H á quem diga que o coração é o órgão do sentimento, contrariando a frase do físico e filósofo Pascal: “O coração tem razões que a própria r...

Há quem diga que o coração é o órgão do sentimento, contrariando a frase do físico e filósofo Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

A verdade é que este cronista tem pelo coração um grande amor. Gosto de ouvi-lo batendo, levando o sangue para todo o nosso organismo, e um grande medo de que ele pare.

Em grego, coração quer dizer “kardia”. Daí a palavra taquicardia. Uma curiosidade: o coração aparece 958 vezes na Bíblia e nada de citar o cérebro.

Tenho, cá pra nós, uma grande simpatia pelos cardiologistas E se eu fosse estudar medicina, não escolheria outra especialidade. E voltando ao coração, tenho muito medo que ele pare. Ah se eu pudesse beijá-lo... E eu devo muito a esse órgão. Foi ele que me alertou para deixar o fumo, devido a uma forte taquicardia. Pena que não pude beijá-lo.

Chegou a vez de confessar uma coisa: Às vezes, sinto o coração coçando. E já disse isto a muitos especialistas do coração, que só fizeram sorrir. Um deles foi o jovem Fernando Lianza Dias, filho do meu grande amigo, também cardiologista, Antônio Dias, com quem muito conversei, no meu tempo de secretário da Faculdade de Medicina.

Antônio Dias era um homem simples, sempre vestido de linho branco e, sobretudo, muito educado. E seu filho, o jovem Fernando Lianza, que além de médico cardiologista, escreve neste jornal e é cronista da conceituada revista A Semana, muito me comoveu, quando o vi numa foto, aqui no Correio, ao lado do filho, que acaba de passar no vestibular de Medicina. Segundo diz a nota do jornal, o menino, Otácio Lianza, tem apenas 18 anos! E vá ver que o jovem vai seguir a especialidade do pai e do avô, Antônio Dias. E pus-me a imaginar como seu avô, que já não está mais neste mundo, deve estar vibrando de emoção com a vitória do neto.

São essas alegrias que dão sentido à vida. Sou pai de um arquiteto, Germano, e de um Físico, que tem meu nome, ambos realizados na profissão que escolheram.

Termino a crônica parabenizando Fernando Lianza por essa vitória de Otácio, certo de que quem também não cabe em si de contente é o velho Dias, meu mestre e amigo.

E as minhas coceiras do coração, vez por outra? Esqueça. Antes coceiras do que dores... Continuarei gostando muito do coração. Amando-o como ninguém. Pena que não possa ajudá-lo...

T udo eu esperava, menos que alguém comparasse a nossa mente a um escritório, com todos os seus departamentos. A mente, como se sabe, fica l...

Tudo eu esperava, menos que alguém comparasse a nossa mente a um escritório, com todos os seus departamentos.

A mente, como se sabe, fica lá no alto de nosso corpo, numa posição privilegiada. É lá que estão nossos pensamentos. O pensador Emmanuel assim a definiu. Mais ainda. Disse que a mente é como um diamante. Se coberto de terra, não brilha. Só depois de limpo é que ele se ilumina. Disse mais, o evangelizador: que a mente também pode ser comparada a um espelho. Espelho sujo nada reflete. Mente suja de maus pensamentos é um desastre.

Portanto, muito cuidado com o que pensamos e com o que sentimos. Estamos a todo momento em contato com o outro. Isto é sintonia. Nós nos afeiçoamos com aqueles com quem sintonizamos. E muito bem diz o provérbio: junta-te aos bons e serás um deles.

Mas, a mente, além de espelho, além de diamante, pode ser comparada a um escritório. Aí a coisa se complicou. Por que a um escritório? Ora, porque um escritório compreende vários departamentos, cada qual com sua função específica. Vejamos essas seções específicas: departamento da inteligência, departamento da memória, departamento do desejo, da imaginação e, por fim o departamento da vontade, que funciona como uma espécie de gerente. Sim, é a vontade que faz todos os departamentos funcionarem. E, aqui para nós, o que seria de nós sem a vontade? É ela quem movimenta, que faz o escritório funcionar. Somos a nossa vontade. Somos o que queremos, o que desejamos. Ser sem vontade, é ser morto.

Vamos, ligeiramente, aos outros departamentos. Está aqui o Departamento do Desejo. Quem não deseja na vida? Quem não sonha em obter as coisas deste mundo. Riqueza, dinheiro, poder? Outro departamento: o da memória. É nela que mora a saudade. Toda a nossa vida, a de hoje, como a de ontem, estão registradas nas lembranças. Somos o que fomos.

