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Cabo Branco e outros mares trago medos da barreira de cabo branco saudades de barracas e agueiros meu pai beliscando uma agulha o meni...

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Cabo Branco e outros mares


trago medos da barreira de cabo branco
saudades de barracas e agueiros
meu pai beliscando uma agulha
o menino que corria nas areias do sol

trago memórias do sal de tambaú
e do imponente hotel, cartão postal da maresia
lembranças do mercado, dos bares, da lua
o menino lambendo os dedos afrodisíacos

trago a solidão escura de manaíra
e o descampado vazio de seu calçadão
cantigas de nada para os pescadores da vida
cantigas de espumas nos pescados dos pratos

trago outros mares que jogam suas ondas em minha lida
bessa, e seus bares da moda
a penha, com seus hábitos populares
o seixas, onde o sol nasce primeiro
jacarapé, onde os corpos morrem primeiro

trago alegrias do cabo branco da infância
e medos, do cabo branco amanhã
trago dores e os banhos de sargaços na alma
trago suas tatuagens, marcando minha pele no azul do mar.



O beijo


o instante que precedeu o beijo
estava cheio de relâmpagos e trovões
coração disparado e muitos senões
querendo botar gosto ruim em meu desejo

o momento em que aconteceu o beijo
não tinha trovões, só nuvens
mas tinhas raios que anunciavam
o sol que brilhava até no Alentejo

o que aconteceu depois não foi lampejo
e não tem dicionário que defina
nada explica porque só essa menina
me deixa sem querer outro beijo.



Amigos


meus amigos guiaram ruas em itinerários
das acácias

alguns estão longe na retina
no sabor de jambo em paralelepípedos vermelhos
de jaguaribe

outros levaram meus pés para jogar
sonhos nas areias de um mar impúbere

àqueles acendiam poemas baseados em motivos surreais
na sala vazia do altiplano,
(temperados com gororobas deliciosas de morrison)

estes, mal chegaram e já saíram
(ficou um ou outro teimando a poesia).


* (Do livro, ainda inédito, “Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa”)


Linaldo Guedes é mestre em ciências da religião, jornalista e poeta

Existe um excesso de crítica nas redes sociais, não? Tudo é motivo para crítica. Fulano espirra, mas você não. Daí, você corre pra sua rede...

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Existe um excesso de crítica nas redes sociais, não? Tudo é motivo para crítica. Fulano espirra, mas você não. Daí, você corre pra sua rede social e posta: "Que feio, a pessoa espirrar".

Sempre tive o hábito de acalentar a madrugada. Como durmo muito cedo, geralmente acordo por volta das 4 da matina. Desde que começou esse...


Sempre tive o hábito de acalentar a madrugada. Como durmo muito cedo, geralmente acordo por volta das 4 da matina.

Desde que começou esse confinamento, no entanto, vejo que tenho muitas companhias. Acordo, fico bolando na cama, mexo no celular e encontro um monte de gente online, fazendo postagens, curtindo, comentando.

Na verdade, estamos como zumbis nesse pandemônio que vivemos. Muita tensão e inquietação para conseguir dormir com leveza.

Como se não bastasse o confinamento, ainda vêm as notícias de morte, as doenças na família. Como diria Gullar, estamos com o corpo riscado de hematomas. Mas sempre existe a cura. E quando ela chegar, a madrugada é que nos acalentará.

2020 é praticamente um ano perdido. Tudo sendo adiado para as calendas gregas. Quando não, cancelado.

Não há perspectiva de mudança. O pico sempre fica para o mês seguinte, já que não se tem a cura e o vírus está no ar.

E há outros vírus que estão no ar, mas desses é melhor nem falar.

O certo é que a vida está suspensa e não somos os que se equilibram em cima do arame. Nós somos o arame.

Cuidemos um do outro e aguardemos!

Uma hora isso tudo passa.


Linaldo Guedes é mestre em ciências da religião, jornalista e poeta

Sou daqueles que acordam cedo. Logo eu, que já fui notívago de carteirinha e que varava a noite nas areias do Cabo Branco, entre violões e p...


Sou daqueles que acordam cedo.

Logo eu, que já fui notívago de carteirinha e que varava a noite nas areias do Cabo Branco, entre violões e poesias. Tanto que ganhei o apelido de zumbi, que acabou gerando meu primeiro livro e depois o nome de um blogue muito acessado que tive nos idos de 2000.

