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Uma parte de mim É multidão Outra parte estranheza E solidão Ferreira Gullar Acho que, desde muito pequena, fui uma criança solitá...

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Uma parte de mim É multidão Outra parte estranheza E solidão
Ferreira Gullar

Acho que, desde muito pequena, fui uma criança solitária. Fazia muitas amizades na rua, no colégio, mas a saúde era frágil. Sofria com a garganta e tinha todas as mazelas que afligem as amígdalas. Desenvolvi uma paciência extra para ficar doente, perder aulas, tossir a noite toda, tomar lambedores e não poder tomar friagem, chuvinha fina etc. O que era normal para todos, para mim, era sempre um suspense. Gracias a la vida, tomei

Dizem que o ano começa depois da quarta-feira de cinzas. Acabou o mês interminável de janeiro. Passaram as festas do Ano Novo, as fér...

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Dizem que o ano começa depois da quarta-feira de cinzas. Acabou o mês interminável de janeiro. Passaram as festas do Ano Novo, as férias, e a festa do momo. Que venham as águas de março e o sabor de recomeço e renovação. O ano letivo também já começou, as ruas movimentadas com os carros e os alunos com suas mochilas. A cidade quase na normalidade, os turistas voltaram para as suas casas. O calor? Teima em continuar escaldante.

“ A ideia é trazer um pouco desse caminho cultivado por muitas mãos: das mestras que tivemos o prazer de compartilhar experiências, da...

A ideia é trazer um pouco desse caminho cultivado por muitas mãos: das mestras que tivemos o prazer de compartilhar experiências, das mulheres que participaram de nossas oficinas de percussão e que nos ensinam a cada conquista por elas alcançadas, pelas manifestações culturais afro-brasileiras que são o norte de nossa estrada(As Calungas)

Tenho um tambor dentro de mim. Digo isso porque, desde menina, não podia ouvir um Ala Ursa que queria seguir atrás. Aquele som, mais a liberdade de sair batucando pelas ruas e anônima, muito me tocavam lá dentro. Literalmente. Sou do Carnaval. Adoro. Muito mais do que o São João, como preferem outros. Mas no meu tempo, como dizem os mais velhos, não tínhamos o que hoje se apresenta. O máximo era o Corso, no Centro, e eu me conformava com o mela-mela, as lança-perfumes e o pouco que brinquei nos Clubes. Mas, nos salões da AABB e Cabo Branco, eu queria sumir entre os confetes e fazer os passos do frevo como hoje vejo no Recife. Deus sabe o que faz! Não fosse o mundo pequeno em que vivia, acho que eu teria dado para passista, se tivesse nascido no Rio. Na Mangueira, (fui uma vez num ensaio oficial e tremi nas bases). Ou no Acho é Pouco, em Olinda, onde brinquei no final dos anos 70 e começo dos 80. Ladeira abaixo.

Geralmente em janeiro é época de chuvas pelo Sudeste e com as mudanças climáticas só o que se vê é enchente, rios transbordando, miséri...

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Geralmente em janeiro é época de chuvas pelo Sudeste e com as mudanças climáticas só o que se vê é enchente, rios transbordando, miséria e tragédias. Anunciadas todas. A natureza é implacável, mas os governos incompetentes não se previnem, não tomam conta da população, não fazem o mínimo do dever de casa. E fico muito triste ao ver na TV as mortes, os carros boiando, as casas destruídas, as pessoas sem casa e perdendo tudo. Outra vez.

Velho, não entardecido talvez Antigo sim. Me tornei antigo porque a vida, tantas vezes, se demorou. e eu a esperei como um rio aguard...

idade setenta anos aniversario tempo
Velho, não entardecido talvez Antigo sim. Me tornei antigo porque a vida, tantas vezes, se demorou. e eu a esperei como um rio aguarda a cheia.
(Mia Couto)

Essa velhice do nascedouro tem ambiguidades pontiagudas a juventude sem compromisso e a maturidade latente do peito da mãe que se doa. Carências e ofertas. Tudo junto. Mistura entre lírico e samba, entre tango e frevo. E o torturante fado a me acompanhar. Entre o calar e o gritar.
(Albiege Fernandes)

Sou Ana Adelaide Peixoto Tavares – Viúva, mãe de Lucas e Daniel, avó de Luísa. Professora Doutora da UFPB, aposentada – Departamento de Letras Estrangeiras Modernas. Escrevo crônicas no jornal A União e no blog Ambiente de Leitura Carlos Romero. Gosto de viajar e de não fazer nada. De cinema, ler e de dançar. De comer massa com pão de alho. De moda e de música. Não necessariamente nessa ordem... E de contemplar a vida... e todas as horas! “A prontidão é tudo”! Com poesia. Sempre! Já tive os cabelos vermelhos. Hoje não mais.

idade setenta anos aniversario tempo
Ana Adelaide Peixoto Tavares Acervo da autora
Assim está o meu pequeno currículo.

