O ser humano, em algum momento, se frustra por não alcançar um objetivo ou por cometer um erro. Consequentemente, o fracasso é uma parte inevitável da existência. É nessa situação que a autocompaixão surge para aliviar o sofrimento. A autocompreensão deve ser uma prática para o bem-estar emocional e psicológico. Autoempatia é a prática de tratar a si com a mesma compaixão, cuidado e compreensão que a pessoa oferece aos outros em momentos de sofrimento.
Heinz Kohut (1913–1981), psicanalista austríaco, analisou como défices emocionais no ambiente empático durante a infância podem resultar em comportamentos disfuncionais na vida adulta. A atitude disfuncional refere-se a padrões de ações irregulares, pensamentos ou reações que prejudicam a saúde mental e física tanto do indivíduo quanto o bem-estar das pessoas em seu relacionamento social. Esse tipo de comportamento caracteriza-se, frequentemente, pela dificuldade em gerenciar as próprias emoções ou lidar com seus desafios de maneira produtiva e respeitosa.
A tradição da Teoria Crítica, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt (Escola de Frankfurt), busca compreender o funcionamento da sociedade a partir de uma perspectiva de emancipação. Contudo, essa emancipação pode, simultaneamente, ser limitada pela própria lógica da organização social estabelecida. Nesse contexto, o primeiro princípio da Teoria Crítica é a orientação para a emancipação, que exige que a teoria assuma uma postura crítica em relação ao conhecimento produzido sob as condições sociais do capitalismo, bem como à própria realidade social que esse conhecimento busca compreender. Esse compromisso crítico constitui o segundo princípio fundamental da Teoria Crítica.
O pensamento do filósofo coreano Byung-Chul Han, nascido em 1959, tem contribuído para uma análise crítica sobre as crises da sociedade contemporânea. Han analisa o isolamento social, o consumismo compulsivo, o excesso de informação inútil, a vulnerabilidade dos produtos causada pelo avanço tecnológico e a pressão por alto desempenho profissional, como fenômenos que constituem a vida moderna. Entre suas obras mais lidas está Sociedade do Cansaço, publicada em 2010. O livro aborda, em sete capítulos, a exaustão física e mental da modernidade,
A mitologia grega é um conjunto de mitos, crenças, lendas e histórias que os gregos antigos utilizavam para explicar os fenômenos da natureza e do Universo. Os mitos gregos estão divididos em três períodos principais. O primeiro é a teogonia, que aborda a origem dos deuses, do planeta e do ser humano. O segundo período refere-se à era em que deuses, semideuses e mortais interagiam diretamente. Por fim, o terceiro é conhecido como a fase dos heróis, em que a atividade divina tornou-se mais limitada, e as maiores lendas heroicas, como as relacionadas à Guerra de Troia, influenciaram a origem de nação e Estado.
Enrico Fubini, musicólogo italiano nascido em 1935, em seu livro Estética da Música, publicado em 2019, sustenta a tese: “O modo de sentir e fazer música se modifica ao longo da história” (2015, p. 16-17). Para o autor, a atividade do músico exige anos de aperfeiçoamento com o objetivo de adquirir a técnica precisa de interpretação, capaz de impactar o senso crítico e estimular a sensibilidade no comportamento humano.
A psicanálise, desenvolvida pelo neurologista austríaco Sigmund Freud (1856–1939), é um método de investigação e tratamento para alterações psíquicas, estruturado nas pulsões da sexualidade. Essa teoria foi elaborada entre o final do século XIX e o ano de 1939. Fundamenta-se na tese de que o inconsciente é o mais determinante dos processos mentais, os quais influenciam diretamente o comportamento humano. A terapia psicanalítica ocorre por meio de uma relação de diálogo entre o paciente e o analista, cujo objetivo é identificar as causas dos sofrimentos psíquicos e das confusões de personalidade. Além disso, busca-se aliviar tensões emocionais e melhorar as relações interpessoais do indivíduo.
A psicopatia, o ódio e o poder constituem três conceitos que, quando inter-relacionados, geram uma preocupação vital para compreender algumas das brutalidades das relações humanas, tanto no nível individual quanto no coletivo. Cada um deles representa forças que moldam comportamentos, estruturam sistemas sociais e causam consequências que vão desde o domínio político até tragédias pessoais e históricas.
