Aqueles que se dedicam a arte como forma de humanizar nossa vida cotidiana, que caracteriza o discipulado hipocrático vem de forma telúrica, sublime e sutil, propiciar um verdadeiro bailado dos seus dedos ao reproduzirem notas musicais de Rachmaninov nas teclas do piano, evidenciando o mesmo efeito do encontro digital criado por Michelangelo, no teto da Capela Sistina, entre o divino e o humano representando a criação da vida.
Nota do autor
Resolvemos trazer à baila esta temática, que é direcionada aos internistas, residentes e médicos/cardiologistas em início de carreira. E de uma forma especial para os leitores leigos, com o objetivo maior de mostrar o funcionamento normal do coração, para que todos possam buscar ânimo, disposição, obediência e disciplina, para e aderir imediatamente a todo um decálogo que corresponde a prevenção de doenças cardiovasculares, procurando, enquanto é tempo, o seu cardiologista, para que seu coração venha a funcionar bem e manter sintonia com um cunho indispensável: mens sana in corpore sano. Como traduzem as linhas abaixo, buscando muitos e muitos anos com boa qualidade de vida - Conselho de cardiologista. Aproveitem essa chance/oportunidade.
Cada célula que compõe os tecidos do corpo humano depende do coração para se manter. Ele é responsável pelo envio de sangue rico em oxigênio e nutrientes, continuadamente, a todos os pontos do organismo e por recebê-lo de volta carregado de dióxido de carbono e outros resíduos descartados pelas células (depois de filtrado pelos rins, fígado e pulmões, cabendo à urina, às fezes e à expiração, a função de eliminar esses resíduos).
Robina Weermeijer
Um pouco maior que uma mão fechada e alojado ligeiramente à esquerda do centro do peito, entre os pulmões, o coração de um adulto se expande e se contrai 70 a 90 vezes por minuto, ou 100 mil vezes por dia para dar conta desta tarefa essencial, funcionando como uma espécie de bomba hidráulico-elétrica. Ao longo de 70 anos de vida – a expectativa média do mundo – o coração humano bate, aproximadamente, 2,5 bilhões de vezes e bombeia 304 milhões de litros de sangue.
Tais palavras podem soar vazias no contexto dos dias atuais, mas devem ser resgatadas não só para a valorização da nossa profissão como também para a segurança da Sociedade.
INTRODUÇÃO: A escolha desse tema foi proposital, face às elevadas estatísticas de estresse e depressão, que vêm se constituindo um fator causal de grande número de mortes por doenças cardiovasculares. Importante salientar que esta situação clínica eleva a pressão arterial, fazendo eclodir AVC e ainda, desencadeia infarto agudo do miocárdio por espasmos (estreitamentos) de uma ou mais artérias,da árvore coronária.
Considerado o “mal” desde o século passado, esse tormento, terrível e imprevisível acometimento patológico, nos parece, continuar aterrorizando suas vítimas e desafiar aos médicos neste novo século que avança, com envolvimento maior dos cardiologistas e psiquiatras. O termo estresse, foi e continua sendo definido, como sinônimo de atribulação, nervosismo e ansiedade, resultado do excesso de trabalho, remuneração insuficiente, descanso ineficaz, pressão e tormento ao cumprimento de prazos a cumprir, autocobranças por avaliação de performance.
Temos sido partidários rígidos do cartesianismo na medicina moderna. Tratamos a mente como se esta somente reagisse às doenças do organismo, sem apresentar qualquer ligação com essas doenças. Embora a ciência médica tenha produtivamente dado enfoque à fisiopatologia das doenças, como a biologia tumoral, a doença arterial coronariana e a imunologia, ela o fez às custas do estudo das reações psicofisiológicas do organismo a esses processos patogênicos. Essas reações são mediadas por mecanismos cerebrais e corporais, incluindo os sistemas endócrino, neuroimune e nervoso autônomo.
Achei imperativo, antes de iniciar a temática que se segue, citar uma assertiva que deve aflorar do âmago de todos aqueles que exercem a especialidade cardiológica, que não é outra senão, em cardiologia a prevenção é e será sempre o melhor remédio.
Na sociedade atual, globalizada, sob o domínio das tecnologias da comunicação, o cidadão comum é assediado pelos meios galopantes da supracitada. O profissional médico também pode e deve obter proveito desses avanços tecnológicos e dessas novas fontes de informações em função de sua prática.
Conheça a doença de Chagas
Para saber do perigo
Acompanhando esses versos
Que você vai ler comigo
A doença tem o nome
De quem primeiro a viu
Foi o Doutor Carlos Chagas
Que esse mal descobriu
É doença é perigosa
E pode até ser fatal
Atinge muito o homem
E também o animal
Os animais atingidos
São tatu, morcego e rato
A cutia e o gambá
O cão, o macaco e o gato
Para expor realisticamente esse tema tão polêmico, que emerge do meu âmago, a realidade cruel, o misticismo, um pouco de folclore, sem excluir evidentemente os arroubos do romântico e do sentimental, assim sendo iniciamos com as seguintes indagações: mudaram os médicos? Mudaram as famílias? Mudaram as relações entre as pessoas?
