Para não ser morto, Galileu Galilei teve de renegar a sua teoria heliocentrista, sendo constrangido a "concordar" com a então "doutrina astronômica" da Igreja medieval, segundo a qual a Terra seria o Centro do Universo.
Um dia perguntaram a Rabi’a al-Adawiyya, uma das maiores místicas do sufismo no século VIII:
— Se você tivesse asas, voaria ao Paraíso?
E ela respondeu:
— Não. Eu iria além do Paraíso, até Deus. Porque não busco a recompensa, mas sim o Amado.
Esse tipo de amor é chamado em árabe de "ḥubb li-llāh", ou "amor pelo Próprio Deus", e é o centro da mística sufi, particularmente nas obras de Rabi’a.
Alessandro Cancian
Na vida, dependendo da época e do sentimento, desejamos voar para diferentes lugares.
Quando somos jovens, queremos conquistar o mundo, experimentar o novo, buscar aventuras. Mais tarde, porém, o coração deseja apenas se refugiar, descansar e se reconectar com a sua essência.
Como o vento muda de direção, assim também mudam os nossos impulsos de “voar”, de migrar internamente para outros estados de alma: mudar de profissão, de estilo de vida, de crenças, de afetos. Cada sentimento, seja saudade, inquietação ou dor, nos impulsiona a novos caminhos, reais ou imaginários.
Md Akbar Ali
Desejar “voar para diferentes lugares” é uma metáfora de nossa busca por plenitude, significado e pertencimento.
Os desejos humanos não são estáticos, sempre mudam. Contudo, qual o destino seguro? Afinal, mesmo com asas, podemos nos perder...
Intuitivamente, desejamos voar para onde há paz, silêncio e beleza, talvez para um campo florido ao amanhecer, para uma montanha envolta em neblina ou mesmo para o mar aberto sob o pôr do sol. Lugares onde a alma possa respirar fundo.
@prismatically
Cada ser humano é um eterno viajante em busca de sentido, de paz e de contentamento, que procura alçar voos através de sonhos, projetos, relacionamentos, conquistas. Mas quantas vezes, ao chegarmos nesses lugares da vida, ainda experimentamos um vazio interior?
Nenhum abrigo terreno é tão estável quanto o amparo divino. Nenhuma realização exterior substitui o acolhimento da Presença de Deus em nosso íntimo, pois a paz verdadeira não está fora, mas dentro de nós, quando descobrimos e cultivamos a nossa ligação com o Criador. Essa ligação é o voo mais sublime, é o voo da alma que confia em Deus, que o ama, que se entrega a Ele.
@SageSistas
Voar até Deus é buscá-Lo em oração, no serviço ao próximo, no perdão, na resignação, na esperança. É voltar à Fonte, procurando conscientemente esse retorno, mesmo em meio às duras provas do mundo.
Nos momentos de dor, de dúvida ou desespero, "voar até Deus", buscar a Sua Presença em oração, no serviço ao próximo e na prática do bem, é o melhor e mais seguro plano de voo.
Voltar para Deus não é uma fuga da vida, mas um impulso de fé que nos move a trabalhar, perdoar, recomeçar e amar. E o melhor disso é saber que, quando sentimos necessidade de Deus, é porque Ele já está conosco.
@mindveg
O voo até Deus acontece pelo silêncio interior, pela renovação de atitudes e pelo amor ao próximo. Voar em busca Dele, do “Amado”, no dizer de Rabi’a al-Adawiyya, é o movimento mais certo e necessário da alma humana; é o destino buscado por quem confia, mesmo sem ver, por quem ama, mesmo sem ser amado, e por quem serve, mesmo sem perspectiva de recompensa.
Foi a mesma poetisa e mística sufi que abriu esta crônica que também escreveu uma das mais belas orações já feitas pela mão humana:
"Ó meu Deus, se Te adoro por medo do Inferno, queima-me nele.
Se Te adoro pelo Paraíso, exclui-me dele.
Mas se Te adoro por Ti Mesmo, não me negues a Tua Beleza Eterna."
Segundo o relato tradicional, o papa Bonifácio VIII desejava contratar os melhores artistas para decorar algumas igrejas e, para isso, enviou mensageiros por várias partes da Itália em busca dos mais habilidosos. Um dos enviados chegou até Giotto di Bondone, que na época já era bastante conhecido por sua habilidade em retratar figuras humanas com naturalismo e profundidade emocional, algo revolucionário comparado à arte bizantina ainda predominante.
O caso dos elefantes que foram prestar homenagem ao conservacionista sul-africano Lawrence Anthony, quando faleceu em 2012, é um dos mais comoventes e simbólicos testemunhos sobre a gratidão.
Robert Louis Prevost parece ter um nome inventado por um romancista pouco inspirado. Aliás, sua identidade e trajetória seriam inverossímeis se tivessem sido criadas para um romance.
É falso que Joseph-Ignace Guillotin, o suposto inventor da guilhotina, tenha morrido guilhotinado. Na verdade, ele faleceu de causas naturais em 25 de março de 1814, aos 75 anos de idade. Guillotin sequer foi o inventor direto do temido instrumento de execução; seu nome foi associado a ele por ter proposto, durante a Revolução Francesa, o uso de um método de execução que causasse menos sofrimento, independentemente da classe social do condenado.