Hoje, durmo cedo e madrugo quase sempre. Daí, no silêncio da madrugada, tateio livros e miro nos voos da arribaçã.

Quando as cidades acordam, geralmente já tenho feito vários desses voos. Costumo chamar esse meu hábito de madrugar de “diálogo com o silêncio”.

Porque é isso, de fato. Sem a azáfama e o turbilhão de respirar a sobrevivência que temos que conviver todos os dias, volto para meus interiores em diálogos silenciosos com meus achares.



Sou daqueles que dá a bênção a padrinhos, madrinhas, tios, tias e mãe até hoje.

Gostava de pedir a benção de mãe cedo, quando acordava com o cheiro de seu cuscuz e do café no antigo Solar dos Guedes, já que meu eterno quarto de solteiro (sim, casei várias vezes, mas aquele quarto nunca era desativado) ficava parede e meia com a cozinha.

Hoje, as coisas mudaram. O Solar dos Guedes foi vendido e mamãe, por conta de suas limitações físicas, não faz mais o café e geralmente ainda está no quarto quando saio pra rua.

Mas quando chego em casa no final da manhã, ela senta na cama para me abençoar, e sinto que tudo continua leve como antes.

Seu sorriso me abençoando me transmite uma paz que só as mães conseguem transmitir.



Reclamar de fantasia dos outros no carnaval é a mesma coisa que reclamar de Jesus na igreja.
Carnaval sempre foi transgressão, ousadia...

Ser politicamente correto no carnaval é um saco!

Bússola meus instrumentos de navegação estão em meus próprios pés e ele navega como um pequeno barco indo de um lado a outro de ocea...



Bússola

meus instrumentos de navegação
estão em meus próprios pés

e ele navega como um pequeno barco
indo de um lado a outro de oceanos

sem enjoos, negando os eu te amos
indo para lá, indo para cá

ao sabor dos ventos, tempestades
ancoradas no fundo do lar

titanics que nunca, nunca afundam
mas ficam boiando no mar

meridiano magnético de corações
e dentes que só mastigam espinhas

imã de sensações que já já acontecerão
não se sabe em que porto

não se sabe em que seios, eu sei,
acontecerá o repouso do destino

terra à vista, dirão os piratas das cidades
mas onde (?), - logo ela fica invisível

logo a terra marulha também
vira uma espécie de tsnunami no olhar

mas como na parábola do elefante
não consigo ver além da minha tromba

viro torrão de sal no mar, não na xícara
e nem os mapas me localizam

“para onde vou (?)”
- “responde, poesia, musa que não sabe das flores!”.



Afluente

agora sou teu afluente
e tu mergulhas até o fundo em meus rasos

acaso não sabes daquelas cheias nos rios
que navegam minhas dores e arroubos?

e daquela noite, que peguei o barco
e cai no breu sem o bote salva-vida
sem o timão para me guiar para a claridade?

sou teu afluente, mas tu és meu escrínio profano
mesmo sem ter chorado a virgindade
que não perdeu comigo

tuas águas me tiram do Vale do Acor
porque é para teus líquidos que nado.



Uai!

ah, belo horizonte

de cheiros
no sotaque de seu mercado

nos reclames do vendedor de uais
dos torresmos
nos botecos, que nunca são iguais

bh
é terra de prosa
mas a poesia teima o ar.

(Do livro, ainda inédito, "Cabo Branco e outros lugares que não estão no mapa")

Estamos em guerra? Desculpem, meus amigos, de esquerda e direita, mas sou da paz. Não vou ser hipócrita de dizer que sou da guerra quand...



Estamos em guerra?
Desculpem, meus amigos, de esquerda e direita, mas sou da paz.
Não vou ser hipócrita de dizer que sou da guerra quando nunca terei coragem de pegar numa arma.
Bishop não merece a homenagem da Flip? Se o questionamento for em relação à sua literatura (que eu particularmente gosto), respeito. Se for por não ser brasileira, então vou bater palmas toda vez que um brasileiro for solenemente ignorado no exterior. Se for por questão política, passo ao largo. Afinal, no filme Flores Raras ela é contra o golpe de 64. Se for porque ela criticou Bandeira e outros autores nacionais, eu desprezaria Oswald de Andrade por este ter debochado de José Lins do Rego e outros escritores nordestinos.



