M eu filho Germano, que vem apresentando com muito êxito e repercussão, na RCTV, um quadro sobre viagens, no programa Cá Entre Nós, da excel...

Meu filho Germano, que vem apresentando com muito êxito e repercussão, na RCTV, um quadro sobre viagens, no programa Cá Entre Nós, da excelente apresentadora Rose Silveira, a quem substitui, de vez em quando, em entrevistas com ilustres personalidades, achou de ouvir, desta vez, não um executivo, não um artista, não um político, mas um homem da igreja – o sereno e lúcido arcebispo Dom Aldo Pagotto. cuja palavra vale ouro.

Mas Germano é espírita e o Arcebispo é um homem, fundamentalmente católico e muito fiel à sua Igreja, porém, sem fanatismo. E ele, muito antes de ser entrevistado pelo arquiteto e jornalista, já esteve, várias vezes, visitando a Federação Espírita Paraibana, ouvindo as conferências do médium Divaldo Franco. Fato inédito na Paraíba, que jamais aconteceria no bispado de Dom Adauto, cujo jornal “A Imprensa” publicou uma série de artigos, assinados pelo padre Hildon Bandeira, sob o escandaloso título: “Guerra ao Espiritismo”.

Pena que o padre não esteja ainda vivo em carne e osso para testemunhar que um arcebispo foi entrevistado por um espírita, meu Deus do Céu!

Depois da entrevista, o repórter-arquiteto me telefonou encantado com o que disse o nosso Arcebispo, um homem a quem eu seria capaz de me confessar, se tivesse grandes pecados. Dom Aldo não teve papa na língua. Mostrou os erros de sua igreja, condenou a busca por dinheiro por parte de certos seguimentos religiosos, e a desvirtuação de muitos ensinamentos de Jesus.

Vamos ouvir o que disse o simpático prelado, cuja cartilha ensinando-nos a como votar, vai ajudar muito o eleitor, pois a política, cada vez mais, está se deteriorando, tanto na postura, como na agressiva e estúpida propaganda. Ainda bem que gostei de saber que um Marcondes Gadelha vai se candidatar a deputado federal. Um homem de postura digna e muita cultura.

Voltando à entrevista de um arcebispo com um espírita, vale a pena assistir, pois, segundo Germano, a entrevista foi uma “bomba”. Uma bomba contra o preconceito, que, segundo Einstein, “é mais difícil de se desintegrar do que um átomo”. Vale a pena assistir amanhã, às 22 horas, na RCTV, canal 27 da NET, no programa “Cá Entre Nós”.

S im, qual é a maior das tentações a que o homem está sujeito? Não, não é a gula, se bem que pouca gente resiste à tentação de um saboroso ...

Sim, qual é a maior das tentações a que o homem está sujeito? Não, não é a gula, se bem que pouca gente resiste à tentação de um saboroso prato. Estão aí os restaurantes entupidos de gente no mundo inteiro. E faz gosto ver as pessoas comendo. Comendo e bebendo. Bebendo e conversando. E haja garçon com o prato na mão, pra lá e pra cá, num admirável equilíbrio. Vi um no restaurante de um hotel de Londres, que me deixou maravilhado. Ele se multiplicava no serviço. E fazia tudo com sorriso nos lábios. Um autêntico cavalheiro. Feliz daquele que faz tudo com arte. E o danado falava vários idiomas.

Voltemos às tentações. Basicamente, são três: a do Poder - eis aí os políticos sedentos de cargos públicos. Outra tentação (talvez esta seja a maior): o sexo. E não fosse ela que seria da população? Por fim, a tentação do dinheiro. Ah, o dinheiro!...

