O olfato é considerado o sentido mais primitivo, e estudos revelam que o humano é capaz de distinguir nada menos do que 400 mil odore...
Uma aventura no mundo dos odores
Por alguma razão, lembra de um texto que escreveu, uns tempos atrás, sobre suicídio de escritores. Dentre eles, Ernest Hemingway. Tiro ...
A maldição continuou
“Bastou-me dar um passo para dentro das muralhas para vê-la em toda a sua grandiosidade sob a luz lilás das seis da tarde, e não pude...
Cartagena e o regalo de um guia especialista em Gabo
Foi o que disse Gabriel Garcia Marquez, ao chegar pela primeira vez a Cartagena das Índias, em maio de 1948.
Aquele mesmo pesadelo veio na noite de ontem. Aquele que não tem coragem de enfrentar. Mas, está sempre lá. E ele sabe como o pior pes...
O pior pesadelo não é o sonhado, e sim o que é lembrado
Poderia ser, talvez, um feriado. Mas, mesmo nos feriados, havia sempre quem se aventurasse sair. Era mais que isso. Uma paralisação ger...
Pela primeira vez, estava só no mundo
Mãe, tu já notaste como as lojas e empórios estão cobertos de preços e promoções especiais?
Mãe
É nas profundezas onde o mar guarda seus segredos mais ocultos. Quem visse, percebia como estava agitado o sono de Cilgin. Era um ser e...
Coisas de estorvar
Cilgin ficou imaginando se não havia acontecido algo semelhante agora. E, naquela manhã, precisamente naquela manhã, que poderia ser u...
Era domingo numa segunda-feira...
Ou poderia ter sido uma invasão alienígena. O cinema com seu mercado de catástrofes faz com que acreditemos na possibilidade. Uma invasão de seres, necessariamente, violentos, raivosos, famélicos, tipo o Alien, de Ridley Scott. Vieram só para exterminar a humanidade, por alguma razão. Sabe-se lá. Mas, porque teria restado apenas ele, o sujeito melancólico, dado a sonhos e pesadelos, igualmente, catastróficos? Ele, o escolhido. Pelo menos nas redondezas. Quem sabe, não haveria outros em locais distantes. Ou escondidos. Ou em outra dimensão, com a física do improvável, a quântica e suas possibilidades fantasmas, onde a lógica não conseguiu explicar.
E, pela primeira vez, pensou como tendo sido escolhido para sobreviver, era muito mais um castigo e um penar, do que tinha sido para os demais sacrificados pela fúria da carnificina alienígena. Morrer, afinal, só traz dor naqueles momentos derradeiros. Num instante, tudo acaba. Inclusive, qualquer possibilidade de sofrer. Sim, porque, para Cilgin, morrer era realmente o fim. Nada haveria além. Até entendia quem pensava na possibilidade de uma vida após a morte, mas ele, ele tinha imensa dificuldade de acreditar.
À tarde, cismou de ir até uma agência bancária. Se estava tudo tão disponível, então certamente haveria de encontrar dinheiro. E, realmente, a agência, como tudo ao redor, estava deserta, e ele pode entrar sem problemas, dirigir-se aos caixas, onde encontrou maços de dinheiro, tão perfeitamente engomados. Montes deles. Pegou o quanto pôde e saiu exultante da agência. Até começar a sentir certo incômodo: aquilo era roubo!
Mas, roubar de quem, se não havia ninguém por ali? De quem é, afinal, o dinheiro que está nos bancos? Dos banqueiros ou das pessoas que depositam nos bancos? Haveria banqueiros sem pessoas para confiar seu dinheiro nos bancos? Caminhava digerindo esses pensamentos, quando se deu conta: pra que dinheiro, se tudo que preciso basta pegar e levar? Sim, de fato.
Mas, após algum tempo, decidiu levar o dinheiro assim mesmo, vai que de repente as pessoas voltam ao mundo, e ele terá feito uma poupança. Roubo? Sim, mas haverá roubo se não existe quem reclame o objeto do roubo? Roubo pressupõe um que rouba, outro que perde. Não parecia ser o caso.