E o departamento da inteligência? Temos inteligência, e temos instinto, que predomina nos animais. A inteligência implica em reflexão, o que não ocorre com o instinto, segundo leciona o Codificador da Doutrina Espirita, na obra “A Gênese”. No nascimento, o instinto predomina no homem. Acentua Kardec um fato interessante: o instinto nunca se engana, o que não ocorre com a inteligência. Dir-se-ia, e aqui vai uma intromissão do cronista, que o instinto foi a inteligência que Deus deu aos animais.

Continuemos nas nossas digressões. Falemos da Imaginação. A ela devemos as obras-primas da Literatura, da Música, da Arte. O homem é um ser que imagina, que sonha, que idealiza. O que não ocorre com nossos irmãos irracionais, embora dissesse um escritor francês que o seu cachorro, às vezes, parecia sonhar e pensar.

A verdade é que nada seríamos sem a vontade, que é o gerente do “escritório mental”. A vontade é o impacto determinante. Pessoa sem vontade, pessoa morta, passiva, nada consegue na vida. E a vontade está aliada à fé. A fé, prelecionou Jesus, mesmo que seja do tamanho do grão de mostarda, pode mover uma montanha.

Viram como a mente é importante em nossa vida? Portanto, cuidado com os pensamentos, com os sentimentos. Você é o que pensa. E pensamento é força, força elétrica e magnética. O pensamento é tão importante que o mestre Descartes lecionou: “Penso, logo existo”. E não devemos esquecer que dos pensamentos, surgem os sentimentos e os atos.

M al comecei a ouvir o Concerto nº 1 de Tchaikovsky, para piano e orquestra, e os bem-te-vis começaram a cantar, lá fora, na rua, indiferent...

Mal comecei a ouvir o Concerto nº 1 de Tchaikovsky, para piano e orquestra, e os bem-te-vis começaram a cantar, lá fora, na rua, indiferentes ao trânsito. Será que eles desejavam competir com o pianista do concerto, o talentoso chinês, Lang Lang?

Bem te vi! Eis aí uma ave alegre e otimista. Mas o sol também está otimista com o seu canto de luz. E estamos dando os primeiros passos, no ano que acabou de nascer. Afinal, adeus ao que era doce, a festa, as compras, as bebidas, as comidas, as gargalhadas, a confraternização, os abraços, as fofocas, as exibições.

Misturaram Jesus com Papai Noel, e restou a ressaca. Restou o amargo da vida... Mas, como diz o poema de Drummond, depois da festa, a pergunta é: “E agora, José?” Sim, a vida é uma festa. E na festa, a gente esquece muita coisa. Ah, o uísque escorrendo pela goela, o champagne trazendo euforia, tentando afogar mágoas e recalques. Não esquecer que na distração a gente esquece também a reflexão. E a reflexão é tudo na vida.

O concerto de Tchaikovsky está terminando e os bem-te-vis agora parecem calados. Apenas saudaram a manhã. Mas, o que você quer mais, cronista?

Um ano envelheceu e outro morreu. É a dança da vida. Outros dias virão – disse o poeta. Outras festas virão, a começar pelo Carnaval. Depois do Carnaval, a Semana Santa, que os peixes detestam, tanto quanto os perus odeiam o Natal. Eis a razão por que eles não são católicos.

Mas a vida é assim, cheia de altos e baixos. Lembrar que o Ano Novo começou tornando Paris amedrontada, traumatizada com o terrorismo dos fanáticos. E tudo por causa de Alá. Agora, por enquanto, não se pode dizer que Paris é uma festa, como definiu Hemingway. Paris, por enquanto, é uma guerra. A cidade virou um campo de tensões.

Acontece que a vida é mesmo uma incógnita. Ninguém sabe o que pode vem por aí. Mas não percamos a fé. A fé é tudo. Foi pela fé que Jesus levantou paralíticos, deu vista aos cegos, limpou leprosos, expulsou maus, espíritos, multiplicou peixes e pães, conversou com os chamados mortos, aplacou tempestades, transformou água em vinho e, descendo da cruz, conversou com uma ex-pecadora.

Que os passarinhos continuem saudando as manhãs, que Paris volte a ser a Cidade Luz, e que a Vida, todos os dias, morra nos crepúsculos e renasça nas alvoradas e no canto dos bem-te-vis.