Chegam até a dizer que dinheiro é como água salgada. Quanto mais se bebe, mais se tem sede... O dinheiro lembra o consumismo. E o consumismo é a grande doença do momento. Ninguém está satisfeito com o que tem. Até rimou. O dinheiro, não há dúvida, é o que mais se deseja neste mundo. Com ele, compra-se tanta coisa. Tanta coisa para fazer inveja aos outros!... O carro novo, último modelo, o apartamento luxuoso, também é de fazer inveja aos outros. Não esquecer que a vaidade se alimenta dessas coisas.

Lembremos que o Eclesiastes chama a vaidade como um sentimento vão. E eu fico pensando: será que não há a boa vaidade? Quando uma mãe diz: “eu me envaideço de meu filho”, por exemplo.

Voltemos ao dinheiro. Que tal esse argumento: o dinheiro pode ser bom ou mau, depende de seu uso. Houve milionários que fizeram muitas coisas boas. Dizem que alguém só é doido mesmo se rasgar dinheiro. E eu soube – faz tempo – de um fato em que um cidadão chegou realmente a rasgar dinheiro.

Não reparei ainda o que disse o Eclesiastes sobre o dinheiro. E os políticos gostam de dinheiro? Que responda o leitor. Disse o Evangelho que é mais fácil um camelo entrar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. Existe também aquela parábola de Lázaro, do mendigo e do homem rico, que se banqueteava, enquanto aquele mendigo morria de fome, comendo as migalhas aos seus pés. Paulo, o apóstolo dos gentios, disse que o amor ao dinheiro é causa de muitos males. Amor como ambição. Pessoas que não vêem nada na vida a não ser o dinheiro.

A verdade é o que dinheiro é atraído por muitas igrejas e religiosos. A Religião virando profissão... A rima até que foi boa.

Diz-se sempre: “Fulano entrou pobre na política e está hoje rico”. E eu me lembrando de José Américo, cuja construção da casa foi financiada pela Caixa Econômica. Não se enriqueceu na política.

Mas longe de mim condenar o dinheiro, consequentemente, a riqueza. A riqueza é uma bênção quando honestamente obtida e usada.

E para os que acreditam na imortalidade do espírito, a indagação, quando deixar este mundo redondo, é: o que fizeste de tua riqueza? De sua resposta depende a paz de consciência, que é o céu dentro de nós. Mas, se você não acredita em outra vida, para que diabo serve esta vidinha nossa de cada dia, que vai do berço ao túmulo?...

A Organização Mundial da Saúde estima que, em 2030, a depressão será a doença mais comum do planeta , afetando mais pessoas do que qualque...



A Organização Mundial da Saúde estima que, em 2030, a depressão será a doença mais comum do planeta, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, inclusive o câncer e as enfermidades do coração.

S im, foi Deus quem criou as frutas. O homem é incapaz de fazer uma pitomba. Pode fazer um computador, um robô, ou mesmo um avião, mas jamai...

Sim, foi Deus quem criou as frutas. O homem é incapaz de fazer uma pitomba. Pode fazer um computador, um robô, ou mesmo um avião, mas jamais fará uma maçaranduba.

O homem é um criador de coisas mortas, excetuando-se os artistas. Os artistas chegam perto da Divindade. Não é meu Mozart, meu Miguel Ângelo, meu Goethe, meu Beethoven, meu Augusto dos Anjos?

Mas voltemos às frutas, que a boca já está se enchendo d'água. Sempre as apreciei, desde quando eu era menino e costumava visitar uma casa que vendia frutas, de um tal de Guimarães, lá no Ponto de Cem Réis.

E vem a indagação: que seria da vida sem as frutas? Fruta azeda como a groselha e doce como o sapoti. E a única fruta que mereceu destaque na Bíblia, em que se diz que o fruto proibido comido por Adão foi a maçã. Mas eu acho que deveria ser o abacaxi, fruta de minha predileção. Aqui para nós, a maçã da Bíblia terminou se transformando num verdadeiro abacaxi...

Deus criou uma infinidade de frutas para agradar o paladar do homem. Minha mãe adorava pinha. E se chamava Pia, nome que terminou como Piinha.