Sou aquariana e amante da liberdade. E do sossego. Sou muito grata por ter nascido em meados dos anos cinquenta e ter assistido a transformação inimaginável do mundo. Final do século XX e começo do XXI. Quantas mudanças! e a tecnologia e junto com ela, a gente com um celular na mão e uma loucura na cabeça. Mas tenho que admitir que, sem essa maquininha, a minha vida e transformações íntimas não teriam sido possíveis – ficar viúva, ninho vazio, e morar sozinha. Essa simultaneidade das coisas e instantaneidade me dão companhia e a ilusão de pertencimento, mas, a essa altura, quem quer saber da verdade? Contento-me com a ilusão.

Com tantas décadas no lombo, vamos mudando também. Vou ficando mais parecida com meu pai, ensimesmada. Mas sem o seu xadrez, infelizmente. Sempre fui caseira, mas tinha um pé no mundo. Hoje bem menos. Ainda gosto da rua, mas o calor me deixa dormente.

idade setenta anos aniversario tempo
Gosto de olhar para trás e ver tudo o que aconteceu comigo. Não tudo, claro. Se pudesse mudar, sim, mudaria alguns destinos. Quem nunca?

Festa? Lembro da personagem de Virginia Woolf, Mrs Dalloway, que vivia a dar festas. Uma forma de uma mulher naqueles tempos londrinos observar o mundo, se expressar e viver o mundo público. Eu já gostei muito de festas. Não por esses motivos. Mas também para me expressar dançando, beijando os meninos bonitos, e explodindo as alegrias da juventude. Lembro que nos meus 50 ofereci uma festa para a família e amigos chegados, no Parahyba Café, e amanhecemos o dia, eu e Juca dançando Caetano: “E agora, que faço eu da vida sem você?...você não me ensinou a te esquecer”.

Nos 60, eu estava enlutada e tivemos só um bolinho para a família no aconchego da minha casa. Hoje, com mais uma volta ao sol, completando essa data redonda, 70 anos, quadrada e triangular, agradeço – Gracias a la vida! Que me há dado tanto. E celebro com meus filhos, companheiras, neta, irmãs, sobrinhos e cunhados, a minha vida. Recentemente, tive sustos na saúde, sustos que chacoalham a nossa existência e temos que tirar forças outras para enfrentar a vida: que não vai te tratar bem...

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Quem quiser que fale bem de uma idade dita terceira. Queria mesmo era voltar aos 40! Mas não temos opção e seguir em frente é a Pasárgada possível. Comerei pastel de nata, sim! Darei uns mergulhos no mar, e já tenho os meus desejos íntimos. Conquistas? Nunca são muitas. Mas nunca fui ambiciosa. Ter um chão iluminado. Comidinha quentinha na mesa e contas pagas. Saúde e alegria de viver. Quem já teve depressão e síndrome do pânico, sabe do que falo. Um vestido novo, um sorvete de pinha, um entardecer, uma boa noite de sono, são luxos. Mas, e o Carnaval? A loucura dele é um êxtase que me faz falta.

A finitude? Assusta sim. Os cabelos brancos nos lembram sempre dessa data num futuro próximo, mas gosto de pensar num futuro perdido nas nuvens, que não tenho controle, que ele só aconteça.

E como as lobas das Mulheres de Clarissa Estés Pinkola, celebro:

“Coma Descanse Perambule nos intervalos Seja Leal Ame os filhos queixe-se ao luar Apure os ouvidos Cuide dos ossos Faça amor Uive sempre".

Para Luísa Hoje eu quero paz de criança dormindo E abandono de flores se abrindo (Dolores Duran) Final de ano, fico triste com as r...

