se ...
E o que é a paixão?
É quando tudo vira indefinição Passa-se a rir de tudo, a dançar errado A falar dormindo É quando se enrosca em um travesseiro Pensando enroscar em um corpo É quando tudo se fixa em instantes Em cheiros não sentidos Em palavras não ditas Em sonhos não vividos E tudo flutua em plumas Pés levantados do chão Isso é paixão
FIM DO MUNDO Sou de gêmeos. Amanheço dócil e feliz, Anoiteço triste e feroz. Sou meio bicho, onça, leoa, cadela n...
A cada segundo aceno em despedida
Sou de gêmeos. Amanheço dócil e feliz, Anoiteço triste e feroz. Sou meio bicho, onça, leoa, cadela no cio. Sou mistura de índia, preta, branca, brasileira. Sou daquelas que voa alto, Cai, rola com a cara na poeira, Mergulha nas profundezas do mar Buscando tesouros que não estão mais lá Tenho a fatalidade no olhar Uma predestinação aos silêncios A amar muito e a errar sempre Sou forte, brava e sem medo
Durante cinco anos vivi em contato total com a natureza. Minhas roupas se restringiam a cangas, biquínis, shorts. As árvores do meu...
Aqui também consegui espalhar felicidade
Diariamente fazia uma longa caminhada pela praia. A beleza do lugar era uma total perfeição. O mar, encantador, às vezes verde-esmeralda, às vezes um verde profundo, a areia branca, fina e os coqueiros que a circundavam.
AVÓ Há boniteza neste envelhecer que aflora Há candura, desapego e calma Há sabedoria e humildade Mais pressa em realiz...
Foi para ser avó que vim ao mundo
Há boniteza neste envelhecer que aflora Há candura, desapego e calma Há sabedoria e humildade Mais pressa em realizar sonhos Mais percepção do que é verdade E o coração...ah! O coração Guarda cicatrizes que já foram costuradas Vira rios que às vezes transbordam Quebranta-se, desdobra Alarga-se e aquece Não mais impetuoso e feroz Nem se desperdiçando em amores que não prestam
Bendito o tempo que conduz nossa vida, que acrescenta experiência, que nos dá sapiência, que nos oferece a oportunidade de construirmo...
Envelhecer
O envelhecimento vem me ensinando a viver plenamente, e a abraçar a vida com sentimentos de amor-próprio. Vejo com clareza meu sentir e o quanto sou corajosa em redesenhar o roteiro da vida. Concluo que a felicidade está em mim. Reconheço minhas imperfeições, meus medos, minha vulnerabilidade, mas sou a dona do meu espaço amoroso e nada abalará essa enorme certeza do quanto minha vida é rara e preciosa. Tento conservar meu próprio tom nesse enredo musicado que vai fortalecendo minha natureza e crescendo como crescem todos os seres vivos.