Não sei qual é a sua predileção do leitor. Meu amigo, engenheiro Joaquim Silveira, tem como fruta predileta a pitanga. Ora vejam só... Mas gosto não se discute. A jaca é gostosa, mas não cai do pé, a exemplo da maçã, cuja queda fez o físico Newton descobrir a lei da gravidade. Imaginem só o que é um gênio. Desde que o mundo é mundo que caem maçãs de seus pés, no entanto, só depois de muito tempo é que o físico inglês, observando sua queda, descobriu uma lei. É a tal coisa, muita gente não sabe olhar. Só os gênios vêem o que os outros não vêem.

E vamos a mais frutas: pinha, maçã, pitomba, banana, uva, laranja, pêra, jaca, groselha, pitanga, abricó, cacau, (donde sai o chocolate), limão... E aí eu me lembro do ditado: “se a vida lhe dá um limão, faça uma limonada”. Quanta filosofia nesta frase...

Indagará você: “Por que este cronista trouxe um tema frutífero para a crônica?” Ora, ora, por que ele passou a infância inteira num sítio, debaixo de mangueiras, e onde havia muitas frutas. Passava as noites ouvindo as mangas caindo no chão... Que beleza!

Vamos adiante. O nosso país é o país das frutas. Aqui, a gente vê vendedores de frutas até nas ruas. Isto não se vê no estrangeiro.

E a banana? Que gostosura! Que digam os macacos. Uma fruta sem caroço. Só não gosto quando dizem de um sujeito preguiçoso: “Aquilo é um banana”. E que dizer das mulheres e das frutas? Que são uvas...

E o coco? Que delícia de água e de polpa, a gostosa “laminha”.

Frutas que engordam, frutas que emagrecem. Dizem que o abacaxi queima gordura. Basta um regime de 15 dias, será?
Repitamos: Que seria da vida sem as frutas? Só Deus sabe fazê-las. E agora chega minha Lau perguntando se eu quero melancia? Claro que sim.

Quanta diversidade frutífera! Fruta sem caroço, como a banana, com muito caroço como a pinha e de um caroço só, como a manga.

Para concluir, se você me perguntar qual a minha fruta predileta, eu direi, com muita água na boca: Abacaxi doce.

T anta beleza para ver e ouvir... Estou me lembrando da Orquestra Sinfônica, ao tempo que tinha como maestro o grande Eleazar de Carvalho, u...

Tanta beleza para ver e ouvir... Estou me lembrando da Orquestra Sinfônica, ao tempo que tinha como maestro o grande Eleazar de Carvalho, um homem simples, culto e discreto. Vi-o, certa tarde, na antiga Mesbla, no parque Sólon de Lucena. Ele estava à porta, decerto esperando alguém. Não resisti, cheguei perto dele e indaguei: O senhor é o maestro Eleazar de Carvalho? Ele, num meio sorriso, foi logo dizendo: “Sim, às suas ordens”. Identifiquei-me como jornalista e mantivemos uma ligeira conversa.

Nascido no Ceará, Eleazar era um maestro admirável. Gostava de vê-lo naquela postura discreta e respeitosa, sobretudo quando regeu, lá no Espaço Cultural, a Nona Sinfonia de Beethoven. Estava, ali, um maestro brasileiro que nada devia aos famosos regentes estrangeiros.

E naquela noite da Nona Sinfonia, em meio a numerosos rostos no palco, um me chamou a atenção, pela suave expressão. Uma quase adolescente, cujo rosto encostado ao violino, parecia dormir ou sonhar. E eu disse para a minha esposa Carmen: “Olhe só o rosto daquela violinista branquinha. Carmen só fez dizer: “Linda!” E acrescentou: “Gostaria de ter uma filha assim”...