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Para Luísa

Hoje eu quero paz de criança dormindo
E abandono de flores se abrindo
(Dolores Duran)

Final de ano, fico triste com as retrospectivas, principalmente com a lista enorrrrrme dos mortos – anônimos e famosos. Passa a vida na cabeça, os dias, e o tempo que resta. Sim, estou na fase das jabuticabas de que falou Rubem Alves, a conta é decrescente. Mas não penso nisso. A vida é hoje, mas a tristeza é real. Ainda mais que fico sabendo da morte do amigo de infância, Alexandre Carneiro, meu par nas quadrilhas juninas do final dos anos 60, e depois amigo das noitadas e turma de que já falei aqui semana passada. Tudo urgente.

No final da década de 70, entrando pelos 80´s atravessei dificuldades na vida que mudava e mudava, ao som das músicas Esotérico de...

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No final da década de 70, entrando pelos 80´s atravessei dificuldades na vida que mudava e mudava, ao som das músicas Esotérico de Gil e Caetano e Travessia de Milton e Começar de Novo de Ivan Lins. Tornei-me uma mulher desquitada, na época era assim que chamava, e fui viver uma adolescência tardia aos 25 anos. E claro que, ao som do Taracon também, e noites na boemia, reencontrei amigos de infância e outros nem tão de infância assim. Uma turma de amigos que, curtiam encontros nas sextas à noite, sábados no bar de Lindenberg (Boibumbar) no Bessa, ou no Motocar, Ponta Cabo Branco.

E sobrevivemos ao Natal! Com os babilaques de sempre – comprei uma árvore minúscula e cafona, para brindar a minha neta, Luísa, que des...

E sobrevivemos ao Natal! Com os babilaques de sempre – comprei uma árvore minúscula e cafona, para brindar a minha neta, Luísa, que descobriu antes do tempo e quis ver. Lá se foi a surpresa.

Para Lara Nunca fui chegada a exercícios físicos. E sou feita de material genético diferente, pois nunca senti a adrenalina no após e...

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Para Lara

Nunca fui chegada a exercícios físicos. E sou feita de material genético diferente, pois nunca senti a adrenalina no após exercício, aquela energia que dizem todos sentir. Quando me exercito, fico exausta e querendo dormir. Mas gosto muito de caminhar, mesmo com alguns impedimentos; dançar – que amo; e de me alongar. Repuxar o esqueleto. Há alguns anos cuido disso, de forma não sistemática, mas sempre em busca do alcançar longe. E aí serve para tudo. E no mais, a coisa mais preciosa na velhice é a cabeça e a mobilidade. Ser autônoma é tudo que mais quero na minha vida solitária. E temos que correr atrás dos longos anos de sedentarismo da juventude.

O Tema da redação do Enem 2023- 'Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Br...

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O Tema da redação do Enem 2023- 'Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil'- me deu uma esperança de que existe luz no fim do túnel. Digo, para a vida das mulheres. Ou pelo menos, me deu alegria de ver os jovens de todos os gêneros, classes e credos a pensar e escrever sobre o assunto. E senti o impacto ao meu redor, quando vi pais discutindo o tema com os filhos.

Sou fã da escritora, atriz, roteirista, Fernanda Torres, embora não tenha lido o seu romance de estreia, Fim. Acho-a uma atriz de pes...

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Sou fã da escritora, atriz, roteirista, Fernanda Torres, embora não tenha lido o seu romance de estreia, Fim. Acho-a uma atriz de peso e engraçada. “Tapas e Beijos" me fazia rir muito. E os filmes Os Normais, O que é isso, Companheiro?, Terra Estrangeira, Eu sei que vou te amar, Casa de Areia, dentre tantos.

O filme Memórias de Paris (de Alice Winocour, 2022), no Festival de Cinema Varilux, tem como enredo os ataques terroristas em Paris ...

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O filme Memórias de Paris (de Alice Winocour, 2022), no Festival de Cinema Varilux, tem como enredo os ataques terroristas em Paris com foco num dos cafés atingidos.

A personagem principal, Mia (Virginie Efira), sai de um encontro com o marido depois de uma desculpa conveniente para ir a um encontro amoroso, e ela, por conta da chuva torrencial, resolve parar num Café. Fica a observar detalhes nos clientes. Duas moças que tiram selfie, um pescoço com um colar, uma outra que se dirige ao banheiro, um aniversário celebrado na mesa vizinha, um olhar sedutor do aniversariante, quando, de repente, uma explosão.

Há muitos anos que me incomoda a relação de nós mulheres com o nosso corpo. A pressão da sociedade por corpos irrealizáveis. Sempre fu...