A gora que a Federação Espírita Paraibana completa 100 anos de existência, que tal lembrar José Augusto Romero, seu presidente, que dirigiu ...

Agora que a Federação Espírita Paraibana completa 100 anos de existência, que tal lembrar José Augusto Romero, seu presidente, que dirigiu aquela casa por mais de 44 anos?

Quando completei 4 anos, meu pai, José Augusto Romero, a quem tanto amei, admirei e a quem muito devo, já era espírita. Agricultor, plantador de café, casou-se com uma viúva bonita, de chamar a atenção, Pia de Luna Freire, na intimidade Piinha. Adolescente, seu pai Agostinho, tratou logo de cuidar de sua educação religiosa, internando-o no Seminário desta Capital, que ficava ao lado da Igreja de São Francisco. Mas o menino não manifestava nenhuma inclinação para a religião católica. Diante disso, o pai tratou logo de tirá-lo do Seminário, e ele, que era bom no Português e no Latim, preferiu ser professor em Alagoa Nova, onde abriu um curso destinado aos jovens que desejavam ingressar no tradicional Lyceu Paraibano.

E eis que se deu o que ele não esperava: tornar-se espírita. Tudo por conta de uma reunião mediúnica a que assistiu e onde conversou com uma prima muito querida, falecida há tempo. Diante do fato, José Augusto Romero tornou-se espírita, cuja crença foi reforçada com a leitura do livro “O problema do ser, do destino e da dor”, de Léon Denis, lido com muito entusiasmo. E não ficou nisso. Tratou logo de fundar um Centro Espírita em Alagoa Nova, para desespero do padre daquela localidade.

Depois, chegou a vez de se mudar para a Capital, onde comprou um sítio, na Lagoa, hoje Parque Sólon de Lucena. Seus moradores o chamavam de Zé. Até o padre Zé Coutinho, o extraordinário missionário, foi seu colega de Seminário. Certa vez, encontrando-se com o seu colega, e sabedor de sua nova crença, indagou, sorrindo: “Zé, como vai teu Espiritismo?”

O tempo foi passando, e José Augusto terminou burocrata, exercendo a função de Secretário do Departamento Nacional de Obras contra a Seca. E começou a frequentar a Federação Espirita Paraibana, então localizada na Rua Treze de Maio e cujo prédio foi ampliado depois. Da rua Treze de Maio, a Federação foi parar no Parque Sólon Lucena.

Espírita até os ossos, dedicou grande parte de sua vida à Federação. Sereno, responsável, boníssimo, o ex-plantador de café não quis mais outra coisa na vida. Lembro-me que ele me levava, todos os domingos, à Federação, para o catecismo, e o livro adotado era o de autoria de Léon Denis.

Na primeira vez que Divaldo Franco veio a João Pessoa, hospedou-se em nossa casa. E papai o tratou como filho. Dedicou-se ao Espiritismo de corpo e alma. Fazia palestras, dava passes, conversava com os espíritos, nas reuniões mediúnicas e ainda mantinha coluna espírita no jornal A União e um programa, na Rádio Tabajara, sob o título “Neblina Espiritual”

Quem o sucedeu foi Laurindo Cavalcanti, grande amigo e admirador. Quem também testemunhou o trabalho de Zé Augusto foi outro Zé, José Raimundo de Lima, também presidente da Federação e a quem tive a honra de ser seu professor, na UFPB.

Em homenagem a José Augusto Romero foi publicado, depois de seu desencarne, o livro “Lições da Vida Maior”, uma coletânea de crônicas.
E não esquecer seus abnegados e primeiros auxiliares: Jandira Matos Vieira, secretária e seu Zuza, José Pereira da Silva, administrador da homeopatia.

E quem muito admirou, e admira José Augusto Romero é o atual presidente da Federação, o jovem Marcos Lima.

E eis que atingimos o topo da montanha. Agora é contemplar o que está pela frente e o que ficou para trás. É um momento de reflexão sobre o...

E eis que atingimos o topo da montanha. Agora é contemplar o que está pela frente e o que ficou para trás. É um momento de reflexão sobre o que fizemos, sobre o que passou. Mas será que o passado passou? Não. Ele continua na nossa memória como uma constante advertência. O futuro é a incógnita. Mas a vida segue. “Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir sempre”, disse o mestre Kardec.

