Em maio de 1841, o presidente da Província, Pedro Rodrigues Chaves, dirige-se ao Governo Imperial pedindo “alguma quantia” para consert...

O Novo Palácio

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Em maio de 1841, o presidente da Província, Pedro Rodrigues Chaves, dirige-se ao Governo Imperial pedindo “alguma quantia” para consertar o Palácio em que reside, nos termos seguintes, recolhidos por Irineu Pinto em suas Datas e Notas:

“...é um casebre indecente e tão velho que estou vendo o momento em que me cahe em cima e de toda minha família... não tem mobília... não há preparada uma sala para cortejo, nem um retrato capaz de S. Majestade o Imperador. Só posso assegurar que, mesmo particular, nunca vivi em casa tão ordinária e tão desmontada...”
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Pedro Rodrigues Chaves presidente da Província da Paraíba entre 1841 e 1843
Senado Federal (adap)
Se daquela vez o casebre passou por melhoria ou não, dez anos depois, morando e despachando nele, o presidente B. Rohan, valendo-se de um jardineiro francês que morava no Recife, já incrementava o cultivo do largo ajardinado que viria a ser a praça cívica da era republicana.

A partir de Castro Pinto, de João Pessoa ao João Azevedo do primado tecnológico de hoje, o Palácio, convertido em Museu, chega ao símbolo mais solene da nossa História.

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paraiba.pb.gov.br
Foi este o cenário mais impressionante e, ao mesmo tempo, influente em que gravitaram meus olhos e minhas esperanças de moço recém-chegado do interior, a quem foi dada a chance de ver de cima — num balcão entre colunas de feição romana do belo edifício do jornal — um cenário que lembrava o do Catecismo Ilustrado, deslumbre de infância segregada nos grotões de minha Alagoa Nova.

No ano seguinte, 1952, sou admitido como extranumerário contratado na folha do jornal e cedo ingresso no encargo de anotar as audiências e visitas do expediente do senhor governador.

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Ismália BorgesJornal A União
Deu-se aí uma convivência. Acanho-me em declarar “intimidade”, a não ser com o aparato ornamental próprio do ambiente — ao visitante, ao próprio funcionário — a exemplo de uma Ismália Borges, na primeira linha de assessores do governador José Américo, ou de dona Rita, belo exemplar de negra, lá atrás, confundida com o aroma único do seu café — o compartimento que mais assiduamente frequentei, independente de quem estivesse no governo.

E de onde avistávamos as naus de azulejo português que decoram um painel interno ao lado da antiga copa. Passei a vida trabalhando perto, salvo quando Ernani Sátyro derrubou o palacete do meu mirante para dar corpo à fantasia dos Três Poderes.

Mas a História, com seus instrumentos, tem sua força. Numa época de mudanças radicais — sufocada pela combustão dos motores e dos artifícios guerreiros, alienante pela comunicação fácil, da qual ninguém escapa — as matrizes da religião e da História a se autodestruírem, vem um jovem feito com esse instrumental e dele se aproveita em favor
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Antigo prédio de A União
(demolido) EPC
da casa velha, ou da casa nova, construída com dinheiro público, mas criminosamente abandonada, como a antiga sede do Paraiban, edificada no governo Burity.

Ali cabe uma Assembleia, uma Câmara, um centro administrativo inteiro, da forma como está sendo reconstruído. O Palácio, incrementado para Museu de História da Paraíba, é o coroamento excepcional de um cuidado cívico e cultural que, exceção feita ao governo Burity, outras expressões culturais no poder não tiveram.

Não é por acaso que esses dois governadores que constituem a exceção são justamente os que tiveram ouvidos para os reclamos da Academia Paraibana de Letras. Burity ampliou a sede, na gestão de Manuel Batista; e João Azevedo, abrindo licitação para a construção do Memorial Augusto dos Anjos, anexo à Academia.

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Imagens do novo Museu de História da Paraíba, antigo Palácio da Redenção
Jornal A União

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