No século XVII, a música europeia vivia uma diversidade de escolas e estilos que buscavam afirmar-se em meio a transformações culturais, religiosas e políticas. A música barroca, que se desenvolveu entre 1600 e 1750, é caracterizada por: o baixo contínuo, que consiste em estabelecer uma base sonora contínua, acompanhada por cifras, tocada por um instrumento grave (caracterizada pelo domínio de notas da linha de baixo), sobre a qual um instrumento harmônico
Edward Louis Bernays (1891–1995) foi um dos arquitetos da manipulação moderna da opinião pública. Sua relevância decorre do modo como traduziu conceitos psicanalíticos para o campo da comunicação e da propaganda. Inspirado pelas teorias de seu tio, Sigmund Freud (1856–1939), Bernays enxergava os desejos ocultos como forças determinantes no comportamento humano, os quais podiam ser explorados estrategicamente para moldar escolhas, hábitos e valores.
Durante o período colonial da Paraíba, entre 1585 e 1889, a música sacra cristã foi introduzida nas igrejas por meio do cantus planus, o canto gregoriano. Nos espaços públicos, como vilas e municípios, bandas militares formaram músicos e preservaram festas populares e cívicas. Já no século XX, a música erudita paraibana ganhou destaque por meio de orquestras, grupos de câmara e corais, especialmente com a criação de instituições culturais, educacionais e acadêmicas.
Publicado em 1972, O Animal Social, do psicólogo estadunidense Elliot Aronson (1932), é uma obra de referência da psicologia social contemporânea. O livro realiza uma análise das dinâmicas sociais, propondo reflexões sobre os desafios enfrentados em sociedades marcadas por desigualdades, manipulações simbólicas e ódio. Ele ensina os leitores a reconhecer e resistir a mecanismos de manipulação, contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos, e apresenta uma análise dos fatores que influenciam o comportamento humano em sociedade, aliando pesquisas empíricas a reflexões teóricas acessíveis tanto ao público acadêmico quanto ao leigo.
Texto inspirado por e dedicado ao novo imortal da Academia Paraibana de Letras, Francisco Gil Messias.
A relação entre espiritualidade, erudição e razão é frequentemente abordada de maneira divergente e fragmentada. A espiritualidade é entendida como a expressão da necessidade humana diante da complexidade da existência; a erudição, como o robusto acúmulo sistemático de conhecimento; e a razão, como a faculdade crítica e analítica do pensamento. No entanto, para o amadurecimento integral do ser humano, essas três dimensões formam um cidadão sábio e comprometido com a dignidade humana, promovendo uma presença mais consciente e solidária no mundo.
A dança — enquanto expressão simbólica do corpo em movimento — constrói um fenômeno social, cultural e histórico enraizado nas dinâmicas estruturantes das sociedades humanas. Ela representa uma identidade coletiva, preserva as memórias sociais e articula os processos de resistência política e cultural contra o embrutecimento humano. Por meio da Sociologia da Dança, compreende-se que tal prática não pode ser dissociada das relações de poder, das hierarquias sociais e das construções das reexistências das identidades.
A música transcende os sentimentos e a racionalidade humana. Trata-se de uma linguagem universal, capaz de expressar identidades coletivas e de conectar indivíduos por meio de experiências compartilhadas. Nesse sentido, a música erudita — também chamada de música clássica — contribui para a construção do pertencimento cultural, pois está intrinsecamente ligada à formação histórica, social e estética de diversas sociedades. Ela molda não apenas o gosto artístico, mas também um imaginário coletivo que conecta os indivíduos à sua ancestralidade e à dignidade.
A Ética a Nicômaco, escrita entre 340 e 335 a.C. pelo filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), permanece como um dos fundamentos do pensamento ocidental. Nela, o pensador analisa a natureza da moralidade, da virtude e do bem. A obra é organizada em dez livros e visa investigar como os seres humanos podem construir o bem-estar por meio da prática da virtude. O título faz referência a seu filho, Nicômaco.
A psicopatia tem despertado interesse crescente nas análises acadêmicas das ciências sociais, da psicologia, da psicanálise, da filosofia e da ciência política. A imagem simbólica do líder carismático — frequentemente com traços messiânicos e guiado por interesses próprios — levanta questionamentos sobre os perfis de personalidade que favorecem a ascensão ao poder, frequentemente marcada pela brutalidade, em diferentes regimes políticos. Nesse contexto, marcado por dinâmicas de ódio, a psicopatia — compreendida como um transtorno de personalidade caracterizado pela ausência de culpa, comportamento antissocial e egocentrismo — emerge como uma patologia que pode assumir dimensões tanto individuais quanto coletivas nas reflexões sobre liderança e governança.
A tragédia — enquanto forma estética e expressão filosófica da condição humana — é o resultado da tensão entre os impulsos vitais e os sistemas morais que buscam dar sentido e ordem à existência. Quando uma moral absolutista se impõe como estrutura fixa de valores, desconsiderando a diversidade e complexidade da experiência humana, inaugura-se o terreno do trágico. A infelicidade, nesse contexto, não se reduz a um evento catastrófico, mas revela um conflito insolúvel entre princípios éticos, pulsões humanas e as limitações da razão normativa.
A miséria humana não se restringe à carência de recursos financeiros ou bens materiais; trata-se, sobretudo, da negação da dignidade, da escuta, do cuidado e do sentimento de pertencimento. Embora tenha raízes estruturais na injustiça social, a miséria se aprofunda por meio do silêncio, da indiferença e da naturalização do sofrimento. As chamadas "dores sociais" emergem de ambientes marcados
Vitor Nogueira
pela exploração e pela desigualdade, e se manifestam no corpo e na psique por meio de sintomas como a depressão, os transtornos neuróticos ou de personalidade — caracterizados pela forma como o indivíduo interpreta a si mesmo e estabelece relações com os outros.
