Ao completar 70 anos decidi tentar algo novo na minha pacata vida, algo que nunca tivesse feito antes, porém sem me afastar do nadismo, que pratico com afinco. As opções que se apresentaram foram: aprender a fumar, aprender a jogar baralho ou... começar a gostar de futebol. Fiquei com a última.
Desde novo acumulei muitas razões para não gostar de futebol. Minha primeira lembrança do esporte bretão é uma cena passada na casa de um vizinho onde os mais velhos reuniam-se ao redor de um enorme rádio fanhoso e gago que transmitia jogos da copa do mundo. Além de não entender nada do que era transmitido, quando fui pegar um palito no qual
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Tempos depois, os amigos me levaram para um campinho de barro e me colocaram num dos times. Não posso dizer que a estreia foi brilhante, porém como meus pais possuíam uma loja, eu seria aceito no time desde que levasse a bola e as camisetas, o que consegui. Só não contava com a segunda humilhação. No primeiro jogo “sério” contra um time de Mandacaru, nem no banco de reservas me deixaram sentar. Porém eu tinha uma arma secreta; meu primo Juca, de longe o melhor jogador daquela geração. Ocorre que Juca morava em Jaguaribe e só podia entrar no time se meus pais mandassem o nosso motorista ir buscá-lo em dias de jogos importantes. Foi uma troca justa; enquanto Juca fazia gols eu balançava as pernas sentado no banco dos reservas, preço adequado pelo reforço do nosso time. E ali encerrei minha promissora carreira.
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Só então percebi que eu havia entendido errado; não era o Doido por futebol, era o Doido DO futebol que eu havia contratado.
Melhor aprender a jogar baralho. Vocês podem me indicar um bom professor?