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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   MANUAL DO SANTO AMPARO Apoio a cabeça em mão que ...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
MANUAL DO SANTO AMPARO
Apoio a cabeça em mão que não é minha. Ela me batiza, me passa a unha, acaricia, desmancha o cabelo, me põe medo tampando os olhos, empurra o nariz

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   MANUAL PARA LOUVAR A POESIA Abençoado o terror dos...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
MANUAL PARA LOUVAR A POESIA
Abençoado o terror dos dedos entregues à poesia madrugadora. Abençoado o menestrel das insurgências absurdas, das desculpas, do torvelinho, que late solto pelas cordilheiras. Abençoado o nascido sonolento, um passo atrás das urgências. Abençoado o talo da imensidão e o machado do corte, o soletrar dos vícios na paz dos escombros.

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   1° de janeiro Após o pão e circo, sigo em busc...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)



 
1° de janeiro
Após o pão e circo, sigo em busca da ciência de desinventar. No vazio do salão amanhecido ainda ressoam os ecos dos champanhes, os alaridos esperançosos, os sussurros de cumplicidade.

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022) MANUAL PARA FAZER BOLA DE GOMA DE MASCAR A goma...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)




MANUAL PARA FAZER BOLA DE GOMA DE MASCAR
A goma é urbana — ruminância humana.
Observar os preceitos do bom uso dos dentes, da forma de mascar, de sorver a abundância da saliva, remoer na mandíbula e repousar sobre a língua.

POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças” (Editora COUSA – 2022)   MANUAL DE SE ENVEREDAR EM CAMINHOS Os campos er...

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POEMAS DO LIVRO “Manual de Estilhaçar Vidraças”
(Editora COUSA – 2022)


 
MANUAL DE SE ENVEREDAR EM CAMINHOS
Os campos eram de um algo de desprezar estradas, percorrer vazios, recontar as sombras. Era um bastar-se despercebido. (Mesmo sem, era muito.) Preparar saltos, conter a fadiga.

POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero” (Editora Arribaçã – 2021)   Quo Vadis Sou um devoto de pernas tortas, um desequilíbrio me p...

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POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero”
(Editora Arribaçã – 2021)


 
Quo Vadis
Sou um devoto de pernas tortas, um desequilíbrio me preenche, uma crença na embriaguez (Um tom de cor que não percebem os olhos claustrofóbicos) Conforme os cartazes, não existo, uma impossibilidade me percorre como um sangue incolor

POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero” (Editora Arribaçã – 2021)     Cacos do Zero Meus cacos ― grãos no deserto do sonho desfei...

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POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero”
(Editora Arribaçã – 2021)


 
 
Cacos do Zero
Meus cacos ― grãos no deserto do sonho desfeito.


Zero hora
Sou o princípio, não passagem. momento-prece dos ponteiros rendidos ao capricho do tempo.


POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero” (Editora Arribaçã – 2021)   A terra é plana no avesso do Zero. O início O Zero já in...

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POEMAS DO LIVRO “A arte do Zero”
(Editora Arribaçã – 2021)


 
A terra é plana no avesso do Zero.

O início
O Zero já inscrito na imensidão, boca aberta aguardando o verbo ― trocou os dentes.


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE” (Editora Mondrongo – 2019)   O QUE NÃO CABE A forma contida - este imbroglio, amarras de ...


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE”
(Editora Mondrongo – 2019)

 
O QUE NÃO CABE
A forma contida - este imbroglio, amarras de cizal ao vento, feixo de palavras, regalo, falso cabedal de um momento do poeta diante do espelho, de um olhar vaidoso, soberbo, lidando com a morte dos tolos no penduricalho do verbo, não basta ao real esquecimento retinto por outros no tempo como transitório alento.

Conheci Carlos Nejar em um almoço na casa de meu amigo e poeta capixaba, Oscar Gama Filho . Sempre admirei a obra de Nejar, uma exte...

Conheci Carlos Nejar em um almoço na casa de meu amigo e poeta capixaba, Oscar Gama Filho.

Sempre admirei a obra de Nejar, uma extensa e rica produção literária que comprova tratar-se de um dos maiores poetas brasileiros.

POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE” (Editora Mondrongo – 2019)   MASSA DE PÃO O dote, esta maçã mordida; A voz, esta tinta d...


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE”
(Editora Mondrongo – 2019)

 
MASSA DE PÃO
O dote, esta maçã mordida; A voz, esta tinta de estar Nome, fugaz expectativa, Moinho dos ossos, o lar. Resmas, orvalhos e os espectros Restam postos, nomeando dias, Fermento gestando o passado, Massa de pão, refluxo, azia.