Chegamos ao mundo sem nada e dele sairemos de mãos vazias. Diz o ditado popular: “Da vida nada se leva”. Mas, discordo, pois levaremos a nossa consciência. É ela que vai nos dar o céu ou o inferno.

E como devemos viver? Um grande iluminado deu a seguinte receita: vivamos no mundo, tudo possuindo e nada tendo, com todos e sem ninguém. E qual seria a senha para uma vida de muita paz? Não vejo outra, seão o amor.

Disse outro iluminado que “O amor é Deus dentro de nós”. Completaríamos dizendo: ”O próximo dentro de nós”. Difícil, hein? Mas você queria que um lugar no Paraíso fosse fácil?

Voltando à montanha, infelizmente temos que descer. E muito cuidado nessa descida. A vida nos espera lá embaixo. A montanha é símbolo de transcendência. Foi por essa razão que Jesus escolheu uma elevação de terra para tribuna, pronunciando o sermão mais belo do mundo, o Sermão da Montanha.

E vivamos a vida com muito amor, com mais sorriso, mais amigos, mais fé, sem esquecer de olhar com mais compreensão. Lembrar que tudo é a maneira de olhar. Somos o nosso olhar. Jesus convidou-nos a olhar os lírios, as criançinhas, a olhar os enfermos, a olhar com amor. Na cruz, com o sangue escorrendo pelo rosto , ainda perdoou os desvairados….

Novo ano de vida. Novo ano de oportunidades. Será que você fez um balanço do que passou? Fez novos amigos? Esqueceu as inimizades? Cultivar inimizades é uma droga. Cultivar ressentimentos é cultivar espinhos na alma.

E ao descer a montanha, contemplemos a paisagem ao redor. Não sejamos indiferente às belezas da vida. Vez por outra, façamos o exercício da transcendência. Jamais olhemos o firmamento de relance, e sim, contemplando-o. De relance, você não verá as estrelas, como disse meu mestre Emmanuel.

Lembremo-nos de Drummond. “Um ano se foi, mas outros anos virão”.

Desculpem o clichê típico dessa época de final de ano, mas vou registrar, aqui, 5 metas a serem cumpridas ao longo de 2015, na tentativa d...

ano novo vida nova


Desculpem o clichê típico dessa época de final de ano, mas vou registrar, aqui, 5 metas a serem cumpridas ao longo de 2015, na tentativa de subir alguns degraus no aprimoramento físico, mental e espiritual.

O tempo... A gente só ouve as pessoas dizendo: “vou ver se tenho tempo”; “no meu tempo era assim...”; “não tenho tempo para nada”; “o tempo...

O tempo... A gente só ouve as pessoas dizendo: “vou ver se tenho tempo”; “no meu tempo era assim...”; “não tenho tempo para nada”; “o tempo urge”; “quanto tempo leva isso?”. O tempo é a nossa grande preocupação na vida. O meu filho cosmólogo, PhD em Física, me disse que só há tempo, por que há movimento. Portanto, na imobilidade não há tempo. O tempo é invisível, assim como o espírito (a não ser para os médiuns videntes), assim como nosso pensamento.

Os passadistas se comprazem em monologar: “No meu tempo não era assim”. Evidente que tudo passa, mas o tempo para semear é este que estamos vivendo. E muito cuidado com o tempo vazio. Já disse alguém que tempo é como solo. Nada de deixá-lo vazio. Quem nada planta, nada colhe. Quando a gente morrer, sabe a interrogação que vamos encontrar à nossa frente? Esta: “Que fizeste de tua vida?” Mas, dizia o poeta pernambucano Ascenso Ferreira: “Hora de dormir, dormir, hora de comer, comer, hora de trabalhar, pernas pro ar, que ninguém é de ferro”. O poema é mais ou menos assim... Mas, cuidado pra não segui-lo.

Jesus advertiu que devemos nos conciliar com o adversário enquanto estivermos a caminho com ele. Portanto, nada de perdermos a oportunidade de fazer o bem.

Ensinou-nos Paulo de Tarso que aquele que faz caso do tempo, para o Senhor o faz.

Carlos Drummond de Andrade disse num poema, a propósito da passagem de mais um ano, que o tempo passa, mas outros dias virão.

Jesus só dispôs de três anos para implantar a sua Doutrina neste mundo. A Doutrina consoladora, cuja maior mensagem é esta: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Sim, ele amou e deu o exemplo. Veio trazer a luz, e os homens lhe deram a cruz. E esta cruz continua em muitas paredes e em muitos pescoços...

