Meu despertador toca em momentos inesperados, mas sempre bem vindos, como quando estou sentado à beira da janela da sala, ou no café d...

solidao desapego desejo
Meu despertador toca em momentos inesperados, mas sempre bem vindos, como quando estou sentado à beira da janela da sala, ou no café da esquina na mesa da calçada.

Clichês à parte, passei batido e dou a mão à palmatória: não lembrei que no último 5 de dezembro de 2023 fez dez anos da súbita e pre...

reitoria ufpb jader nunes
Clichês à parte, passei batido e dou a mão à palmatória: não lembrei que no último 5 de dezembro de 2023 fez dez anos da súbita e precoce partida do professor Jader Nunes de Oliveira, ex-reitor da UFPB, meu amigo pessoal e com quem trabalhei de perto em seu reitorado de dois mandados consecutivos (oito anos). Naquele 6 de dezembro de 2013, ainda abalado, fiz a seguinte anotação em minha caderneta de registros mais relevantes: “05/12/2013: falecimento de Jader, de repente. Grande emoção. Publiquei artigo sobre ele no dia 06/12/2013, no Correio da Paraíba.”.

Dias atrás, por necessidade extrema, quando a cara-metade viajou para, como dizem, ir lamber a cria lá no Pla...

tapioca culinaria domestica
Dias atrás, por necessidade extrema, quando a cara-metade viajou para, como dizem, ir lamber a cria lá no Planalto de Piratininga, fiquei só. Na oportunidade (se é que posso chamar essa situação de “oportunidade”) estive mais perdido do que um cego no meio de um tiroteio.

Uma das minhas antigas quizilas com a crítica literária sempre foi a de não encontrar o cronista Genolino Amado entre os elencados nas...

literatura brasileira genolino amado
Uma das minhas antigas quizilas com a crítica literária sempre foi a de não encontrar o cronista Genolino Amado entre os elencados nas antologias brasileiras do gênero. O cronista que chegava a nossas páginas para adoçar as noites compridas do revisor, mesmo já iniciado nas “Sombras que Sofrem” de Humberto de Campos, da biblioteca de Alagoa Nova. (Ia dizendo bibliotequinha de Alagoa Nova - que injustiça, que grossa ingratidão!)

Após sentir fortes dores no ombro e recorrência de febre, fui a um ortopedista que, para obter um diagnóstico mais preciso, solicitou q...

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Após sentir fortes dores no ombro e recorrência de febre, fui a um ortopedista que, para obter um diagnóstico mais preciso, solicitou que eu fizesse uma ressonância magnética1.

Os leitores devem conhecer os personagens de Gil Vicente, no Auto da Lusitânia (1531-32), o rico mercador Todo o Mundo e o pobretã...

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Os leitores devem conhecer os personagens de Gil Vicente, no Auto da Lusitânia (1531-32), o rico mercador Todo o Mundo e o pobretão Ninguém, que se encontram e dialogam, sendo ouvidos por Dinato e Berzebu, dois demônios, encarregados de fazer a Lúcifer o relato do que as pessoas buscam. Seguindo a tradição, pois Drummond fez uma recriação da cena, eu também resolvi recriar alguns diálogos.

Agora que sou especialista em sobreviver a um acidente que custou a utilização (graças a Deus provisória) de uma das mãos, vou lis...

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Agora que sou especialista em sobreviver a um acidente que custou a utilização (graças a Deus provisória) de uma das mãos, vou listar a seguir algumas dicas para vocês que mesmo não querendo poderão seguir meu caminho principalmente em virtude da idade, porque se tem uma coisa que nós, velhos, teremos em comum à medida que o tempo passa e teimamos em continuar vivendo são as quedas.

Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mira...

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Naquela noite de sábado, recusei o convite do meu neto para um passeio de quadriciclo desde o Busto do Almirante Tamandaré até o Mirante da Praia do Cabo Branco, um dos mais belos trechos da orla de João Pessoa, a cidade que mais cresce no Nordeste brasileiro, ao que nos assegura a propaganda oficial.

Entre o amor e a dor, a verdadeira essência da humanidade se revela. Optar pelo amor é um ato de elevação, mas é na capacidade de se co...

dor amor compaixao
Entre o amor e a dor, a verdadeira essência da humanidade se revela. Optar pelo amor é um ato de elevação, mas é na capacidade de se conectar com a dor alheia que encontramos a mais pura compaixão.