"Gosto do modo como Hélder busca equilibrar o psicanalítico com o ontológico, associando a crise do ser (cuja defecção, segundo Kristeva, é uma marca do quadro depressivo) aos fantasmas a que o sentimento de culpa dá forma." (Chico Viana)
Então, acorda. Pelas três da madrugada. E o que vem, como uma imensa onda de alegria e alívio: era apenas um pesadelo em forma de son...
A solidão tinha lá suas vantagens
Cilgin havia lido, não lembra bem se em Freud, que os sonhos são desejos não realizados. Mas, e os pesadelos? São também desejos não r...
Onde estava o mundo caótico de todos os dias?
Meu caro Milton, para não ir muito além das estrelas, conforme sua releitura do anarquismo, em sua última e bela crônica “ Uma história...
Duas histórias em um só ato
Bolonha é uma cidade de múltiplos olhares, onde se perder é a melhor forma de descobrir seus versos em segredo. A cidade de Dante, Petr...
A revolta do artista contra o cardeal de Bolonha e o dedo duro de Netuno
Algumas singularidades interlaçam a vida e a obra de Shakespeare e Cervantes, num mesmo tecido de genialidade. Apesar das biografias t...
A invenção do sonho e da loucura e as singularidades entre Shakespeare e Cervantes
Quando toquei o fundo da noite Eu afundei os pés na noite, Tão profundo desci, Que pude sentir Os lodos formados no te...
Quando toquei o fundo da noite
Eu afundei os pés na noite, Tão profundo desci, Que pude sentir Os lodos formados no tempo, O viscoso remorso do passado, Tão pegajoso e tão macabro, Que de arrepios me tomei. E quando toquei o fundo da noite, Senti a sufocação aquosa, O líquido de tantos pesadelos, Que me pus a subir em desespero, Entre braçadas de agonia, Num tormento crescente da asfixia Cercado de todas as bolhas De um mágico flagelo noturno De quem busca a vida em pânico.
O escritor João Guimarães Rosa é conhecido pelo caráter revolucionário e, obviamente, universal de sua obra, com características marca...
O fantástico em Rosa na Terceira Margem do Rio
Não há pôr do sol como ao pé de “O Beijo”, de Victor Delfín, na Miraflores de Mário Vargas Llosa. A poucos metros de uma tragédia em q...
A moça que lavava versos
Há coisas que só acontecem em viagens. Poucos dias, antes de viajar a Barcelona, encontrei, durante um evento na Academia Paraibana de...
Lobo em pele de lobo
Era um tempo (no auge do Plano Real) em que a moeda brasileira estava valendo praticamente o mesmo que o dólar. Foi quando empreendemos...
Tudo por causa de um sanduíche em Miami
Uma viagem ao Chile é sempre inesquecível. É um país de intensa poesia. Até no nome. Chile deriva de Chilli, uma palavra de povos andi...
O dia em que encontrei o diabo
Ir a Viña del Mar, Valparaiso, Atacama é marcante. E o que dizer de passear à noite pela rua Suécia, ou pelo BellaVista, acomodar-se no bar Como Água Para Chocolate? Puro deleite, incompleto, porém, se não for ao Mercado Central para degustar um côngrio com um vinho carmenere no restaurante El Galeon, sob a exibição estridente de suas centollas gigantes.
Todos os sentimentos do mundo proclamam a sua poética, sobremodo quando alguém se põe em frente à obra de Augusto dos Augusto. E, em po...
Augusto e a magia da palavra
Por isso, estar em Leopoldina, diante de seu túmulo e, especialmente, do tamarindo que hoje lhe dá uma sombra de conforto, foi como experimentar também as emoções desse sentimento de paraibaneidade, em torno da vida e obra de Augusto, numa irmandade com todos quantos adotaram o nosso poeta maior entre os seus.