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Há muitos anos que me incomoda a relação de nós mulheres com o nosso corpo. A pressão da sociedade por corpos irrealizáveis. Sempre fui magrela, e naqueles tempos, sofria por não ter peito grande. As minhas amigas todas tinham. E logo eu que adorava decotes ousados, transparências e biquinis minúsculos. Mas fui em frente até o namorado elogiar os meus pequenos. Precisei do olhar masculino para levantar a visão que tinha do meu corpo magro.

Sempre me dei bem com ela, pois descobri que nunca havia sentido esse estado, aquele mais sombrio; talvez conheci aquela solidão mais ...

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Sempre me dei bem com ela, pois descobri que nunca havia sentido esse estado, aquele mais sombrio; talvez conheci aquela solidão mais pontual e por ocasião de alguma viagem solitária, ou um momento específico da vida. E claro, aquela pior, que é a solidão acompanhada. Quem nunca?

“ Olhar o mundo geometricamente é mais simples ” (Raul Córdula) Fui na exposição do artista plástico Raul Córdula (pintor, artista gr...

raul cordula pintura arte paraibana
Olhar o mundo geometricamente é mais simples
(Raul Córdula)

Fui na exposição do artista plástico Raul Córdula (pintor, artista gráfico e crítico de arte), Energisa, 19 de outubro-18 novembro 2023. 80 anos de idade; 20 anos da Usina Energisa; 20 anos da sua mostra “antologia – 1963-2003”, a primeira de um artista paraibano na Usina.

“As coisas que contribuem para a longevidade saudável são as mesmas que fazem a vida valer à pena.” Fala do filme ... E " Os Seg...

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“As coisas que contribuem para a longevidade saudável são as mesmas que fazem a vida valer à pena.”
Fala do filme

... E "Os Segredos das zonas azuis”. Esse é o título de um delicioso documentário, viajando pelo mundo com o escritor Dan Buettner e descobrindo cinco comunidades únicas, onde as pessoas têm vidas muito longas e felizes e tem saúde até o fim da vida. Nada de novo no front! Ou do que já sabemos. Mas, outra coisa é ver tudo registrado. Entrevistas; lugares lindos e as suas longevas pessoas.

Okinaya, no Japão; Sardenha, na Itália; Ikaria, na Grécia; Nicoya na Cosa Rica; e Loma Linda, na California-EUA, foram os lugares escolhidos, ou melhor observados que tinham algo em comum, para que se vivesse tanto e com tanta qualidade de vida. De quebra ainda teve matéria em Singapura e numa pesquisa aplicada especial na pequena comunidade de Albert Lea, nos EUA, e o resultado em um ano foi o aumento da expectativa de vida de seus habitantes, o que pode indicar que seus resultados puderam, de algum modo, ser comprovados.

Claro que a comida (vegetais, raízes, mel ao invés do açúcar), outros ingredientes são vitais. As pessoas trabalham muito e por menos tempo, para que sobre tempo para o lazer. Andam muito. Fazem coisas com as mãos, como jardinagem. Tem um plano de vida, um propósito que os alimentam ao acordar. Rituais sagrados diários para aliviar o stress, as inflamações, e evitar a diabetes e o câncer. Pensar em deixar algo para a posteridade, conversar com amigos, a religiosidade, a fé. Tudo no pacote. Bebem, mas fazem o seu próprio vinho. Em Costa Rica colhem o seu feijão, o milho e o jerimum. Em Loma Linda, tem muito voluntariado. Estar em paz, cochilar, preocupação de pertencimento à uma comunidade de fé; fazer happy hours. Tem até um vocabulário específico para denominar a razão que os fazem levantar pela manhã. Seus gostos não funcionam todos os dias. Alimentos integrais e naturais. E os carboidratos, contém substancias outras, e se juntam ao milho, batata doce, verdes, castanhas, chás. E comem pouco, até 80% da saciedade.

Atitude, outra coisa importante. Comer com a família, cuidar dos idosos, comem devagar, e comida plantada por eles; e com moderação, conversam. Como se conectar? Priorizam a família. Parceria, amor, cuidar e amar. Círculo de amigos – investem a vida toda. Ter os amigos certos! Para fazer as coisas certas!

Singapura é um país inteiro de longevidade saudável. Expectativa de vida mais alta do mundo. E até outro dia era uma Vila de pescadores. Trabalhar duro, ser honesto, ser humilde. Quem joga tênis, vive mais (viu Teca e Anthony?). Políticas públicas que melhora a vida das pessoas. Interações ocasionais com porteiros e pessoais em geral. Proporcionam pequenos povoados artificiais para idosos. Com centro médico, praça de alimentação, e promovem encontros. A solidão existe como função do nosso ambiente. Sair para interagir com pessoas , um remédio que se opõe ao sentar e assistir TV. Não se consegue viver sozinho. Criar moradias de proximidade, pais e filhos, o que se opõe veementemente às Casas de Repousos, impessoais e tristes. O investimento econômico de adesão gera mais saúde e se constitui num benefício humano.