Minha primeira esposa, inesquecível companheira, era pianista, embora não fizesse do piano uma profissão. O tempo foi passando, até que a viuvez veio escurecer a minha vida, pois, se houve um matrimônio feliz, foi o meu com Carmen. Vítima de uma meningite, ela saiu da minha vida, deixando-me na mais dolorosa viuvez, que descrevi no livro “A Dança do tempo”. Um livro molhado de lágrimas.

Saiu Carmen, mas chegou Alaurinda, violinista da nossa Sinfônica. Aquela do rostinho que tanto me chamou a atenção, com quem me casei depois. Agora, quem vai ficar viúvo é o seu violino, pois ela vai se despedir da Sinfônica. Cumpriu sua jornada profissional. E ninguém levou tão a sério a profissão como minha violinista. Mas não acredito que o seu querido instrumento se cale. Um instrumento que tanto embelezou sua vida.

Ela tem o hábito de tocar para os amigos que aniversariam. Pega o telefone e toca um lindo “Parabéns para você”. E fico pensando, agora que vai completar uma primavera, quem irá tocar para ela? Ah, se eu tocasse algum instrumento... Mas fica esta crônica como homenagem ao dia de hoje, o seu aniversário.

S im, ele vivia na rua. Vivia como se não tivesse casa. É verdade que nasceu numa manjedoura, mas ninguém mora numa manjedoura. Nem mora, ne...

Sim, ele vivia na rua. Vivia como se não tivesse casa. É verdade que nasceu numa manjedoura, mas ninguém mora numa manjedoura. Nem mora, nem nasce. Ele foi uma exceção. Nasceu entre animais, numa espécie de estábulo.

Saía cedo da casa e lá se ia para o trabalho da evangelização. Trabalho que não o remunerava. Ia a pé, de sandálias, debaixo de um calor de matar, no verão, ou de um frio de rachar, no inverno, pois Israel é assim.

Ele ia sempre acompanhado de seus doze apóstolos. Ignoro se iam conversando ou em silêncio. Acho que iam em silêncio, embora, de vez em quando, o Mestre parasse para fazer-lhe a seguinte pergunta, pergunta embaraçosa: “Que buscai?”. Silêncio total. Sim, buscar dinheiro, diversão, mulheres? Ninguém anda à toa. Ele fez tal pergunta para conscientizar ainda mais os apóstolos de sua missão. Pergunta como esta: o que você está fazendo aqui no mundo, de onde veio, e para onde vai?

Mas, e a casa do Mestre? Não se sabe. Não venha dizer que o Mestre morava na carpintaria do pai terreno, o pai a quem ele nunca fez alusão.

A jornada era, repito, debaixo de um sol escaldante ou sob o frio das noites de inverno. Se encontrassem uma casa para pedir água, ou se agasalhar, muito bem.

Mas Jesus só vivia na rua. E na rua, em companhia dos doze apóstolos, ia mostrando serviço, limpando leprosos, dando vista aos cegos, afasrando maus espíritos, levantando paralíticos, multiplicando pães e peixes, ensinando a verdade que liberta. Nunca ninguém viu Jesus repousando numa boa cama, no maior conforto. E ele disse, certa vez, que os pássaros tinhamm seus ninhos, as raposas seus covis, mas ele não tinha uma pedra para repousar a cabeça.

E começou cedo o trabalho da evangelização. Garoto de 12 anos, havia ido a uma festa de casamento em Jerusalém, e na hora de voltar perdeu-se dos pais. Depois de muita procura, foi encontrado debatendo com os doutores, no templo. Ora, vejam só... E a mãe achou de lhe passar um carão por ter escapulido, sem dizer nada a ela.

E a casa onde dormia, comia e descansava? Ignora-se. O sublime andarilho só vivia na rua ensinando, como já disse, a verdade que liberta. A verdade que está nas indagações: Por que estamos no mundo? Será que tudo termina no túmulo? Qual o sentido da vida? E foi de cima de um monte que ele proferiu o mais belo sermão da história da Humanidade. Cuja beleza e profunda sabedoria levou o iluminado líder indiano, Mahatma Gandhi, a afirmar. "Se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido”.