A violência é um fenômeno que é analisado sob conceitos individuais, sociais, culturais e biológicos. Ela é frequentemente entendida como uma agressão física ou verbal direcionada a uma pessoa, a si mesmo ou ao ambiente, e se manifesta de forma estrutural ou simbólica. A estrutural está nos sistemas que perpetuam desigualdades e exclusões.
O narcisismo doentio, muitas vezes associado ao Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN), caracteriza-se por um padrão de grandiosidade, pela necessidade de admiração excessiva e a falta de empatia, que impacta negativamente as relações interpessoais e o bem-estar emocional do próprio indivíduo. O narcisista patológico possui uma autoestima vulnerável, que necessita constantemente de validação externa para se sentir acolhido e valorizado. Essa doença se manifesta em comportamentos e crenças que expõem uma visão distorcida de
si e dos outros. A pessoa com TPN que apresenta a voracidade pela grandiosidade exprime um sintoma compulsivo de sentir-se especial e única, de forma a se colocar acima dos outros e esperar uma evidência diferenciada. A necessidade de admiração constante depende da validação externa, a qual busca ser o centro das atenções a fim de receber elogios e reconhecimento. Um dos seus sintomas é acreditar na certeza de merecer tratamento especial, e - em muitos casos – manifestar uma agressividade quando suas expectativas não são atendidas. A exploração interpessoal utiliza as pessoas na sua convivência social como meio para alcançar seus interesses egoístas e suas metas profissionais sem respeitar os próprios sentimentos. A falta de empatia gera dificuldade em se relacionar com as emoções alheias, a qual impossibilita a construção de relacionamentos saudáveis. O narcisista doentio acredita que os outros o invejam ou sente-se ameaçado pelo sucesso de outras pessoas.
A desigualdade se manifesta nas desumanas relações de sistemas econômicos que estruturam a vida em sociedade e são sustentadas tanto por mecanismos materiais quanto por ideias e valores culturais para intensificar o acúmulo de mais privilégios para algumas pessoas. Consequentemente, a cruel distribuição de recursos e as faltas de oportunidades de desenvolvimento pessoal geram a violência entre todos.
A política, por definição, é o espaço onde se articulam e se organizam os interesses de grupos e indivíduos em busca do bem comum. No entanto, quando a perversidade humana se infiltra no processo de construção do bem-estar social, os princípios básicos de justiça, igualdade e transparência são subvertidos por interesses egoístas, muitas vezes impulsionados por distúrbios psíquicos.
Charles-Louis de Secondat (1689–1755), mais conhecido por Montesquieu, foi um filósofo, escritor e teórico político iluminista. Ele contribuiu para criar a ideia de tripartição dos poderes do Estado. Em 1748, o pensador publicou o seu livro Do Espírito das Leis. Neste trabalho, uma de suas teses é o liberalismo político.
“De todos os homens maus, os homens maus religiosos são os piores”, afirmava Clive Staples Lewis (1898 - 1963). Em seu livro Cristianismo Puro e Simples (1952), nos cinco primeiros capítulos, ele apresenta a ideia de que alguns indivíduos têm um padrão de comportamento ao qual esperam que os outros o sigam. No caso da esquizofrenia religiosa, alucinações, delírios, pensamento e fala desorganizados, comportamento bizarro e/ou inapropriado, redução das demonstrações de emoções, problemas de memória e concentração fazem com que os indivíduos acreditem estar em comunicação direta com Deus ou entidades divinas, recebendo missões especiais relacionadas à vida de outras pessoas. A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta o modo como a pessoa pensa, sente e se comporta, geralmente a pessoa esquizofrênica apresenta dificuldade em distinguir a realidade do imaginário.