Setembro foi o mês Amarelo/Saúde Mental, e vejo ao meu redor muita gente com depressão, ansiedade, e outras doenças da alma. Nesse filme, e a vida nesses lugares, todos os espaços do corpo e do espírito são preenchidos com sabedoria. Comida, descanso, pausa, tempo, diversão, comunhão, compartilhamento, olhar ao outro, sono, trabalho, propósito, destino, ritmo lento, e amor.

Eu que já estou quase dobrando outro cabo da esperança, vivo a pensar na vida. Nas realizações, nas faltas, nas conquistas, no tempo do dia, nos prazeres, nos amigos, no social que falta, no que sobra, nas recusas, nos filhos, e no bem estar deles, nas minhas responsabilidades, ou nas ausências, mas principalmente no amor, aquilo que nos define aqui e lá. Jovem ou velho. Nesta ou em qualquer outra vida.

O filme é fantástico. Conhecer esses mundos, esses povos e as suas vidas, nos mostra o que temos ou deixamos de ter. Sem reclamar, sem ser rabugento, sem amarguras, azedumes, mágoas ou recalques. Isso sim, nos faz adoecer e viver pouco e ruim. Viva as zonas azuis!

Sempre me intrigou a violência masculina. Sou mãe de dois homens e, desde cedo, quando ia buscá-los na escola observava essa energia da...

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Sempre me intrigou a violência masculina. Sou mãe de dois homens e, desde cedo, quando ia buscá-los na escola observava essa energia da força, nem sempre bem direcionada e que, muitas vezes, gerava briga, murros, tapas, chutes, e numa idade pré-adolescente isso brotava assustadoramente.

Domenico Di Masi se despediu da vida na semana passada. O sociólogo italiano que se tornou famoso também pelo conceito de "ócio c...

Domenico Di Masi se despediu da vida na semana passada. O sociólogo italiano que se tornou famoso também pelo conceito de "ócio criativo", segundo o qual o ócio, longe de ser negativo, é um fator que estimula a criatividade pessoal. Conceito esse que foi contra tudo o que aprendemos desde a sociedade vitoriana com o seu senso de dever, ao capitalismo selvagem, em que tempo é dinheiro e você vale pelo que produz. O irônico é que, em mais de 40 obras, Di Mais escreveu sobre o trabalho. A atividade intelectual sempre foi renegada a um lugar às margens, como também a atividade artística. A de professora igualmente, pois pensa-se que o conhecimento cai feito um facho de luz nas nossas cabeças. E que os livros são objetos diletantes. Também.

Antes da pandemia, assisti ao espetáculo Violetas; “fruto da pesquisa “Memória da Voz”, realizada pela atriz Mayra Montenegro, com dire...

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Antes da pandemia, assisti ao espetáculo Violetas; “fruto da pesquisa “Memória da Voz”, realizada pela atriz Mayra Montenegro, com direção de Raquel Scotti Hirson (LUME Teatro) e assistência de direção de Eleonora Montenegro. O espetáculo trata do silenciamento de mulheres, guerreiras anônimas, sonhadoras solitárias, que dedicaram suas vidas aos filhos e maridos e não puderam realizar sonhos outros. O fio condutor é a história da avó de Mayra, dona Wilma, que com o seu exemplo de vida e amorosidade, inspira toda a pesquisa.”

Quando eu era adolescente eu era muito magra, pouco peito e a minha mãe, desavisada, dizia que a minha bunda era grande. Imagina! apena...

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Quando eu era adolescente eu era muito magra, pouco peito e a minha mãe, desavisada, dizia que a minha bunda era grande. Imagina! apenas tomava corpo de mulher. E eu, pré-adolescente, me olhava no espelho e me sentia deslocada. Como a maioria das meninas dessa idade. Para ficar sem forma, eu usava cinta, hã?. Depois, sob o olhar do namorado, que dizia estar tudo lindo, fui me apoderando do meu corpo – aquele que eu tinha, e me achando melhor. Ou seja, precisei do olhar do outro, de um homem, para referendar a minha fina estampa.