Saíam de madrugada e chegavam à noite. Exaustos, mas com a consciência tranquila. A consciência do dever cumprido. A consciência sem remorsos, que é Deus dentro de nós.

Sem casa, mas, certo dia, proclamou aos que o ouviam, que “na Casa do meu Pai há muitas moradas”. As moradas dos bilhões de planetas espalhados pelo Universo. E a nossa Terra é uma delas. Pensando bem, temos três casas: a do corpo físico, a do planeta que pisamos, a que nos serve de residência, a que Jesus não tinha...

N ão vejo outra definição senão esta: fome de ausência. Fome ou dor? Agora estou na dúvida. Que me ajude o leitor. Dor ou fome, a verdade é ...

Não vejo outra definição senão esta: fome de ausência. Fome ou dor? Agora estou na dúvida. Que me ajude o leitor. Dor ou fome, a verdade é que a saudade deixa a gente em profunda tristeza ou depressão.

Quem na vida já não sentiu saudade? Vá ver que até os animais sofrem dessa falta de presença. Outro dia vi um bem-te-vi botando o bico no mundo, chamando sua companheira. Depois ela chegou e foi aquela alegria. Nada melhor do que um reencontro.

Saudade do filho que vai morar longe, saudade da filha que casou e deixou a casa paterna, saudade dos que saíram deste mundo, saudade... Basta, se não vou buscar logo um lenço pois as lágrimas já estão chegando...

Mas a pior saudade é dos que morreram. E esta saudade ainda mais aumenta, se o ausente se foi para sempre. Um materialista deve sofrer muito mais do que um espiritualista. Para aquele, a morte é o fim. Não há mais possibilidade de um reencontro.

Ele não acredita em espírito. E não acredita porque não o vê. Aí vem a indagação: será que nós vemos nossos pensamentos? No entanto, eles existem.

Mas vamos a outras saudades. Estou me lembrando agora das crianças órfãs. Não há maior sofrimento do que a perda de uma mãe, de um pai, quando ainda criança... Felizmente não passei por esta provação.

A orfandade dói. Daí Jesus, quando ia se despedir do mundo, dizer aos apóstolos: “Não vos deixarei órfãos. Rogarei ao Pai e ele enviará outro consolador”. Que consolador seria esse? Qual a religião ou a doutrina que está consolando as pessoas quando elas perdem seus entes queridos? Qual a religião que prega a mediunidade, a certeza de que os que se foram podem se comunicar? E os coitados dos ateus, que acham que morreu, acabou-se? Será que é feliz quem pensa assim?

O médium Chico Xavier sofreu o diabo depois que sua mãe morreu. Só encontrou consolação na sua mediunidade.
Os que se foram, onde estão? Eis a dramática indagação. Estão no cemitério? E abaixo as “saudades eternas”.

Tudo passa, até a saudade. Viva a alegria dos reencontros, lembrando que, às vezes, eu tenho saudade até de mim mesmo. E eu gosto muito de conversar comigo.

É lá que eu vou, todo domingo, faminto de uma boa comida e de presença humana. Sim, o restaurante se chama Flamboyant. E essa árvore não fa...

É lá que eu vou, todo domingo, faminto de uma boa comida e de presença humana. Sim, o restaurante se chama Flamboyant. E essa árvore não falta ao seu redor, chegando até o telhado, com suas flores querendo perfumar o mundo inteiro.

É, sobretudo, um reencontro de amigos. Silêncio absoluto, conversa baixa, vez por outra uma gargalhada. A comida é integral e muito saudável.

Fui uma vez e fiquei indo, pois quem gosta volta. Sua proprietária, Rossana, é a maestrina desse concerto alimentar. Servida por eficientes recepcionistas, a proprietária é a delicadeza e o bom senso em pessoa. Vez por outra, sai da cozinha e vai dialogar um pouco com os clientes. Só um pouco, pois as cozinheiras, a todo instante, estão rogando sua presença.