As crenças religiosas oferecem conforto físico e mental, e frequentemente estruturam o comportamento e a sensação de propósito de salvação. Em pessoas com esquizofrenia, essas crenças podem ser intensificadas por meio de delírios e alucinações auditivas e/ou visuais. Um exemplo disso são indivíduos que acreditam receber mensagens de Deus, considerando-se profetas destinados a se purificarem de uma maldade ou a adquirir mérito pessoal. Para atingir esses objetivos, é comum que pratiquem atos como o jejum, buscando aliviar o mal-estar físico e mental e, de certa forma, transferir para os outros as causas de seus próprios conflitos existenciais e psíquicos.
Martin Mordechai Buber (1878 – 1965) foi um filósofo, teólogo, escritor e pedagogo austríaco. Sua obra filosófica Eu e Tu, publicada em 1923, versa sobre o diálogo e a relação humana. O pensador desenvolveu uma teoria centrada na ideia de que o sentido da existência humana está no honesto relacionamento dialogal, o qual prioriza o respeito para construir a dignidade entre os seres humanos, e que os objetos e o mundo necessitam de interações para existirem. As palavras-princípio, “Eu-Tu” (relação), “Eu-Isso” (experiência), demonstram as dimensões da filosofia do diálogo que, segundo Buber, dizem respeito à própria vida. O diálogo em Buber está relacionado ao conceito de encontro.
A estética da subjetivação do “cuidar de si” refere-se ao processo de constituição da pessoa, no qual ela desenvolve um senso de pertencimento por meio de práticas estéticas, éticas e políticas, influenciando a formação da subjetividade. Filósofos franceses como Michel Foucault (1926-1984) e Gilles Deleuze (1925-1995) contribuíram para os estudos sobre autocuidado, mostrando como ele se modifica ao longo do tempo, transformando os modos de pensar e de ser da existência humana. Esse processo envolve a interação da pessoa com a ética do cotidiano, priorizando a criação de valores próprios e a resistência contra normas e ideologias repressoras. Entre as principais características estéticas e subjetivas do “cuidar de si”, destacam-se:
A angústia, conforme apresentada pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788–1860), está relacionada à sua visão pessimista da existência humana e do mundo. Segundo ele, os seres humanos são escravos de seus próprios desejos. Ao satisfazer um desejo, imediatamente surge outro, de modo que se vive em um estado de insatisfação constante. Além disso, o pensador observa que o mundo está repleto de injustiças e violências,
tornando a existência uma fonte contínua de sofrimentos. Sua obra mais conhecida, O Mundo como Vontade e Representação, publicada em 1819, explora esses temas. O livro é dividido em quatro partes: o primeiro capítulo é dedicado à teoria do conhecimento, o segundo à filosofia da natureza, o terceiro à metafísica do belo e o quarto à ética.
O uso inadequado da tecnologia contra o bem comum e a exploração perversa do sistema econômico na vida das pessoas estão destruindo princípios morais, levando à exclusão, discriminação e acentuando a competição destrutiva entre os cidadãos. A ausência de autocuidado resulta na desvalorização da dignidade humana em grande parte das pessoas. Diante dessa violência, é necessário examinar os efeitos desumanizadores que eliminam o significado da existência e do pertencimento.
Acrasia é um termo de origem grega que se refere à incapacidade de um indivíduo de exercer controle ao optar por ações que vão de encontro ao que ele próprio considera ser o melhor, segundo sua consciência. Essa definição se aplica a pessoas que não conseguem moderar seus desejos excessivos e que não respeitam os limites sociais e afetivos, entre os quais se destaca o respeito ao próximo. A etimologia da palavra em grego descreve que "a" é uma negação, enquanto "kratein" significa controlar. Quando traduzida para o latim, resulta em "incontinentia", que se interpreta como incontinência, ou seja, desregramento. Atualmente, a acrasia é objeto de análise em ética, psicanálise, psicologia e psiquiatria.
A maldade humana se apresenta de maneira sedutora, perseguindo seus próprios interesses. Este comportamento é marcado pelo egoísmo e, frequentemente, se manifesta através da falsidade. Além disso, pode se expressar pelo sadismo, visando semear o medo nos demais por meio de agressões psicológicas ou físicas, o que resulta na destruição de valores socioafetivos e na desconsideração das normas sociais. Diante disso, quais são as expectativas em relação a um psicopata ou a um indivíduo em situação de exclusão social?