O cientista brasileiro Arlindo Ribeiro Machado Neto (1949 - 2020), em sua obra Arte e mídia (2007), afirma: “A arte atual está dentro de...

arte interatividade imersividade
O cientista brasileiro Arlindo Ribeiro Machado Neto (1949 - 2020), em sua obra Arte e mídia (2007), afirma: “A arte atual está dentro de um contexto de transformação da representação artística através da produção midiática, do fazer arte nas mídias ou com as mídias" (2007, p. 24). Para ele, o artista, cada vez mais, encontra um público diversificado que não mais direciona seu olhar para a apreciação da obra, mas para uma experiência estética. Segundo o pesquisador: “A arte neste século ocupa outros espaços e exige um redimensionamento no seu significado, enfrenta o desafio da sua dissolução e da sua reinvenção como evento de massa" (2007, p. 30).

E logo uma cidade grande com prédios, ônibus, pessoas e toda infraestrutura é erguida a partir das pedras, ou de pedaços de ...

imaginacao infantil
E logo uma cidade grande com prédios, ônibus, pessoas e toda infraestrutura é erguida a partir das pedras, ou de pedaços de papel e papelão. São esquinas, postes, avenidas... E até aeroportos com seus aviões e submersíveis. Também surgem campos de batalhas com exércitos postos para o combate com seus canhões, veículos militares, trincheiras, explosões... Ou mesmo um comboio formado por uma fileira cavalos e muares segue em deslocamento adentrando desertos imaginários...

Isso não é um ensaio. Uma vida não se ensaia. Quem sabe, talvez, um relato de uma epifania. Olhos oblíquos, visão periférica, como tod...

clarice lispector poesia
Isso não é um ensaio. Uma vida não se ensaia. Quem sabe, talvez, um relato de uma epifania. Olhos oblíquos, visão periférica, como toda mulher tem. Uma língua “presa”, que se libertava quando tocava na máquina de escrever. Maçãs no rosto que, mesmo no escuro, eram de se notar. Clarice Lispector...

A mística e a poesia andam juntas, pois vêm da mesma fonte, que é Deus. O poeta é chamado a estabelecer um diálogo com Deus para salvar...

eudesia vieira virgem maria
A mística e a poesia andam juntas, pois vêm da mesma fonte, que é Deus. O poeta é chamado a estabelecer um diálogo com Deus para salvar a carne e a eternidade da alma. A fé é um grande remédio para aliviar a dor quando não há mais esperança.

Todos concordam com que a poesia de Augusto dos Anjos é universal – e quem duvida de que ela é uma das mais fortes e originais qu...

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Todos concordam com que a poesia de Augusto dos Anjos é universal – e quem duvida de que ela é uma das mais fortes e originais que já se escreveu? No entanto, essa propalada universalidade não tem, ao que eu saiba, se concretizado em versões nas línguas estrangeiras. Por ser o poeta que é, Augusto deveria ser mais traduzido. E o curioso é que ele é pouco traduzido, justamente, por ser o poeta que é. Ou seja, por se constituir num enorme desafio devido à peculiaridade do seu vocabulário e, sobretudo, à vigorosa e ríspida dissonância dos seus fonemas.

Os filósofos estoicos ensinavam em uma coluna pública ou pórtico (stoa) com vista para Ágora de Atenas, por isso o estoicismo ficou co...

estoicismo atenas filosofia
Os filósofos estoicos ensinavam em uma coluna pública ou pórtico (stoa) com vista para Ágora de Atenas, por isso o estoicismo ficou conhecido como a Filosofia do pórtico, em oposição as outras filosofias que aconteciam em outros lugares.

De tudo faz-se a crônica, já dizia Drummond. E é verdade. E a beleza da crônica está nisso também. Nesse saudável descomprom...

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De tudo faz-se a crônica, já dizia Drummond. E é verdade. E a beleza da crônica está nisso também. Nesse saudável descompromisso com planos, projetos e estratégias de todos os tipos. A crônica normalmente é espontânea. Ela surge na cabeça do cronista de repente, por uma razão qualquer, um acontecimento, uma leitura, uma experiência, alguma coisa que ele entenda valer a pena registrar, dividindo dadivosamente com o leitor aquilo que presenciou, viveu e sentiu. A crônica, como a literatura e a arte em geral, é sempre dadivosa. E catártica. Não pode deixar de ser assim, se se pretende autêntica e verdadeira. Daí seu encanto, seu sutil e não raro precário encanto, aquele encanto de tudo que é precário – como a vida mesma, que pode acabar num instante imprevisto.