Faz muito tempo que o meu domingo se enriquece com essa ida ao Flamboyant. E nada como almoçar num clima de paz, saúde e confraternização humana. Sim, o restaurante de Rossana me fez criar novos amigos. Que bom! Professores, escritores, artistas, não faltam lá. E até criança novinha a gente vê.

E o bom é o silêncio, o cheiro de cultura que ali se encontram. Tudo é “self-service”. Quem prepara meu prato é Alaurinda. E meu prato nunca muda, inclusive a mousse de abacate, como sobremesa.

Referi-me à cultura e disse bem. Você lê frases de escritores nas paredes, inclusive de Ruy Barbosa, anúncio de acontecimentos artísticos, e há livros à venda, inclusive “Viajar é sonhar acordado”, de minha autoria e “Bazar de Sonhos”, do meu filho Germano, solicitados por Rossana.

E antes que a boca fique cheia d'água, vamos frear a crônica, que já se alonga. Lembrando, que lá, de bebida só água de coco.

Cá entre nós, a refeição é o momento mais sagrado de nossa vida. Outrora, muito outrora mesmo, a refeição obedecia a
um ritual. E o pai lembrava um maestro. E tudo com silêncio. Refeição com barulho é uma estupidez.
Mais uma vez parabenizo a maestrina da cozinha, Rossana, pelo bom serviço que está prestando à comunidade.

É domingo? Já sabem, o cronista e a esposa sabem para onde ir. E haja folga para a nossa cozinheira, que também merece e deseja mudar.

T udo começa com a Bíblia, quando diz que a mulher nasceu de uma costela do homem, a costela de Adão. Ora vejam só... Não contei ainda nos e...

Tudo começa com a Bíblia, quando diz que a mulher nasceu de uma costela do homem, a costela de Adão. Ora vejam só... Não contei ainda nos esqueletos de ambos para constatar essa diferença costelar.

Dizem que a mulher é o sexo fraco. Discordo. E para argumento em favor de minha tese, basta citar a maternidade, uma árdua e dolorosa missão que, talvez, muitos homens não aguentassem.

Os poetas de antigamente diziam que numa mulher não se bate nem com uma flor. Tenho certeza de que as mulheres de hoje rejeitariam tal amabilidade. A mulher não deseja mimo, mas muito respeito aos seus direitos. E se foram muito discriminadas, na antiguidade, hoje dominam em todos os setores da sociedade, a começar pelo militar. Mulher fardada, com um baita revólver no cinto, é o que mais se vê hoje em dia. E para coroar sua marcha existencial, eis o sexo, outrora fraco, no três poderes. Quem diria... Mulher estadista, mulher mandando. E ela não aceita aquela música do nosso Gonzaga, chamando-a de “mulher-macho, sim senhor". A mulher deseja ser mulher, mulher-mãe, mulher médica, mulher juíza, mulher enfermeira.

Mas, dando uma voltinha no passado, a mulher foi muito discriminada, E sabe que, outrora, uma mulher menstruada era discriminada, tida como impura? Ora, vejam que estupidez. E o homem, que nasceu da mulher, que habitou o seu ventre por nove meses, que se alimentou do seu leite, ainda se considera o sexo forte. Nove meses com o filho no ventre. O homem não engravida, embora muitos deles estejam com a barriga maior do que de uma grávida, a ponto de não ver mais os pés.

É grande a divida da sociedade para com o sexo feminino, sexo erroneamente chamado de fraco. A mulher foi tão discriminada, violentada e humilhada, como o negro. E ainda é em muitos países árabes que as obrigam a esconder o rosto e o sorriso.