Mohamed Bzeek é um libanês radicado nos Estados Unidos que, há mais de vinte anos, adota crianças abandonadas em hospitais em estado terminal. Inicialmente, ele realizava esse trabalho na companhia de sua esposa, que faleceu em 2015. No entanto, mesmo após a morte da companheira, Mohamed seguiu com sua missão de devolver a crianças, que de outro modo passariam seus momentos finais sem o afeto de um lar, a dignidade de pertencer a uma família. Desde o início de sua jornada, ele já acolheu mais de oitenta crianças. "Eu sei que elas são doentes, sei que vão morrer. Eu faço o melhor que posso como ser humano e deixo o resto nas mãos de Deus", afirma ele.
A Ressurreição de Jesus foi a prova cabal e definitiva da imortalidade da alma, para uma humanidade até então descrente, indiferente ou desinteressada da Eternidade. Não foi algo oculto. Houve testemunhas.
Assim que começou a funcionar, o trem bala japonês provocava fortes estampidos ao atravessar túneis, como resultado do deslocamento súbito de massas de ar comprimido. O ruído não apenas causava desconforto aos passageiros, como também incomodava as comunidades vizinhas às ferrovias.
Muitos passam a vida inteira ansiando por amor, buscando desesperadamente ser amados, reconhecidos e valorizados; o que é natural e compreensível, afinal, ser gostado, apreciado, querido e valorizado é a necessidade psicológica básica de todo ser humano. No entanto, há um segredo simples, desconcertante e transformador sobre esse impulso: a verdadeira felicidade não está em ser amado, mas sim em amar.
Sejam dormitando em nós mesmos ou espalhadas ao nosso redor, as sementes das maiores virtudes aguardam o momento de serem cultivadas. Os alertas que recebemos para evitar quedas desnecessárias e desfechos desoladores encontram-se na voz discreta e silenciosa da própria consciência. Esta, que atua como guia moral e bússola interna, revela os princípios fundamentais já inscritos em nosso interior, devendo nos nortear e apontar a prática da autovigilância e da bondade como o melhor escudo contra os fracassos morais. Esse conjunto de ensinamentos também se encontra nos preceitos transmitidos pelas tradições e doutrinas espirituais ao longo das gerações, bem como nos pilares da ética universal expressa nas mais elevadas manifestações culturais e artísticas.
O famoso texto "Desiderata", de Max Ehrmann, diz em um verso: "tenha cuidado em tudo o que fizer, pois o mundo está cheio de armadilhas, mas não feche os olhos para o bem que sempre existe..."
Nada contra e tudo a favor daqueles que professam outros credos, mas preciso confessar que, para mim, Jesus É o Exemplo Irretocável que devo me esforçar por seguir nas mínimas coisas.
Uma das memórias que melhor evocam a infância é a lembrança de um sabor. O de minha preferência é o do mingau de araruta, meu "café da manhã" favorito quando criança. Lembro dele por sua consistência aveludada, cremosa e levemente gelatinosa, que ficava mais espessa conforme esfriava, mantendo, porém, uma textura macia e lisa.
Na famosa novela de Tolstói, o personagem Ivan Ilitch, já moribundo, encontra consolo em um simples gesto de compaixão de um servo o conforta em sua agonia final. Ivan descobre, no fim, que a verdadeira riqueza de uma vida não está no que foi acumulado, mas no que foi doado.
No dia 26 de janeiro de 2025, um evento incomum e intrigante ocorreu na costa de Tenerife, nas Ilhas Canárias: um peixe diabo negro, uma criatura das profundezas abissais, foi encontrado na superfície, em um acontecimento raro que surpreendeu cientistas e curiosos de todo o mundo. A espécie, habituada à densa escuridão dos oceanos, dificilmente é encontrada viva, ainda mais tão distante de seu habitat.
Há uma cena icônica da entrevista do ator Keanu Reeves no "The Drew Barrymore Show", em 2020. No momento da conversa, a apresentadora falou acerca de sua visão sobre o amor, dizendo que era “do amor e não da luta”. Keanu Reeves, contudo, com sua sabedoria habitual, contestou que, para realmente ser do amor, era necessário também ser da luta, afirmando que “se você não luta pelo que ama, que tipo de amor é esse?”
O escritor sul-africano de ascendência holandesa, Laurens van der Post, revelou que, quando viveu entre os bosquímanos do deserto de Kalahari, eles ficaram surpresos quando descobriram que ele não podia "ouvir as estrelas".
São João da Cruz, em sua obra mais famosa, "A Noite Escura da Alma", descreve um processo espiritual no qual a alma passa por um período de trevas ou desolação, sentindo-se afastada de Deus, como se não houvesse esperança. Segundo ele, essa experiência é necessária para que o ser humano se desapegue das coisas mundanas, ilusórias e das próprias emoções, requalificando-se para uma comunhão mais verdadeira com Deus. Nesse estado de "noite escura", a alma, embora pareça perdida, está, na verdade, sendo preparada para receber a verdadeira luz, que é a Presença Divina. Para o místico espanhol, a escuridão, então, não é um obstáculo, mas um caminho para a luz interior, um refinamento espiritual que prepara a alma para sua plenitude.