Na prática clínica diária, procuramos sempre, de forma enfática, alertar os clientes que vão ao nosso consultório sobre o quanto é importante a prática de exercícios físicos como fator preponderante para evitar as enfermidades cardiovasculares, bem como para melhorar e até mesmo reverter os quadros daqueles que já são portadores da doença. Isso nos leva a afirmar, com muita tranquilidade, experiência e convicção, que a atividade física representa um dos pilares de sustentação para combater e tratar, da forma mais positiva, as surpresas do coração.
Annie Spratt
Vários estudos têm demonstrado que o sedentarismo está associado à maior incidência de doença arterial coronariana (DAC), que leva ao temível infarto agudo do miocárdio (IAM). Essa constatação, secundária dessa grave e imprevisível enfermidade, ratifica o preâmbulo acima descrito. Os mecanismos pelos quais a prática física influencia no combate à DAC não estão totalmente elucidados.
Sabe-se, entretanto, que a ação benéfica da atividade física pode depender da melhora da capacidade cardiorrespiratória e da atuação sobre vários fatores de risco importantes para o desencadeamento da aterosclerose coronária, podendo-se citar: o perfil lipídico (aumento do colesterol), a hipertensão arterial, o diabetes, a obesidade e também o estresse emocional. Confrontando-se o exposto, estaríamos atuando de forma benéfica e elucidativa no tema mais atual do momento: a síndrome metabólica.
Porém, tem sido demonstrado que a intensidade de exercícios capaz de melhorar o perfil metabólico é menor do que a necessária para levar ao incremento importante da capacidade cardiorrespiratória. Adicionalmente, também existem controvérsias quanto à quantidade de exercícios recomendada para melhorar o perfil metabólico e, consequentemente, reduzir o risco de doenças cardíacas, particularmente as provocadas por isquemia do miocárdio.
Meg Aghamyan
Tomando como base o nosso posicionamento pessoal e tópicos de diretrizes universais, recomendamos caminhadas diárias — de manhã cedo, no fim da tarde ou à noite — com duração de uma hora. Ressaltamos que o ideal são caminhadas com passos apressados, nunca corridas sem critérios e orientação. Essa prática, realizada de forma correta e diária, traz os mais variados benefícios, como, por exemplo, uma boa distribuição da gordura corporal, melhora da resistência arterial periférica, aumento do aporte de oxigênio ao coração, além de maior sensibilidade à insulina e melhora do perfil lipoprotéico, como já citamos no início. Essa forma de exercício é de fácil prescrição a médio e longo prazo, pois o tempo vai tornar evidentes os benefícios alcançados, plenamente palpáveis e visíveis, assim como o bem-estar conquistado pelos que aceitarem essa prática saudável e redundante.
Leonor Oom
Se os leitores nos indagassem: E com as crianças, o que devemos fazer, como aconselhar? Poderíamos responder respaldados nos últimos estudos e pesquisas na área cardiológica no Brasil e no mundo, com ênfase nas muitas reuniões que trataram do tema com importantes órgãos da cardiologia mundial — América Latina, América do Norte e Europa —, quando se discutiu a prevenção como ponto crucial da especialidade cardiológica. Assim, baseado no que já foi dito, não temos outra resposta senão: a prevenção deve iniciar nos primeiros anos de vida. É um paradigma lógico e verdadeiro para os que exercem a especialidade em sintonia com os novos tempos. O conhecimento desse fato tranquiliza e esclarece os pais, muitas vezes repletos de dúvidas.
Em suma, a título ilustrativo, podemos orientar o início de uma dieta balanceada, pobre em gordura animal e frituras, restringindo no tempo adequado os derivados do leite e, claro, incentivando a prática de exercícios físicos, com esportes saudáveis, acompanhando a fase de crescimento da criança. Gradativamente, deve-se orientar para esportes recomendados como eficientes, descontraídos e naturalmente salutares, observando-se sempre uma cronometragem adequada. Havendo dúvidas, recomenda-se consultar o cardiologista para uma orientação mais fundamentada, que varia de criança para criança.
Andy Quezada
O importante é deixar claro que a infância já foi incluída no contexto da prática física como prevenção precoce dos acidentes cardiovasculares. Finalmente, queremos deixar uma mensagem lúcida e consciente, fruto de uma experiência de praticamente trinta anos de militância na especialidade cardiológica: a prática de exercícios físicos constitui-se em uma das armas mais poderosas para evitar e tratar os imprevisíveis e indesejados ataques do coração, diminuindo consequentemente a morbimortalidade da população e proporcionando longevidade com boa qualidade de vida.