Já fui criança, sim!
Já brinquei na rua, descalço, correndo futebol, mirando bilas, carrinhos improvisados na falta de mesada, bicicletas e quedas nos barros da 21 de Abril.
Meus primeiros companheiros de infância: o mano Lenilson, Lili (com quem brincava também de novelas e fazíamos músicas em shows de calouros só nossos) e o primo Luciano.
Entre os três, sempre tinha amigos de rua, aliás, de ruas, já que moramos em várias ao longo da vida.
Depois, fiquei adulto e virei criança para cuidar de meu Vini.
Ser criança não é brincadeira, não.
É ser poesia sem precisar ser poeta.
Porque criança pode ser tudo que ela quiser. E eu fui, mas não sou mais.



Não sou devoto de Nossa Senhora.
Mas sei dos milagres que ela realiza nas pessoas.
Entre eles o da fé, da esperança e da busca do bem acima de qualquer coisa.
Que, no geral, são os milagres das religiões.
O mais, aquilo que tanto criticamos nos "religiosos", não parte dos livros sagrados de nenhuma religião.
Que nossa padroeira proteja o Brasil, país vilipendiado pelos seus próprios filhos.



Quer dizer que porque os governos não tratam bem a classe do magistério não devo desejar Feliz Dia do Professor a quem tanto me ensinou?
Então, em função dos problemas que cada um enfrenta em sua vida pessoal, não se deve desejar feliz aniversário a ninguém...
Ah, saudades de Lili, que era professora e lutava contra as injustiças à profissão, mas sabia separar as coisas...



Existe uma coisa boa nos grupos de ZAP: eles têm um foco específico. Assim, o grupo da família é para dar bom dia, informar sobre os passos de cada um do clã familiar e aqui e acolá soltar uns memes pra descontrair. No grupo do flamengo não pode exaltar os adversários do rubronegro. No grupo de cultura não se deve falar de política (afora política cultural) ou outros temas não afeitos às atividades culturais, etc.
Existe uma coisa ruim nos grupos de ZAP: as pessoas participam deles sabendo de suas regras, mas adoram violá-las e acusar os administradores dos grupos de anti-democraticos.

(Excertos de redes sociais)

Aprendi a viver com o que tenho e ser feliz com isso. E aprendi isso com meu pai, que não era socialista, pelo contrário. Era humano, e isso...


Aprendi a viver com o que tenho e ser feliz com isso.
E aprendi isso com meu pai, que não era socialista, pelo contrário. Era humano, e isso é muito nos tempos de hoje.
Aprendi a valorizar as pessoas que amo no dia a dia. E aprendi isso com minha mãe. Que não é adepta de nada, além da vontade de amar e demonstrar esse amor, coisa difícil para quem até o amor é medido.
Como diz meu amigo Políbio Alves, "me valorizem enquanto estou vivo".
Depois que fui, de nada adianta fulano dizer o quanto eu era bacana ou importante para ele.



A tecnologia é a oitava maravilha do mundo mesmo.
Acabo de receber mensagem de amigo, que está em viagem por países da Europa e Oriente Médio.
Enquanto conhecia o Museu do Holocausto, em Jerusalém, e dirigia em pleno deserto, ouvia a Difusora Rádio de Cajazeiras e o programa de Chagas Amaro - Amanhecer de saudades.
Pena que nosso Chagas não adira a essa tecnologia para usar zap e saber que está sendo ouvido neste momento lá em Israel.



O escritor, a escritora, tem duas agonias fortes:
Quando conclui seu livro e envia para uma editora e quando publica e espera a opinião dos críticos.
Penso que esta segunda agonia pode ser dispensada.
Quando escrevemos, devemos nos preocupar com a crítica, sim. Isso faz com que tenhamos mais cuidado com a linguagem que usamos em nossa escrita.
Quando publicamos, nossa preocupação deve ser apenas com o leitor. Que pode ser aquele crítico rigoroso, mas também pode ser o leitor comum, que lê seu livro e dá o retorno apenas pela emoção que a leitura proporcionou.
Não, nunca serei cartesiano, embora admire os críticos literários.



Sobre a Bíblia:
Vez em quando leio questionamentos de que nela existem crimes, corrupção, incestos, etc.
Óbvio.
Só podemos falar do bem quando conhecemos o mal.
E é isso que a Bíblia faz. Expõe o mal, para mostrar a importância do bem.
Como qualquer romance que tem personagens más e que no final o bem prevalece.