Nunca procure matar o tempo. Não cometa um “tempocídio”, que é pior do que o homicídio. É horrível este lamento: “Eu não tenho mais tempo...” Já se disse que tempo é ouro. Quem na vida empregou bem o tempo, morre e parte com a consciência tranqüila.

Conselho do cronista: olhe mais para o relógio do que para o seu celular. E cuidado com o esbanjamento e desperdício do tempo. Aproveite bem a sua vida, valorizando as oportunidades do tempo. Não se esqueça de uma coisa: abundância de tempo significa mais responsabilidade, e “a quem muito foi dado, muito será pedido”...

Tenho muita pena daquelas pessoas angustiadas, suadas, inquietas, e que a todo momento estão estressadas, sem tempo, e que assim se expressam no rosto, no andar, no falar...

Mas entoemos, aqui, um hino em louvor ao tempo, que é silencioso, que é invisível, e finalizemos lembrando que o momento propício para analisarmos o tempo em nós, é só fazer um balanço do que fizemos durante o dia. Quando foi que o dispersamos. Tempo de sono, tempo de refeição, tempo de distração, tempo de estudo, tempo de meditação, tempo de conversa, tempo dedicado ao outro, tempo de amor, tempo de exercício físico, tempo de leitura...

Ah, as horas gastas na futilidade!...

S e eu passei bem o Natal? Muito bem, obrigado. E não foi apenas com os familiares, mas, sobretudo com aqueles que não são amigos do sangue,...

Se eu passei bem o Natal? Muito bem, obrigado. E não foi apenas com os familiares, mas, sobretudo com aqueles que não são amigos do sangue, mas são do coração, que é o que importa.

E haja abraços, beijos, sorrisos, gracejos, e muito carinho, que a vida não é um cemitério, e, sim, um jardim de muito amor e de muita paz. O negócio é saber ver e saber viver. Mais ainda: o negócio é saber conviver!

Passamos o Natal na casa de Maria Antério, mãe do nosso Davi, a mulher do sorriso mais bonito do mundo, de um coração imenso, que já não está mais neste mundo. Não está, cronista? E o seu espírito? Sai pra lá, com teu materialismo, pois ela estava lá, sim, abençoando a todos e vendo as filhas prepararem a gostosa comida, hoje, sob o comando da caçula, Djane, que administra o agradável espaço gastronômico, já chamado de “Carinho de Mãe”.

E o gostoso eram os abraços. Todos de sorriso aberto, que a festa era em homenagem a Jesus, que mandou que amássemos ao próximo como a nós mesmos. Que lição difícil, meu Deus do céu... Mas, tem que ser. O que é bom, é caro, já dizia o arquiteto Amaro Muniz de Castro, o braço que encaminhou meu filho Germano à prática da Arquitetura.

Voltemos ao Natal em família, na casa de Maria Antério, onde nos reunimos há mais de uma década. Jesus, na parede, parecia sorrir de alegria. Só faltou o violino da minha Alaurinda. O discurso em homenagem à significativa data coube a mim. E lembrei, na ocasião, que a grande lição da manjedoura era a da humildade. A humildade daquele menino que uma estrela iluminou e que, mais adiante, haveria de iluminar o nosso mundo.

E, lá na parede, quem sorria era Maria. A ex-proprietária daquela casa, que continua bem cuidada com o mesmo zelo e carinho cujos filhos estavam, ali, felizes da vida.

É preciso nunca esquecer que o que une mesmo o mundo, é o amor, que começa na família. A família é a primeira escola de convivência com o próximo, a nossa primeira prova de tolerância, compreensão, de amor e paz, haverá coisa mais bela na vida? E foi esta, justamente, a mensagem do Arcebispo Dom Aldo, que leio no jornal, desejando paz e amor a todos os homens de boa vontade.

Natal! Festa dos amigos do sangue e do coração!

A h, se eu pudesse me confraternizar, neste clima natalino, com aqueles que cuidaram de minha saúde, desde aquela trombose na perna à tal da...