A alteridade cultural constitui um elemento essencial na formação das identidades individuais e coletivas, uma vez que se configura a partir da relação dialógica do sujeito com sistemas simbólicos e expressões culturais que lhe conferem sentido de pertencimento, tanto em relação ao grupo social ao qual integra quanto à sua historicidade e à construção de uma percepção de mundo. Nesse contexto, a música erudita, quando difundida por meio de perspectivas democráticas e inclusivas, pode desempenhar uma função relevante nos processos de integração sociocultural, ao mobilizar narrativas vinculadas à ancestralidade e à memória coletiva, promovendo, assim, políticas afirmativas para a consolidação da dignidade humana.
Todo ser humano possui lembranças que compartilha apenas com alguns amigos. Existem outras que ele não revelaria nem mesmo a esses confidentes, guardando-as apenas para si, em segredo. Mas há também aquelas memórias que ele teme até mesmo admitir a si próprio — esse é o inconfessável, que gera sofrimento. São sentimentos como o apequenamento, o escapismo, a ingratidão, e uma consciência fragmentada, com dificuldade de se reconciliar com os outros e consigo mesma. Essa forma de viver constitui um constante conflito entre razão e emoção; desejo e frustração; recusa e aceitação — e revela a falta de um existir com dignidade, fundada na carência emocional, nas falhas existenciais e psíquicas, nas incertezas pessoais e no sentimento de vazio existencial.
Nos dias atuais, o estilo de vida de muitas pessoas está cada vez mais acelerado e marcado por excessos. Nessa angústia disfuncional, a simplicidade surge como uma escolha consciente por uma vida mais leve e harmoniosa. O que é simples contém uma força silenciosa, capaz de reorganizar prioridades e promover um bem-estar inalterável. Vivenciar a simplicidade significa preservar a serenidade interior, em vez de desperdiçar tempo com superficialidades ou buscar a acumulação de bens materiais.
As reflexões sobre o amor do filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844–1900) podem ser agrupadas em três eixos: a crítica ao amor romântico-religioso; o amor como manifestação da vontade de potência; e a proposta de um amor afirmativo, trágico e autêntico. O pensador germânico propõe uma forma de amar livre de ilusões e submissões. Para Nietzsche, o amor deve brotar da afirmação da vida — mesmo quando esta se manifesta em suas expressões mais sofridas.
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Amar é também um exercício de liberdade e uma arte de viver com autenticidade, promovendo um processo contínuo de autossuperação. Nesse sentido, o amor se torna uma força capaz de transformar o embrutecimento humano, conduzindo o indivíduo ao autocuidado e a uma vida mais intensa em todas as suas dimensões — inclusive na imperfeição. O amor, portanto, pode ser trágico, mas é justamente nessa tragédia que se revela a beleza do próprio "sim à vida".
Ronilson Ferreira dos Santos é professor e poeta, natural de João Pessoa (Paraíba). É doutor e mestre em Linguística. Seu primeiro livro, [Re]Verso da Palavra, foi publicado em 2023. O segundo, Depois da Folha, em 2025. A poesia de Ronilson — conhecido como Rony Santos — não é apenas fruto de um trabalho intelectual ou técnico, mas um ato criativo impulsionado por uma força interna espontânea, que não se submete a regras rígidas ou convenções. A espontaneidade em sua criação poética permite que as intuições fluam livremente, fazendo da inspiração um processo de equilíbrio entre razão e emoção, entre forma e conteúdo. Seus poemas sublimam as forças conflitantes do ser humano e expressam compaixão diante do grito social e da miséria humana.
A ideia de psicopatas no poder político sempre despertou fascínio e temor, tanto nos institutos de pesquisas acadêmicas quanto na cultura popular. Psicopatas são indivíduos caracterizados por traços como falta de empatia, manipulação, charme superficial, ausência de remorso e uma inclinação para comportamentos antiéticos e até criminosos, sem que isso lhes gere culpa. Quando essas características se manifestam em líderes políticos, os impactos podem ser de terror social ou de guerras.
Confúcio (Kǒng Fūzǐ, 551–479 a.C.) foi um filósofo chinês de ideias centradas na moralidade individual, social e governamental, na importância das relações humanas e na busca pela harmonia social por meio da sinceridade e respeito. Um dos seus conceitos mais conhecidos é a compaixão, considerada por ele como a virtude suprema que todo ser humano deve cultivar. Trata-se da capacidade de sentir empatia, agir com bondade e respeitar os outros elegendo a solidariedade como fundamento da convivência harmoniosa e do bem-estar coletivo. O sábio chinês afirmava que todo líder ou governante virtuoso deve possuir benevolência para governar com justiça e sabedoria.
O capitalismo é reconhecido por sua capacidade de fomentar o crescimento econômico e a inovação tecnológica, enquanto sistema econômico hegemônico no mundo contemporâneo. Contudo, é imperativo reconhecer que sua configuração atual, caracterizada por dinâmicas desumanizantes, tem contribuído significativamente para o aumento dos índices de transtornos mentais, em especial a depressão. Tal enfermidade, cuja prevalência tem crescido globalmente, deve ser compreendida como um sintoma das contradições inerentes a um modelo que privilegia a maximização do lucro em detrimento do bem-estar social e da qualidade de vida.
A sociedade contemporânea apresenta um paradoxo: enquanto promove a hiperconectividade e o acesso quase irrestrito à informação, simultaneamente gera um grave sentimento de desamparo e um crescente narcisismo, que se configura como uma brutal resposta defensiva. Esse fenômeno revela as contradições do projeto civilizatório deste século e suas repercussões na constituição subjetiva dos indivíduos.