Mas, ninguém como Jesus dignificou o sexo feminino. Soube valorizá-lo e respeitá-lo. E apesar de tantas conquistas, a mulher ainda é alvo de muitos preconceitos. Em muitas correntes religiosas, ela ainda é discriminada. E fico pensando: quando é que teremos uma Papisa, nome que só existe no dicionário? Mulher-papa, e daí?

Pelo gosto de Jesus, decerto a mulher teria sido apóstola, sujando as sandálias de poeira, na caminhada evangélica deserto a dentro.

Mulher esposa, mulher mãe, mulher tudo, hoje. E para concluir, deixo o computador para agradecer, em pensamento, a bela Nova Zelândia, que tive a felicidade de visitar, duas vezes, por ter sido o primeiro país a admitir o voto feminino. A mulher nem votar podia...

Para concluir, que tal uma ligeira referência à maneira como Jesus soube tratar as mulheres. Jamais a humilhou. Pelo contrário, sempre procurou dignificá-la. Compreendeu a mulher adúltera, ensinou à samaritana, era amigo de Madalena, a quem primeiro apareceu depois que ressuscitou, advertiu Marta, irmã de Lázaro, muito ocupada e preocupada com as coisas do mundo e esquecendo a verdade que liberta. Eis a razão das mulheres o adorarem. E uma delas chegou, um dia, a enxugar os seus pés com os cabelos. E isto na casa de um fariseu, que censurou aquele gesto de muito amor. Termino a crônica dizendo: as mulheres jamais crucificariam o meigo nazareno. Daí elas terem muita coisa de divino.

C om Paris molhada e fria, qual a melhor opção? Que tal assistir a um concerto nas Salas Pleyel, na Sala Gaveau, ou no Teatro Champs Elysées...

Com Paris molhada e fria, qual a melhor opção? Que tal assistir a um concerto nas Salas Pleyel, na Sala Gaveau, ou no Teatro Champs Elysées? Que tal um passeio pelo Louvre, pelo Orsay ou uma livraria?... Que tal um restaurante, que aqui na Cidade Luz é o que mais se vê. Gosto de ver as pessoas conversando, sorrindo e comendo nos restaurantes. Se não existisse a boca que seria do turismo? Conquanto sempre se falando baixinho, os idiomas se chocam nas animadas conversas, e às vezes, até se escuta um parabéns pra você, de um grupo comemorando um aniversário. Como somos amigos da velhice a ponto de cantar parabéns para quem completa mais um ano de existência!... As pessoas costumam dizer: “ele completou mais uma primavera”. Por que não um outono ou um inverno?

A verdade é que sem restaurantes não haverá turismo. Chegam até a dizer: “Bacalhau só em Lisboa”. Concordo em parte, pois foi, aqui em Paris, que também me deliciei com um gostosíssimo bacalhau, sem falar o delicioso que a nossa chefe de cozinha, aqui de Tambaú, sabe muito bem preparar.

Falei em livrarias, museus, salas de concerto e me esqueci da maior casa de espetáculos de Paris, que é a Ópera Garnier, que não se deve conhecer somente por fora. Que beleza de teto, que luxo, que grandiosidade artística em todos os detalhes! E eu com medo de tropeçar nos luxuosos tapetes, já que nossos olhos estavam passeando pelos belos tetos daquele luxuoso templo da arte.

Essas oportunidades de rever a Ópera, sempre devemos ao planejamento cultural do comandante de nosso grupo, meu filho Germano. E sabe qual foi o último cardápio? Tome nota: “O Anão”, de Zemlinsky; e “A criança e os sortilégios”, de Ravel, baseado num conto de Colette. E eu não conseguia tirar o olho do teto da platéia, pintado por Marc Chagall...

O teatro enorme, chamando a todo instante o nosso olhar de contemplação. Fui me demorando, me demorando e, de repente, não vi mais ninguém. Até os meus familiares já estavam lá fora, quando duas moças recepcionistas, muito bem uniformizadas, que estavam à porta, vieram me chamar, pois a Ópera ia fechar...