Toda carreira exige, é evidente, seja ela qual for, uma série de predicados daquele que pretenda exercê-la, para dar cabal desempenho às suas obrigações. Mas a medicina é, sem a menor dúvida, a que reclama, mais do que qualquer outra, maior soma de predicados específicos para bem desempenhá-la. Além disso, o seu exercício implica em dedicação plena, abnegação, desprendimento e espírito de sacrifício. Ao demais, deverá ainda o médico possuir sólidos conhecimentos básicos, técnica apurada, apego à investigação científica e amor ao próximo.
Desde os primórdios da existência humana, nas antigas civilizações, já imperavam entre os homens, os códigos, normas e condutas, inspiradas na finalidade de se manter a ordem e amparar juridicamente as gerações.
Sendo hoje o dia mundial do coração, na qualidade de cardiologista, resolvi brindar os caros leitores, do Ambiente de Leitura Carlos Romero, com a temática que se segue:
Com base em dados fisiológicos, o comando da vida física, e a modulação do comportamento humano, estão centralizados no cérebro, mas é o coração que simboliza o sofrimento humano, o amor, e o ódio, a alegria e a tristeza, a coragem, e o medo. Órgão de maior simbolismo do corpo humano, o coração carrega em si, diferentes crenças, e valores construídos, pelo senso comum, através de milênios. A história nos revela o coração-símbolo, com vários significados: coragem, vontade, desejo, emoções, vida e amor.
Voltamos a refletir sobre tão sublime e importante tema, pelo fato de vislumbrarmos que o coração somente é visto, como órgão, produtor de patologias, pensamento que é uma constante nas mentes de grande parte da classe médica, como da população como todo, portanto, convidamos os leitores para vê-lo de uma forma mais romântica, objetivando minimizar os medos e os pavores, com o toque filosófico do sentimento.
A utilização excessiva de procedimentos tecnológicos, vem cada vez mais, afastando o médico da cabeceira do doente, fazendo com que a relação médico-paciente – tão importante e valorizada no passado, – seja substituída pela solicitação de exames complementares, cada vez mais sofisticados, em detrimento da história clínica e do exame físico. A mão que sentia, percutia, e o ouvido que escutava, foram substituídos por visores “precisos”. Se por um lado, o desenvolvimento tecnológico trouxe benefícios inquestionáveis, por outro, o médico foi ficando cada vez mais afastado do enfermo, como ser humano (Décourt, 1995).
Nos poucos momentos de pausa e de lazer, contrapondo-se ao meu exercício da prática médica diária, busco sempre a contemplação, e de imediato surgem retalhos, lembranças que me levam a uma viagem retrospectiva no tempo pretérito, ativando sutilmente meu cérebro e meus neurônios. Buscando por conseguinte fatos de minha vida, concomitante as grandes mutações que vem sofrendo a humanidade nos tempos atuais.
Somos todos, presentemente, passageiros de um navio em perigo. Alguns já perderam até a esperança, e aceitam em silêncio a fatalidade de uma catástrofe que sua covardia torna mais certa. Entretanto, alguns, se sobreviverem ao naufrágio, recusam-se a morrer sem ter feito tudo para salvar, não as matérias mortas, mas, as forças vivas, os calores espirituais, que são as chamas onde se acenderão novos focos.
Voltamos a refletir sobre tão sublime e importante tema, pelo fato de vislumbrarmos que o coração somente é visto como órgão produtor de patologias, pensamento que é uma constante nas mentes de grande parte da classe médica, como da população como um todo. Portanto, convidamos os leitores a vê-lo de uma forma mais romântica, objetivando minimizar os medos e os pavores, com o toque filosófico do sentimento.
O antigo significado do coração e o contexto humanístico da medicina, sob à luz e a ótica do grande médico goiano e insigne mestre da cardiologia brasileira, o prof. Celmo Celeno Porto (ainda vivo), — que tenho a honra de conhecer e privar de sua amizade, advinda do meu saudoso e ilustre pai —, estão em seu livro “Doenças do coração: prevenção e tratamento”,um verdadeiro libelo no que se refere à abordagem humanista do médico e da medicina.
Acredito que, pelo fato de ser médico, as minhas incursões na literatura brasileira foram preponderantemente focadas e norteadas na vida e na obra de Guimarães Rosa, que também pertenceu ao discipulado hipocrático.
Nesse início de Ano Novo, ainda em tempos de férias, vislumbro o que a humanidade vem amargando nesses tempos dramáticos. A medicina de uma forma especial, vem sendo muito aviltada e mal interpretada nos seus mais sublimes e eloquentes pilares, em outras épocas nunca atingidos, motivo pelo qual, achamos pertinente trazer à baila esse tema tão palpitante para os dias atuais.