Ah, se eu pudesse me confraternizar, neste clima natalino, com aqueles que cuidaram de minha saúde, desde aquela trombose na perna à tal da estenose lombar. Quanto nome difícil, meu Deus! E como o cronista sofreu…. Tiraram o trombo da perna e tudo voltou ao normal. E isto graças ao primeiro diagnóstico de Dr. Rodolfo Athayde, que tanto sabe detectar os trombos como as varizes, que diga minha Alaurinda. E antes de ter o trombo, fiz uma viagem de avião até o Havaí que levou um tempão. Minha sobrinha Lúcia, que é médica, lá de São Paulo, gritou ao telefone: use meias e caminhe no avião!

Fiz a melhor viagem de minha vida. Aì veio o trombo. Tive de me hospitalizar e quem cuidou de mim foi o Dr. Otacílio Figueiredo, um amor de pessoa. Mais, ele fez uma bela exposição sobre a trombose, que me deixou encantado. E o certo é tudo correu certo.

E a estenose? Fiquei sem movimentar as pernas em Jerusalém e terminei sendo examinado num Hospital de Tel-Aviv. Depois continuei a viagem, fui bater em Londres onde tive que terminar meus passeios numa cadeira de rodas, empurrada pelo meu “filho-pai”, Germano.

Na volta tive fui cuidar da estenose. E quem tratou de mim foi o Dr. Ronald Farias, que terminou me operando. Homem simples, sereno e competente, que me tirou da cadeira de rodas. Mas a escolha de toda essa competente junta médica devo às indicações do Dr. Marco Aurelio, excelente cardiologista e clínico geral. Só não gosto quando ele, na sua sinceridade de médico, sempre me adverte: “Cuidado com queda”! E fico, vez por outra, olhando pra baixo , atento a buracos e topadas. Dr. Marco não quer que eu veja as estrelas, no meu caminhar…

Nesse Natal, que esses admiráveis médicos continuem honrando a bata branca. Na minha imaginação estou, agora, os reunindo numa festa de confraternização. E não esquecer que o hospital, às vezes, é uma benção, conquanto ainda não se coloque, à sua saída, como nos supermercados, uma placa dizendo “volte sempre”.

Nunca esqueço o carinho da insubstituível Alaurinda, a minha dedicada esposa e enfermeira. Estou quase dizendo que é bom adoecer com ela ao meu lado.

Assim, viva a confraternização, seja em família, seja com os outros, que não podemos passar sem eles.

Q uando soube, não quis acreditar. Não quis acreditar que aquele homem cheio de energia, todo vibração, todo inquietação, estivesse agora na...

Quando soube, não quis acreditar. Não quis acreditar que aquele homem cheio de energia, todo vibração, todo inquietação, estivesse agora naquele corpo inerte, em posição horizontal, calado e de olhos fechados.

Sim, repito, eu não consegui ver Wellington morto. O que veio logo à minha imaginação foi o historiador, respeitado por todos, temido por muitos, admirado pela maioria daqueles que tiveram oportunidade de ler suas preciosas obras de História, inclusive sobre a nossa cidade.

Wellington era um homem autêntico, que não sabia mentir, embromar. Wellington era de uma sinceridade que muitas vezes incomodava. Nunca um homem foi tão ele mesmo. Não tinha, ao que se costuma dizer, papa na língua. Era a franqueza encarnada.

Falava pelos cotovelos. Faz muito tempo, se não estou enganado, e que me corrija sua filha, a jornalista Rosa Aguiar, com quem ele se dava muito bem, o nosso historiador chegou a ser diretor da Loteria do nosso Estado, cargo em que exerceu com muita eficiência e honestidade.

Graças ao amigo, ex-reitor e professor José Jackson de Carvalho, também imortal da nossa Academia, Wellington terminou levando seus olhos a Paris. E ficou encantado com a Torre Eiffel, o Sena, a Notre Dame, o Quartier Latin, e outras maravilhas da cultura e da história da Cidade-Luz.

Falar de Wellington e não falar do presidente João Pessoa, que ele não apenas admirava, mas respeitava e reverenciava, incorre-se em imperdoável omissão. Ele tornou-se orador oficial nas comemorações em homenagem ao extraordinário Presidente.

Wellington Aguiar, ao lado de José Otávio, foi um apaixonado pela nossa História. Sua saída deste mundo casou a todos nós uma dolorosa surpresa.

Mas quem sou eu para julgar os acontecimentos? Wellington continuará muito vivo na nossa saudade, na sua obra, na nossa admiração, e no exemplo que deixou. Nos nossos encontros na Academia Paraibana de Letras ele era uma atração, com sua cultura, seu sarcasmo e sua inteligência.

Foi-se, deixando a gente com muita saudade...