Sempre é oportuno relembrar que a leitura atenta de um livro começa pelo nome com o qual o autor convida o leitor à leitura...

william soares santos livro poesia rarefeito
Sempre é oportuno relembrar que a leitura atenta de um livro começa pelo nome com o qual o autor convida o leitor à leitura – sobretudo quando se trata de um livro de poemas. O poeta costuma buscar a densidade em cada palavra, um visgo que grude na capa toda uma carga de significantes e emoções transfigurados em linguagem.

No final do século XVIII o pastor, teólogo e filósofo alemão, Johann Kaspar Lavater sur...

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No final do século XVIII o pastor, teólogo e filósofo alemão, Johann Kaspar Lavater surpreendeu Goethe com a sua capacidade de dizer sobre a personalidade das pessoas a partir da análise da expressão facial, características físicas e a postura corporal. Lavater ficou conhecido pelo seu livro Fisiognomia e por sua amizade com o jovem Goethe e com o médico Mesmer (criador do mesmerismo).

" A invenção da imprensa é o maior acontecimento da história. É a revolução mãe... é o pensamento humano que larga uma forma e ves...

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"A invenção da imprensa é o maior acontecimento da história. É a revolução mãe... é o pensamento humano que larga uma forma e veste outra... é a completa e definitiva mudança de pele dessa serpente diabólica, que, desde Adão, representa a inteligência."
(Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris, 1831)

 
O exercício era recortar o jornal picotar as palavras lançá-las no aquário as bolhas de um solitário peixe tratavam de desmentir qualquer verdade


POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE” (Editora Mondrongo – 2019)   ERA UMA VEZ A UTOPIA Para Renato Suttana Será possível...

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POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE”
(Editora Mondrongo – 2019)

 
ERA UMA VEZ A UTOPIA
Para Renato Suttana Será possível conservar acasos, ruas sem rumo e pastos sem cerca? As cortinas não expõem a tristeza, o crepitar, o tremor, o espasmo? Deixem que os mortos testemunhem a dor, o vibrar ensurdecedor - silêncio, cada tambor reverberando o ócio dos que violam o que do amor restou.

POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE” (Editora Mondrongo – 2019) Nota do autor Crise do soneto ou crise do poeta? Falamos da imp...

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POEMAS DO LIVRO “SONETOS EM CRISE”
(Editora Mondrongo – 2019)

bacharach dietrich
Nota do autor
Crise do soneto ou crise do poeta? Falamos da imperfeição métrica, da inacurácia do esteta ou da pobreza técnica?
Impor-se a necessidade das formas fixas, de por “amarrados” os versos que se firmaram como libertos ao longo dos anos de produção poética – este o objetivo do poeta.

POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO” (Editora Cousa – 2018) CUMULUS Quero te dizer de uma nuvem acontecida, das l...

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POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO”
(Editora Cousa – 2018)

CUMULUS
Quero te dizer de uma nuvem acontecida, das luzes de uma cidade distante, – companheira – desses derradeiros dias, da última idade antecipada,

POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO” (Editora Cousa – 2018) EU ME APRESENTO Há que se entender ou não o ornitorrinco d...

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POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO”
(Editora Cousa – 2018)

EU ME APRESENTO

Há que se entender ou não o ornitorrinco do pau oco?

Eu, por exemplo, vivo em busca de algum autoentendimento. Só recentemente, relendo uma definição do Breviário da decomposição de Emil Cioran, é que me descobri um pessimista entusiasmado.

POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO” (Editora Cousa – 2018)     BESTAS, BEATS E BEATOS Na me...

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POEMAS DO LIVRO “O ORNITORRINCO DO PAU OCO”
(Editora Cousa – 2018)

 
 
BESTAS, BEATS E BEATOS
Na medida em que o olhar poético flui do verde para o concreto, muito se perde. Cabe devastar a poesia, arrancar a relva, desgastar a terra, impregnar de concreto a carne e esparramar ao sol a pele tatuada dos homens? O non sense, em dizer: Maldito deus.

Vida e Poesia “Sem poesia não há salvação”, escreveu Mario Quintana. Sem dúvida, uma das pessoas que têm plena consciência desta ...

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Vida e Poesia

“Sem poesia não há salvação”, escreveu Mario Quintana. Sem dúvida, uma das pessoas que têm plena consciência desta sabedoria é Jorge Elias Neto, que vem há muito se dedicando à poesia. Neste O ornitorrinco do pau oco, traz-nos ele uma coletânea de seus primeiros quatro livros publicados e poemas inéditos. Segundo Carlos Nejar, o poema de Jorge Elias Neto é “feito de chispas”, o que é uma observação perfeitamente correta. Mas também de sua composição fazem parte – como Nejar também nota – o sonho, assim como o lirismo e, claro, a condição humana de um modo geral.